Mestres da Pintura – PAUL GAUGUIN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

gauguin

Muitas pessoas encontram proteção porque se mostram frágeis e sabem como pedir ajuda. Ninguém me protegeu, porque me consideravam forte e porque fui demasiado orgulhoso. (Gauguin)

 Devo lembrar que existem duas naturezas em mim: a índia e a sensível. A sensível desaparece de forma que a índia passa a proceder com firmeza. (Carta de Gauguin a Matte)

 O pintor francês Eugène Henri Paul Gauguin (1848-1903) era filho do jornalista e cronista político Clovis Gauguin e de Aline-Marie Chazal, cuja família pertencia à nobreza espanhola que se mudou para o Peru na época da conquista daquele país. Tinha uma única irmã, Marie, dois anos mais velha do que ele. Sua origem era mestiça (francesa, espanhola e peruana). Sua avó, que militava na defesa dos indígenas, era filha de um nobre peruano.

 Clovis e Aline, com medo de que Luís Napoleão, a quem se opuseram politicamente, chegasse ao poder, embarcaram para o Peru levando os filhos ainda bebês (Gauguin tinha pouco mais de um ano). Mas Clovis não aguentou a dureza da viagem, morrendo no navio em consequência de um aneurisma. Ainda assim, sua mulher seguiu para Lima com os dois filhos e ali foi morar com o tio-avô das crianças. Depois de permanecer 4 anos no Peru, onde colecionava cerâmicas, Aline retornou a Paris com os dois filhos, após a morte do sogro, para receber a herança que lhe cabia.

 Gauguin que vivera sua primeira infância numa terra exótica, com traços do mundo pré-colombiano, ao se mudar para Orleans viu-se num mundo totalmente diferente, local em que permaneceria até os 7 anos de idade. Dali mudou-se para Paris com sua mãe e irmã, onde frequentou o curso preparatório para a Escola Naval. E já como aprendiz de oficial fez uma viagem de 13 meses ao redor do mundo. Sua mãe morreu, enquanto ele viajava, ficando ele e sua irmã sob a tutela de Paul Gustave Arosa, que além de fotógrafo era também colecionador de pintura moderna.

 Apóa abandonar a Marinha, o tutor de Gauguin aconselhou-o a trabalhar como corretor da Bolsa de Valores. Aos 25 anos de idade, o futuro artista casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gade que lhe fora apresentada por Arosa, e com quem teve cinco filhos. Mas, apesar do sucesso como corretor, Gauguin apaixonou-se cada vez mais pela pintura. E como tivesse uma boa situação financeira, passou a colecionar arte moderna e aprendeu técnicas artísticas com o escultor Jules Bouillot. Comprou obras de Cèzanne, Sisley, Monet, Manet, Pissarro, Renoir e de outros impressionistas. Amigo dos pintores Camille Pissarro e Edgar Degas, foi convidado por eles para participar da quarta exposição do Impressionismo. Tal contato incentivou-o a pintar com mais frequência, além de adquirir obras impressionistas para a sua coleção. Foi iniciado por Pissarro na técnica do paisagismo.

Quando ocorreu a quebra da Bolsa de Paris em 1883, Gauguin viu-se desempregado e daí para a frente dedicou-se inteiramente à pintura. Com as dificuldades batendo à porta, mudou-se para Rouen com sua família, mas a situação continuou difícil. Meses depois foi para a Dinamarca, terra natal de sua esposa, com a família, onde também não obteve sucesso. No ano seguinte voltou a Paris, depois da separação definitiva da mulher, levando consigo o filho Clovis, de seis anos. Mette ali permaneceu com os filhos, dando aula de língua francesa para sobreviver. Mas, embora separados, o casal manteve correspondência, na qual ela expunha sua mágoa em razão do egoísmo do pintor que punha sua família de lado, para se dedicar à pintura, levando uma vida errante em busca de culturas primitivas e selvagens. Era visto pela família como uma ovelha errante. Gauguin era incapaz de exercer uma profissão burguesa, assim como tomar conta de uma família. Mesmo quando herdou de um tio certa quantia, preferiu investi-la na sua carreira artística a ajudar sua família.

 Gauguin desejou conhecer outras terras para recuperar o primitivismo de antes. Foi assim que, depois de visitar sua esposa e filhos em Copenhague, partiu para a Polinésia Francesa, onde se encantou com a paz, a beleza e o sossego do lugar, mas os problemas de saúde (úlcera, sífilis, infecção nos olhos, além do abuso do álcool e da morfina) assim como os financeiros fizeram-no retornar à França, depois de conseguir uma passagem de terceira classe com o Ministério do Interior francês, levando na bagagem significativa produção pictórica. Assim, aos 45 anos de idade, Gauguin voltava a restabelecer-se na França. Dois anos depois voltaria definitivamente para a Oceania, pois sua natureza mestiça preferia o primitivismo à arte ocidental.

 Gauguin teve que trabalhar em Paris afixando cartazes para sobreviver. Retomou contato com os impressionistas e participou da última exposição do grupo. Dois meses depois deixou o filho Clovis, doente, com sua irmã Marie, sendo depois apanhado pela mãe. Rumou para a região da Bretanha, na costa atlântica francesa, decisão que muito influiu na sua vida artística. Ao retornar a Paris, acabou rompendo relações com alguns nomes do Impressionismo, distanciando-se da corrente, enquanto acompanhava o surgimento do Simbolismo. A seguir, viajou para o Panamá, onde as dificuldades obrigaram-no a trabalhar como operário no Canal do Panamá. Dali foi para a Martinica, colônia francesa na América Central, onde reviveu sua infância no Peru e as viagens de sua juventude, imbuindo-se de muitos estímulos criativos. Mas, após contrair disenteria e malária, viu-se obrigado a voltar para a França, período em que se tornou amigo dos irmãos Van Gogh, quando Theo tornou-se seu marchand e Vincent seu amigo.

 Ao receber a notícia de que sua filha Aline morrera, Gauguin ficou profundamente abalado, chegando a culpar Mette pelo acontecimento, sem levar em conta a sua ausência na vida dos filhos, sendo um pai praticamente inexistente. Também chegou a pensar no suicídio em razão de suas dificuldades financeiras e do pouco apreço da crítica e do público por sua arte. Escreveu numa carta a um amigo: “Sem um comerciante de arte, sem alguém que se encarregue de me assegurar a subsistência, o que pode me acontecer? Não vejo outro caminho senão a morte: ela me liberta de tudo”.

 Gauguin também se envolveu com suas modelos nativas, tendo dois filhos fora do casamento com Mette. Também não lhes deu importância, abandonando-os, pois, para ele, a arte esteve sempre acima da família. No final da vida é possível notar o presságio da morte na obra de Paul Gaugin  que morreu aos 55 anos de idade, nas Ilhas Marquesas, depois de ter sofrido dois ataques cardíacos. Dizem que os nativos lamentaram muito a sua morte.

 Filmes sobre Gauguin
A lua e seis cêntimos/ Albert Lewin
Ânsia de viver/ Vincent Minnelli
A vida de Gauguin/ Henning Carlsen

 Fontes de pesquisa
Gauguin/ Coleção Folha
Gauguin/ Abril Coleções
Gauguin/ Art Book
Gauguin/ Taschen

Nota: autorretrato de Gauguin

6 comentaram em “Mestres da Pintura – PAUL GAUGUIN

  1. Edward Chaddad

    LuDias

    Nada está acima da família. Nada.
    Essa assertiva de Gauguin é certamente incompreensível em um artista. Seu talento, no entanto, é indiscutível.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Realmente o comportamento do artista foi de uma irresponsabilidade a toda prova.
      Ele não deu importância a nenhum dos filhos.
      Parece só ter pensado em si, durante toda a vida.
      E, por isso, morreu sozinho, sem nenhum dos filhos ao lado.

      Abraços,

      Lu

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  2. Julmar Moreira Barbosa

    Como dizia meu amado pai: “As palavras convencem, mas os exemplos arrastam”. O bem também reage em cadeia.

    Responder
  3. Manoel Matos

    Lu

    Eu sempre nutri uma certa antipatia por Gauguin, desde que fiquei conhecendo a história de Van Gogh.

    Abraços

    Nel

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Nel

      Confesso que sinto a mesma coisa.
      Segundo Gombrich, ele era excessivamente vaidoso, sentia-se o tal.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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