Murillo – OS MENINOS COM A CONCHA

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Autoria de LuDiasBH

Nenhum outro pintor espanhol igualou-o em expressão e doçura (Joseph Townsend).

“Os Meninos com a Concha” é um reflexo de uma forma popular de piedade que favoreceu a representação de Cristo e São João Batista como crianças, colocando ênfase em sua espiritualidade e condição humana. (Museu do Prado)

O pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618 -1682) nasceu na cidade de Sevilha, uma das mais importantes cidades da Andaluzia. Seus pais eram muito pobres, mas ainda assim queriam que o filho tivesse uma vida melhor do que a deles, embora o país passasse por uma decadência política e econômica, contrastando com sua grandeza artística e cultural. Antes que o garoto completasse 11 anos, seus genitores faleceram, ficando o pequeno aos cuidados de um tio que, ao notar sua queda pelo desenho, levou-o ao estúdio do pintor Juan del Castillo, com quem ele estudou e trabalhou durante 10 anos, até que esse se mudou para Cádiz. O futuro pintor, cuja arte foi moldada em pintores e influências estrangeiras, viria a participar do clima cultural e conservador de Sevilha, imbuído de profundas raízes populares.

A composição intitulada Os Meninos com a Concha — também conhecida como O Menino Jesus e São João Batista com uma Conha – é uma obra de devoção do artista barroco, muito popular e típica das encomendas da época.  Murillo tornou-se famoso por este tipo de pintura, sendo um dos maiores artistas de todos os tempos de tal gênero. Já no final de sua vida, ele aumentou a produção dessas obras, produzindo composições graciosas e pias, como a ora estudada. O artista evitava quadros que mostrassem o lado violento da história cristã, o que agradava os compradores ricos da época que preferiam telas de fácil entendimento, sem alusões alegóricas ou referência ao mundo dos espíritos, mas, sim, ao dos negócios. É provável que este quadro tenha sido pintado para um cliente particular, uma vez que as obras religiosas do artista adequavam-se muito bem aos ambientes requintados dos ricos devotos sevilhanos.

A composição — uma das pinturas mais conhecidas e populares entre o público espanhol — refere-se à infância de Cristo. Os pequeninos Jesus Cristo e João Batista tomam água numa concha, numa combinação de realidade palpável e visão espiritual. A descrição desta cena com Jesus Menino não se trata de uma passagem bíblica (até porque, segundo alguns, os dois primos só se conheceram quando eram adultos), mas de uma invenção do artista. As duas crianças santas mostram uma beleza idealizada — ausente nas crianças retratadas nas pinturas de gênero de Murillo —, mas seus gestos e expressões são muito reais. A tela apresenta cores requintadas e tonalidades ricas. As figuras estão banhadas por uma luz transparente e prateada. Existem várias cópias conhecidas desta composição.

O Menino Jesus sorri, enquanto observa João Batista tomando a água que lhe oferta numa concha. Sua mãozinha esquerda aponta para o trio de pequenos anjos que parece se fundir com a névoa dourada que emana das nuvens. O fundo escuro da pintura mostra nuvens ameaçadoras de tempestade, como numa previsão do que seria o destino das duas crianças. Na cruz que João Batista carrega no ombro esquerdo há uma fita com a inscrição “ecce agnus dei” (eis o cordeiro de Deus). O cordeirinho, em primeiro plano, olha piedosamente para as duas crianças. O artista enfatiza a dualidade de sua presença na pintura: símbolo de Cristo e companheiro predileto das crianças. Criativamente o artista colocou o acontecimento religioso em um contexto doméstico.

Ficha técnica
Ano: c. 1675/80
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 104 x 124 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-infant-christ-and-saint-john-the-baptist-with/ebb0af9e-9601-491c-b7ba-801764341b11

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