O CÓDIGO HAYS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Proinema
Os filmes não dispõem de qualquer característica que os redima e justifique a sua existência. (Chicago Tribune/ 1907)

Lixo pecaminoso e abominável. (Ramsay MacDonald/ Primeiro ministro britânico)

A arte do cinema é efêmera e parasítica. (Journal Education/1958)

Poucos de nós já ouviram falar sobre o Código Hays, que tinha como objetivo colocar bridão no cinema. Como pode perceber o leitor, os donos da verdade só mudam de época, mas continuam os mesmos, dentre eles os religiosos fanáticos que odeiam o Estado laico.

Como a Sétima Arte era democrática e única, além de ser imediata e de fácil acesso, logo começou a ser questionada pelos detentores do poder moral e político. Achavam eles que o cinema se espalhava com muita rapidez, de modo que sua influência só poderia ser maléfica. O medo tomou conta dos “donos” do mundo. E o cinema viu-se no banco dos réus, como o pior dos pecadores ou o mais abominável dos devassos.

Crimes: vulgarizar, idiotizar, incentivar a sensualidade, servir de propaganda política, provocar o consumismo exagerado, tramar contra os bons costumes, corromper a mente e a moral dos jovens, transformar o mundo num ambiente caótico e sem governança. Portanto, era preciso amordaçar o monstrengo, a besta-fera que há pouco nascera, antes que devorasse a santa e pia humanidade. Assim, o mundo da utopia continuaria existindo, em prol do bem geral de todas as nações, enquanto fora da tela a verdade crua e nua continuava grassando, sem que dela dessem conta os censores.

Os responsáveis pelo “bem comum” caíram com paus e pedras sobre a arte (cinema) ainda criança. Todos aqueles, que se julgavam com poderes para refreá-la, usaram de suas manhas e artimanhas, clamando insistentemente por sistemas de censura. O mais conhecido deles foi o Motion Producers and Distributors of America, cuja lista de restrições tornou-se conhecida como o Código Hays.

Do famigerado código para frente, a nudez libertina, o tráfico de drogas, a escravidão branca (a negra podia), cenas de nascimento, cirurgias, cenas de primeira noite, mulher e homem deitados na mesma cama (ainda que fossem casados), genitália de crianças, beijos excessivos ou prolongados, perversão sexual, miscigenação, e mais uma longa lista de proibições, passaram a ser excluídas dos filmes. E, com isso, muitos filmes de arte foram banidos sob a alegação de que eram apelativos.

O Código Hays foi escrito por um dos líderes do Partido Republicano (EUA), chamado William H. Hays, daí o seu apelido. Entrou em vigor em 1933 e sobreviveu até 1956, embora as mudanças fossem graduais até os meados dos anos de 1960, em razão dos vários movimentos que estavam aparecendo, como a liberação feminina e os hippies. Os cineastas passaram a ignorar as regras do código, fazendo filmes sem a aprovação da censura. Em 1968, o Código Hays cedeu lugar a uma tabela de classificação de filmes, levando em conta a idade do espectador.

Só para se ter uma ideia da rigidez do Código Hays, esse não aprovava o uso das seguintes palavras (já com tradução) no cinema: gata, vadia, prostituta, vampiro, mulher fácil, nádega, homossexual, dedo, gritos de gozo, doença venérea, patife, travesti, testículos, pederasta, arroto, urinol público, etc.

O mais engraçado nessa história é que um grande número de cineastas, como Ernest Lubitsch e Howard Hawk, sentiam o maior prazer em burlar aquelas regras mesquinhas e tolas. E, com a maior perspicácia, eles acabavam se safando delas, bem nos bigodes de seus censores.

Mas, como há mais mistérios entre o céu e a Terra, do que imaginam 10% da nossa massa cinzenta, um obstáculo bem maior do que o Código Hays encontrava-se dentro do próprio cerne do cinema: a sua popularidade. Mas que nonsense! Também acho.

O fato é, meu caro leitor, que assim que “os homens” perceberam que o negócio cinematográfico era uma mina de ouro, o lado comercial, guloso como sempre, tentou segurar as rédeas sozinho, deixando para trás os elementos experimentais e artísticos. Logo, os três principais ramos – produção, distribuição e exibição – começaram as suas manobras de guerra financeira. De modo que, no frigir dos ovos, o poder dos estúdios cresceu, inflou os egos e os bolsos e ainda aspirou a independência do restante. O poder dos diretores virou favas contadas, foi pro beleléu.

O que pode haver de bom em qualquer empreendimento onde o dinheiro é a única tônica? Nada, é claro. Por isso, a mediocridade começou a correr solta no cinema, sob o respaldo do vil metal, que jorrava abundantemente nos cofres dos grandes estúdios. Mas essa história não se restringe àqueles tempos. Ela continua firme nos dias de hoje. A batalha entre os investidores que só pensam na maximização de seus lucros e os criadores da arte, que desejam dar o melhor de si na feitura de bons filmes, continua. Ouso dizer que assim será, já que a humanidade não toma jeito diante da ganância pelo vil metal. Estamos todos condenados. Que entoem o réquiem para a criatividade: requiem aeternam dona eis!

Fontes de Pesquisa:
Tudo sobre Cinema/ Editora Sextante
Wikipédia

3 comentaram em “O CÓDIGO HAYS

    1. LuDiasBH

      Fuerrulge

      Estou muito feliz com a sua presença em nosso blog.
      Tento fazer dele um cantinho bem agradável para os visitantes das mais diversas partes do mundo.
      Teremos muitos assuntos, à sua escolha.
      Propague-o, entre os seus amigos.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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