Autoria de Lu Dias Carvalho
Escrevi teu belo nome
Na palma da minha mão,
Passou um pássaro e disse:
– Escreve em teu coração.
Certamente todos nós teríamos dificuldade em identificar as partes mais importantes de nosso corpo, pois cada uma delas cumpre uma importante função. Mas sem dúvida alguma, as mãos estão entre as mais bem colocadas no pódio, haja vista o número de expressões com a palavra “mão” (mãos de fada, mão de ferro, meter a mão, deixar de mão…). Como são trabalhadoras as danadinhas, que nem mesmo durante o sono descansam, ora segurando a cabeça, ora revirando o travesseiro ou puxando o cobertor.
Neste exato momento, olhe para suas mãos e imagine quanto serviço elas já lhe prestaram: no reconhecimento das coisas, no tato com o corpo, no manuseio das ferramentas de trabalho, no ato do amor, no cuidado com a prole, em suma, na manutenção de sua vida. Será que você tem sido grato a elas suficientemente? Estão bem tratadas, ou as coitadinhas andam muito descuidadas, precisando de maior atenção? Que tal passar um creminho bem cheiroso nessas musas, como forma de agradecimento?
As mãos são o principal utensílio nas artes e nos ofícios. E, por isso, não nos surpreende que tenham sido elas as grandes responsáveis pela evolução da humanidade. Até mesmo o cérebro reconhece isso, pois tem com elas mais conexões do que com qualquer outra parte do corpo. É por isso que o nosso estudo sobre a linguagem corporal começa com elas, as magníficas obreiras, interpretando o modo como nos são apresentadas.
A pessoa sincera e honesta, geralmente expõe a totalidade ou parte da palma da mão para o interlocutor, quando está exprimindo seus sentimentos (Eu não sou responsável por isso!/ Eu estou falando a verdade!). Por sua vez, a criança, quando está mentindo ou ocultando alguma coisa, esconde geralmente as palmas das mãos atrás das costas. E os bolsos funcionam como um bom esconderijo para as mãos, quando se trata de um marido ou namorado mentiroso. Já a mulher procura se desviar do assunto, falando de várias coisas ao mesmo tempo ou se mostrando muito ocupada, sem parar de mexer com as mãos.
Dentre as partes de nosso corpo que emitem sinais, a palma da mão está entre as mais poderosas, quer transmitindo ordens ou comandos, ou num aperto de mãos. Principais gestos de comando:
- mão espalmada para cima – demonstra uma atitude não ameaçadora em que a pessoa encontra-se submissa, desarmada; (Diga-me o que eu posso fazer?)
- mão espalmada para baixo – demonstra autoridade, ordenança; (Sem conversas, vá saindo!)
- mão fechada com o dedo indicador apontado – demonstra ameaça, superioridade, agressividade, e induz sentimentos negativos na outra pessoa. (Nunca mais me fale sobre tal assunto.)
O aperto de mão faz parte do passado remoto da humanidade, quando elementos das tribos primitivas estendiam os braços com as mãos espalmadas, no intuito de demonstrar que não carregavam armas. Por sua vez, os antigos romanos, para se defenderem contra a possibilidade de um punhal escondido na manga da camisa, criaram o aperto de mão no antebraço, como cumprimento.
Existem sete irritantes apertos de mão:
- O peixe-morto – a mão apertada é fria e pegajosa, com sensação de frouxidão e flacidez – indicador de fraqueza de caráter.
- O torno – o iniciador estende o braço com a mão espalmada para o chão e dá um forte puxão para baixo, seguido de dois ou três outros solavancos de retorno – indica desejo de dominar e assumir o controle da relação.
- O quebra ossos – parecido com o torno, tritura os ossos do outro. Se for com uma mulher que está usando anéis pode ferir seus dedos – indica uma personalidade agressiva.
- O aperto com as pontas dos dedos – pode indicar a vontade de manter distância ou exprimir, também, um sentimento de inferioridade. A pessoa mal toca as mãos do outro.
- O cumprimento com o braço esticado – tende a ser usados por tipos agressivos, com o objetivo de colocar a outra pessoa fora de seu espaço pessoal, pois não quer nenhum contato físico.
- O arranca-soquete – a mão é agarrada à força e puxada com um solavanco para perto do iniciante – pode demonstrar insegurança ou necessidade de controlar o outro.
- A alavanca de bomba – o iniciante pega a mão do outro, e começa a bombeá-la, sacudindo-a em rápidos movimentos verticais – até sete subidas e descidas são aceitáveis.
Não sei se alguns dos leitores já passaram pelo constrangimento de levar a mão, numa roda de pessoas, para cumprimentar alguém, e a coitadinha ficar solitária no ar, porque o desatento está cumprimentando outrem, totalmente fora da rota, ou seja, mais distante, sem se ater a uma determinada ordem.
Duro mesmo é quando duas pessoas ficam indecisas quanto a pegar ou não na mão uma da outra. Uma leva a mão que volta humilhada por não ter encontrado a outra. Então o outro resolve levar a sua, e a situação se inverte. Haja constrangimento. Mas, contudo e apesar de tudo, benditas” sejam nossas mãos!
Um meu amigo está me cobrando o aperto de mão entre um casal, quando um dos dois roça a palma da mão do outro com o dedo médio. Segundo a explicação popular, trata-se de um convite ao sexo.
Fonte de pesquisa:
Desvendando o Segredo da Linguagem Corporal/ Allan e Barbara Pease
Nota: A Vidente – de Caravaggio
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Ei Lu,
adorei o texto sobre as mãos. Incrível com vivemos no automático e não percebemos o tão fundamental: nossas mão e seus gestos.
Beijos
Pat
Todo cuidado ao cumprimentar agora é pouco… risos.
Beijos,
Lu
Lu,
Ótimo texto. Muito interessante. Você pesquisou o significado do aperto de mão com o roçar do dedo médio de uma pessoa na palma da mão da outra?
Abraço,
Devas
Devas
Você é muito espertinho… risos.
Já ouvi falar sobre isso, de boca, mas nunca li nada a respeito.
Dizem que se trata de um convite ao sexo.
Você já leu a respeito?
Abraços,
Lu
Lindo o texto!
Certa vez assisti a uma palestra e, ao final dela, o palestrante recitou “O POEMA DA GRATIDÃO” de autoria da baiana Amélia Rodrigues; um dos trechos é dedicado às mãos, segue abaixo o referido trecho.
Obrigado!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!
Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
https://www.youtube.com/watch?v=bGd-EPmQ2iM
Neste link ,Lúcio Mauro recita ” O MONÓLOGO DAS MÃOS ” de Giuseppe Ghiaroni.
Bibi Rerreira também o interpretou, assim como Paulo Autran, Moarcir Franco e o admirável Zé Ramalho.
Ju
Estou feliz com o seu retorno.
Que bom saber que está bem de saúde.
Este monólogo é maravilhoso.
Eu não o conhecia com o Lúcio Mauro.
Obrigada pela beleza da postagem.
Abraços,
Lu
Belo texto, pois com as mãos eu desenho e me lavo. Não é primeira vez que a minha mão fica à espera de um cumprimento e fica triste por não o receber. É com as mãos que dou carinho à minha companheira; neste momento escrevo com elas; eu as trato bem, como elas tratam a mim; quantas vezes levo as minhas mãos à cabeça. Se o ser humano estivesse em harmonia, como o cérebro está com as mãos, o mundo seria saudável.
Lu, um abraço.
Rui Sofia
Rui
Nossas são a mais valiosa ferramenta que temos.
Por isso, precisam de muito carinho.
Elas fazem muitas coisas, como você explicou.
O cérebro tem mesmo muita harmonia com as mãos.
Abraços,
Lu
Oi Lu!
Vou linkar este no blog do livro! Adorei.
Eucajus
Que bom!
Vamos trabalhar em sintonia.
Abraços,
Lu