ARTE E IDEIAS PRECONCEBIDAS (Aula nº 4)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Nós, humanos, temos o péssimo hábito de achar que as pessoas e as coisas devem ser exatamente como imaginamos ou queremos que sejam, esquecendo-nos de que cada um de nós se encontra num grau espiritual ou cultural diferente do outro, ou vê a vida por um prisma muito diferente. O indivíduo que se encontra num patamar mais elevado é o responsável pela descida de alguns degraus em direção à compreensão do outro. Ao invés de impor seus argumentos, deve primeiro entender o porquê de o outro pensar assim ou assado, para depois contestar ou aceitar seus argumentos.

O nosso pensamento relativo à arte não é diferente. Basta acompanharmos a mudança de seus estilos através dos tempos para sermos capazes de compreender a intolerância que críticos de arte e público tiveram em relação às mudanças perpetradas na sua longa caminhada até os nossos dias, quer fossem elas relativas a formas, cores, elementos utilizados, etc. Um exemplo interessante e bem ilustrativo diz respeito à descrição de cavalos a galope na arte, tempos atrás, quando os olhos do artista,  incapazes de captar a velocidade desses animais, descrevia-os como julgavam ser.

As pinturas e gravuras esportivas, até antes de as máquinas fotográficas captarem com precisão os cavalos galopando velozmente, mostravam-nos como os vistos na composição ilustrativa acima, trazendo as pernas dianteiras e traseiras esticadas ao mesmo tempo, o que não tinha nada a ver com a realidade, fato este até então desconhecido dos artistas e do público. Pensando bem, se esses animais se movessem como na pintura acima, estariam a voar ou se estatelariam com a barriga no chão.  

Após a comprovação sensacional da fotografia, ao mostrar que os cavalos movem suas pernas alternadamente em razão do impulso seguinte e cientes de tal informação, os artistas passaram a aplicar em suas obras a nova descoberta. No entanto, tal mudança redundou em reclamações por parte do público ignorante e desatualizado sobre a descoberta fotográfica, passando a criticar enfaticamente as mudanças introduzidas, dizendo que as pernas dos animais, ao correr, mostravam-se  incorretas nas obras dos artistas.

Inconformados também se mostraram críticos de arte e público, quando artistas, fugindo às formas e cores tradicionais, mudaram o formato ou colorido da natureza. Onde já se viu um céu amarelo ou um gramado azul? — questionavam eles. Ainda não se mostravam cientes de que a arte em seu poder criativo tinha licença para fazer tais mudanças, pois o que conta é a sensibilidade do artista e não a sua rejeição às noções preestabelecidas e a todos os preconceitos. É ele quem escolhe o caminho a tomar.

O Prof. E. H. Gombrich ensina-nos que, ao admirarmos uma obra de arte devemos “tentar esquecer tudo o que ouvimos… e olharmos o mundo como se estivéssemos acabando de chegar de outro planeta numa viagem de descoberta…”. Não resta dúvida de que os velhos hábitos e os preconceitos são os maiores inimigos, não apenas em relação ao modo como pensamos a arte, mas também como gerimos nossa própria vida.

Os temas bíblicos também geraram (e ainda geram) muitas contendas ao serem inseridos na arte. Os artistas de antigamente se viam enredados por uma infinidade de convenções que deveriam seguir, conhecidas por todos eles, mas que acabavam por tolher-lhes a criatividade. A aparência física de Jesus Cristo — desconhecida para qualquer ser humano — sempre foi, por exemplo, um deus nos acuda, quando um pintor “ousava” fugir das regras convencionais.

Todos sabem que foram os artistas de um longínquo passado os responsáveis por criar as obras cristãs com as quais a humanidade se acostumou. Tudo foi fruto da criatividade desses homens, mas, mesmo assim, ainda existem pessoas nos dias atuais que consideram uma blasfêmia desapegar-se desses modelos tradicionais — fruto da criação de artistas de um remoto passado — e dar existência a outros diferentes.

O brilhante e revolucionário pintor italiano Michelangelo Merisi — conhecido como Caravaggio — foi um dos artistas que tiveram que conviver com uma situação de intransigência da religião, após a entrega de uma encomenda de um quadro intitulado “São Mateus” que tinha por objetivo ornamentar o altar de uma igreja em Roma (Itália), no ano de mais ou menos 1600. O relato desse fato encontra-se na próxima aula.

Exercício

1. O que a autora do texto quis dizer com “O indivíduo que se encontra num patamar mais elevado é o responsável pela descida de alguns degraus em direção à compreensão do outro”.
2. O que o Prof. E. H. Gombrich quis nos ensinar com suas palavras?
3. Para você, como seria a aparência física de Jesus Cristo?

Ilustração: Corrida de Cavalos em Epsom, 1821/ obra de Théodore Géricault.

Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich

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NAVEGANDO PELA ARTE (Aula nº 3)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                 

                                                     (Clique nas imagens para ampliá-las)

A capacidade que nós  possuímos para navegar por mares dantes navegados, ou seja, para direcionar o nosso olhar e atenção para certos fatos e coisas que até então nos eram desconhecidos ou indiferentes é latente, uma vez que o desejo de aprender, conhecer e investigar é inerente ao nosso ser. Mas, para que essa fagulha ganhe vida e transforme-se numa imensa chama, faz-se necessário que estejamos aberto ao novo, sem ideias preconcebidas, com o espírito acessível às informações e, sobretudo, carregue a humildade de quem reconhece que não sabe tudo — esse sentimento invejável que permeia a mente daqueles que são ávidos pelas descobertas e fazem dela seu caminho para a sabedoria. É o interesse em buscar, informar-se, desvendar e prosseguir, o responsável pelo saber humano, por suas grandes descobertas e criações. Sem ele não teríamos alcançado qualquer progresso como espécie.

A arte é um universo deslumbrante e mágico, onde inexistem regras, uma vez que o academicismo (obediência às normas tradicionais criadas para a arte) foi jogado por terra, pois não se pode regular a criação. Somente o artista é capaz de saber quais elementos deve usar, que caminho deve tomar ou qual é o momento em que sua obra encontra-se concluída. É por isso que é tão prazeroso conhecer a vida dos gênios da arte e, pelo menos, suas obras-primas. O estudo a eles dirigido abre nossos olhos para belezas jamais vistas. A cada passo dado é possível sentir como o nosso gosto vai se aprimorando, nossa capacidade de apreender vai sendo desenvolvida e nossa sensibilidade vai se aflorando. Exercitamos nosso olhar e a perspicácia diante de uma obra de arte, não importando seu estilo ou época. Aprendemos a nos deleitar quando de encontro a algo novo, até então despercebido. Como consequência desenvolvemos a habilidade de enxergar a vida com mais agudeza de percepção, com mais sensibilidade e compassividade. É por isso que a arte é tão importante na formação humanística do indivíduo, embora a maioria venha a desconhecê-la durante sua vida.

Ao apreciarmos uma obra de arte faz-se necessário abrirmos a mente aos mais variados padrões de beleza, expressos em numerosos estilos e em diferentes épocas. Eleger apenas um estilo ou um artista é ficar encalhado no tempo, ainda que para o deleite pessoal se possa preferir esse ou àquele. A arte possui inumeráveis caminhos que estão aí para serem trilhados por todos nós. Podemos viajar desde a Pré-história, passando pela Idade Medieval, pela Idade Média, até chegarmos aos nossos dias — Idade Contemporânea. Podemos contemplar desde as pinturas rupestres às abstratas. É preciso, muitas vezes, entender um pouco do estilo do artista. Compreender que o céu pode ser pintado de azul ou amarelo e que a floresta pode ser verde ou vermelha… A arte vai mudando com os tempos assim como a nossa própria vida.

A arte é tão incrível que muitas vezes, guiados pela nossa falta de entendimento, achamos que esse ou aquele pintor não sabe desenhar e que sua obra é muito malfeita. Mas tudo não passa de um engano. O artista assim fez de livre e espontânea vontade, atendendo aos objetivos de sua criação. Tomemos por exemplo um dos artistas mais geniais e conhecidos da Idade Contemporânea — Pablo Picasso — que transitou por vários estilos. Ele fez dois desenhos muito interessantes. O primeiro, criado em 1941, tem o nome de “Galinha com Pintinhos”; o segundo, criado em 1938, traz o nome esquisito de “Galo Novo”. Enquanto o primeiro é todo arrumadinho, desenhado dentro dos padrões normais, segundo a nossa noção de uma galinha “normal” rodeada de pintinhos, o segundo traz um galo meio abestalhado e zangadiço. A pessoa mais desavisada poderá achar que Picasso só foi aprender desenhar alguns anos depois de ter feito seu galo birrento. Nada disso! O seu objetivo era desenhar um galo tal e qual este que avistamos acima, no centro.

O julgamento de uma obra de arte exige muito cuidado, pois à visão é preciso ajuntar a vontade de lidar com o novo e a agudeza de espírito. O artista não é obrigado, por exemplo, a retratar a natureza, como nós a vemos. Ao contrário, ele se encontra sempre em busca de experiências novas. E, se assim não fosse, ainda estaríamos na fase dos desenhos rupestres. A título de ilustração, conta-se que o pintor e professor inglês Sir Joshua Reynolds, muito apegado às regras acadêmicas, em uma de suas aulas ensinou aos alunos que a cor azul era reservada apenas para fundos distantes — colinas diluindo-se gradualmente no horizonte — e jamais poderia ser usado no primeiro plano de uma pintura (parte mais próxima do observador). Para contradizê-lo, seu rival Thomas Gainsborough pintou o famoso “Menino Azul” (ilustração à direita), o que nos prova que a arte não tem regras fixas.

Exercício

1. O que é necessário para nos entranharmos pelo mundo da arte?
2. O que nos ensinam os dois desenhos de Pablo Picasso?
3. Como o pintor Thomas Gainsborough se contrapôs a Sir Joshua Reynolds?

Ilustração: 1.Galinha com Pintinhos (1941) – Picasso / 2. Galo Novo (1938) – Picasso / 3. Menino Azul (1770) – Thomas Gainsborough.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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O BELO NA ARTE (Aula nº 2)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                          

Diz um velho ditado que “a beleza está nos olhos de quem a vê”, contudo, para ver o belo é necessário que estejamos abertos ao novo, ao diferente, ao incomum, assim como o filósofo e a criança que jamais são preconceituosos ou apressados no julgamento. Quando não entendem algo, eles buscam a compreensão quer através da observância quer através da indagação. É necessário, portanto, descartarmos velhos hábitos e preconceitos para desfrutarmos do maravilhoso e benéfico mundo da arte, não nos esquecendo de que viver é estar em permanente aprendizado, numa constante transformação. Pobres de espírito são aqueles que estão sempre a dizer que nunca mudam de opinião. O contato com a arte ajuda-nos a estimular a nossa sensibilidade, pois o gosto é predisposto a mudanças e ao desenvolvimento.

A arte não retrata apenas o belo, ela é capaz de tornar formoso mesmo aquilo que é considerado feio. O que conta é a sensibilidade do artista e a receptividade do observador. O que não podem faltar são emoções, sensações e sentimentos. Existe hoje uma nova percepção, bem mais aguçada e inteligente quanto ao conceito de arte no campo visual figurativo que se define como “qualquer atividade que, por meio das imagens, procure comunicar sensações, emoções e sentimentos”. Concluímos, portanto, que gostos e padrões estéticos variam de acordo com as diferentes culturas, havendo variações até mesmo dentro da mesma cultura, sem falar que os conceitos não estão imunes ao tempo, ou seja, eles se encontram em constante transformação.

O famoso pintor alemão Albrecht Dürer fez um retrato de sua mãe idosa, já com as marcas da velhice por todo o rosto, enquanto o não menos famoso pintor flamengo Peter Paul Rubens fez um desenho de seu filhinho Nicholas. No primeiro caso nós nos defrontamos com uma senhora já desgastada pelo tempo e pelas labutas da vida, enquanto no segundo vemos o rosto de um garotinho angelical, ainda no limiar de sua vida. A beleza de ambas as composições é real, porque tanto o pai embevecido com seu filho ainda bebê quanto o filho cheio de amor por sua mãe envelhecida pelos anos fizeram sua obra com muito desvelo e sensibilidade, resultando em duas belas obras de arte. Tais exemplos levam-nos à compreensão de que o encanto de uma obra artística não está na beleza do tema, mas na maneira como ela foi feita, no cuidado e desvelo que o artista dispensou ao seu trabalho.

Outro exemplo de que o encanto de uma obra artística não é consequência do tema pode ser visto nas crianças esmolambadas, descalças e sujas dos quadros do espanhol Murillo Bartolomé Esteban. A obra intitulada “Murillo – MENINOS COMENDO MELÃO E UVAS” (cliquem no link para conhecê-la) é um primor , ainda que ver crianças judiadas pelas ruas seja triste. O artista usou toda a sua sensibilidade ao captar o encontro dos três garotos. Assim como a obra de Murillo, não podemos ignorar, por exemplo, a beleza da letra e da composição musical de Chico Buarque de Holanda em “Meu Guri” ou “Assum Preto” do genial Luiz Gonzaga. Ainda que ambos os temas sejam dolorosos, a obra em si é arrebatante, capaz de tocar profundamente a nossa sensibilidade.

Sabemos que gostos e padrões de beleza são os mais variados, contudo, a falta de conhecimento também nos afeta numa avaliação, sobretudo quando essa diz respeito a uma obra de arte. Temos a tendência de apreciar somente aquilo que já conhecemos ou que entendemos com mais destreza e, em razão disso, acabamos deixando de lado o diferente, aquilo que exige mais acuidade e tempo na sua compreensão. Daí a necessidade de adquirirmos maior conhecimento em relação a obras que não sejam tão óbvias, na tentativa de captar os sentimentos do artista, seja ele antigo ou moderno. Além do mais, nós também passamos a exigir mais do nosso cérebro, o que é muito importante para desenvolver suas habilidades.

Exercício

1. Como podemos ampliar o nosso gosto em relação à arte?
2. O que une o desenho de Dürer e o de Paul Rubens?
3. Por que o tema não é o ponto principal a ser avaliado numa obra de arte?

Ilustração: Dürer – Retrato de Sua Mãe (1514) / Rubens / Retrato de Nicholas (c. 1620) –

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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O MUNDO DA ARTE (Aula nº 1)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O mundo da arte é incomum e fascinante. Podemos viajar através dele por todas as épocas da história da humanidade — desde o alvorecer dos povos pré-históricos até os nossos dias —, pois ele está em permanente movimento. Para que possamos melhor entendê-lo, os estudiosos do assunto dividiram-no em períodos e estilos, pois, assim, será possível compreendermos como cada obra está correlacionada ao que aconteceu antes, porque há sempre uma diferença, por menor que seja, entre os artistas de um tempo e aqueles que vieram antes ou depois deles, pois a maneira como um estilo de arte origina-se, tem a ver com os fatos históricos de seu tempo.

Na Antiguidade a palavra “arte” estava ligada à habilidade e à perícia que certas pessoas possuíam para criar um objeto ou exercer certa atividade (pedreiro, carpinteiro, barbeiro, ourives, pintor, poeta, etc.), mas no século XV, durante o Renascimento italiano (assunto que ainda iremos aprender), a arte voltada para a produção de coisas necessárias passou a ser chamada de “ofício” e a palavra “arte”, durante muitos séculos, passou a indicar apenas as chamadas belas-artes, cuja finalidade era meramente estética. A pintura, a escultura e a arquitetura eram as formas de arte que mais se destacavam no campo das artes visuais e figurativas.

É sempre importante contextualizarmos um estilo de arte, uma obra e seu criador, ou seja, verificarmos a época em que  surgiram. Ao analisarmos o contexto histórico, obtemos uma melhor compreensão dos propósitos do artista no que diz respeito à sua criação, ou seja, o porquê de ele a ter criado assim e não de outro jeito. Será também possível percebermos que as mudanças ocorridas na arte ao longo dos tempos possuem pontos positivos, mas sem nos esquecermos de que cada avanço numa direção supõe também uma perda em outra, o que é natural, sendo por isso que vemos a retomada de certas características de um estilo em outro.

A arte não deve ser algo que se coloca além de nossas possibilidades, dizendo respeito apenas a um pequeno número de privilegiados. Ela é feita por homens e mulheres das mais diferentes classes sociais e origens e, portanto, deve ser direcionada a toda a humanidade. Ao nela nos inserirmos, estaremos conhecendo e descobrindo coisas novas. Ao aguçarmos a nossa observação, estaremos ampliando os nossos horizontes, criando uma comunhão entre a obra do artista e nós que a observamos. O conhecimento artístico também muda a nossa própria vida, ensina-nos a olhar o mundo de uma forma diferente, a ser menos arrogante e mais humilde diante da vida.

Sabe-se que nos países menos desenvolvidos — como o Brasil — a arte fica restrita a uma pequena elite, bem distante das massas. Por sua vez, os livros relativos ao tema possuem preços exorbitantes, sendo que a maioria deles carrega uma linguagem técnica inacessível às pessoas comuns, assim como são caros os outros meios responsáveis por difundirem a arte (cinema, museus, exposições, etc.). Isto, porém, não pode ser uma justificativa para vivermos alienados, como se não fôssemos uma peça desta engrenagem chamada vida. Daí o meu convite a todos os interessados para participarem deste nosso curso. Chamem mais pessoas. Vamos dividir conhecimento!

É por conhecer os entraves que impedem que indivíduos com menor poder aquisitivo (a imensa maioria da população mundial) adentrem neste mundo arrebatante e quase sobrenatural da arte é que me propus repartir com vocês um pouco das informações que possuo sobre o assunto, usando uma linguagem bem simples, desprovida de tecnicismos, até mesmo porque sou apenas uma mera pesquisadora, apaixonada pelo mundo encantado da arte. Seria arrogância minha querer impressionar os meus leitores, quando o meu único objetivo é informá-los, ou seja, dividir com eles o que venho aprendendo através de minhas pesquisas.

Segundo o Prof. E. H. Gombrich em um dos livros mais famosos e populares publicados sobre arte — A História da Arte — e no qual me basearei para fazer os artigos inerentes às nossas aulas, “Nada existe realmente que se possa dar o nome de arte. Existem somente artistas”, ou seja, a arte pode significar coisas diferentes em tempos e lugares distintos. O que pode parecer artístico para uns, pode não representar absolutamente nada para outros, isto porque existe uma infinidade de fatores que influenciam o nosso deleite ou desagrado diante de algo, o que veremos no desenrolar de nossas aulas.

Sejam todos bem-vindos à nossa primeira aula!

Atenção:

  • Não deixe de criar uma pasta em seu celular ou notebook ou mesmo uma pastinha física para guardar suas aulas impressas. Para fixar o assunto, serão deixadas questões ao final de cada texto, algumas vezes acompanhadas de links (obras ou biografia dos artistas estudados) que deverão ser acessados.
  • As respostas não são para ser enviadas, mas para maior compreensão do assunto.
  • Caso haja dúvidas deixe a sua pergunta em “comentários”.
  • Qualquer comentário deverá ser deixado na página do texto/aula.
  • Clique sempre nas gravuras ilustrativas para ampliá-las.

Exercício

1. Por que você acha importante o estudo da “História da Arte”?
2. O que significa “contextualizar uma obra de arte”?
2. A que se referia a palavra “arte” na Antiguidade?

Ilustração: Interior com Mulher Descascando Maças, 1663/ obra de Pieter Hooch.

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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A ARTE FIGURATIVA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Pensava-se que no período pós-guerra, ou seja, nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, a pintura abstrata, até então vista como uma evolução lógica da arte, fosse ocupar cada vez mais espaço, mas, curiosamente, o que se viu foi a retomada do figurativismo, o que comprova que a arte encontra-se em eterna mudança, ainda que certos estilos durem mais tempo que outros. Figurativismo ou Arte Figurativa são os termos usados para descrever as manifestações artísticas que representam a forma humana, os elementos da natureza e os objetos criados pelo homem, podendo ser realista ou estilizado, desde que seja possível reconhecer aquilo que foi representado. É muito comum o uso do vocábulo “abstrato” para se contrapor ao “figurativo”, contudo, a expressão que se mostra mais eficaz e dá margem para menos confusão é “não figurativo”.

Os pintores figurativos diferiam dos abstracionistas, porque optavam por representar pessoas e objetos de forma reconhecível, embora alguns deles fizessem uso de criações tão experimentais quanto o que faziam os artistas abstratos. Suas criações eram desafiadoras, ao apresentar figuras contemporâneas e também do ambiente em que se encontravam inseridos, buscando eliminar o sentimentalismo. Em algumas de suas obras podiam se mostrar poéticos, enquanto noutras se faziam chocantes na exposição do tema escolhido. Os pintores figurativos não apenas passaram a trabalhar com as tradições do estilo em questão, como enriqueceram-no, criando imagens provocativas sobre a condição humana presente num mundo extremamente desigual e em constante mudança.

O artista estadunidense R. B. Kitajé, morando em Londres, deu a um grupo de pintores ingleses, do qual também participava, o nome de “Escola de Londres”. Esses artistas estavam juntos mais pelo companheirismo de que por semelhanças reais de estilo. Do grupo faziam parte: Francis Bacon, Lucian Freud (neto de Freud), Leon Kossof, Frank Auerbach, Michael Andrew e o próprio R. B. Kitajé. Esses artistas tiveram no pintor David Bomberg — que dava grande distinção ao tato e à visão — uma importante influência. Entre eles era comum que um artista posasse para o outro. Após os anos de 1945 surgiram nos Estados Unidos pintores figurativos realistas como Philip Pearlstein — mais conhecido pelos nus do Realismo Modernista — Alex Katz — conhecido por suas imagens simplificadas e em tamanho grande — que criaram estudos figurativos imparciais e Andrew Wyeth – também famoso por produzir obras regionalistas — que criaram obras mais emocionais.

Francis Bacon foi o mais festejado pintor britânico do século XX, com suas pinturas dramáticas em que o tema central era a figura humana. Ele as tirava da posição normal e distorcia-as para repassar a sensação de isolamento e terror. Lucian Freud foi para a Inglaterra com a família, ainda criança, fugindo dos nazistas. Ao lado de Francis Bacon — de quem era um grande amigo e com quem compartilhava uma visão amarga em relação à condição humana, avaliando ser essa de angústia, isolamento e solidão — é tido como o principal pintor figurativo inglês do século XX. A pintura figurativa, segundo o ponto de alguns artistas e estudiosos da arte, era o único estilo que realmente poderia estar de acordo na sociedade sociopolítica dos dias atuais.

Nota: a obra que ilustra este texto é intitulada Annie e Alice (1950) obra de Lucian Freud.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Lucian Freud – MOÇA COM CÃO BRANCO
Teste – A ARTE FIGURATIVA

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Lucian Freud – MOÇA COM CÃO BRANCO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista Lucian Freud (1922 – 2011) era filho de um arquiteto e neto do psicanalista Sigmund Freud. Nasceu em Berlim/Alemanha, mas se mudou para o Reino Unido com a sua família, ainda criança, fugindo do Nazismo. Tornou-se cidadão britânico e, ao lado de Francis Bacon, é tido como o principal pintor figurativo inglês do século XX. A partir dos meados dos anos de 1960, ele optou pela pintura de nus e, para criar a sensação de flacidez da pele, passou a usar pincéis mais ásperos e largos. Pintou principalmente pessoas com as quais tinha contato (membros de sua enorme família, amantes ou amigos íntimos) e que posavam durante muito tempo para ele. Não dava importância à expressão facial, alegando ser essencial que a “expressão venha à tona através do corpo”. Ainda assim, os seus retratos pareciam transmitir um sofrimento espiritual.

A composição intitulada Moça com um Cão Branco faz parte das primeiras pinturas de Lucian Freud, quando ele apresentava composições nítidas e lineares. É tido como uma das obras mais notáveis do artista e de difícil descrição. Muito da atmosfera fria, densa e desnorteante de suas primeiras obras tem a ver com o Surrealismo. Este é o último dos retratos criados pelo artista, no qual toma como modelo sua primeira mulher Kitty Garman, filha do reconhecido escultor Jacob Epstein. O mais surpreendente é que a união de Lucian e Kitty findou logo depois de ele ter terminado esta obra extremamente ordenada. O artista pintou muitos retratos de Kitty durante seu breve casamento que terminou em divórcio em 1952 por causa de suas infidelidades crônicas.

A modelo apresenta-se com uma expressão de cansaço, com cavidades profundas sob os olhos, usando um roupão verde, com o seio direito de fora, sentada sobre o que parece ser um sofá ou um colchão desprovido de forro, num cenário severo (uma representação do ateliê do artista), o que leva à presunção de que se refere a uma cena íntima. Ela traz olhos grandes levemente assimétricos, correspondendo à expressão popular de que “os olhos são o espelho da alma”. Eles parecem fixos no observador, mas ao mesmo tempo mostram-se perdidos, expressando receio e aflição — carregados de uma grande tensão psicológica.

Kitty encontrava-se grávida de sua segunda filha, quando estava sendo retratada para esta obra. O seio direito à vista — amparado pelo braço esquerdo, cuja mão segura o outro escondido sob o roupão — pode simbolizar a amamentação. É possível que o artista tenha se inspirado na obra de Jean Fouquet (Fouquet – O DÍPTICO DE MELUN). O jeito como o artista coloca a cabeça do cão (o uso de animais nas composições Lucian Freud é bastante difundido, e muitas vezes ele apresenta um animal de estimação e seu dono) em estado de alerta, com os olhos fixos no observador, pode estar remetendo à impossibilidade sexual, quaisquer que sejam as conotações sexuais que o seio possa ter quando relacionado à cama.

O artista era reconhecido sobretudo por sua capacidade ao representar a textura da pele. A representação do pé aqui na obra é também excepcional. Para Lucian esse mereceu tanta atenção quanto as mãos ou o rosto de Kitty.

Ficha técnica
Ano: 1950-1951
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 cm x 101,5 cm
Localização: Tate Britain, Londres, Reino Unido

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Lucian Freud/ Taschen
Arte/ Publifolha

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