A ARTE DO DADAÍSMO (I)

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Autoria de LuDiasBH

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

O movimento dadaísta foi em si um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que trazia uma vertente destrutiva era também uma inventividade sarcástica. Ganhou espaço primeiramente em Nova Iorque (EUA) e Zurique (Suíça) — territórios liberais e neutros. Para Nova Iorque foi levado pelos artistas franceses Marcel Duchamp e Francis Picabia que lá contaram com a presença de Man Ray. Somente após o fim da guerra alcançou Paris (França) e a Alemanha. Hugo Ball em suas explanações dizia que o Dadaísmo tinha como objetivo “atravessar as barreiras da guerra e do nacionalismo”. E George Gross e Wieland Herzfelde – ambos membros do grupo de Berlim – expuseram a causa política original que levou à formação desse movimento e de sua postura contra a arte:

“O Dadaísmo não era um motivo ‘pré-fabricado’, mas produto orgânico nascido da reação contra a tendência distraída da chamada arte sagrada, cujos discípulos meditavam sobre cubos e a arte gótica, enquanto os generais faziam pinturas com sangue O tiroteio continuava, o mercantilismo continuava, a fome continuava. Qual o sentido de toda essa arte? Acaso a falácia de que a arte criava valores espirituais não era o auge da fraude?”

Os artistas dadaístas acreditavam que a arte tinha traído a humanidade e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente antiartística. Atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico. Os principais eram: 1. os burgueses que viam na arte o bom gosto e a decoração admirável; 2. os que se achavam muito entendidos, carregando em sua bagagem os preconceitos acadêmicos; 3. os marchands e colecionadores com sua ganância costumeira, preocupados apenas com os valores do mercado. A tudo isso os dadaístas reagiram, criando obras que ironizavam deliberadamente os modelos definidos de beleza e, que se mostravam nem um pouco comerciais, tanto no que dizia respeito ao tema e estilo ou pelas técnicas e materiais utilizados.

O poeta romeno Samuel Rosenstock que se autodenominou Tristan Tzara — em protesto contra o tratamento dados aos judeus na Romênia, passando a viver na França — escreveu no Manifesto Dadaísta de 1918: “Que é arte seja então uma monstruosidade que assuste as mentes a serviço e não um adoçante para decorar os refeitórios de animais vestidos com roupas romanas”.

Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas da família, da Igreja e do Estado. Para eles o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total, de seu próprio nariz. Também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade das forças antirracionais. Para os dadaístas fazia-se necessário transformar tudo numa folha de papel em branco, ou seja, fazer tábula rasa, antes de dar início à tarefa de reconstrução do mundo da arte.

Nota: Fonte (1917), obra de Marcel Duchamp, um urinol colocado sobre um pedestal com a assinatura “R. Mutt”, tributo irônico ao fabricante. O original foi perdido.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (II)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE
Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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A ARTE DO DADAÍSMO (II)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Os dadaístas desprezaram os modelos estéticos tradicionais e, por isso, quase nunca faziam uso dos meios comuns da pintura, do desenho ou da escultura. Trabalhavam com as técnicas de montagem (colagem e fotografia) e foram os primeiros a pensar nas facetas do inconsciente, ao fazerem uso de técnicas automatistas, ou seja, inconscientes e involuntárias. Desprezaram a gramática, criaram a “música do ruído” e usaram uma tipografia esdrúxula, ao ordenar as linhas tipográficas de acordo com seus modelos estrambóticos. Achavam também que a ação coletiva era infinitamente mais importante do que a individual, uma vez que tirava do artista a pecha de “gênio solitário” e, em consequência, atingia o público com uma ênfase maior.

As festas dadaístas assim como suas exposições quase sempre terminavam em conflitos. Muitas de suas técnicas provocativas foram herdadas do Futurismo, enquanto do Cubismo eles herdaram a colagem, uma vez que desprezavam os materiais sofisticados e a execução refinada. Também foram influenciados pela arte popular, onde buscaram as técnicas fotográficas, usadas nos cartões postais da Primeira Guerra Mundial — vistas pelos dadaístas berlinenses como a fonte da técnica de fotomontagem, contudo, o escultor e poeta francês Marcel Duchamp foi seu precursor mais imediato.

O Dadaísmo de Nova Iorque mostrou-se menos político, menos agressivo, menos denso e bem mais ingênuo, sob o ponto de vista artístico, possivelmente em razão da distância geográfica do front da guerra europeia, como mostra o artista francês Francis Picabia, ao representar pessoas como máquinas, usando o estilo informativo inexpressivo dos desenhos técnicos. Quando a guerra acabou, os artistas dadaístas deixaram Zurique (Suíça) e a iniciativa do movimento dadaísta e foram para Alemanha e para Paris (França).

A cidade alemã de Berlim, após o término da guerra, vivia num estado crítico, vitimada por crises política, social e econômica. A principal preocupação dos dadaístas era a revolução política. Richard Huelsenbeck — fundador do Clube Dada (1918) em Berlim — achava que era necessária uma arte realista que “representasse os milhares de problemas atuais”. Os dadaístas berlinenses partiram para sátira política e social em que combatiam a hipocrisia e a corrupção presente na sociedade dita “respeitável”. A contribuição mais importante do dadaísmo de Berlim foi a técnica da fotomontagem — uma colagem de fragmentos de fotografias —, meio perfeito para a sátira política e social que tanto usavam.

Max Ernst e Alfred Grünwald fundaram em 1919 “A Conspiração Dadaísta da Renânia”, tendo Hans Arp aderido-se a eles pouco tempo depois. A principal característica das obras (colagens, construções e fotomontagens) desse grupo foram o humor irreverente e a fantasia imoderada. O ramo idiossincrático do movimento dadaísta criado em 1918, recebeu o nome de “Merz”. O movimento dadaísta ruiu em 1921 de uma forma muito agressiva, sendo que muitos artistas dadaístas abraçaram o Surrealismo. Seus artistas aceitaram muito bem a sua própria cessação, tanto é que Huelsenbeck, já em 1920, havia escrito: “O Dadaísmo prevê sua morte e ri”.

O fato é que o movimento dadaísta foi muito importante, ao deixar sua marca nos movimentos artísticos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial (Pop Art, Action, Painting, Arte Conceitual…) e mais, foi responsável por estimular uma revisão radical dos valores artísticos. Dentre os artistas que fizeram parte do Dadaísmo podem ser citados: Richard Huelsenbeck, André Breton, Hans Arp, Max Ernst, Samuel Rosenstock (Tristan Tzara), Hugo Ball, Man Ray, Alfred Stieglitz, Arthur Cravan, Raoul Hausmann, Max Ernst e Marcel Duchamp.

Nota: L’Oeil Cocodylate (1921), obra de Francis Picabia, feita a partir de saudações e assinaturas de amigos.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (I)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE
Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista austríaco Raoul Hausmann (1886–1971) mudou-se para Berlim em 1905, onde estudou numa escola de artes particular. Produziu pinturas expressionistas e escreveu artigos contra as autoridades artísticas. Foi companheiro de Hannah Höch durante sete anos, embora fosse casado. Fundou o Clube Dadaísta de Berlim juntamente com o arquiteto Johannes Baader e o escritor Richard Huelsenbeck. Quando o Dadaísmo começou a fenecer, ele migrou para a fotografia, criando retratos, nus e paisagens. A fim de fugir da perseguição nazista mudou-se para a Espanha e depois para Tchecoslováquia. Durante a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a França. Criou fotomontagem satíricas em 1918, como protesto contra as convenções e os valores de uma sociedade burguesa.

A composição intitulada O Crítico de Arte é uma obra do artista em que satiriza jornalistas que vendiam suas críticas de arte ou eram influenciados pelo dinheiro, como mostra um pedaço de célula presente atrás do pescoço do crítico. Trata se de uma fotomontagem, através da qual Hausmann faz uma crítica ferina às autoridades do mundo da arte. A nota de 50 marcos alemães, cuidadosamente dobrada em forma de um triângulo, está inserida no colarinho do crítico, levando à suposição de que ele não é imparcial e justo, mas que age em conformidade com o dinheiro que lhe é oferecido.

As linhas pretas rabiscadas sobre os olhos do crítico — simbolicamente escurecendo sua visão — é um indicativo de que seu julgamento, assim como o de qualquer instituição, é sempre falho. Seu terno elegante e completo mostra que se trata de uma pessoa muito mais chegada ao materialismo capitalista do que à arte. Embora a figura seja anônima, recortada de uma revista, o carimbo presente em sua vestimenta identifica-o como sendo o artista alemão Georges Grosz.

A boca do crítico e seus olhos estão cobertos por garatujas infantis. Os olhos estão vendados, a língua volta-se para uma dama da sociedade à direita. Suas bochechas avermelhadas repassam o entendimento de que seu julgamento será lesado pelo excesso de bebida e, que no fundo, ele não passa de um chauvinista alemão. O artista inclui seu cartão de visitas na obra, onde é descrito ironicamente como “Presidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)”. Trata-se de uma ridicularização feita às classes políticas na briga pelo poder, com a renúncia do Kaiser Wilheim em 1918. A silhueta de um sujeito bem vestido à direita é feita de notícias impressas em jornal e traz a palavra “Merz” em negrito, numa referência ao artista Kurt Schwitters e suas colagens.

Ficha técnica
Ano: c. 1919
Técnica: litografia e fotocolagem em papel
Dimensões: 32 cm x 25,5 cm
Localização: Tate Collection, Londres, Reino Unido.

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

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(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

  1. O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à ————— e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte.

    1. Guerra dos Cem Anos
    2. Guerra das Duas Rosas
    3. Primeira Guerra Mundial
    4. Segunda Guerra Mundial

  2. Os artistas dadaístas acreditavam que a arte havia traído ———— e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente anti-artística.

    1. a humanidade
    2. os artistas
    3. os mecenas
    4. os museólogos

  3. Os dadaístas atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico.
    Apenas uma das alternativas abaixo está incorreta:

    1. Os burgueses viam a arte como decoração.
    2. Os preconceitos acadêmicos continuavam.
    3. Marchands e colecionadores só queriam lucro.
    4. As obras eram malfeitas, embora baratas.

  4. Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas…

    1. do Estado, da burguesia e da Igreja
    2. da Igreja, da elite e dos artistas.
    3. da família, da Igreja e Estado.
    4. da família, da plebe e do capitalismo.

  5. Para os dadaístas o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total. Eles também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade…

    1. da lógica das proposições.
    2. dos conhecimentos verdadeiros.
    3. dos processos intelectuais.
    4. das forças irracionais.

  6. Todas as alternativas acerca dos dadaístas estão corretas, exceto:

      1. Desprezavam os modelos estéticos tradicionais.
      2. Sempre faziam uso da pintura, do desenho e da escultura.
      3. Trabalhavam com técnicas de montagem (colagem e fotografia).
      4. Desprezavam a gramática e criaram a “música do ruído”.

  7. Os dadaístas achavam que a ação coletiva era infinitamente mais importante do que a individual, uma vez que tirava do artista a pecha de “gênio solitário” e, em consequência…

    1. ganhava maior atenção dos “marchands”.
    2. atingia o público com uma ênfase maior.
    3. atingia um número maior de artistas.
    4. as obras ficavam mais baratas.

  8. Muitas das técnicas provocativas dos artistas dadaístas foram herdadas do Futurismo, enquanto do Cubismo eles herdaram …………, uma vez que desprezavam os materiais sofisticados e a execução refinada.

    1. a colagem
    2. as cores vibrantes
    3. a aquarela
    4. o sfumato

  9. O Dadaísmo tem como característica o apreço ao ilógico e ao absurdo, à ingenuidade radical, ao pessimismo irônico, ao ceticismo e à improvisação, cuja verdadeira intenção era chocar e protestar contra…

    1. o enriquecimento das elites.
    2. os preços exorbitantes das obras.
    3. as atrocidades da guerra.
    4. a pobreza vigente na época.

  10. Dentre os artistas citados abaixo, todos fizeram parte do Dadaísmo, exceto um que se encontra na alternativa…

    1. Richard Huelsenbeck, André Breton e Hans Arp
    2. Max Ernst, Samuel Rosenstock e Hugo Ball
    3. Man Ray, Alfred Stieglitz e Arthur Cravan
    4. Salvador Dalí, Max Ernst e Marcel Duchamp

Nota: a ilustração é uma obra de Kurt Schwitters – Há Milhões Atrás de Mim – litografia de 1932. O artista subverte o slogan nazista ao mostrar que os milhões que apoiam Hitler vinham dos capitalistas.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (I)
A ARTE DO DADAÍSMO (II)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE

Gabarito

1c / 2a / 3d / 4c / 5d / 6b / 7b / 8a / 9c / 10d

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A ARTE ABSTRATA (I)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                               

Os artistas fauvistas e expressionistas, durante as primeiras décadas do século XX, mudaram as relações com as cores que até então eram usadas na representação da natureza. Por sua vez os cubistas fracionaram os objetos em múltiplos planos, desafiando as dimensões do espaço e os futuristas derrubaram os conceitos que diziam respeito ao tempo. Houve também artistas que se embrenharam no campo psicológico, ao compor retratos de grande intensidade emocional. O fato é que nessas primeiras décadas, em razão das grandes mudanças no campo da arte, o público sentia dificuldade para se manter atualizado.

A Arte Abstrata surgiu em meio a um clima artístico e filosófico complexo. Existia um sentimento de que os valores da sociedade ocidental eram vazios, de que o progresso científico era ilusório e que o sistema capitalista era essencialmente auto destrutivo, apesar das riquezas e prosperidades trazidas, pois tirava bem mais do que oferecia. Os artistas buscam nova inspiração para a arte fora da sociedade ocidental. E, por isso, passaram a estudar as religiões ocidentais, as crenças religiosas como a teosofia, a arte do Oriente e da África negra e da Polinésia.

Até o ano de 1910 alguns parâmetros da arte continuavam imutáveis, como o fato de os artistas permanecerem dentro dos limites da realidade concreta, representando objetos percebíveis. Mesmo o Cubismo analítico, ao seu final, não deixou de lado a arte representacional, embora muitas vezes fosse difícil identificar o tema proposto. O maior salto na arte aconteceu quando houve a eliminação do tema, suprimindo toda e qualquer referência ao mundo de objetos reconhecíveis. Os artistas tinham ciência de que a arte reproduzia certos aspectos do mundo, como eles o enxergavam, portanto não foi fácil para pintores e escultores chegarem à abstração, ou seja, à arte desprovida de representação.

É sabido que o artista russo Wassily Kandinsky chegou muito próximo à abstração com o seu Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter). Piet Mondrian com sua “Árvore Cinza” também traz ínfimas referências ao título e, portanto, aproximando-se do abstracionismo que ele viria a alcançar com sua obra “Composição em Vermelho, Preto, Azul e Amarelo” (ilustração à esquerda). O russo Kasimir Molevitch apresentou seu estilo abstracionista com a “Composição Supremista” e Constantin Brancusi em sua obra intitulada “Mademoiselle Pogany” (ilustração à direita) levou a arte do retrato à essência de um rosto.

Ainda que as ideias abstratas ganhassem vida no início do século XX, quando se buscava uma arte sem tema, as ideias abstratas não eram totalmente novas, uma vez que N. M. W. Turner em 1830 já mostrava sinais da arte abstracionista em suas composições de paisagens terrestres e marinhas. Por sua vez, os impressionistas, ao se distanciar do mundo físico, muitas vezes se aproximaram da abstração, como mostram as séries “Ninfeias” e “Monte de Feno” de Claude Monet. No que diz respeito às artes decorativas, os padrões abstratos sempre se fizeram presentes na cerâmica, na tapeçaria e nos móveis. Na Arte Nova (Art Nouveau) foram usados ornamentos de padrões abstratos. Outro artista que também fez uso de elementos decorativos abstratos em sua arte foi Gustav Klimt, como vistos em sua composição “O Beijo” (presente neste blogue).

Os pintores Wassily Kandinsky, Kasimir Malevitch, Constantin Brancusi e Piet Mondrian, ao buscarem o estilo abstrato, tinham como objetivo adquirir um forte conjunto de ideais espirituais em oposição aos valores materiais que determinavam a sociedade da época. Queriam uma arte em que cada parte encerasse o seu próprio universo interior. Tomaram como abordagem a filosofia antiga, através de crenças orientais esotéricas e de novos textos míticos. Achavam que a arte deveria mostrar ao observador um caminho que o ajudasse a levar uma vida ordenada e espiritualmente enriquecedora.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE ABSTRATA (II)
Kandinsky – AMARELO, VERMELHO E AZUL
Mondrian – MACIEIRA EM FLOR
Teste – A ARTE ABSTRATA

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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A ARTE ABSTRATA (II)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A denominação “Arte Abstrata” diz respeito, normalmente, a certas obras da pintura e escultura do século XX que não possuem função representativa ou simbólica, mas, ainda assim, não podem ser caracterizadas como simples desenhos, logo, não se trata de um estilo artístico isoladamente, sendo que alguns movimentos artísticos mais explícitos, como o Neoplasticismo e o Expressionismo abstrato foram definidos em termos estilísticos. Tanto na França quanto na Inglaterra, inúmeras gerações de pintores indagavam se era necessário tornar a pintura submissa à busca das aparências e, em razão disso, escolheram um mundo imaginário, mostrando, ainda na década de 1980, que a arte também era capaz de retratar sonhos e visões.

Já no final do século XIX era possível perceber que a tendência geral da arte, principalmente no que diz respeito à pintura, caminhava para a abstração. Mesmo Claude Monet e Paul Cézanne se deram conta da função do artista como criador de imagens, de modo que aos poucos eles passaram a dar maior importância à natureza da percepção. Os pintores Georges Seurat e Paul Gauguin — tidos como importantes precursores da Arte Abstrata — levaram ainda mais longe as percepções dos artistas mencionados acima, através da análise da linha, da cor, do tom e da composição, chegando à conclusão de que era possível expressar os estados emocionais, usando apenas os meios formais. Gauguin passou a usar as cores de maneira abstrata, pintando não como enxergava o objeto temático, mas como o sentia. Van Gogh também fez uso da liberdade de cor, usando sempre aquela que julgava apropriada, embora levasse em conta a representação linear do objeto pintado. Henri Matisse e seus colegas, 15 anos depois, reformularam as ideias pós-impressionistas —conhecidas hoje como Fauvismo — que via na cor o elemento mais importante.

As primeiras obras realmente abstratas surgiram em Paris e Munique em 1912. Um ou dois anos depois apareceram em Moscou, Milão, Nova Iorque, Londres e em outros lugares. A princípio grande parte da pintura abstrata era de caráter experimental, representando uma fase passageira na carreira de artistas como K. Larionoff, Fernand Léger, Robert Delaunay, Francis Picabia, Franz Marc, Giacomo Balla e Wyndham Lewis. No entanto, outros artistas abraçaram-na com força total, como mostra a obra de do holandês Piet Mondrian, do russo Wassily Kandinsky, do tcheco Frank Kupka e do russo Kasimire Malevich.

Kandinsky, ao escrever um texto teórico em 1910 sobre o espiritual na arte, encontrou na abstração duas vertentes: a que dizia respeito à arte pictórica dos impressionistas e pós- impressionistas que  desaguou no Fauvismo e no Cubismo e aquela trilhada pelos pintores simbolistas, responsável por levar a uma arte mais religiosa, tida como de “necessidade interior”. Para o artista russo, o caminho tomado pelos simbolistas era o mais importante, pois dizia respeito à qualidade essencial que impedia que a arte abstrata fosse desprovida de significado. Kandinsky buscava uma maneira de criar um quadro sem a presença de um objeto, mas que pudesse ser observado como algo mais, em vez de um mero desenho decorativo. Para que isso acontecesse, trabalhou em dois campos: tornou sua pintura abstrata de modo que todas as formas reconhecíveis nela presentes sumissem lentamente e deu à sua arte uma justificativa filosófica.

A música foi muito importante na busca dos artistas abstracionistas que sabiam que os compositores eram capazes de levar seus ouvintes a outras dimensões, sem fazer uso da representação direta da natureza. E, se a música era capaz de ser abstrata, ordenada e emocional, a arte também poderia ser. A pintura poderia se uma espécie de música visual, pensavam eles. Kandinsky foi o maior exemplo dessa aplicação, inclusive usou a terminologia musical (composições, improvisações e impressões) para nomear muitos de seus quadros.

O movimento abstrato em razão da Segunda Guerra Mundial (1939) teve grande parte de sua atividade, que se cultivava na Europa, cessada, mudando seu centro para Nova York, na década de 1940 — sua esplêndida etapa final. Atualmente a arte tornou-se livre. O artista tanto pode se embrenhar para o campo do abstracionismo ou para aquele que tenha uma referência simbólica ou figurativa. A invenção da Arte Abstrata foi um dos eventos artísticos mais importantes de nossos tempos.

Nota: Composição VII, obra de Wassily Kandinsky (ilustração do texto)

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE ABSTRATA (I)
Kandinsky – AMARELO, VERMELHO E AZUL
Mondrian – MACIEIRA EM FLOR
Teste – A ARTE ABSTRATA

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A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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