Kandinsky – ESTUDO PARA COMPOSIÇÃO II

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor russo, gravurista e teórico de arte e um dos fundadores do abstracionismo, Wassaly Kandinsky (1866 – 1944) nasceu em Moscou em meio a uma próspera família de burgueses, sendo seu pai um rico comerciante de chá. Sua avó era de origem alemã, tendo lhe ensinado o alemão como primeiro idioma. Quando tinha cinco anos de idade, ele teve que lidar com a separação dos pais, ficando sob os cuidados de sua tia Elizaveta Ticheeva, responsável por sua educação. Ela não apenas propiciou o contato do futuro artista com a espiritualidade, como lhe transmitiu conhecimentos musicais e o fez conhecer os contos russos que possibilitaram sua relação com as lendas e tradições do povo russo. Inicialmente Kandinsky foi direcionado para a música, embora também tenha recebido aulas de desenho.

A composição Estudo para Composição II é uma das obras abstratas do artista que, segundo contam, ao ver uma de suas pinturas de cabeça para baixo, despertou-se para a beleza que representava uma obra desprovida de sentido real.  Esta pintura retrata esse período vivido por Kandinsky, quando suas obras não eram ainda totalmente abstratas. Podemos ver aqui um estranho cavaleiro montado, pois, à medida que o seu estilo ia se tornando mais abstrato e expressionista, sua temática também ia se transformando em narrativas apocalípticas.

Figuras, rochas, cavaleiros e cavalos – delineados em preto – fazem parte da obra. Em primeiro plano, ocupando a parte central, um cavalo branco é montado por um cavaleiro azul. Existem cenas de extermínio com muitos corpos espalhados pelo chão, à direita. O cavaleiro simboliza um dos quatro Cavaleiros do Apocalipse que vêm ao mundo para trazer a destruição. À esquerda está o paraíso da salvação espiritual, ou seja, o mundo redimido. Desta maneira, forças opostas encontram-se em ação. À esquerda vê-se um mundo tranquilo e belo e à direita uma catástrofe.

Segundo a curadora estadunidense Nancy Spector, a temática constante de Kandinsky no que se refere ao uso do cavalo e cavaleiro “simboliza sua cruzada contra os valores estéticos convencionais e seu sonho de um futuro melhor e mais espiritual através dos poderes transformadores da arte”.

Ficha técnica
Ano: 1910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97,5 x 130,5 cm
Localização: The Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA

Fontes de Pesquisa:
História da arte no ocidente/ Editora Rideel
http://www.thecityreview.com/kandinsky.html
https://www.guggenheim.org/artwork/1846

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MOLDANDO O NOSSO CÉREBRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O corpo humano possui uma capacidade incrível de ser moldado. As academias estão cheias de alunos que têm por objetivo definir músculos ou ganhar massa magra. Cada vez mais aumenta o número de pessoas fazendo caminhadas no intuito de perder peso, diminuir o colesterol ruim e os triglicerídeos ou simplesmente ganhar resistência. O cérebro humano também possui essa capacidade extraordinária de modificar-se. A palavrinha mágica para mantê-lo em forma, de acordo com os nossos objetivos, chama-se “treino” e, é claro, aliado a uma vida saudável. E nós, portadores de doenças mentais – sempre na lida com os pensamentos negativos – ao trabalhar a nossa mente seremos capazes de desviar o curso dessas águas turbulentas que tanto nos incomodam e deprimem. Contudo, é bom não contar com milagres, mas, sim, com a disposição firme e persistente de levar a sério aquilo a que se propõe, ainda que isso demande certo tempo.

Através da minha experiência pessoal e na troca de ideias com os meus amiguinhos e amiguinhas deste espaço, acredito que o passo número um nesta busca por um novo modelamento do cérebro está em viver um dia de cada vez. Quanto mais leve for o nosso fardo, mais predispostos a mudanças nós estaremos. E ademais, somente o “presente” nos pertence. O “passado” deve servir apenas de aprendizado, e o “futuro” ainda está por vir, não nos cabendo colocá-lo num alforje e arrastá-lo de um lado para outro. Se vivermos com sabedoria o “hoje”, certamente o futuro – quando se tornar presente – sairá a contento. Assim, teremos tempo de sobra para nos dedicarmos à modelagem de nosso cérebro. Aproveito para informar que é um mito – e dos mais populares – dizer que nós só usamos 10% de nosso cérebro. Segundo a premiadíssima escritora Lisa Collier Cool (escreve sobre saúde), tomografias e ressonâncias magnéticas constatam que atividades mentais complexas usam diversas áreas do cérebro e, ao fim do dia, todo ele acaba trabalhado.

Trabalhar a memória é um passo importante na modelagem de nosso cérebro. A neurologista Carla Jevoux recomenda: “[…] aumentar a leitura de livros, jornais e revistas, fazer caça-palavras e palavras cruzadas, estudar música e aprender a tocar algum instrumento musical. Tudo isso funciona para que nossos neurônios permaneçam estimulados. Além disso, a prática de atividade física rotineira leva ao aumento da oxigenação cerebral, o que contribui para melhorias das funções cognitivas”. Seguir tais recomendações ajuda-nos a tirar o foco dos nossos transtornos mentais, principalmente sobre os pensamentos negativos – uma das mais contundentes queixas daqueles que convivem com certas doenças mentais.  Quando estimulamos nossos neurônios, diversificando nossas ocupações, deixamos de focar nossa mente num único ponto e, assim, equilibramos nossos pensamentos.

Saber que o nosso cérebro pode ser moldado é um grande passo para o conhecimento de nós mesmos, pois nos possibilita trabalhar nossa mente na busca por uma vida com qualidade. Assim como os pensamentos negativos influenciam nosso comportamento, os positivos também o fazem.  A Ciência vem provando que nossas ideias são capazes de levar o cérebro a produzir hormônios de diferentes tipos, tanto relacionados ao estresse quanto ao bem-estar. Assim, o que define a substância a ser liberada por ele vai depender da forma como reagimos aos nossos pensamentos. Em suma, podemos ser senhores de ideias que nos limitam ou nos motivam.  A escolha pertence a cada um de nós.

Nota: As pesquisas atuais não cansam de nos surpreender. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, por exemplo, conseguiu “separar” a mente do corpo, fazendo com que as ondas cerebrais de um macaco nos EUA controlassem um robô no Japão. (tecmundo)

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16885-5-mitos-sobre-o-cerebro-que-voce-jurava-ser-verdade.htm
https://www.jrmcoaching.com.br/blog/lidando-com-pensamentos-intrusivos/

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Largillière – A BELA DE ESTRASBURGO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Nicolas de Largillière (1656 – 1746) foi para a Antuérpia ainda criança, onde estudou com Antoine Baoubau, pintor de naturezas-mortas, quando tinha 12 anos de idade. Ali estudou os grandes nomes da pintura, como Peter Paul Rubens, Anthony van Dyck, dentre outros. Ao morar em Londres, trabalhou com o flamengo Sir Peter Lely. Voltou a Paris, por causa das perseguições aos católicos, passando a fazer parte da Academia Real de Pintura e Escultura ao apresentar o retrato de Charles Le Brun como trabalho de admissão. Especializou-se em naturezas-mortas individuais e pinturas históricas e na feitura de grandes retratos de grupos, tornando-se um dos retratistas mais admirados de sua época, procurado pela corte e pela nobreza. Era dono de grande riqueza cromática e trabalhava os tecidos com maestria. Foi protetor de Jean-Baptiste Siméon Chardin.

A composição de estilo rococó intitulada A Bela de Estrasburgo é uma obra do artista. Não se conhece o nome da jovem retratada. O que realmente importa no retrato são as vestes da mulher, ou seja, o traje de Estrasburgo, pois essa era a verdadeira intenção do artista e não a pessoa da retratada. A habilidade de Largillière nesta pintura revela sua formação flamenga. Ainda assim, não se pode ignorar a beleza da mulher de rosto suave e postura elegante que traz nos braços um peludo cãozinho preto e branco – seu animal de estimação. Uma paisagem seve de fundo para a pintura.

A elegante mulher usa um chapéu preto, enfeitado com renda preta e roupas fantasticamente trabalhadas. Ela veste uma saia vermelha, da qual o observador vê apenas uma pequena parte à esquerda, pois se encontra coberta por um avental preto. Um corpete com passamanes envolve seu corpo delgado. É impossível não notar a destreza do artista na renda do xale e das mangas da roupa de baixo, assim como no arranjo das mangas pretas, largas em cima e apertadas no cotovelo, ornadas com fitas plissadas. Embora a parte de cima do traje seja excessivamente ornamentada, a de baixo é bem simples. No pescoço a mulher usa um belo colar de pérolas.

O extravagante chapéu preto de dois bicos, bem maior em sua envergadura do que os ombros da retratada, foi o motivo que levou o artista a fazer esta pintura, pois, ao ser anexada ao reino da França, a cidade imperial de Estrasburgo causou admiração pelos costumes, sobretudo pelo tipo de chapéu.

Ficha técnica
Ano: 1703
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 138 x 106 cm
Localização: Museu de Belas Artes, Estrasburgo, França

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://www.musees.strasbourg.eu/oeuvre-musee-des-beaux-arts/-/entity/id/220594
http://gitedestrasbourg.blogspot.com/2010/03/portrait-de-la-belle-strasbourgeoise

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CENA DA VIDA CAMPESTRE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Cena da Vida Campestre mostra o cerimonial que acontecia todos os anos durante o plantio de arroz – grão muito importante para os asiáticos. São muitas as figuras humanas aqui presentes, trabalhando no campo irrigado. A pintura ornamenta um biombo de oito folhas, pintado a cores sobre papel, do período Momoyama (1586 – 1615).

Alguns homens carregam às costas os fardos de mudas que serão transplantadas pelas mulheres curvadas sobre a terra.  Camponeses são vistos removendo o barro e as ervas, usando enxadas ou arados puxados por bois.

O centro da tela (aqui se trata de um detalhe) é ocupado por carregadores de cestos e recipientes contendo alimentos. Ali também se encontram músicos e pessoas mascaradas dançando – ritual que propiciará uma boa colheita. Esta cerimônia é chamada de “dengaku” ou “música dos campos”.

Ficha técnica
Ano: início do séc. XVII
Autor: anônimo
Período Momoyama
Dimensões: 67,3 x 41,8 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Carriera – RETRATO DE UMA JOVEM

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A italiana Rosalba Giovanna Carriera (1675 – 1757) tornou-se famosa como pintora de retratos usando a técnica do pastel. Foi aluna de Giuseppe Diamantini e de Antonio Balestra, tendo sido influenciada por Giovanni Antonio Pellegrini, seu cunhado. Iniciou sua vida artística pintando retratos em miniatura, chegando depois aos grandes formatos. Embora não tenha criado a técnica do pastel, foi a primeira a aperfeiçoá-la, esgotando as possibilidades artísticas até então conhecidas. Trabalhou para várias cortes europeias, inclusive para o rei Augusto II da Polônia. Influenciou a pintura em pastel francesa, quando ali esteve, tendo retratado o rei Luís XV.

A composição intitulada Retrato de uma Jovem é obra da artista que era capaz de captar em seu trabalho os traços de caráter dos retratados. O pastel possibilitava-lhe agradar os modelos sem ter que idealizá-los, pois dava-lhes delicadeza e suavidade aos retratos, como é possível notar no retrato acima.

A retratada, com o corpo de perfil e o rosto voltado para o observador, possui um olhar terno, tem a pele em tom de madrepérola, obtido pela fusão do azul, cor-de-rosa e cinzento-claro – as cores clássicas do pastel. A pintura a pastel não faz uso de sombras.  O rosto da jovem traz um quê de infantilidade angelical. Seus lábios corados esboçam um tênue sorriso.

Obs.: A técnica do pastel ganhou força nos séculos XVI e XVII, principalmente entre os artistas italianos e os franceses. Rosalba Carriera foi responsável por seu ápice no século XVIII. Esta técnica tem sua origem no século XV, já tendo sido mencionado por Leonardo da Vinci.

Ficha técnica
Ano: 1708
Técnica: pastel
Dimensões: 36,3 x 30,3 cm
Localização: Museu Nacional do Louvre, Paris, França

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pastel_(arte)

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GURU DESMORALIZA OS GENERAIS DO REINO

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

As coisas não andam boas para os generais do reino desde que o soberano deu ao seu guru astrólogo a maior condecoração possível, munindo-o de poder e glória. O que se vê é justamente uma camisa de onze varas para os homens de farda, incapazes de usar uma camisa de força na língua do mentor real e na truculência do monarca. E para piorar o entrevero, o rei usou de todas as letras para dizer que apoia seu mentor, acima de tudo e de todos: Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se um ícone, verdadeiro fã para muitos. […]. Sempre o terei nesse conceito, continuo admirando-o”. O fato é que a capitis diminutio dos generais é visível no embate com esse cavaleiro da triste figura e com a família real. Os ataques não se tratam de combustão espontânea, mas de uma bem armada orquestração no intuito de expeli-los da governança.

Dentre as baixarias lançadas pelo guru, nada mais triste que aquela endereçada a um dos generais que vivencia um sério problema de saúde: “… a quem me chama de desocupado, não posso nem responder que desocupado é o cu dele, já que não para de cagar o dia inteiro”.  É lamentável que os súditos fiquem expostos a tanta loucura e crueldade, assistindo a um flagrante desrespeito não apenas a um general, mas a uma pessoa com problemas reais de saúde (causa turpis). O guru ainda diz que Os vassalos votaram para ter um governo conservador, cristão”. O que há de cristão em tanta depravação, desregramento e sacanice? Onde fica o tal reino cristão? Se Cristo aqui viesse, haveria de meter o chicote nos hipócritas.

Numa fala de quem quer colocar panos quentes, o general e vice-rei mandou seu recado: “Esses ataque são totalmente sem nexo. Se nós ignorarmos, será muito melhor para todo mundo”. No que se engana o vice-rei, pois diz a sabedoria popular que quem muito se abaixa acaba mostrando a bunda, como comprova outra declaração do guru: Fracotes enfezadinhos como esse general, que não têm personalidade nenhuma e só sabem agir sob a proteção de grupos e corporações, imaginam que sou como eles e vivem tentando reduzir as MINHAS OPINIÕES…”.

Ignorar a desmoralização dos generais – como sugere o vice-rei – não é “melhor para todo mundo”. A omissão nada mais é do que um sinal de fraqueza ou cooptação, uma vez que o omisso toma um lado, sim – o do mais forte. E quando a contenda sai do campo das ideias para entrar no da obscenidade, indecência e falta de decoro significa que a corda dada já ultrapassou os seus limites, aproximando-se do abismo. É preciso romper este círculo vicioso de impropérios. Chega de ser cobra que morde o rabo. Com mil demônios! De tanto colocar uma pá de cal e pôr pedra em cima, o reino logo estará cercado pelas Muralhas da China.

É sabido que esta carga de explosivos disparada contra os homens das espadas objetiva derrubar o general ministro da Secretaria do Reino, mandando-o de mala e cuia para casa. Um dos mais beligerantes príncipes vem alardeando aos quatro ventos a armação, vangloriando-se de ter “explodido” o afrontado que ainda continua de pé, mas debaixo de um fogo cerrado de desmoralização, aviltado até mesmo por indivíduos desprezíveis que pululam pela mídia. O guru continua apontando sua artilharia para o ministro general: “Só conhece politiqueiros e fofoqueiros de merda como ele mesmo”. O que se vê neste reino tresloucado é mina por todo lado e um salve-se quem puder. O ex-comandante do exército do reino deixou claro que: “… pela importante presença dos militares em cargos de chefia, certamente uma parte da conta [se o governo real não der certo] será debitada aos militares”. Então, que eles zelem pelo reino antes que consumatum est.

O que mais intriga nesta imbróglio é o fato de o monarca e seus príncipes – em vez de agirem como mediadores – estarem a jogar bosta (com a licença do guru pelo uso da palavra) no ventilador. Ao invés de conterem a verbiagem do mentor, estão a insuflar seu ego aloprado, tanto é que, irritado, o rei respondeu àqueles que questionaram o entrevero de seu guru com os homens das espadas: “Ele [o guru] é dono do seu nariz, assim como eu sou do meu e você é do seu”. E complementou, mandando um recado indireto para os fardados, mostrando-lhes que não são melhores do que ele: “Eu recebo críticas muito graves e não reclamo. O pessoal fala muito em engolir sapo e eu engulo sapo pela fosseta lacrimal”. Trocando em miúdos, que os generais engulam seus sapos sem reclamar e fiquem “pianinho”.

O fato de ser tão louvaminhado pela realeza levou o mentor astrólogo a dar um tiro de misericórdia nos homens das espadas: Os generais, para voltar a merecer o respeito popular, só têm de fazer o seguinte: arrepender-se, pedir desculpas e passar a obedecer”. Os homens de farda receberem do guru a ordem de calar a boca e obedecerem é uma desmoralização total e irrestrita.  Portanto, a impressão dos vassalos é a de que no reino o mentor real continua dando as cartas. Placar: Estrelas (mentor real) 10 x Espadas (generais) 0.

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