Kaiho Yusho – ALEGORIA DA PINTURA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

No Japão antigo, as artes tradicionais eram quatro: a harpa, o xadrez, a caligrafia e a pintura. Por serem parte essencial da educação dos jovens da nobreza, os artistas usavam-nas como motivo de seu trabalho.  As pinturas que chegaram até nossos dias foram apenas as dos nobres jogando xadrez ou tocando harpa.

Apesar de serem tidas como parte das artes tradicionais, a pintura e a caligrafia eram consideradas trabalhos manuais, ou seja, não gozavam da mesma reverência que a harpa e o xadrez. Os cavalheiros não se deixavam imortalizar exercendo uma delas. Em razão disso, as pinturas que representam a pintura e a caligrafia são normalmente alegóricas, ou seja são representadas simbolicamente através de objetos.

A caligrafia era representada por um pajem ou um servo preparando a tinta, enquanto a pintura era personificada por pessoas a admirar um quadro ou objeto de arte. A pintura acima é um detalhe de um biombo com seis painéis, pintado a cores sobre papel.

Ficha técnica
Ano: fim do séc. XVI
Autor: Kaiho Yusho
Período Momoyama
Dimensões: 153 x 364,2 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

Views: 0

LEI DO CARMA – TUDO O QUE VOCÊ FAZ…

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Luis Pellegrini

Segundo uma afirmação budista, “se você quiser entender as causas do passado, observe os resultados que se manifestam no presente”. É uma boa apresentação, embora algo simplista, de um conceito complexo chamado de “lei do carma”.

Diz a “Lei do Carma” que tudo que você faz, um dia volta para você.

Como as outras pessoas te tratam é carma delas; como você responde é carma teu.

O Carma é uma lei que depende inteiramente de nós mesmos e das nossas escolhas, podendo mudar ao longo do tempo, se seguirmos o “dharma” – caminho e regras que permitem às pessoas livrar-se da tirania dos seus egos e da massa dos desejos acumulados. Carma, em sânscrito, significa ação. Seria o equivalente, na metafísica indiana, à terceira lei de Newton, que diz: “A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade, que atua no sentido oposto”. A força é resultado da interação entre os corpos, ou seja, um corpo produz a força e outro corpo a recebe.

O carma não é unicamente individual. Esse é o mais comum, mas há também o carma familiar, o coletivo, o nacional e o mundial. O tipo familiar, por exemplo, diz respeito a toda a família: significa o “débito” espiritual (não entendido necessariamente como culpa) que recai sobre o núcleo familiar inteiro. Já o carma coletivo é o das pessoas que moram em um mesmo bairro, cidade ou país, e o mundial significa o “débito” internacional. Em todos os casos, deve-se observar que o papel de cada indivíduo permanece sempre ativo: nunca somos simples vítimas, mas de algum modo colaboramos para decidir nosso presente e futuro. Portanto, de algum modo somos sempre responsáveis por ambos.

Por volta de 1974, quando eu era um jovem repórter no jornal “Última Hora” do Rio de Janeiro, entrevistei o inglês John Coats, então presidente da Sociedade Teosófica Internacional que divulgava no Ocidente os conhecimentos filosóficos e esotéricos das tradições orientais. Coats viera ao Rio para uma série de conferências. Uma das minhas perguntas se referia à falada “lei do carma”. Após uma breve explanação da ideia, Coats deu um exemplo concreto.

“Tudo aquilo que existe tem carma, está submetido à lei da ação e da reação. Não apenas as pessoas, mas também as sociedades e os países. Meu país, a Inglaterra, enriqueceu e se tornou poderoso porque, durante séculos, colonizou e explorou dezenas de nações mais frágeis. Fomos lá com nossos soldados e nossas armas, nós nos instalamos na casa dos outros sem convite e tiramos proveito de tudo o que lá encontramos. Ao fazê-lo, criamos carma. Pois bem: passado o ciclo colonialista, o movimento da força se inverteu, como é natural e justo que aconteça. Agora são nossos ex-colonizados que migram em massa para a Inglaterra em busca de trabalho e de uma vida mais segura e confortável. E nós, ingleses, reclamamos que estamos sendo ‘invadidos’, que nosso território está sendo ocupado por ‘estrangeiros’… Sabe o que é isso? É a lei do retorno, a lei do carma em ação.”.

Ao tecer tais reflexões, Coats também profetizava algo que, nas décadas seguintes, envolveria todas as nações colonialistas europeias: a “invasão” de desvalidos dos países do Terceiro Mundo colonizados pelos europeus. Desvalidos que buscam na Europa refúgio, abrigo e proteção.

Quando pensamos, falamos ou agimos, desencadeamos uma força que gerará uma reação na forma de outra força que tenderá a voltar à sua origem. Durante a longa cadeia da nossa existência como seres conscientes e sencientes (que percebem as coisas pelos sentidos), homens e mulheres tentaram modificar, transformar ou suspender o poder da força que retorna. Talvez alguns tenham, em alguma medida, conseguido fazê-lo, mas a imensa maioria das pessoas não tem condições de erradicar ou desviar os efeitos das ações físicas, emocionais, mentais e espirituais que desencadeou. O que isso significa na prática? É simples: todos somos, em maior ou menor medida, escravos das nossas ações. Uma pessoa, portanto, não escapa das consequências dos seus atos. Mas ela só sofrerá esses efeitos quando, por sua iniciativa, tiver construído as condições que a deixam vulnerável a esse retorno que muitas vezes se traduz em sofrimento. A ignorância quanto à “lei do carma” não isenta a pessoa de sofrer as consequências de seus atos. Lei universal, o carma é posto automaticamente em movimento todas as vezes em que uma ação é desencadeada.

No Ocidente, o conceito de “lei do carma” surge quase sempre ligado à causalidade (ou seja, à causa e ao efeito das ações desencadeadas). Mas uma análise mais atenta dessa ideia mostra que o carma é regulado também por outros fatores. O principal deles é a intencionalidade. Exemplo: uma pessoa, quando criança, experimenta emoções fortes e positivas no alto de uma montanha coberta de neve. Se ela, já adulta, vive uma situação análoga, suas emoções ressurgem. Seu corpo e sua mente respondem ao estímulo com base na memória do vivido ou em princípios educativos. Essa é a causalidade, uma resposta destituída de livre-arbítrio que leva em conta o que foi vivido, as emoções e o próprio modo de pensar. Já na visão oriental, através da intencionalidade o carma age num nível mais profundo e sutil. No caso, ele não é apenas uma lei fria e mecânica, que responde de forma automática aos estímulos. A intenção subjacente aos nossos atos é entendida como uma força viva que pode, de vários modos, condicionar os efeitos que esses atos produzem. Portanto, não podemos desvincular lei do carma dos conceitos de consciência e moralidade.

Nestes tempos turbulentos que vivemos, em que tantos (inclusive nas mais altas esferas da socie­dade) parecem ter perdido a noção de conse­quência e de responsabilidade, é importante refletir sobre a sabedoria contida na noção de “lei do carma”. Sobretudo porque ela não se assenta apenas em uma visão­ espiritual do mundo e da nossa presença nele. A “lei do carma” nos fala de uma fenomenologia prá­tica, objetiva, tão conectada às leis do espírito quanto às da matéria.

 Nota: texto retirado de https://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/391668/Lei-do-carmaTudo-que-voc%C3%AA-faz-um-dia-volta-pra-voc%C3%AA.htm

Views: 0

EM DEFESA DO VICE-REI

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Se quando um não quer dois não brigam diz também outro sábio ditado popular que quem muito se abaixa, mostra o fundilho. Somando os dois ditos populares, há de convir o leitor que ambos podem ser postos em prática, mas desde que se respeitem as causas que levam ao exercício de um e de outro. Para certos casos, o primeiro calha como uma luva, mas também há fatos que exigem a observância do segundo, a fim de proteger a honra do ultrajado, caso contrário, poder-se-ia usar um segundo dito popular que diz: quem com os porcos anda, farelo come, ou ainda um provérbio com um teor ainda mais firme: quem cala, consente.

Deixando os ditos e não ditos de lado, tem sido vexamoso o modo como o vice-rei vem sendo tratado no reino pela família real e seu staff. Dentre os inconsequentes desacatos estão palavras como “traidor” e “golpista”. O rei finge de morto na defesa de seu vice, enquanto dá espaço para que seus bambinos – os príncipes 1, 2 e 3 – desçam o relho no general, num visível abuso de poder. Ainda que tais atitudes descabidas a princípio fortaleçam o vice-rei – ao mostrar que o soberano não tem pulso nem com seus filhos – em longo prazo tiram a admiração que os súditos vêm nutrindo por ele, pois não vivemos nos tempos de São Jerônimo quando sofrer humilhação era um degrau para a santidade. Como essa gente de ânimo buliçoso não alarga a consciência, está passando da hora de botar os pingos nos is.

Num reino totalmente despirocado em que a família real não demonstra um fanico de compostura para com seu povo, sendo dada a arroubos de grandeza e poder a ponto de ocupar a mídia com declarações imprudentes e temerárias – e sendo desprovida de qualquer ajustamento de conduta – qualquer indivíduo com um mínimo de bom senso foge à desarmonia vigente e, por isso, é malhado como um “Judas”, pois o grupelho exige a unicidade de todos os seus partícipes.  Qualquer um que emita um parecer próprio é visto como um desatinado, uma ovelha desgarrada que precisa ser contida em fortes correntes ou jogada às feras. Em assim sendo, a cordialidade e a civilidade excessivas por parte do ultrajado general funcionam como se ele estivesse apanhando água com a peneira.

Engana-se quem pensa que não há muito mais farinha debaixo do angu dos queixosos reais. O que eles tanto temem em relação à postura do vice-rei – “sombra que às vezes não se guia de acordo com o sol… – na corte? É elementar, meu caro leitor! Eles temem que o general continue ganhando a simpatia dos vassalos e obtenha poderes para se opor ao desmonte generalizado  que ora se vê, rechaçando os vendilhões das riquezas do reino. Eles temem que o apoio ao segundo homem mais poderoso da monarquia acabe com as asnices do guru da corte e membros do staff real. Eles temem que a aprovação popular ao vice-rei seja capaz de botar um freio na truculência verbal dos príncipes.  Eles têm medo de que a simpatia pelo vice-rei – com bom trânsito entre políticos da oposição, mídia e empresários – possa fazer tremer os alicerces do trono.

Todos os vassalos têm conhecimento de que o vice-rei tornou-se um saco de pancadas de uma monarquia que não mostrou ainda a que veio. Desviar a atenção para ele é uma forma de contabilizar em sua pessoa os fracassos estrondosos da política atual do reino. Na verdade, ele é um dos pouquíssimos tripulantes a demonstrar credibilidade nesta nave destrambelhada, sem um comandante confiável e capaz de levar todo o reino – nos seus mais diferentes campos – à bancarrota. Eles, porém, fingem não ver isso, pois lhes importa mais o poder totalitário próprio dos ditadores, como as expressas diariamente.

Ainda que no passado o vice-rei tenha se aproximado em sua retórica dos abilolados reinantes, pode-se dizer que hoje é a “voz da razão e moderação”, a voz do bom senso, um farol na escuridão das ideias anacrônicas, estapafúrdias e esdrúxulas que despencam sobre o reino como as sete pragas do Egito. Ideias essas baseadas num “bliblianismo” contrário a tudo o que Jesus Cristo ensinou, mas amalgamadas a interesses próprios e a sabujar as elites, sem qualquer compromisso com os pobres – os escolhidos do Mestre Jesus. Eles não passam de hipócritas que usam o nome de Deus a bel-prazer, posando de homens e mulheres tementes ao Mestre Jesus. Farisaicos… Isto é o que são!

Os súditos trazem o entendimento de que se o vice-rei não der seu grito de BASTA, os inconsequentes irão atingir o objetivo que tanto buscam – “resuma-se à função de poste, fique quieto, pois é apenas um representante da maçonaria e de parte do Exército”. Eles irão transformá-lo no poste que almejam. Nós, os vassalos, continuamos perguntando: Até quando, general, o senhor irá tolerar tanta humilhação, zombaria, rebaixamento e pulhice? Já estamos ficando incomodados com sua excessiva leniência. Essa gente não conhece a linguagem da moderação e do respeito. Chega de impunidade! A continuar assim, nem mesmo os lacaios do palácio irão respeitá-lo e outros zés-ninguém aparecerão para insultá-lo. Bote logo um fim nesta novela! Até mesmo o presidente da Câmara do reino diz que um dos príncipes (02) “age seguindo a estratégia definida pelo próprio rei nas redes sociais”. O que mais é preciso?

Nota: São Jerônimo, obra do pintor barroco Hendrick van Someren

Views: 1

Hunt – A DESCOBERTA DO SALVADOR…

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho


O pintor inglês William Holman Hunt (1827 – 1910) foi um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita – grupo formado por inúmeros artistas ingleses com a finalidade, de acordo com seus seguidores, de desafiar o vazio em que se encontrava a pintura e valorizar as obras de Rafael Sanzio – tendo Hunt permanecido fiel às suas ideias por toda a sua vida. Ele e seu grupo acreditavam piamente nas virtudes do mundo medieval, não aceitando as mudanças advindas da industrialização. Foi um pintor de cenas religiosas, cuja precisão de detalhes locais seguia a cartilha dos pré-rafaelitas.

A composição intitulada A Descoberta do Salvador no Templo é uma obra do artista. Hunt, a fim de ser o mais fiel possível, foi inúmeras vezes à Terra Santa para pesquisar os detalhes do templo, assim como seus ornamentos arquitetônicos de interior. Também usou as pessoas do lugar como modelos. A pintura acima representa a cena em que Jesus, aos 12 anos de idade, é encontrado no templo de Jerusalém por sua mãe e seu pai adotivo – a Virgem Maria e José – após três dias de procura, debatendo com os sábios. À época, esta obra transformou-se num grande sucesso popular.

O Menino Jesus é abraçado por sua mãe que se mostra muito feliz ao encontrá-lo. Atrás dela está José, também com o semblante alegre. Eles são retratados como pessoas comuns – o que chocou os críticos da época. A roupa de Jesus destaca-o das outras figuras. O grupo de doutores da Lei judaica forma uma meia roda em torno do Menino. Da esquerda para a direita, encontra-se sentado o velho rabino, já cego, abraçado às escrituras sagradas judaicas. O pintor dividiu sua obra em duas partes principais. À esquerda estão os rabinos com os seus assistentes e, à direita, a Sagrada Família.A passagem ilustrada é do Evangelho de Lucas, 2:41.

 A pintura de Hunt apresenta muito simbolismo, como o edifício da Lei Antiga que está sendo edificado na parte externa do Templo, à direita, e o andaime formando uma cruz. O primeiro simboliza a construção de uma nova religião e a cruz diz respeito à morte de Jesus Cristo. O velho rabino – agarrado à Torá – simboliza o velho que não quer aceitar o novo, assim como todos aqueles que não aceitaram a vinda de Cristo – o Messias por quem esperavam – e também todos aqueles que não aceitam o cristianismo. Os sete rabinos, acompanhados do músico assistente, oferecem diferentes retratos psicológicos e físicos dos fariseus da época. Na calçada do templo está um homem sentado, aparentemente pedindo esmolas.

Ficha técnica
Ano: 1860
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 141 x 85,7 cm
Localização: Museu e Galeria de Arte, Birmigham, Estados Unidos

Fontes de Pesquisa:
História da arte no ocidente/ Editora Rideel
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Finding_of_the_Saviour_in_the_Temple
http://www.victorianweb.org/painting/whh/replete/finding2.html

Views: 0

AUTOESTIMA X BIPOLARIDADE

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

 Autoria de Cristina Santos

Estou vivendo uma fase extremamente ruim. Meu marido, há cerca de cinco meses, acabou o nosso casamento de 12 anos pelo “whatsapp”.

Só percebi que havia algo errado com ele depois que me vi fora da relação. Ele gasta rios de dinheiro com coisas inúteis, está sempre irritado ou deprimido. Durante anos, uma vez por ano ele saía do quarto e ia para outro cômodo da casa e ficava lá por cerca de quatro meses.  Todo ano vivenciava esse mesmo padrão. Todo fim de ano era um desespero. Ninguém tem ideia de quantos natais ele destruiu.

Há 10 anos ele deu seu primeiro grande surto. Saiu de casa, arrumou uma amante – pasmem, ele sempre se envolve com mulheres casadas – teve um filho fora do casamento, mas não assumiu a criança. Eu só descobri esse filho há cerca de um ano atrás. Há cinco meses ele me abandonou e a nossas filhas e entrou com o pedido de divórcio, dizendo que não estava nem aí, que não tinha mais sentimentos de vínculos familiares, arrumou outra mulher – também casada – e passou a me humilhar, pois criei uma enorme dependência em relação a ele.

Durante anos sofri abusos emocionais. Para suportar a convivência, eu passei 10 anos tomando antidepressivos, o que me levou a engordar 30 quilos. Destruí completamente minha autoestima. Ele ainda tenta me manipular e por meses eu caí na sua manobra. Precisei começar um tratamento diferente para ser forte e não ser manipulada.

Ele manda fotos dele em viagem para o celular das minhas meninas. Elas não conseguem entender, tenho que ficar explicando para elas que ele não é normal, que não devem se importar com isso. Eu sofri muito e ainda sofro, pois a minha dependência emocional me deixou no fundo do poço. Há dias em que ainda me vejo desejando voltar para ele.

Eu fui maltratada verbalmente por tanto tempo que não sabia mais como viver sem ter essa vida louca ao lado de um bipolar sem tratamento. Tudo isso é como um vírus letal para mim e para nossas filhas.  Hoje ele se encontra, faz cinco meses, vivendo sem nenhum compromisso com a família. Juro que não sei se vai haver arrependimento, mas sei com certeza que ele sofre de bipolaridade. Possui todos os sintomas. Quando por telefone ele me disse palavras horríveis, eu pedi a ele que procurasse um advogado e entrasse com o divórcio. E assim ele o fez e eu, de forma amigável, assinei os documentos para dar entrada no processo. Não vejo a hora do divórcio sair para efetivamente não ter mais nenhum vínculo com ele.

Sofri demais, conseguindo, com muita dificuldade, voltar a viver. Meu sofrimento foi terrível. Nem sei explicar com palavras como me senti todos esses anos. Cheguei a tentar me matar, porque acreditava que eu era a razão dos problemas, pois ele me acusava o tempo todo de ser uma pessoa horrível. E dessa vez não foi diferente. Disse-me coisas horríveis. Vocês não fazem ideia das barbaridades que tive que ouvir.

Deixo aqui o meu conselho de amiga: não aceitem o primeiro abuso emocional, pois depois do primeiro virão milhares e você perde a vontade de viver. Ainda estou aprendendo a gostar de mim novamente. Conto com o apoio de vocês.

Nota: Separação, obra de Evard Munch

Views: 0

VICE-REI X MENTOR ASTRÓLOGO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Corre à boca miúda que as intrigas no reino estão a mil por hora. Não há um santo dia em que a cobra não fume. O rei e seu guru astrólogo – corda e caçamba – parecem navegar à deriva das declarações insensatas, querendo mudar o andar da carruagem a ferro e fogo, como se fossem a fina flor da sapiência. A permanecer assim não será de admirar que a vaca acabe indo para o brejo mais cedo do que se imagina. Enquanto a trama é urdida, os súditos veem o reino curvar-se à la diable (desordenadamente). Contudo, em meio a tanto destempero, um raio de luz fez-se presente: o vice-rei saiu de sua discrição e deu um chega para lá no guru que tem por obsessão mostrar-lhe que a porta do palácio é serventia do reino, ainda que diga que não tem “bosta nenhuma” a ver com o pedido de impeachment feito contra o vice-rei por certo pastor de quelelê.

Como é sabido até mesmo pelos ratos que frequentam as cozinhas do reino, o guru astrólogo desceu a ripa no staff real, direcionando a pancadaria maior sobre os homens das espadas. Alegou que dentro do governo há “só intriga, só sacanagem, só egoísmo, só vaidade…”. Os súditos, embasbacados, passaram a se perguntar como é que um reino que se diz fundamentado nos preceitos cristãos – embasado na família e na honra – pode ser um local propício à sacanagem, à devassidão e à pouca-vergonha? Além disso, o fato de saber que os fardados guardiões da pátria só estão preocupados em pintar as madeixas e impostar a voz – conforme afirmação do guru –, deixando a pátria à deriva, a trancos e barrancos, a trouxe-mouxe, ao Deus nos acuda,  deixou as gentes do lugar ainda mais receosas. Abyssus abyssum invocat! (O abismo chama o abismo!).

O astrólogo real estava mesmo a fim de abusar da boa vontade dos generais do reino, ao dizer que eles não tinham vergonha na cara. Estaria o torunguenga fazendo um péssimo uso do poder que a família real lhe deu, ou seria apenas o porta-voz da imprudência, insensatez e leviandade que ela lhe outorgou? Ainda mais quando é visto no palácio como o mentor e filósofo da realeza, responsável por sua subida ao trono do reino e por escolher muitos de seus asseclas. Se assim for, na verdade trata-se apenas de uma ação entre amigos do peito – um tomando para si a responsabilidade do insulto desferido e o outro o referendando. A julgar pelos últimos resultados, os vassalos presumem que o soberano acertou na mira, mas errou o alvo, ao dar munição para o seu mentor despirocado, ou os fatos não passam de um jogo de cena até que a poeira baixe, continuando tudo como dantes no quartel de Abrantes.

O guru real perdeu a compostura quando foi chamado de “astrólogo” pelo vice-rei que, cansado de tanto levar chicotadas, desabafou: “Acho que ele se deve limitar à função que desempenha bem, que é a de astrólogo. Pode continuar a prever as coisas aí que ele é bom nisso!”.  Se alguém quiser matar o mentor real de raiva é chamá-lo de “astrólogo”. Era certo, portanto, que o vice-rei – chamado de “modelo” pelo guru – não perderia por esperar, pois seu desafeto viria afiado como uma navalha, uma vez que sua língua viperina não perdoa. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Munido de grande ódio e instigados pelos príncipes reais – um deles é louco e o outro é deslumbrado, segundo o presidente da Câmara do reino – , o guru tresloucado disse cobra e lagartos acerca do vice-rei e outros fardados ocupantes do reino. Agora, quem o chamará à responsabilidade? Ninguém! Ele se assenta ao lado do trono real, o que lhe dá o direito de ser tão delicado quanto um hipopótamo e tão filosófico e racional quanto Incitatus. Ave, César! O tempo fechou, agora além da queda vem o coice. Alea jacta est! (A sorte está lançada!).

Views: 0