CONHEÇA O ESTRESSE POR CALOR

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Certamente você já ouviu falar de estresse emocional, entretanto, ouvir sobre Estresse por Calor (EC) é pouco provável. Conhecido também por “estresse térmico”, ocorre comumente no verão, justamente a época em que todos nós, mineiros, estamos sofrendo com as altas temperaturas. Vamos, então, entender o que é estresse por calor e o que podemos fazer quando ele ocorre.

É um tema mais comentado no trato com criações bovinas e outros animais, dado que eles também sofrem com as altas temperaturas. Porém, em novembro do ano passado, um relatório publicado pela revista científica britânica “The Lancet” fez um alerta justamente sobre o problema, dando conta sobre as graves consequências das ondas de calor para a saúde humana. A publicação cita problemas físicos gerados pelo aumento das temperaturas, como o estresse por calor, insuficiência cardíaca e a lesão renal aguda por desidratação.

Quando exposto a temperaturas elevadas, o corpo humano sente dificuldade para se adaptar. Durante o período em que o corpo recebe uma sobrecarga de temperatura e não consegue fazer este tipo de adaptação, pode ocorrer queda da pressão arterial, fadiga, exaustão e, em alguns casos, desidratação intensa. O corpo tenta se ajustar às temperaturas externas, inclusive à noite – na hora do repouso – e, caso não consiga o necessário equilíbrio térmico, o sono estará prejudicado e o cansaço no dia seguinte é certo. Em geral qualquer ambiente ou circunstância que exponha o corpo a fontes de calor superiores a 35ºC pode causar mudanças físicas e mentais na pessoa.

Com a busca pela regulação da temperatura ocorre perda progressiva de energia. E quem mais sofre com o estresse térmico são as crianças, pois ainda não estão com todo o sistema pronto; os idosos, por já terem patologias crônicas associadas; e, por último, as gestantes, devido às alterações hormonais. A melhor forma para saber se você está desidratado é observando o seu xixi. Caso esteja com a urina com cor muito amarelada e cheiro forte, é bom começar a intensificar a hidratação. Com grande frequência, podemos confundir esse tipo de característica com uma infecção urinária. Não tente fazer diagnóstico, beba água!

O conforto térmico já é estudado em vários ambientes e em especial no trabalho. Ele encontra-se inserido no conforto ambiental, de que também fazem parte o conforto visual, o conforto acústico e a qualidade do ar. Portanto, pense em como está o ambiente da sua casa e do seu trabalho. É de suma importância, não só para o seu conforto, mas para sua saúde e para ter uma maior produtividade.

No período de calor é de suma importância intensificar os hábitos saudáveis, o que inclui alimentação equilibrada, preferencialmente com pouco sal, boa hidratação, atividade física somente nos horários recomendados, roupas leves de algodão, recursos como o ventilador ou ar-condicionado, além de evitar o consumo de álcool; sempre com o objetivo de aumentar o conforto térmico e, por consequência, procurando o bem-estar.

Nota: Onde eu estaria feliz, obra de Di Cavalcanti

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Rafael – DEPOSIÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Giovanni de Santi, pai de Rafael, era um homem culto, dramaturgo de sucesso e estudioso, que tinha excelentes relacionamentos. A pintura era o seu meio de ganhar a vida, embora fosse considerado sem talento para a profissão – crítica que nunca o desanimou e nem o tornou invejoso, pois era humilde em reconhecer suas limitações e o talento dos colegas. Tinha grandes pintores no rol de seus amigos, inclusive o famoso Piero dela Francesca que chegou se hospedar-se em sua casa. Tudo isso contribuiu para influenciar o filho a seguir seus passos. Rafael – ainda garoto – acompanhou seu pai numa visita ao grande mestre Perugino que se encontrava no ápice de sua fama. Segundo alguns críticos, tal contato foi de grande valia para a sua formação precoce de pintor.

A composição intitulada Deposição é uma obra do artista, executada quando ele tinha 25 anos de idade, tendo sido encomendada por Atalanta Baglioni em memória de seu filho Grifonetto, adornando a capela da família em Perugia. Contudo, depois de um século naquele lugar, esta obra foi levada clandestinamente para Roma e dada ao Cardeal Borghese como presente do Papa da época.

A obra de Rafael apresenta o corpo de Cristo, após ser descido da cruz, sendo carregado para o sepulcro, localizado numa rocha ao fundo. Em meio ao grupo que o conduz encontram-se dois coveiros, em primeiro plano. O que segura a mortalha pelo lado da cabeça é mais velho e aparenta dificuldades, como mostram suas pernas cambaleantes,  enquanto o da direita, com seu corpo forte e curvado para trás, segura a mortalha com força, mantendo suas pernas eretas. Eles se mostram indiferentes, como se estivessem apressados para acabar o trabalho. Não trazem auréola (símbolo de divindade) sobre a cabeça.

O corpo suspenso de Jesus, em primeiro plano, já mostra a palidez da morte. Seus olhos e lábios estão extremamente roxeados. Em segundo plano encontram-se José de Arimateia, vestido com um manto verde e uma capa amarela; o discípulo João traz as mãos em postura de oração e a cabeça voltada para Cristo; Maria Madalena segura a mão do Mestre e fita-o com um olhar de pungente sofrimento; a Virgem Mãe desfalecida está sendo amparada pelas Santas Mulheres. Todos expressam muita dor em seus gestos, excetuando os dois coveiros.
Na parte superior, à direita, no Monte Calvário, ainda estão fincadas as três cruzes. Uma escada está recostada na cruz central de onde foi retirado o corpo ensanguentado de Cristo. Dois soldados ainda se encontram ali. O movimento, as tensões do corpo humano, os fortes contrastes e os efeitos de cor e ritmo foram a preocupação do artista ao executar a sua obra.

Ficha técnica
Ano: 1507
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 67 x 56 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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O REI TUPINIQUIM, SEU GURU E O GRUPO “C”

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Autoria de LuDiasBH

O reino anda cada vez mais de joelhos, principalmente após a ida do rei ao império do Tio Sam. O soberano babou tanto na gravata do poderoso magnata das bandas de lá que seus súditos acharam que ele colocou seu próprio reino na bacia das almas. Mesmo os conterrâneos afixados naquelas terras – e também responsáveis por levar o rei ao poder – sentiram-se muito ofendidos com as bravatas de seu monarca e com o asco que mostrou sentir por seus vassalos que ali ralam até 15 horas diárias para ganhar o pão que o diabo amassou. O acompanhante e príncipe real – num ataque de grandeza e prepotência -, excessivamente embevecido com o fato de desfilar ao lado do pai pelo tapete vermelho do salão do poderoso rei topetudo, chamou seus compatriotas – ali residentes – de “vergonha”, deixando-os em maus lencóis. O moçoilo encontrava-se literalmente deslumbrado, arrebatado, encachaçado pela riqueza e poder daquele reino. Melhor faria por sua gente se tivesse botado a boca no saco.

Deixando de lado os salamaleques e rapapés do rei, príncipe e staff para com o soberano topetudo das bandas de lá – sem falar na entrega de riquezas – o que fez mesmo com que as gentes de cá botassem a mão na cabeça foi o chamego do rei tupiniquim com o seu astrólogo e mentor que há muito vem caindo de pau nos dirigentes militares do reino subdesenvolvido – certo grupo “C”, segundo ele. Se o desmiolado já não tinha papas na língua, o contato com seu rei deu-lhe garantias para destravá-la por inteiro, botando fogo na canjica. Assim, o aluado senhor dos astros chamou o general – segunda autoridade do reino – de “cara de idiota”, deixando seus conterrâneos pasmos com sua audácia. O cabeça de arroz – imbuído de ares de embaixador – julgava-se um verdadeiro Barão do Rio Branco, principalmente depois de ficar a tiracolo de seu rei – a quem jurava ter colocado no trono – nas terras do Tio Sam. Chegou até mesmo a receber um brinde de seu monarca tupiniquim que lhe encheu a bola – “… ao líder da revolução liberal no Brasil!”. Que cagada federal!

Os vassalos do reino tupiniquim acompanhavam cabisbaixos e nauseabundos a submissão de seu rei ao monarca topetudo. Matutavam um velho ditado muito conhecido em suas terras que ensinava que “Quem muito se abaixa, mostra a bunda”. Era exatamente isso o que acontecia. O rei não estava sem roupa – ao contrário, encontrava-se finamente vestido -, como conta uma antiga história, mas mostrava a bunda para o topetudo e seu staff – ainda que não literalmente. Aquilo fazia até lagosta corar de vergonha. Será que os dirigentes do reino tupiniquim não tinham um pingo de vergonha na cara? A bem da verdade, não! Estavam por demais enfeitiçados, babosos, coiós e embeiçados com o reino visitado. O vexame era constrangedor! As manchetes da mídia nacional e estrangeira estampavam a falta de decoro e amor próprio. Enquanto isso, o monarca topetudo cantava de sereia, a fim de retirar do reino “sem colhão” a última gota de sêmem, digo, vergonha. Nesse casamento de ocasião, a noiva tupiniquim não ganhou dote algum. Voltou desvirginada, com uma mão na frente e outra atrás – para vergonha de todos e pobreza do reino.

E o grupo “C”? Eis um questionamento que esta repórter também se faz. Através de sua capacidade observativa, ela conclui que existe algo escondido atrás da aparente calma da segunda autoridade real, diante daquilo que faria qualquer ser humano escumar de raiva. Por se tratar de uma pessoa circunspeta e respeitável aos olhos do reino, sua aparente indiferença esconde algo prestes a vir à tona. Ninguém em sã consciência – e muito menos uma autoridade pública – aceita tanta zombaria e esculacho, ainda que vindos de alguém tão patético, mas que não deixa de ser uma cascavel de vereda, sem nenhum compromisso com a ética, a respeitabilidade e o bom senso. O seu contato íntimo com o rei que não o chama à responsabilidade – ainda que tal sujeito meta o pau no segundo homem de seu reino – somente avoluma o seu desregramento, como se aureolado se encontrasse, acima do bem e do mal. Se esta minha conclusão for vã, não estando o general nem aí para as malquerências do desmiolado e seus seguidores, vendo-o apenas como um “desequilibrado”, devo dizer que o reino encontra-se destrambelhado – com um cego guiando outro cego – enquanto o povo chama urubu de meu louro e cospe marimbondo, só lhe restando clamar aos céus para que envie o dilúvio o mais rápido possível.

Nota:
imagem copiada de Pinterest.

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Hunt – O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor inglês William Holman Hunt (1827 – 1910) foi um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita – grupo formado por inúmeros artistas ingleses com a finalidade – segundo os seus seguidores – de desafiar o vazio em que se encontrava a pintura e de valorizar as obras de Rafael Sanzio, tendo Hunt permanecido fiel às suas ideias por toda a vida. O artista e seu grupo acreditavam piamente nas virtudes do mundo medieval, não aceitando as mudanças advindas da industrialização. Ele foi um pintor de cenas religiosas, cuja precisão de detalhes locais seguia a cartilha dos pré-rafaelitas.

A composição intitulada O Despertar da Consciência é uma obra do artista que exemplifica a popularidade deste tipo de quadro na Inglaterra vitoriana. Trata-se de uma pintura de gênero (uma cena de interior doméstico) que tem como tema uma mulher desonrada, ou seja, mostra a visão inglesa moralista e reprovadora da época. Inúmeros detalhes compõem a simbologia da obra.  Os temas moralizantes e piegas, pintados detalhadamente em quadros, tornaram-se também populares na Europa, onde havia muitos admiradores e colecionadores.

Destrinchando a simbologia da obra:

O relógio à esquerda, sobre um piano de madeira talhada, está envolto pela figura da Castidade que prende o Cupido – deus do amor – indicando que o cavalheiro presente não concretizará seu desejo. Por trás do relógio vê-se um quadro na parede que relata a história bíblica da adúltera. E à esquerda está um vaso com flores de ipomeia (planta trepadeira das regiões quentes) que, pelo fato de misturar-se a outras plantas, diz respeito às relações complexas da mulher. Aos pés do piano e no meio do tapete estão meadas de lã, misturadas, que reforçam a mesma simbologia.

A mulher traz seis anéis nos dedos, excetuando aquele onde deveria estar um anel de casamento, o que mostra que é dependente do homem (seu amante) ali presente. Ela usa roupas de baixo, sendo a bainha de renda parte de sua anágua. O modo como a jovem encontra-se no colo do homem indica que ela se prepara para levantar-se, como se tivesse tomado consciência de que seu comportamento está errado. Seus grandes olhos estão direcionados para cima. A luva suja jogada no chão, à sua frente, simboliza o seu futuro, caso não mude sua vida.

O homem festivo, esparramado na cadeira, traz uma mão nas teclas do piano e outra no colo da moça, enquanto canta, sem notar que uma nova atitude brota no rosto de sua amante. Vê-se pela sua vestimenta que ele é um jovem rico em visita à sua amásia na casa mantida por ele, como mostra o seu chapéu sobre a mesa, ao lado de um livro encadernado. No chão, sobre um pano azul, está uma partitura enrolada. Refere-se a “Lágrimas, Inúteis Lágrimas”, adaptação de Edward Lear (pintor e escritor inglês) para um poema de Alfred Tennyson (poeta inglês) com a mesma temática da pintura. Bem próximas à partitura estão as iniciais do pintor e a data de feitura da obra.

Um gato sob a mesa – logo atrás da cadeira do cavalheiro vitoriano – brinca com um pássaro. É possível que o gato represente o homem e a ave a mulher. Ele é o caçador e ela a presa. A fuga da ave, já de costas para o gato que olha para cima, pode sugerir que a vida da jovem ainda pode ser mudada. A presença de um raio de luz sobre o pé do piano também simboliza vida nova para a mulher, assim como o seu olhar direcionado para fora da janela, em direção ao jardim que se reflete no grande espelho às suas costas, assim como parte do rosto do homem e as costas da mulher. A luz simboliza Cristo como a “Luz do Mundo” (título de outra pintura que fazia par com esta). As rosas brancas no jardim representam a pureza.

Obs.: A modelo da pintura é Annie Miller, namorada do pintor à época.

Ficha técnica
Ano: 1853
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76 x 56 cm
Localização: Tate Gallery, Londres, Grá-Bretanha

Fonte de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming

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ANSIEDADE X CAMINHO DO MEIO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

De uma forma geral, a ansiedade é um sentimento incômodo e projetado para o futuro. A pessoa aflitiva vive num estado de alerta constante por causa de uma situação que ainda pode acontecer e causar-lhe sofrimento. (Flávia Maria Scigliano)
 
Cada vez mais pessoas estão chegando aos consultórios médicos queixando-se de uma aflição que não passa, de uma perturbação que anuvia sua mente e de uma grande incerteza quanto ao futuro. Elas pedem ajuda porque não sabem lidar com essas emoções que acabam transformando a vida num labirinto sem saída, retirando-lhes a alegria de viver. Embora a ansiedade esteja presente no cotidiano de todo ser humano, o que a difere de algo mais grave é a intensidade com que se abate sobre a pessoa.

Muitos de nós desconhecemos o quão sábio é o próprio corpo. Ele pode aguentar um determinado estresse por um tempo, mas não por todo o tempo. No caso da ansiedade – quando o medo, as incertezas e a expectativa extravasam seus limites – o corpo humano sofre uma alteração emocional – reação natural que corresponde a um pedido de ajuda. O seu grito de dor é uma forma de alerta, sem o qual correria o risco de somente buscar socorro quando já se encontrasse em frangalhos. Ele dá o sinal, como se dissesse: “Depois não venha dizer que não avisei!”.

O organismo humano reage à sensação de aflição, ao receio ou à agonia que acomete a pessoa, quando não diz respeito a um tempo determinado, mas que se prolonga indefinidamente. A inquietação, a impaciência e o descontrole sem causa aparente nada mais são que um sinal para que se tome cuidado, pois algo está desandando, fugindo ao controle da mente. É preciso compreender a linguagem de nosso corpo, levar em conta seus mecanismos de defesa e buscar ajuda, antes que a ansiedade possa se transformar num severo distúrbio (Transtorno da Ansiedade Generalizada – TAG), impedindo o indivíduo de exercer até mesmo suas atividades rotineiras.

Conhecer as diferenças entre a ansiedade tida como normal e aquela que é considerada uma patologia da mente é muito importante para buscar ajuda quando necessária. A primeira aparece quando a pessoa encontra-se prestes a passar por uma situação de desconforto (entrevistas, concursos, mudanças, etc). A segunda caracteriza-se por uma preocupação fora dos limites ou por uma expectativa com grande apreensão que foge ao controle e que perdura por no mínimo seis meses, vindo acompanhada de irritabilidade, inquietação, fadiga, tensão muscular, dificuldade de concentração e perturbação do sono. Neste último caso, quanto mais cedo buscar ajuda médica menor será o sofrimento.

Nota: obra de Edvard Munch

Fonte de pesquisa
Guia minha Saúde/ Editora On Line

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Cézanne – NATUREZA MORTA COM…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Cézanne é a mãe de todos nós. (Pablo Picasso)
Cézanne é o pai de todos nós (Henri Matisse)
Ele está para a arte moderna como Giotto para o Renascimento. (Robert Cumming)

O pintor francês Paul Cézanne (1839 – 1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne que depois se tornou banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs, Marie e Anne, nutrindo uma relação mais forte com a primeira que sempre tomava o seu lado, em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição intitulada Natureza-morta com Cupido de Gesso é uma obra-prima do artista. Foi criada quando ele já se encontrava no ocaso de sua vida. Cézanne – que não se interessava pelas convenções criadas pelo Renascimento – dirigia seu olhar apaixonado para objetos comuns, sem qualquer convencionalidade, como nos mostra esta obra em que ele apresenta um Cupido de gesso ao lado de frutas.

À direita, na parte superior, é possível ver uma pequena parte de seu ateliê com pinturas encostadas na parede.  Próxima aos quadros encontra-se o que parece ser uma enorme maçã verde que se mostra muito grande para o local distante que ocupa e, por isto, deveria ser vista bem menor. É interessante notar que o piso do ateliê do artista parece se inclinar para cima, isto porque ele não se atinha às teorias do Renascimento e da arte que viria a seguir.

Um grande Cupido de gesso ocupa o centro da tela, virado para a direita, sobre uma base. Atrás de sua cabeça, uma faixa marrom-avermelhada faz parte da parede do ateliê, o que ajuda a distorcer a perspectiva, imbuindo a obra de uma característica abstrata. Sobre a mesa estão frutas e legumes, não sendo possível defini-los. Para Cézanne o importante era pintar aquilo que ele via, ou seja, forma e cor, atento à relação entre os objetos. Por isso, é possível ver muitas linhas de contorno nas frutas.

É interessante observar, à esquerda, um pano azul que não cobre a mesa, mas que parece se levantar no ar e no qual são vistas duas frutas e uma taça. Também são vistas frutas num prato, sobre parte do pano azul que cobre a mesa, ou seja, há um quadro dentro do outro, o que leva o observador a confundir seus limites, como se tudo não passasse de uma ilusão. A garrafa de licor de menta domina a parte esquerda da composição.

O pintor usou uma paleta bem limitada na obra, harmonizando azuis, vermelhos e verdes-terra. Muitas sombras são criadas pelos objetos, em diferentes direções, trazendo a sensação de que existem muitas fontes de luz. Isso acontecia porque o artista pintava uma obra durante um extenso período de tempo, o que tornava as sombras diferentes, pois se referiam a diversas partes do dia.

Ficha técnica
Ano: c. 1894
Técnica: óleo sobre papel sobre painel
Dimensões: 70 x 57 cm
Localização: Courtauld Institute Galleries, Londres, Grá-Bretanha

Fonte de pesquisa
A arte em detalhes/ Robert Cumming

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