PALAVRAS TERNAS PARA JOSI

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 Autoria de Celina Telma Hohmann

Josi! É tão triste quando nos sentimos perdidas, sem rumo, sem que a vida pareça ter um sentido… Mas por tudo o que já passei – e foi bastante – posso lhe assegurar com a tranquilidade de quem venceu que isso passa! Esse desencanto, essa falta de perspectiva, esse desalento total não é um sofrimento exclusivo seu. Você não é pessimista, mas passa por um período de uma tristeza que afunda, machuca e parece que não terá fim.

Vivemos uma época, Josi, em que os sonhos parecem não ter sentido e o direito de ser feliz é quase uma imposição. Seria ótimo ser feliz o tempo todo, mas há vezes – por tantas razões – que a alma chora. Você sabe que não é uma eterna sofredora e esse é o melhor caminho. Conhece seu potencial, portanto, um caminho já se abre à sua frente.

Durante longos períodos passei por esses pensamentos ruins de que não conseguiria sobreviver às fobias – medos que nos põem abaixo. Tudo passou! E jamais, em tempo algum, eu me deixei abater pela percepção de que estava errada. Não, não estamos errados quando pedimos ajuda em meio à tormenta! Temos que enfrentá-la – o que não é fácil –, mas é possível. Quando nos damos o direito de não aceitar a derrota do sofrimento, conseguimos sair dele.

Josi, quando buscamos ajuda, seja de qual forma for, o primeiro passo já foi dado. Ninguém, sozinho, consegue muito. Sempre há a necessidade do desabafo, da mão amiga, do ombro que conforta e de alguém que nos mostre que nos entende, por ter passado por situação idêntica ou por ter uma percepção abençoada de que algumas pessoas precisam de um amigo fiel e real para ajudá-la a sair do turbilhão de sentimentos.

Sinta-se vitoriosa, minha amiga, por ter chegado até aqui e conseguido, da forma mais aberta, expor o que não lhe faz bem. Tomou a decisão correta em não aceitar que isso seja normal. O mundo não é feio, tampouco o são os sentimentos. Há muita beleza e mudar o foco, buscar a sintonia com o Divino, esteja ele em que forma estiver, é um caminho abençoado para livrar-nos de sentimentos que enchem nossa alma de lixo, que pesam, que nos prendem, como se amarras fizessem nossos pés não seguirem.

Você consegue! Eu consegui! Pensa que não passei por tantas batalhas entre a tristeza – na mais profunda dimensão – e a necessidade de sair dela e não achar a saída? Dou-me direitos, como você o faz, em não aceitar! Somos obras de um Universo, pedaços valiosos de um mundo vasto,  perfeito e que está à nossa disposição, mas que, quando fechamos os olhos, braços, alma e coração, não percebemos quanta preciosidade existe em torno de nós.

O mundo nos dá como retorno o que lhe damos – ou vice versa. Mude seu foco. Veja-se como vencedora de uma batalha particular. Seja a protagonista da sua história e não deixe sentimentos tristes interferirem em sua apresentação. Você não é o que está vendo nesse instante! Você é Criatura Divina, é parte importante desse processo chamado vida e sem você, ainda que pareça tolice, a engrenagem não estará perfeita!  Você é parte no processo da alegria, do descobrir o que é possível possuir. A alegria é gratuita, liberada por uma Mão Superior que se estende, ampara e quer que sejamos plenos!

Hoje, Josi, seu mundo parece escuro. Busque a luz! Ela está à sua frente e não lhe cobra nada. Nem eu lhe cobro que a encontre num primeiro contato. Ela virá! Esvazie sua mente, pensando unicamente nas qualidades que tem. Dê-se o direito de sentir-se desconfortável ao acalentar um sentimento que machuca. Alguns o afagam como algo precioso, mas nisso reside o erro. Sofrer é inerente, consequência de alguma razão, mas não é obrigatório aceitar que sofrer é a única saída e que isso nos fará melhor, ou pior…

Você demonstra sabedoria. Certa e maravilhosamente é possuidora de sabedoria. Sirva-se dela! Sorva gota a gota essa mágica porção e mentalize o bem que faz vê-la com os olhos da alma, descendo, aquecendo todo o seu corpo, célula por célula e a inundando de uma paz que ainda está aí – mas perdida em meio a um barulho que você não entende.

Aquiete-se, Josi! Dê-se o prazer de adormecer todo o seu confuso pensamento e jogue-se na vida com os braços abertos, agradecendo por cada instante que viveu, vive e viverá! A constância é um remédio. Abuse dela para trocar o sentimento ruim pelo bom   e descobrirá – ainda que tateando – que é possível desamarrar os nós, sair do poço, mesmo que encharcada e com gosto ruim de uma água não tão limpa.

Liberte-se, amiga, não se culpe! Busque dentro de você a felicidade que está sempre ao seu lado e, por ora, desprezada sem culpa alguma. Pobre felicidade! Entendemos como se sente. Aqui é o nosso cantinho. Choramos, esperneamos, mas cada um volta e conta como passou do muito ruim para o muito bom! Todos nós conseguimos e nossas dores – ainda que por motivos diferentes – uniram-nos e fortaleceram.

Josi, você está no caminho certo ao colocar para fora suas dores! Busque o seu melhor e vislumbre todas as possibilidades para ser feliz! Se há remédios, tome-os. Se há o ar entrando pelos pulmões como bálsamo, inspire-o. Confie que somos capazes de sair do fogo, ainda que chamuscados, mas íntegros e fortalecidos. Você será mais uma vitoriosa! Um beijo em seu coração e anime essa garotinha perdida que buscou socorro. Ela está sendo socorrida e verá que foi tudo um período ruim, um susto, mas que ensinou a enxergar outro aspecto do ser humano: perder-se por vezes, mas encontrar-se, sempre!

Obs.: Josi é uma leitora deste espaço que há muito tempo convive com transtornos mentais e tem passado por momentos muito difíceis.

Nota: Vênus, detalhe da obra de Sandro Botticelli.

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Jan Steen – O MUNDO ÀS AVESSAS

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Autoria de LuDiasBH

Nos bons tempos, cuidado! (inscrição)

O pintor holandês Jan Steen (c.1625-1679) estudou com Nicolaes Knüpfer, Adriaen van Ostade e Jan van Goyen, tendo se casado com Margaretha van Goyen, filha do último mestre. Fez parte da Guilda de São Luca de Leiden. É tido como um dos importantes pintores holandeses do século XVII. Sua obra é vasta e diversa, na qual se incluem trabalhos narrativos e alegóricos, paisagens — apesar de poucas — e retratos, mas seu gênero predileto eram as pinturas de gênero. É visto como um grande observador e o mais vivaz dentre os grandes pintores holandeses de interiores.

A composição intitulada O Mundo às Avessas, também conhecida como Licenciosidade ou Cuidado com a Luxúria, é uma obra de suas obras. Os dois últimos títulos devem-se à inscrição em holandês, vista no pequeno painel, à direita, apoiado no degrau que exorta a acautelar-se nos bons tempos. O primeiro título, contudo, é mais adequado, pois o pintor não trazia consigo uma atitude moralizadora. O cenário é parecido com o de um palco de teatro.

O artista com seu bom humor apresenta um agrupamento compacto, onde se destaca uma série de episódios em torno do eixo central, um jovem casal bêbado e com postura imprópria, mas muito bem vestido. Eles estão assentados em primeiro plano.

Nada parece ser aleatório nesta festa sem controle que acontece numa casa simples e que foi transformada num caos. Tudo parece de cabeça para baixo no ambiente em volta dos dois amantes embriagados que ocupam o centro da composição. Vejamos alguns acontecimentos:

  • o cão encontra-se sobre a mesa, comendo a torta de carne de um prato quebrado;
  • o bebê segura o colar de pérolas da mãe, enquanto sua tigela cai ao chão;
  • o pato está sentado nos ombros de um dos convidados que lê um livro;
  • o macaco brinca com os pesos do relógio na parede;
  • o porco traz na boca a torneira do barril de vinho;
  • a criança, próxima à criada que dorme, brinca com um cachimbo;
  • a garotinha mexe no armário, subtraindo uma moeda de uma bolsa;
  • a criada embriagada dorme em sua cadeira sem se importar com a casa;
  • o dono da casa sucumbe ao charme da mulher que segura uma taça de vinho tinto entre suas pernas;
  • a mulher de pé, atrás da cadeira, segura o braço do dono da casa e chama a sua atenção;
  • o cesto de vime, cheio de coisas esquisitas (muletas, sino usado pelos leprosos, uma espada…) está dependurado no teto.

Embora Jan Steen não fosse um moralista, alguns veem na pintura uma alusão a certos provérbios holandeses.

Ficha técnica
Ano: c.1665
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 105 x 145 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Obras-primas da pintura ocidental/ Taschen
https://artsandculture.google.com/asset/beware-of-luxury-%E2%80%9Cin-weelde-siet-

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DEUS SEGUNDO SPINOZA

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Autoria de Baruch Spinoza*

Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens. (Einstein)

Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, divirtas-te e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me culpar por tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de pedir-me. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a único que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Para de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Tu te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro… Aí é que estou, batendo em ti.

* Baruch de Espinoza, filósofo holandês, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna.

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Mantegna – A MADONA DOS QUERUBINS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O painel Madona dos Querubins, também conhecido por Madona e Criança com um Coro de Querubins, é uma obra do pintor italiano Andrea Mantegna (1431-1506), considerado um dos artistas mais importantes do início do Renascimento. Foi aluno de Francesco Squariciona. As esculturas de Donatello e as pinturas de Andrea del Castagno e Jacopo Bellini exerceram grande influência sobre ele. Trabalhou na Corte dos Gonzagas em Mântua. Sua obra destaca-se pela exatidão anatômica das figuras, pelos ricos detalhes e pela perspectiva perfeita, influenciando não apenas pintores italianos, mas também os  do norte dos Alpes.

A belíssima composição de Mantegna mostra a Virgem Maria e seu Menino ocupando o centro da pintura, sob um céu azul, cheio de nuvens. Rodeiam-nos 13 querubins, sendo que da maioria deles são vistas a cabeça e as asas. Eles trazem a boca aberta, cantando louvores à Virgem e a seu Filho. Encontram-se rodeados por flocos de nuvens. O último anjo, à esquerda, é o único a mirar o observador.  Muitos deles têm os olhos voltados para o  alto.

A Virgem Maria, usando um vestido vermelho, com um manto azul escuro sobre o mesmo, abraça seu Menino e traz a cabeça inclinada para baixo, como se encontrasse alheia ao momento. Seu semblante denota preocupação. O Menino, nu, de pé em seu colo, enlaça o pescoço da Mãe e traz os olhos voltados para cima.

A composição em destaque mostra a influência de Giovanni Bellini sobre Andrea Mantegna, inclusive chegou a ser atribuída ao segundo, até a sua restauração em 1885. Faz parte da terceira idade do pintor. Há na pintura serafins e querubins, conforme mostram as cores das asas. Todos fazem parte da primeira esfera da hierarquia angelical, mas possuem funções diferentes. Fotografias antigas, tiradas antes de a pintura ser restaurada, apresentam um quadro totalmente diferente deste.

Ficha técnica
Ano: c. 1845
Técnica: painel
Dimensões: 70 x 88 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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O PRAZER DOENTIO DE RECLAMAR

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Autoria de Celina Telma Hohmann

Conheço e por vezes compartilho do mesmo espaço de pessoas que têm o prazer doentio de reclamar. A murmuração, o balbucio eterno de que tudo está mal afronta nossos ouvidos e a própria vida. Quem nunca se viu em situação de reclamar, achar que nada dá certo? Por vezes acontece, mas acontecer é uma situação, perpetuá-la é prender-se ao negativismo que não pode, de forma alguma, trazer conforto, tranquilidade. Cansa! Tudo o que é demais é demasiado, não? O eterno reclamar é cansativo a quem reclama e exaustivo para quem ouve, presencia ou permanece próximo ao eterno balbuciador de desgraças. Nossos problemas não têm que ser problemas dos outros. Se os temos – e humanos que somos os temos, sim – mas os ouvidos dos outros merecem respeito.

O que se observa é que o eterno insatisfeito tem eco. Só reclama porque alguém o ouve.. Reclamam porque alguém lhe dá ouvidos. Não quero dizer que o fato de dar ouvidos aos queixumes não seja nobre, mas fortalecer um rosário de lamúrias é compartilhar um mal que não leva ninguém a lugar algum. Os lamurientos não são pessoas leves, carinhosas, com perspectivas. Há uma diferença entre a tristeza, e o perder-se, a menos valia, mas o mundo, vasto, lindo e fascinante oferece muito mais que tragédias. Estamos à volta com a busca pelo bem-estar e a reclamação constante faz com que pingos – até mesmo imperceptíveis – acabem se transformando em torrentes.

Confesso que entrei num processo de quase não ver saída, mas eu sabia que existe, e como o problema era exógeno, saí à cata de ir quebrando um a um, os galhos secos das tragédias. Processo não tão simplista, mas trouxe uma nova vertente: a meditação! Bendita, salvadora, reconfortante e nos dá um conhecimento de nós próprios que dá aquela vontade de gritar ao mundo como é bom redescobrir fórmulas. Atravessei uma fase em minha vida em que houve a necessidade de parar literalmente. Mas parei para buscar a solução. Naufraguei, não porque o mar era bravio, mas desatenta, assumi a proa de um navio que nem era meu. Sem prática, lá fui eu de cara mar adentro e, claro, engoli água salgada até quase explodir os pulmões. Saída? Aquietar-me! Descobrir métodos, magias e poções. Levei sustos na busca, mas quem disse que fazer o mundo ouvir que algo estava exagerado seria a solução?

Nada é eterno. Nem o bem ou o mal, nem o bonito ou o feio. Tudo acaba e não adianta ranger os dentes, girar os olhos e lamuriar. Busquem o que acalma. Temos a glândula pineal e a bendita transforma até o que não vemos. Parti para a meditação e foi a fórmula. Caminho não fácil, pois a mente consciente é uma esperta que dá gosto, mas dedicação, o ato de praticar, praticar e praticar, ao final, dá o sinal verde de que somos donos do que temos, responsáveis pelo que assumimos como dor ou amor. E nessa, lá veio a calma (outra vez). Sinto vergonha em confessar que dei umas boas lamuriadas, mas essas, ah, estão no passado!

O processo de acalmar a mente e alma exige um tempo e cada mente tem sua dinâmica. Por vezes, há tanto lixo tóxico que se o jogarmos num impulso, contaminamos o mundo. Por isso, eu fui devagar. Deixei meus “coelhos” na quarentena – que durou bem mais que isso – e soltei a tartaruga: devagar e sempre e sempre. Parar? Nada! Vamos trabalhar a glândula pineal e dar sossego ao cortisol. E maldade pura, mas os lamurientos que me perdoem, pois são uns chatos e todo chato é cansativo e faz com que as pessoas se afastem dele.

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Correggio – JÚPITER E ANTÍOPE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

jupeaA composição Júpiter e Antíope é uma obra mitológica do pintor italiano Correggio. O artista baseou-se na lenda grega que narra a história de Antíope – princesa de Tebas –, dona de uma beleza que fascinava quem a visse, tendo o próprio Júpiter sucumbido a seus encantos. Correggio compôs uma tela de extrema sensualidade.

O artista retrata o momento em que Júpiter – o pai de todos os deuses – transforma-se em um sátiro para seduzir a bela Antíope que se encontra dormindo num bosque, debaixo de uma árvore, ao lado do pequeno Cupido – deus do amor.

Enquanto a jovem e o pequeno deus dormem sob uma intensa luz que ilumina seus corpos, o deus dos deuses emerge, à esquerda, da parte escura do bosque, parando estupefato diante da lindeza da jovem. Ele toma nas mãos parte do manto azul que se encontra sob a cabeça da mulher. A presença de Cupido, dormindo ao lado de Antíope, que parece sonhar, reforça a ideia dos desejos libidinosos que Júpiter traz em relação à jovem princesa. Ao fundo, a vegetação escura dá maior projeção aos personagens.

Alegam alguns estudiosos de arte que o nome correto da obra seria Vênus e Cupido com um Sátiro, e trata-se de uma alegoria.  Presumem eles que esta alegoria do amor terreno era acompanhada de outra, denominada “A Escola do Amor” que celebrava o amor celestial.

Vejamos, então, sobre esta ótica:

A tocha flamejante que se vê entre Cupido e a mulher que se encontra dormindo é na verdade um atributo de Vênus, a deusa do amor. A tocha e as setas são também um atributo de Cupido – filho de Vênus – mostrando que o amor faz arder as pessoas acometidas por ele, afetando-as, mesmo que se encontrem distantes.

Cupido, ao lado de sua mãe, encontra-se dormindo profundamente sobre a pele de leão – símbolo da força que ganhara de sua vitória sobre Hércules – e sobre seu arco vermelho. Do lado direito da deusa está sua aljava. Vênus, por sua vez, dorme profundamente, com o braço direito em volta da cabeça e o esquerdo descansando sobre o arco vermelho de Cupido. Seu corpo nu é de grande beleza, com a pele sedosa e branca a irradiar luz.

O sátiro – criatura metade homem e metade bode – postado atrás da deusa é tido na mitologia greco-romana como perseguidor das ninfas e participantes das bacanais do deus Baco, sempre afeito aos desejos do sexo. Ele levanta parte do manto azul sobre o qual a deusa encontra-se dormindo, o que faz sombrear sua cabeça, pescoço e braço direito.

Na mitologia greco-romana não há nenhuma história referente a Vênus ser violentada por um sátiro, portanto, esta pintura deve ser vista mais como uma alegoria do que como uma história mitológica. Segundo estudos, o nome recebido por ela, no século 17, era “Venerie Mundano” (Terrena Vênus), dando ênfase ao amor carnal.

Quer seja Júpiter e Antíope ou Vênus e Cupido com um Sátiro, o fato é que esta composição de Correggio tem colecionado admiradores em todos os tempos. A pele sedosa da jovem como se expelisse luz interior, nunca fora antes vista na pintura. Outro motivo de encantamento é o modo como o artista apresentou a beleza feminina.

Ficha técnica
Ano: c. 1524
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 188 x 125 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Correggio/ Editora Abril

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