BONS FILMES QUE FALAM SOBRE TRANST. MENTAIS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Visitando o YouTube tive a felicidade de encontrar um canal fantástico, denominado Refúgio Cult, produzido pelo jornalista goiano Lucas Maia, uma espécie de Roger Ebert brasileiro. Quem ama a sétima arte encontrará nesse canal um tesouro inestimável. Ali ele debate, com clareza e sensibilidade, filmes das mais diferentes épocas e nacionalidades, sem deixar de lado os independentes que, por contarem com uma verba muito pequena, acabam sendo desconhecidos para o grande público. Também analisa séries, o grande boom de nossos dias. Em suma, o Refúgio Cult é voltado para o Cinema e séries de TV. E para temperar ainda mais este menu excepcional, Lucas Maia ainda nos traz curiosidades sobre os bastidores dos filmes e seriados ou fatos relativos à vida de artistas do meio.

O mais inteligente na abordagem que o Refúgio Cult faz sobre filmes e séries é sempre deixar ao espectador a decisão de assistir a eles ou não. Ele analisa as produções, dá o seu ponto de vista pessoal – sempre deixando claro que não fala pelos outros e que opiniões podem divergir – enumerando bons elementos para vê-los ou não. Algo que me chamou muito a atenção no trabalho do Lucas é o refinamento de sua linguagem (quando as palavras de baixo calão vêm se tornando comum no mundo dos youtubers) e o leque de conhecimento que ele tem. Jamais imaginaria encontrar em seu canal uma preocupação com os transtornos mentais. Portanto, qual não foi a minha surpresa ao encontrar no Refúgio Cult filmes especificamente sobre depressão e a bipolaridade (listados abaixo).

Oito Filmes para Entender Melhor os Transtornos Mentais 

  • As Virgens Suicidas (1999) – Diretora: Sofia Coppola
  • As Horas (2002) – Diretor: Stephen Daldry
  • As Faces de Helen (2009) – Diretora: Sandra Nettelblack
  • Direito de Amar (2009) – Diretor: Tom Ford
  • Irmãos Desastre (2014) – Diretor: Craig Johnson
  • Ela (2014) – Diretor: Spike Jonze
  • Anomalisa (2015) – Diretores: Charlie Kaufman e Duke Johnson
  • Toc Toc (2017) – Diretor: Vicente Villanueva

Fonte de pesquisa
Refúgio Cult / YouTube

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SÍNDROME DO PÂNICO – COMO EVITAR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A especialista em psicossomática, Dra. Cristiane L. S. Vaz, ensina 25 dicas para evitar a Síndrome do Pânico:

  1. Cobre-se menos; 2. Aceite suas dificuldades; 3. Seja menos perfeccionista; 4. Aceite: errar é humano; 5. Entre em contato com os seus sentimentos. 6. Crie menos expectativa com relação ao outro; 7. Exercite a tolerância; 8. Viva para o presente; 9. Perdoe-se; 10. Aprenda a dizer não; 11. Aceite mudanças; 12. Faça terapia; 13. Dedique um tempo para você; 14. Trabalhe com algo que lhe faça sentido; 15. Exercite padrões de pensamento positivo; 16. Pratique algum exercício físico. 17. Identifique seus limites; 18. Participe de um trabalho voluntário; 19. Quando possível, fuja da rotina; 20. Afaste-se de pessoas pessimistas; 21. Não se perca na sua história; 22. Corra atrás dos seus sonhos; 23. Não se condicione; 24. Seja livre; 25. Seja responsável.

A mesma especialista também ensina uma técnica simples, envolvendo corpo e mente,  que leva ao relaxamento. Vejamos:

  1. Fique numa posição confortável.
  2. Respire profundamente para relaxar.
  3. Repita cinco vezes: Eu estou tranquilo!
  4. Sinta os braços e as pernas pesados.
  5. Repita cinco vezes: Meus braços e minhas pernas irradiam calor/ Minha respiração está tranquila e regular/ Meu coração pulsa regularmente.
  6. Imagine a radiação do calor que sai da sua barriga ou ventre.
  7. Repita para si mesmo: Minha cabeça está livre e tranquila.
  8. Feche os punhos e estique os braços.
  9. Respire profundamente e abra os olhos. Espere que sua energia retorne para levantar-se.

Segundo o Dr. Ivan Morão “A alimentação é uma das ações coadjuvantes para o tratamento do transtorno do pânico”. Por sua vez, o psiquiatra Daniel Suzuki Borges afirma que “No transtorno do pânico, a ansiedade pode estimular a pessoa a comer mais ou quase nada. Por conta da alteração no apetite, algumas acabam ganhando peso ou emagrecendo muito. É preciso ficar atento”.

Como vimos, a alimentação correta é de grande importância no tratamento do transtorno do pânico. Segundo a nutricionista funcional Priscila Di Ciero, “A síndrome do pânico pode estar associada a uma disbiose intestinal, que é um desequilíbrio da flora intestinal. Restabelecendo esta flora, parte da fabricação de serotonina volta a ser feita corretamente”. Vejamos a importância de alguns alimentos para os portadores da síndrome e outros que devem ser evitados.

  1. Alimentos que são fontes de triptofano (serão convertidos em serotonina): grão-de-bico, lentilha, abacate, amendoim, banana, leite de cabra e abacaxi.
  2. Alimentos que amenizam a ansiedade: farinhas integrais e arroz integral, morangos, frutas vermelhas, vegetais escuros e vegetais verdes. Deve-se também fazer uso de ômega 3, encontrado em peixes de água fria e em algumas sementes, como linhaça e chia.
  3. Chás que acalmam: camomila, maracujá, ginko biloba, valeriana e hortelã-pimenta.
  4. Alimentos que ajudam no sono: banana, semente de gergelim, aveia, couve, ovo, arroz integral, linhaça, salmão, maracujá.
  5. Alimentos a serem evitados em quadros de ansiedade: aqueles à base de cafeína (guaraná em pó, café, refrigerantes à base de cola e chás estimulantes).

Nota: A Sopa, obra de Pablo Picasso.

Fonte de Pesquisa
Revista Guia Minha Saúde/ Edição Especial

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Deutsch – O JULGAMENTO DE PÁRIS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O desenhista, xilogravurista e pintor suíço Nikolaus Manuel, apelidado de Deutsch (c. 1484 – 1530) deixou poucos dados a respeito de sua origem. Nada se sabe sobre seu nascimento, juventude e formação. Casou-se com a filha do pintor Hans Frisching, membro do conselho de Berna, ao qual veio a pertencer. Sua pintura pertenceu ao estilo gótico tardio suíço, na qual já se vislumbrava elementos renascentistas. Existem suposições de que possa ter sido aluno de Ticiano em Veneza. Sua oficina executou retábulos para igrejas e mosteiros. Dentre as suas obras mais famosas encontra-se “A Degolação de São João Batista”.

A composição intitulada O Julgamento de Páris é uma obra do artista. A cena apresenta um grupo de quatro pessoas debaixo de uma frondosa copa de árvore, sob um fundo escuro. Um homem vestido com uma túnica colorida, sentado, fala com uma jovem mulher à sua frente, coberta por uma túnica transparente, trazendo não mão direita uma maçã. Outras duas mulheres, uma nua, trazendo um estandarte e uma espada e a outra ricamente trajada com um vestido de veludo multicolorido que termina numa cauda de arminho – em conformidade com a moda da época – fazem parte do pitoresco grupo.

Acima da cabeça do homem, em letras douradas e prateadas, encontra-se a inscrição: PARIS VON TROY DER TORECHT (Páris de Tróia, o tolo). A figura nua com escudo e espada é tida como Juno, enquanto a que se encontra com uma túnica transparente é Vênus, pois se encontra gravado em ouro no seu cocar as palavras: FENUS FENUS (Vênus Vênus), além disso, na maçã em sua mão está escrito algo que pode ser traduzido como “esta maçã para a mais bela” (EN DIESER OP).

Segundo a mitologia clássica, a deusa da Discórdia fez com que três deusas do Olimpo disputassem uma maçã, ficando com a fruta aquela que fosse a mais bela. Em razão do atrito, Zeus decidiu que o mais belo dos homens fizesse a escolha. Coube, portanto, a Páris, filho de Tróia, que se encontrava pastoreando seu rebanho, a decisão de escolher entre Vênus, Minerva e Juno que aqui se mostra usando um cocar em sua cabeça, cobrindo os cabelos, indicativo de que é casada.

A fim de subornar o pastor, uma das deusas ofereceu-lhe fama, a outra poder e riqueza e a última ofereceu-lhe amor carnal. O jovem optou por Vênus, entregando-lhe a maçã como prêmio. A deusa que domina a obra e a cena, deixou o pastor totalmente fascinado. Veio depois a ajudá-lo a conquistar o coração de Helena de Troia, esposa do rei de Esparta, desencadeando a guerra entre gregos e troianos.

Vê-se nesta obra que o pintor cometeu um engano em relação à mitologia, pois deu a Minerva, a deusa da guerra, o nome de Juno (ou Hera), esposa de Júpiter (ou Zeus). Juno é, na verdade, a que se encontra ricamente vestida, pois é a deusa das deusas. Páris também não é descrito como um homem sábio, mas como um tolo por ter optado pelo amor carnal. A pintura tem, portanto, uma conotação moralista. É possível que o pintor tenha usado tal visão como álibi para apresentar os corpos nus, numa época de extremo moralismo.

O corpo de Vênus, a escolhida, está de acordo com os cânones da beleza gótica da Idade Média. Ela possui busto pequeno e rígido. Sua barriga proeminente e arqueada simboliza a fertilidade, portanto, não quer dizer que esteja grávida. Sua pele muito branca tanto pode ser indicativa de sua linhagem e ociosidade quanto de malignidade, pois ela sabia usar sua sexualidade para atrair os homens, muitas vezes os encantando e transformando-os em tolos. No século XVI havia advertências contra sua lascívia.

Na árvore copada estão pendurados dois brasões: um azulado, à esquerda, com um cisne dentro e o outro à direita, com um retângulo branco dentro da esfera avermelhada. São referentes à família de certo Bendicht Brunner, um poderoso de Berna. Cupido, filho de Vênus e símbolo do amor, com seus olhos vendados, dispara uma seta em Páris.

Ficha técnica
Ano: entre 1516 e 1528
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 223 x 160 cm
Localização: Öffentliche Kunstsammlung Basel, Suíça

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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DEPRESSÃO E CELEBRIDADES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Qualquer pessoa pode ter depressão, mas muita gente jura de pé junto que não tem. O preconceito é o maior dos problemas. (Paula Fernandes)

 Depressão é uma doença que atinge qualquer pessoa e nada tem a ver com a fé. (Pe. Marcelo Rossi)

 Enxerguei que o mais importante é ter pessoas que você ama por perto e procurar ajuda profissional. (Rebeca Gusmão)

 Eu não me sentia confortável com o trabalho. Isso se juntou ao sentimento de inadequação. Eu estava confuso, em crise com a profissão, sentindo-me mau ator, feio e triste. (Selton Mello)

 Depressão é o segredo que toda família tem. (Andrew Solomon)

Nós, seremos humanos comuns, temos a tendência de glamorizar a vida dos famosos. Achamos que por terem dinheiro e fama são também contemplados com a felicidade absoluta, como se deuses do Olimpo fossem ou afilhados desses. Engano absoluto! Muitas vezes, a luta para manter o sucesso a qualquer preço – num mundo extremamente competitivo e de flagrantes altos e baixos – é um desencadeador dos mais diferentes transtornos mentais, sendo a depressão uma constante.  Alguns famosos menos informados tentam manter a doença escondida, achando que torná-la pública poderá afetar sua imagem, mas a maioria relata-a até mesmo como uma forma de ajudar as pessoas comuns.

Não são poucos os famosos que já sofreram depressão ou que ainda se encontram em tratamento. Dentre esses podemos citar: a cantora sertaneja Paula Fernandes que se viu acometida por tal transtorno ainda na sua infância; a ex-nadadora Rebeca Gusmão; o ator e diretor Selton Mello; a atriz Adriane Esteves; a cantora Selena Gomez; o jornalista Jorge Pontual; o padre e cantor Marcelo Rossi; a cantora e atriz Demi Lovato; o ator e comediante Jim Carrey; a cantora Deborah Blando; J.K.Rowling, autora de Harry Potter; o cantor Justin Bieber; a atriz Cassia Kiss; a cantora Lady Gaga; o escritor Andrew Solomon  e a falecida princesa inglesa Diana, dentre muitos outros.

Todos os famosos que vieram a público falar de seu transtorno depressivo deixaram bem claro que a melhor forma de combater (ou até mesmo conviver) uma doença que acomete uma fatia cada vez maior de pessoas em todo o mundo é desmistificá-la.  Em razão disso alertam que a depressão não é uma tristeza “muito grande”, mas, sim, uma doença que precisa ser tratada. Segundo a psicóloga Andréa Ferreira “A depressão é mais complexa que a tristeza. Ela se caracteriza como um fenômeno interno do indivíduo, e possui sintomas e uma duração maior que uma tristeza”.

A sociedade precisa compreender que a pessoa acometida pela depressão não pode ser vista como alguém que tem preguiça de melhorar. Segundo o escritor Andrew Solomon, um estudioso da depressão e que faz palestras sobre o assunto em todo o mundo, o depressivo sabe que algo está errado consigo, mas ele não tem forças para agir diante dos sintomas. Assim explica Solomon (autor de O Demônio do Meio Dia): “Sabemos que isso é ridículo. Sabemos disso, quando a vivenciamos. Sabemos que a maioria consegue ouvir as mensagens, almoçar, tomar banho, sair de casa, e que não é nada demais. Ainda assim, você fica inerte e incapaz de pensar em uma saída”.

Depois de lerem este artigo, caro leitores, vocês não mais pensarão que o transtorno depressivo é uma doença que acomete apenas os seres mortais comuns, jamais iluminados pelos holofotes da fama, pois O a depressão é uma doença democrática que aflige anônimos e famosos. Quando os últimos expõem suas histórias de sofrimento com o transtorno depressivo, dão um grande exemplo àqueles que acham que são os únicos a lutarem contra esta doença que afeta, cada vez mais, um grande número de pessoas em todo o mundo.

Nota: Abandono, obra de Oswaldo Goeldi

Fonte de pesquisa
Guia 301: Dicas para não ter depressão / Editora Online

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Dürer – MADONA E CRIANÇA COM PERA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) foi o primeiro artista alemão a se preocupar com o real, ou seja, com o homem e a natureza, usando o método científico que tinha por base a observação e a pesquisa. Foi gravador, ilustrador, cientista, desenhista e pintor. Foi responsável por trazer o Renascimento para a Alemanha. Embora fosse um homem muito religioso que pendia para o misticismo, era dono de uma curiosidade ilimitada. Procurava compreender a aparência de todas as coisas perceptíveis através dos sentidos. Estava sempre em busca do novo. Era filho de um renomado mestre. A profissão do pai foi muito importante para que ele se enveredasse pelo caminho da arte, pois, naquela época, os ourives encontravam-se entre os mais importantes artesãos. Seus estúdios serviam de encontro para intelectuais e endinheirados.

A composição de fundo escuro intitulada Madona e Criança com Pera ou ainda Virgem e Criança Segurando um Pedaço de Pera é obra do artista e revela a sua capacidade criativa. O desenho sutil é preenchido por um poderoso claro-escuro a modelar as formas esculturalmente. A preocupação de Albrecht Dürer nesta pequena pintura não é sentimental, mas, sim, de estilo.

A Virgem mais se parece com uma camponesa com o filho nos braços. O artista não agregou símbolos religiosos à pintura para mostrar a divindade de Maria e Jesus, excetuando a roupa azul da Virgem, simbolizando sua virgindade e o véu transparente que reforça sua pureza, mas que poderiam passar despercebidos. Aqui são retratados em sua verdadeira humanidade.

Os olhos de Maria estão voltados para seu nu e rechonchudo Menino que se encontra sobre um pano azul, deitado em seus braços, como se o apresentasse ao observador. Na sua mãozinha esquerda ele traz a metade de uma pera. Mostra-se ativo, com a cabeça levantada e com seus olhos escuros direcionados a algo que se encontra diante de seus olhos.

A pera que o Menino Jesus segura – ao contrário da maçã que simboliza o pecado da humanidade – significa na iconografia renascentista o amor de Deus pela humanidade. A pera teve uma parte dela comida pela criança, como mostram as duas marcas de seus dentinhos, o que significa que o Menino está unido às suas criaturas.

Ficha técnica
Ano: entre 1512
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 49 x 37 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wikiart.org/en/albrecht-durer/virgin-and-child-holding-a-half-eaten-pear-

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QUEM DÁ, É QUEM RECEBE…

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a necessidade de ter e de dar alegria.

Um dos caminhos de realizar a paz e curar-se da angústia é seva, ou seja, agir no mundo visando à realização da felicidade e benefício dos outros. É a arte de ter a alegria e de dar alegria.

Todo aspirante ao Yoga e à conquista da mente precisa pensar o quanto é fonte de sofrimento e decepção o trabalhar egoisticamente, visando, com o fruto do trabalho, adquirir coisas e conquistar posições. Este agir em proveito próprio é o “normal” na sofredora espécie humana. Pelo Yoga é denunciado como um empecilho à realização espiritual, consequentemente, à conquista da paz da mente.  O agir do usurário (bhoga), do egoísta, do mercenário não o conduz a outro resultado senão à frustração. Já velho ou no leito da morte, o usurário sente, dramaticamente visível, a inutilidade do que juntou.

A moderna psiquiatria já reconheceu que o trabalho em proveito dos outros – que não se confunde com a mera caridade (tão caricaturada) – é uma solução para muitos casos de neurose. Um ansioso é geralmente uma pessoa doentiamente interessada em si mesma. Todo seu medo, todas as suas preocupações decorrem deste anômalo amor a si mesmo. O que se puder fazer para canalizar sua hiperatenção para um trabalho generoso constitui, portanto, tratamento.

“Quem dá aos pobres empresta a Deus” é uma fórmula de caridade vulgar, que, como se pode ver, não passa de uma barganha. Dar para depois receber é espúrio. É egoísmo. No final de contas, é ainda o ego do “caridoso” que vai receber a “recompensa”. Seva é diferente. Nada tem de negociata. A prática de seva é consequência natural de um elevado bhâvana ou atitude filosófica que diz que quem ajuda é o mesmo que recebe ajuda, em termos do Absoluto Uno. Quem ajuda os outros o faz por ter a certeza de que o outro não existe fora de si mesmo e que a separação é maya (ilusão); o que faz é na convicção de que Deus Uno é quem dá e é quem recebe. Quem assim age está livre de aspirar reconhecimento, retribuição ou recompensa.

Não se utiliza dos necessitados como instrumento de egoísticos planos de “salvação” ou “indulgências”. Seva é a característica do Yoga da ação ou Karma Yoga. É trabalho desinteressado. O passo seguinte é a oferenda de todos os frutos da ação ao Senhor. O último passo e também o mais libertador consiste em considerar o Senhor como o único autor das ações. Este é o agir que liberta. Chamado Karma Yoga.

O agir no mundo só não semeia sofrimentos se for conducente à Divindade; só não gera remorsos e frutos amargos, quando a vontade individual do agente se conforma com a Sábia Vontade Divina; quando o indivíduo cumpre seu papel no mundo, mantendo-se em harmonia com o Senhor do Mundo. Esta é a ação reta de que fala o Budismo.

A atividade que visa à autogratificação ou prazer pessoal chama-se Sakma karma. É, portanto, aseva, o oposto de seva. E, como bem enunciou Cristo, cada um atinge o objeto de seus desejos, o homem que trabalha por motivos egoísticos chegará a colher os frutos decepcionantes de seus vulgares anseios. E, no fim, só frustrações ele colherá. Nishama karma, ao contrário, nunca dará frutos amargos, pois é o agir inegoístico e em harmonia com o Divino.

“Dedicando todas as ações a Deus, considerando-se a si mesmo tão somente um servo ou instrumento, isento de desejos pela colheita dos frutos da ação, a salvo do egoísmo e sem qualquer sentimento de cobiça, engaja-te na batalha.” (Gita.)

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Roda de Samba, autoria de Carybé

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