CRISE DE PÂNICO – SEM HORA MARCADA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Como as crises são imprevisíveis, o indivíduo fica apreensivo e passa a temer um novo episódio, principalmente em locais onde não tenha ninguém próximo para socorrê-lo. Chama-se ansiedade antecipatória. (Dr. Márcio Bernik)

É importante se colocar no lugar do doente, oferecer apoio sincero, sem preconceitos ou julgamentos e, com paciência, ajudar esse familiar a enfrentar os medos e não fugir deles. (Dr. Rafael Ventura)

 Um dos receios dos portadores da SP (Síndrome de Pânico) é o fato de não saber quando uma crise ocorrerá, pois os surtos chegam sem hora marcada, em qualquer situação ou local, inclusive durante o sono, o que faz com que eles tenham medo de dormir ou até mesmo de sair de casa – local em que se sentem mais seguros por se encontrarem em contato com seus familiares – ou de saírem desacompanhados. Se não houver uma busca por ajuda médica, essas crises tendem a intensificar-se, impedindo suas vítimas de ter uma vida normal, ou seja, de desempenhar suas atividades sociais.

A neuropsicóloga Priscila Gasparini Fernandes, especialista em SP, explica como pode se dar a crise assustadora: “O indivíduo pode estar totalmente relaxado e não existe situação de perigo real. É quando o cérebro ativa o mecanismo de alerta indevidamente, fazendo com que o corpo se descontrole por completo e entre em pânico, o que induz a liberação de adrenalina. É aí que os sintomas aparecem”. Embora o doente sinta um grande medo de perder os sentidos, raramente isso acontece. São comuns os sentimentos de despersonalização (momentos nos quais surge uma sensação de irrealidade, de estranheza ou distanciamento de si mesmo em geral) e de desrealização (sensação de irrealidade ou distanciamento ou de não estar familiarizado com o mundo. A pessoa pode se sentir distante do mundo que a rodeia).

A pessoa acometida pela crise, quando dela ainda não tem conhecimento, acaba muitas vezes buscando o hospital, acreditando que está tendo um ataque cardíaco ou um acidente vascular (AVC), encontrando-se em agonia de morte ou prestes a enlouquecer-se. O alarme falso leva-a a um estado de hipervigilância. Mesmo os exames feitos mostrando-se negativos, ela costuma colocar na cabeça que se encontra com uma doença gravíssima. Passada a crise que costuma durar cerca de dez a 20 minutos, tendo chorado, descansado ou dormido, ela logo volta ao seu estado normal, contudo, o medo de que “aquilo” venha a acontecer de novo transforma-se num terror que lhe tira toda a paz.

Uma crise de pânico segue os seguintes passos:

  • O sujeito encontra-se totalmente relaxado, realizando uma de suas atividades diárias, ou curtindo um entretenimento, ou até mesmo descansando.
  • Sem qualquer razão concreta, seu cérebro dispara um alerta falso de que ele se encontra em perigo.
  • Em razão do aviso recebido, seu corpo perde o controle e passa a liberar adrenalina, como se fosse um perigo real, provocando ansiedade.
  • A pessoa começa a sentir falta de ar, palpitações, tremores, sudorese, etc. Com tais sensações, é induzida a achar que está tendo um infarto ou AVC.
  • Com a ansiedade cada vez mais alta, a vítima, em profundo estado de terror, normalmente deixa o lugar em que se encontra, pedindo socorro.
  • Passados 10 a 20 minutos, os sintomas ruins desaparecem, deixando uma sensação de cansaço que some após um descanso.

As crises de pânico podem ser:

  • Leves – a pessoa leva uma vida normal, exercendo controle sobre si mesma, apesar de evitar certos lugares e situações, temendo uma nova crise.
  • Moderadas – a pessoa aumenta o número de restrições em relação ao seu modo de vida, não mais frequentando locais públicos ou fazendo viagens.
  • Severas – a pessoa não é mais dona de si, sua vida é drasticamente mudada e ela não mais sai de casa sozinha.

Como prestar ajuda ao doente em crise:

  • A pessoa próxima deverá ficar o mais tranquila possível quando a vítima do Transtorno do Pânico já tem um diagnóstico feito por um profissional da área de saúde mental. Explica o Dr. Rodrigo Affonseca Bressan: “Nunca diga que as crises não são sérias ou que o paciente não tem nada durante os ataques. É importante lembrar a ele que a vivência é verdadeira, mas não se trata de um risco de morte ou psicose. Uma conversa explicativa sobre o quadro, assim como os sintomas físicos e psicológicos e o processo de tratamento são fundamentais para diminuir o medo”.
  • Deve ampará-la, dizendo-lhe que logo estará bem. Caso ela tome um ansiolítico nos momentos de crise, dê-lhe a dosagem prescrita e fique ao seu lado até que a crise passe.
  • Peça-lhe que faça hiperventilação (respiração rápida que pode ser feita dentro de um saquinho de pão) – técnica ensinada pelo Dr. David H. Barlow.

Como conhecimento é poder, é muito importante que paciente e familiares busquem conhecer detalhes sobre a Síndrome do Pânico.

Nota: Ascenção de Cristo, obra de Salvador Dalí.

Fonte de Pesquisa
Revista Guia Minha Saúde/ Edição Especial

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Renoir – O BAILE EM BOUGIVAL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A essência da arte de Renoir reside em fácil e alegre reação à vida e à beleza sensual do mundo. (Perry T. Rathbone)

O pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) alegrava-se por ter nascido num família de grande talento manual, em que havia alfaiates, ourives e desenhista de modas. Para ele teria sido mais difícil se tivesse nascido numa família de intelectuais, pois teria levado muito tempo para se livrar das ideias recebidas. De origem humilde, aos 13 anos de idade deu início à sua carreira artística, pintando porcelanas, cortinas e leques para ajudar sua família, composta por mais seis irmãos. Émile Laporte, seu colega nas aulas noturnas da Escola de Desenho e Arte Decorativa, incentivou-o a frequentar o ateliê do mestre suíço Charles Gleye, para que pudesse se ingressar na Academia, o que aconteceu dois anos depois.

A composição intitulada O Baile em Bougival é uma das obras-primas do artista. Apresenta um jovem casal numa cena de diversão popular, num café ao ar livre, no subúrbio de Bougival, no Sena, nos arredores de Paris.  Eles dançam agarrados, em primeiro plano, bem próximos ao observador, sob o ritmo de uma valsa, enquanto ao fundo aparecem uma mulher e dois homens, conversando alegremente à mesa, onde são vistos copos de cerveja. Mais à direita notam-se fragmentos de dois homem de costas e de duas mulheres, uma delas parece ter o olhar voltado para o centro da composição. No chão veem-se guimbas de cigarro e paus de fósforos usados.

O primoroso par ocupa grande parte da composição. O jovem, vestido com roupa azul-escuro e chapéu de palha amarelado, inclina seu corpo sobre o da moça, trazendo o olhar voltado para ela. Seu chapéu encobre parte de seu rosto, deixando sua identidade oculta. A jovem, trajando um vaporoso vestido rosa-claro e usando um grande chapéu vermelho que emoldura seu rosto, é o ponto focal da composição. Ela aparenta certo acanhamento ao voltar o rosto e os olhos para o chão. Ainda assim é possível notar um clima de amor entre eles.

O artista fez uso de cores fortes e grandes pinceladas, no sentido de ampliar a sensação de prazer transmitida pelo casal dançante.

Ficha técnica
Ano: 1883
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 182 x 98 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/dance-at-bougival-32592

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PERSONALIDADE E SÍNDROME DO PÂNICO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Pessoas ansiosas, exageradamente preocupadas, tensas, que maximizam o tamanho dos problemas ou que estão sempre apreensivas que uma tragédia pessoal possa acometê-las ou aos seus entes queridos, estão mais propensas aos ataques de pânicos. (Rafael Ventura Lima)

 Alegam alguns estudiosos da psique humana que nós somos aquilo que pensamos ser, logo, diante de tal assertiva, é preciso muito cuidado com os pensamentos que damos vida, pois esses podem nos trazer uma carga bem desagradável.  Nada mais sábio do que levar em conta a oração de São Francisco: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado, resignação para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”. Se assim pensarmos e tomarmos como meta para as nossas ações diárias, viveremos mais sabiamente, possibilitando melhor saúde para o nosso corpo como um todo, principalmente no corre-corre da vida moderna.

É sabido que existem traços na personalidade de cada um de nós capazes de predispor-nos aos transtornos de ansiedade. A preocupação excessiva, o pessimismo exacerbado e a busca pelo perfeccionismo alimentam a ansiedade, criando um círculo vicioso. Hoje, mais do que nunca, é preciso compreender que a palavra-chave para se manter a saúde do corpo/mente é “equilíbrio”. A compreensão de que, como seres humanos, somos passíveis de erros, diminuindo, assim, a nossa crítica em relação a nós mesmos e aos outros é um grande passo. É isso que nos ensina o Prof. Hermógenes em seus textos transcritos aqui neste espaço.

Além do tratamento alopático, o transtorno de ansiedade exige, muitas vezes, a ajuda da psicoterapia. Isso significa que o comportamento da pessoa será analisado para que sejam identificados quais comportamentos seus necessitam ser mudados ou que elementos do ambiente em que vive são responsáveis por criar ou manter atitudes inadequadas à sua saúde. Também se busca conhecer seu histórico de vida. A conjunção das duas formas de tratamento, além de focar nos sintomas ocasionados pelo transtorno, também busca conhecer as relações que a pessoa tem com o ambiente em que vive.

Embora a Ciência tenha ainda muito que avançar no tratamento dos transtornos mentais, ela já descobriu que a Síndrome do Pânico está ligada a sete principais causas: depressão ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); genética; estresse; perdas e traumas; traços de personalidade que indicam temperamento excessivamente apreensivo, exigente, ansioso; abusos na infância, sejam eles físicos, sexuais, verbais ou emocionais. Novas pesquisas feitas pela Okayama University Medical School também relacionam a deficiência de vitaminas do complexo B – elas regulam os níveis de triptofano, responsável por produzir a serotonina que é um neurotransmissor que ajuda a regular a ansiedade – a problemas de saúde mental.

Nota: Barco de Mariposas, obra de Salvador Dalí.

Fonte de Pesquisa
Revista Guia Minha Saúde/ Edição Especial

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O SÁBIO SOMENTE SE OCUPA

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos ensina a ocupar-nos com sabedoria.

Chamamos ocupar-se o ato de empregar esforços e recursos para a realização de uma coisa qualquer, seja a solução de um problema, seja a criação de uma obra útil ou bonita, seja fazer qualquer coisa que, estando à nossa frente, não pode deixar de ser feita. Ocupar-se com eficiência é obter o melhor resultado naquilo que se faz, usando para tal o mínimo de esforço. Ter eficiência é o ideal de todo aquele que trabalha. Depende de muitos fatores, desde a natureza da obra em que nos empenhamos, ao alcance dos meios materiais e aos instrumentos disponíveis, mas principalmente da concentração mental dirigida ao agir.

Descobrir e usar o melhor método para aumentar o rendimento da ação constitui uma arte. É uma arte que deveríamos desenvolver. Yoga é definido por Krishna, no Gita, como “a excelência na ação”. O que temos que fazer, devemos fazer bem feito, pois a ação ou a obra imperfeita implica realmente numa dívida a que ficamos vinculados ou presos. Só o perfeito agir ou fazer liberta-nos, segundo a escola Suddha Dharma. A “P. L.” (Perfeita Liberdade), moderna ordem religiosa do Japão, para a qual “a vida é arte”, ensina a seus fiéis a agir com makoto, isto é, com perfeita integração e devoção no que está fazendo, não importa a aparente humildade da obra. Aliás, não existe obra humilde quando o agente realiza makoto. Quando o agente é mesquinho em si mesmo, não importa que administre um Estado, o que faz é mesquinho e imperfeito.

Yoga, bem diferente do que muitos pensam erradamente, não conduz à inação. É ao contrário, é uma filosofia da ação. É, isto sim, uma terapêutica contra a agitação. É muito comum confundir agitar-se com produzir. A ação inteligente é serena, mas firme. O homem criativo é sereno e não vive apressado, a sacudir-se aqui e ali, a correr trepidante de um lado para outro, manejado pela afobação infecunda, fatigante, contagiante e nervosa. O homem ocidental, atuado pela ansiedade, atraído pelo sucesso, esporeado por múltiplas ocupações é infeliz e vulnerável. Ele precisa, para salvar-se de muitos problemas com os nervos, dar sabedoria a seu agir. Falando em linguagem yoguin: substituir a rajacidade pela satvidade.

Segundo o Yoga, há um dinamismo intensíssimo no sábio que, sentado, medita. Esse dinamismo não pode ser visualizado ou mesmo entendido pelo agitado homem pragmático do ocidente. Um yoguin em âsana (postura) a meditar dá ao leigo a aparência de estar parado, improdutivo e perdendo tempo. No entanto, ele está num estado altamente dinâmico. Não é como o homem vulgar o julga, preguiçoso, improdutivo e inoperante. O preguiçoso é parado como as águas de um banhado. O nervoso homem de negócios é feito mar encapelado pela fúria da tempestade. O sábio que medita está parado, mas sua estática é vertical como a dos giroscópios. A estagnação horizontal do preguiçoso é doença. A agitação do negociante pode levá-lo à doença. A vertical estática na meditação do sábio o leva à santidade ou sanidade, que é a mesma coisa, e lhe descerra um tesouro de criatividade.

O homem superativo se gasta antes, durante e depois. Não se ocupa tão só com o que tem diante de si. Sofre por antecipação, pois se “pré-ocupa”. E sofre com retardo, pois é presa de remorso, ressentimento ou tristeza pelo que fez, isto é, ele se “pós-ocupa”. O sábio somente se ocupa. Não se preocupa. Não se “pós-ocupa”. Não se consome no que está por vir. Não se empenha no que passou. Não sofre na espera. Não se martiriza rememorando. Ele segue o ensino bíblico, vivendo seu dia e deixando que o ontem ou amanhã cuidem de si mesmos. Não quer dizer que seja imprudente e irresponsável, mas acha que não é inteligente começar a dançar antes que a música toque nem continuar dançando depois que ela finda. Sabe prever para prover e não para sofrer.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF.

Nota: O Artesão, obra de Vicente do Rego Monteiro

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Turner – O NAVIO NEGREIRO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Se eu fosse reduzido a descansar a imortalidade de Turner em um único trabalho, eu deveria escolher isso. (John Ruskin)

No alto de todas as mãos, acerte os mastros superiores e despreocupe-os;/ Sol raivoso e nuvens de arestas ferozes/ Declare a vinda do Typhon./ Antes de varrer seus decks, jogue ao mar/ Os mortos e morrendo – não prestem atenção às suas correntes/ Esperança, esperança, esperança falaciosa! / Onde está o teu mercado agora? (poema inacabado de Turner que acompanhou a exibição do quadro em 1840)

O inglês Joseph Mallord William Turner (1775 – 1851) nasceu em Londres. Aos 14 anos de idade passou a trabalhar com o desenhista arquitetônico Thomas Malton que chegou a concluir que o garoto jamais seria um artista, sendo no mesmo ano aceito na Escola da Academia Real de Artes, em Londres, onde ganhou a admiração de seus colegas. Aos 15 anos, Turner expôs suas primeiras aquarelas na referida academia. Aos 25 anos já era Membro Associado, período em que visitou, pela primeira vez, outros países do continente europeu, estudando em Paris, no Louvre, os Antigos Mestres, dando destaque às paisagens holandesas e composições de Claude Lorrain. A visita de Turner a outros países, inclusive à Itália, mudou radicalmente seu estilo, quando passou para as criações visionárias, tornando sua arte cada vez mais abstrata. Ele se antecipou aos impressionistas no tratamento da luz.

A composição O Navio Negreiro é uma obra-prima do artista, um exemplo clássico de seu pendor para o abstracionismo. Esta pintura de paisagem marítima romântica demonstra que Turner foi um dos mais sensacionais inovadores da história da pintura, ao usar como tema os próprios elementos da natureza (mar, céu, montanhas, neve, vento, chuva, etc.) e criá-la em termos de cor e luz.  As cores que mais sobressaem na pintura são o vermelho do pôr-do-sol que penetra na água e também o navio e o marrom dos corpos e mãos dos escravos.

Nesta pintura, o artista usou muitas técnicas características dos pintores românticos. Suas pinceladas indefinidas têm por objetivo fazer com que a imagem pareça borrada, tornando objetos, cores e figuras indistintos, o que leva o observador a introduzir-se na cena através de sua imaginação. Ele expõe a força que a natureza possui e o poder que ela exerce sobre o ser humano.

Ao se deixar guiar pelo tema da obra, o observador poderá concluir enganosamente que o navio que navega em águas abertas ao longe, durante uma tempestade, mostrando a brutalidade humana, seja o ponto principal da composição. Mas não é. O grande astro é o sol poente no centro da tela, fonte de toda a luz, numa junção com o céu e o mar tempestuoso e a aproximação de um ciclone.

Em primeiro plano, os corpos dos escravos boiam na água. Alguns são devorados por peixes e monstros marinhos, como mostra a perna vista com a corrente ainda presa ao pé. Gaivotas sobrevoam o local. O artista, um abolicionista, tinha por objetivo impactar o observador com a crueldade humana. Era um chamado à sociedade para ver e sentir a bestialidade da escravidão, pois, apesar de a Inglaterra já ter acabado com tamanha degradação, ela ainda persistia em outros países.

O livro intitulado “A História da Abolição do Tráfico de Escravos”, do escritor Thomas Clarkson, serviu de inspiração para o artista. A obra relata um incidente, ocorrido em 1783, envolvendo um navio negreiro. Como muitos dos escravos a bordo se encontrassem doentes e o pagamento da companhia de seguros do capitão só pagaria pelos perdidos no mar, o capitão exigiu que todos os doentes e moribundos saltassem no mar, acorrentados. O título completo da obra de Turner é “O Navio Negreiro Jogando ao Mar os Mortos e os Moribundos”.

Ficha técnica
Ano: 1840
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 91,5 x 122 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://britishromanticism.wikispaces.com/The+Slave+Ship
https://strengthoftheheart.wordpress.com/2017/07/26/an-analysis-of-slave-ship-by-william-
https://www.mfa.org/collections/object/slave-ship-slavers-throwing-overboard-the-dead-and

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VOCÊ É O QUE IMAGINA SER

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos alerta sobre a importância daquilo que pensamos ser.

Não conheço quem sofra pela prodigalidade da ajuda que dá. O mundo, no entanto, está cheio de gente que se desgraçou por tanto pedir. Se você tem cometido o erro de reconhecer-se vazio de muitas coisas e, no sentido de preenchê-las, vive a solicitar do mundo e dos outros que lhe concedam favores, que lhe atendam os rogos, você dificilmente será feliz.

O mundo e as pessoas não gostam de atender os vazios, os dependentes, os que se reconhecem fracos, incompletos, carentes de respeito, desamados, incompreendidos, necessitados, deserdados. . . Você está se enterrando na infelicidade ainda mais, pelo fato de reconhecer-se carente, decaído, necessitado, fraco, incapaz, miserável e por estar criando um autorretrato negativo e mórbido. Você já sabe que o subconsciente é um “servomecanismo”.

O “servomecanismo” é uma máquina cibernética (no estilo do cérebro eletrônico) que funciona de forma que, ao receber uma nítida missão a cumprir, exata e fielmente a cumpre. Assim são os torpedos e os foguetes autodirigidos que, em hipótese alguma, erram o alvo. Pois bem, o “servomecanismo” de seu subconsciente, a toda hora recebe a missão que você lhe dá através da imagem que faz de si mesmo (autorretrato). Cega e fatalmente cumpre a missão, isto é, com seu tremendo poder faz de você o que você tem imaginado ser.

Se você se vê como um desgraçado despojado de paz, força, saúde, amor, compreensão, respeito, finalmente de tudo que ainda anda mendigando, então, a toda hora a máquina cibernética de seu subconsciente está fazendo do desgraçado que você imagina ser, um desgraçado real. Mas, quando em vez de pedir ajuda, você passa a dar, está, pelas mesmas razões e segundo as mesmas leis, aumentando sua capacidade de ajudar. Se em vez de pedir que o amem, você ama sem se ressentir com a não reciprocidade; se você ama incondicionalmente, se “ama por amor ao amor”, então, recebe o amor. Não por pedir. Mas em virtude de lei universal. Se você aprende a dar de si, verá aumentar a fortuna daquilo que aos outros tem dado.

Se você é positivo, emitindo, distribuindo, ofertando, ajudando, compreendendo, estimulando, criando, irradiando, se fez um autorretrato positivo, será cada vez maior sua riqueza, maior a expansão de si mesmo, maiores os transbordamentos sobre os limites precários do humano ser “normal”. Se você, esquecido das incompreensões de que tem sido vítima, gosta de dar compreensão a todos, virá a vencer também neste aspecto da vida. Quem pede, está vazio. Quem oferta, tem para dar. Quem se lamenta, atrai maiores razões para mais se lamentar.

Chegou a hora, meu amigo, de pensar em viver à sua própria custa, com seus recursos, com o pouco que possa ter, contentar-se com o que tem, de recusar-se a mendigar, a depender do que lhe concederem.  Não por orgulho ou vaidade, mas por medida profilática, isto é, para evitar afundar-se nos escuros domínios da indigência material, psíquica e espiritual.

Se você se lembrar que o “Reino de Deus” está dentro de você e é um tesouro de felicidade, então, não na condição de mendigo, mas de hábil e confiante garimpeiro, dele retirará aquilo de que necessita para si e ainda mais para dar aos outros. Dê sem ligar se o tesouro vai se exaurir e acabar-se. Os bens materiais podem, materialmente, diminuir, na medida em que os esbanjamos. Os bens espirituais, ao contrário, crescem na proporção em que com ele beneficiamos os outros.

Se até hoje, por palavras, gestos de desânimo, olhar indigente, gemidos e mesmo através das descrições de seus sintomas, comportou-se como alguém que mendiga piedade, simpatia, palavras de caridade ou qualquer forma de ajuda, agora mesmo assuma o compromisso de evitar que os outros tenham “peninha” de você. Erga a cabeça, mesmo que a dor o queira vencer. Brilhem seus olhos. Sorriam sempre seus lábios. Substitua seus ais pelas notas de qualquer musiquinha animada.

Não peça. Ofereça. Não capitule diante do velho hábito de posar de “coitadinho”. Mesmo que você esteja em sofrimento, no chão, em pedaços, quando alguém lhe dirigir o convencional “Como vai?”, responda-lhe sorrindo: “Vou bem. Não vou melhor para não fazer inveja!”. Experimente este miraculoso tratamento. Abaixo as lamúrias! Nunca mais a autopiedade nem a piedade dos outros!

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Gato Azul com Vaso de Flores, Aldemir Martins

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