A SAÚDE E A ONDA DE FAKE NEWS

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

As falsas notícias, mais conhecidas por fake news, tomaram conta das redes sociais como um vírus que se propaga rapidamente. São notícias fabricadas e que informam mal o público que as lê, em especial quando se tratam de notícias relacionadas à saúde. Neste texto, vamos tratar de um tema atual e de grande preocupação – falsas notícias na saúde.

Imaginamos que, quando uma notícia é compartilhada por alguém que conhecemos e confiamos, ela seja legítima. Ou que os dados de algum veículo respeitado tenham sido rigorosamente checados. Mas não é sempre o caso. Notícias de saúde desonestas e falsas, especialmente as publicadas online, cresceram e são compartilhadas com mais frequência que as baseadas em evidências, segundo uma análise do jornal norte-americano “The Independent”.

Atualmente, vários estados, incluindo Minas Gerais, enfrentam uma epidemia de febre amarela e, em paralelo, estamos sendo bombardeados por informações falsas sobre o assunto, que têm afastado muita gente da vacinação, que é a forma mais eficiente de prevenção. Para se ter uma ideia, circulou no “WhatsApp” uma notícia que relacionava a vacina a casos de autismo. Outra fake news recente dá conta de que a vacina da febre amarela poderia levar a pessoa à morte. Estas e outras notícias maliciosas têm como pano de fundo principal o lucro.

As redes sociais transformaram isso em um modelo de negócio, onde donos de sites mal-intencionados e que produzem conteúdo falso lucram com anúncios. Não importa se a notícia é falsa ou verdadeira, pois o que importa é se ela irá atrair o público para aquele site, gerando um maior faturamento. Outro motivo é o compartilhamento instantâneo, sem antes fazer a leitura do conteúdo, baseando-se simplesmente na confiança. Fique atento a isso! Não replique ou compartilhe uma notícia sem ter a certeza de que o conteúdo é de fonte confiável.

As fake news se tornam um problema ainda maior quando o conteúdo é sobre saúde. Impressionantes 90% das pessoas afirmam que confiariam em informações sobre qualquer tema que elas leem nas redes sociais, mesmo que 60% dos links sejam compartilhados por pessoas que não leram o conteúdo da notícia, segundo a pesquisa do “The Independent”. Isto é assustador! Temos de enxergar as falsas notícias como baratas, ou seja, com uma tremenda repulsa.

O fácil acesso a informações nas redes sociais leva muita gente a seguir conselhos médicos que podem ter consequências sérias. É preciso ter um filtro e sempre checar as fontes de uma notícia em sites confiáveis de instituições de ensino e de pesquisa. O Google, por exemplo, criou recentemente um novo método sobre pesquisas em saúde. Ao digitar qualquer condição médica na plataforma, um painel é destacado na parte direita da página, mostrando informações importantes sobre a doença, como transmissão, sintomas e orientações médicas. Os dados são aprovados por médicos do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, e, portanto, muito mais confiáveis.

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Boucher – O BANHO DE DIANA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

bandian

O gravador, desenhista e pintor francês François Boucher (1703 – 1770) era filho de um artista que criava padrões para bordados e ornamentos. Iniciou sua vida artística ainda muito jovem, como aprendiz de Fraçois Lemoyne, onde ficou por um breve tempo, vindo depois a trabalhar para Jean François Cars, um gravador de cobre. Aos 20 anos de idade recebeu o “Grand Prix de Rome” que era um incentivo aos novos artistas.

A composição denominada O Banho de Diana, também conhecida por Diana em Repouso, é uma obra do artista que nos mostra o porquê d ter sido um virtuose do pincel. Apresenta-nos uma cena íntima, em que Diana, a deusa da caça, toma banho à beira de um riacho, acompanhada por uma ninfa. Ambas estão totalmente desnudas, deixando à vista a pele dourada. Embora se mostrem inocentes em seu banho, a sensualidade não deixa de apresentar-se como um elemento erótico da pintura.

A deusa está sensualmente sentada num terreno inclinado, sobre tecidos sedosos e coloridos, com o tronco vergado para frente, com a perna esquerda sobre a direita. Seu pé não se apoia inteiramente no chão. Traz nas mãos um colar de pérolas e na cabeça um diadema semelhante, acrescido de uma meia-lua e de fitas vermelhas que se enroscam em seus cabelos, caindo-lhe pelas costas. Ela observa sua companheira, sentada à sua direita, cingida com fitas azuis, trazendo o olhar voltado para sua perna direita.

À esquerda da deusa estão seu arco e as aves caçadas por ela. À direita, mais distante, estão seus cães, um deles bebendo água e o outro aparentemente atento a algum ruído. À frente das duas figuras está um feixe de setas, dentro da aljava, usadas para caçar. Segundo a mitologia romana, Diana era a deusa da caça que, zelosa de sua virgindade, transformou o caçador Acteão em cervo, por tê-la visto nua durante o banho.

Ficha técnica
Ano: c. 1752
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59 x 73 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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VENCENDO OS TRANSTORNOS MENTAIS

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Autoria de Alexandra Carvalho

 Já não sou marinheira de primeira viagem, nem aqui no Vírus da Arte, nem nesta “dança” da depressão e dos transtornos de ansiedade/pânico.

Há pouco menos de três anos tive o meu primeiro e aterrador episódio de ansiedade generalizada e pânico, uma coisa que me deitou completamente abaixo, tanto a mente como o corpo, e que insistia em não passar. Na sequência, recomendaram-me um óptimo psiquiatra e um óptimo gastroenterologista que começaram a acompanhar o meu caso. O diagnóstico: quadro de depressão prolongada que se manifestou em ansiedade e pânico e, para complicar as coisas, síndrome do intestino irritável, que se manifestava, sobretudo, com diarreia e/ou aumento da frequência das evacuações e gases. Na época, comecei a fazer uso de escitalopram que rapidamente fez efeito (uma semana), mas também rapidamente voltei a ter uma recaída.

O psiquiatra recomendou-me aumentar a dosagem do antidepressivo, e assim fiz. Passado mais algum tempo, estava muito melhor (fiz também uma colonoscopia, cuja limpeza intestinal de preparação ajudou muito a restabelecer os ritmos intestinais). As recaídas (ataques de pânico) eram cada vez menos frequentes, até que desapareceram por completo. Estava bem! Sentia-me cheia de força, estava cheia de projectos, até ingressei num ginásio e comecei a consultar um psicólogo para me ajudar a lidar com as contrariedades do dia a dia. A vida corria-me bem a nível pessoal e começou também a correr melhor a nível profissional! Voltei aos 10 mg do antidepressivo, cerca de ano e meio, talvez menos, e depois de uma relação feliz com o amado escitalopram, estava eu a fazer o desmame. Tudo corria bem!

Com as melhorias notórias a variadíssimos níveis, veio o excesso de confiança, uma espécie de fase maníaca (pelo menos, é assim que eu a classifico na minha perspectiva de leiga). Os excessos nas saídas com os amigos, os excessos de trabalho, o achar que era capaz de tudo e que tudo podia, achando-me quase uma supermulher. Mas claro que isto era apenas uma ilusão, pois depois da mania vem a inevitável depressão. Comecei a incorrer nos velhos erros, voltei com os maus hábitos, tive algumas contrariedades em nível pessoal e profissional, tive um desentendimento com o meu psicólogo e abandonei a psicoterapia (admito que reagi demasiado a quente a algo que me desagradou e não ponderei com justeza tudo aquilo que ele já tinha feito por mim). Voltei novamente a levar uma vida mais reclusa, com hábitos muito noturnos e descurei muitos aspectos do meu bem-estar (deixei de ir ao ginásio…), tudo enquanto me convencia que iria correr tudo bem e que ia conseguir ultrapassar sozinha aquilo que seria apenas uma pedra no caminho, mas acabava sempre por deixar muita coisa para “fazer no dia seguinte”.

O trabalhar a partir de casa, ter tido uma lesão no joelho e o medonho inverno que se vive aqui por Portugal também não ajudaram… A verdade é que entrei novamente numa espiral descendente, talvez ainda mais grave que anteriormente. Há quase três semanas, com o estresse acumulado do trabalho e do segundo mestrado que estou a tirar, voltei à ansiedade e, passados alguns dias ao temível pânico… O frio no estômago, o nó na garganta, a falta de apetite, as náuseas, a vontade de evacuar quase constante durante o dia, os gases, a tensão muscular abdominal, os suores, os tremores, o frio/calor, o terror, a angústia, “o medo do medo”, voltou tudo. Felizmente, não guardo grandes memórias do meu primeiro episódio há quase três anos (a mente humana tem esta capacidade maravilhosa de ‘apagar’ as experiências desagradáveis), mas este novo capítulo está a ser particularmente aterrador e paralisante.

Os dois últimos dias em particular foram 48 horas de pânico constante, apenas aliviado pelo alprazolam (o malfadado Xanax), ao qual estava a tentar fugir, mas sem sucesso. Voltei ao psiquiatra e ao escitalopram, ainda sem resultados, para além de alguns efeitos secundários (não sei se este agravamento não será um efeito paradoxal de algum destes medicamentos), e vou voltar também à psicoterapia e ao gastro. Mas sigo persistente e com esperança, tentando, sempre que possível, não me deixar dominar pelo medo. Já derrotei isto uma vez, hei de derrotar uma segunda e todas as que forem necessárias! Poderá demorar mais tempo que da outra ocasião e poderão ser necessários ajustes à medicação, mas hei de lá chegar! E, desta feita, aprendi muito com os erros do passado, que conto não voltar a repetir, pois agora já sei ao que eles, inevitavelmente, conduzem.

Forte abraço a todos os companheiros nesta travessia de mares turbulentos.

Nota: Mulher com Pombas, obra do pintor Di Cavalcanti

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Tintoretto – A ORIGEM DA VIA-LÁCTEA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Jacopo Robusti (1518-1594), conhecido como Tintoretto, é o criador da obra A Origem da Via Láctea. Trata-se de uma gigantesca composição, carregada de grande sentido teatral. O artista nela representa o ápice da lenda sobre a origem da Via Láctea. Embora estivesse sobrecarregado de encomendas oficiais quando pintou a obra em estudo, Tintoretto foi o responsável por toda a sua criação. Ao ser restaurada em 1972, a pintura revelou a presença de uma versão anterior. Tratava-se do mesmo tema, só que menos elaborado. Presumem os historiadores que o cliente da primeira encomenda deva ter mudado e o adquirente da nova composição (Rodolfo II) exigiu o máximo na feitura da obra.

A deusa Juno, esposa de Júpiter, o deus dos deuses, apresenta-se nua, reclinada sobre um leito de nuvens situado no alto do céu. Ela é acordada bruscamente por seu esposo que se joga sobre ela com um bebê nos braços. Em torno do casal de deuses são vistos querubins e pontos de luz. Dois querubins são vistos na parte inferior a voar em torno do casal de deuses, carregando símbolos eróticos: a flecha e o arco de Cupido e a tocha da paixão. Os outros dois, presentes acima dos citados, trazem consigo as cadeias do casamento, numa referência à união de Júpiter e Juno, assim como a rede de engano (referente às peripécias do deus). Juno traz a seus pés seu conhecido pavão e Júpiter está acompanhado pela águia.

Júpiter, que sempre teve romances com mortais, leva o pequenino Hércules, filho de Alcmena, até Juno, para que ele amamentasse de seu leite, enquanto ela dormia, e assim atingisse a imortalidade. A deusa, no entanto, acorda bruscamente, e algumas gotas de seu leite esguicham-se no céu, logo se transformando em brilhantes estrelas. Esta foi a explicação de Gaius Julius Hygienus, bibliotecário do Imperador Augusto, para a origem da Via Láctea no século I a.C. O leite que se esguichou para baixo deu origem aos lírios que se encontravam presentes na base da pintura, quando a tela infelizmente foi cortada. A enorme cama da deusa está forrada com um lençol branco e um manto azul e outro vermelho. Traz na cabeceira uma cortina dourada que descansa sua parte superior numa densa nuvem e adeja entre estrelas e nuvens.

Por se tratar de uma pintura mitológica, presume-se que seja fácil de ser interpretada, contudo existem elementos que não foram compreendidos. A tocha do amor pertenceria a Júpiter ou a Alcmena? Que ser a águia de Júpiter leva em suas garras? Seus membros em forma de flecha estariam a simbolizar a arma tradicional do deus que é o raio? Ou seria um caranguejo, símbolo astrológico de Câncer, numa referência ao nascimento do imperador Rodolfo II, dono da obra? Alguns dos estudiosos optam pela segunda alternativa, uma vez que a constelação de Câncer situa-se entre Aquário (representado pelo querubim com a rede) e Sagitário (personificado pelo querubim com o arco). Como se vê, esta pintura, inspirada num mito romano, ainda não foi totalmente decifrada em sua simbologia.

A belíssima pintura mitológica aqui descrita teve a sua faixa inferior removida, o que alterou consideravelmente o seu equilíbrio, pois a parte inferior representava a personificação da Terra, como mostram dois desenhos e uma cópia antiga da obra. Além disso, as camadas de verniz escurecido fizeram com que suas cores perdessem a clareza de antes. Ainda assim, a tela chama a atenção pelo fascínio apresentado, a começar pela cama do século XVI que dela faz parte.

Obs.: De acordo com o mito, é o deus Mercúrio quem coloca o pequeno Hércules no peito de Juno para mamar seu leite. Contudo, a personagem representada por Tintoretto não apresenta nenhum elemento que possa identificá-la com Mercúrio, o mensageiro dos deuses, sendo, portanto, visto como Júpiter.

Ficha técnica
Ano: c. 1575-1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127,5 x 165 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

 

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Fragonard – UMA JOVEM LENDO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Honoré Fragonard (1732 – 1806) iniciou seus estudos com o mestre Jean-Siméon Chardin, vindo depois a estudar com François Foucher, que nutriu grande influência sobre seu aluno. Aos 20 anos, ganhou o Prix de Rome, o que lhe permitiu estudar na cidade italiana. Outra bolsa de estudos possibilitou-o estudar na Academia de França, também em Roma. O artista é tido, juntamente com Watteau e François Boucher, como um dos grandes nomes da pintura de gênero, antes da Revolução Francesa.

A composição intitulada Uma Jovem Lendo, também conhecida apenas como A Leitora, é obra desse pintor do rococó que se recusou a acompanhar o estilo neoclássico revolucionário. Trata-se de uma de suas obras mais famosas, não apenas pela intimidade que o artista consegue repassar, mas também pela delicadeza e intensidade que dela emanam, sendo muito mais uma pintura de gênero de que um retrato.

É impossível não se encantar com o efeito luminoso conseguido em algumas cores, lembrando os trabalhos dos impressionistas. O artista tratou com cuidado o rosto da modelo, delineando-o, mas usou vigorosos golpes de tinta para pintar seu vestido, fitas e almofada. É possível que a jovem encontre-se sentada próxima a uma janela, tendo a luz a banhar seu rosto e corpo.

A jovem mulher encontra-se sentada de perfil, recostada numa volumosa almofada de cor púrpura, próxima à parede, absorta em sua leitura. Na mão direita traz um livro aberto, enquanto a esquerda escora-se num trilho de madeira. Ela usa um vestido amarelo, com a gola e punhos brancos, com um laço de fita a enfeitá-lo na frente. Seu cabelo está preso no alto da cabeça, adornado com uma fita lilás semelhante aos laços que adornam seu vestido e pescoço. Uma grande luminosidade banha o rosto de bochechas rosadas e também o vestido, além de jogar sombra sobre a almofada e a parede. A linha horizontal criada com o apoio do braço e a que divide as duas paredes trazem a sensação de espaço e estrutura.

Este é um dos chamados “retratos de fantasia” do pintor. Trata-se de uma série de figuras de homens e mulheres jovens, vestidos com maravilhosas fantasias, normalmente acompanhados de algo que remete a alguma profissão.

Ficha técnica
Ano: c. 1770
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights/highlight46303.html

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LIDANDO COM A DOR CRÔNICA

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Lidar com uma dor crônica muitas vezes se torna uma difícil e longa jornada. Geralmente, começa como um problema aparentemente simples, mas que aos poucos parece não ter fim, levando a pessoa a ter sentimentos de desesperança, depressão, isolamento social, etc. A OMS estima que cerca de 30% da população mundial apresente algum tipo de dor crônica.

É importante entender que a dor é uma reação fisiológica desagradável, mas necessária para nossa sobrevivência. Sentimos quando nos machucamos e isso nos faz ficar alerta, para que não voltemos a nos machucar daquela maneira novamente. Além disso, a dor serve para nos avisar que algo não está bem, podendo indicar doenças que, de outra forma, passariam despercebidas. A dor aguda é um alerta do corpo e a dor crônica é “uma pedra no sapato” de que a tem.

Alguns pesquisadores descrevem a dor crônica como aquela que persiste por pelo menos três meses. Outro critério a aponta como uma dor que se estende para além do período esperado para a cura. As dores crônicas geralmente não têm uma resolução simples e necessitam, muita vezes, de um acompanhamento interdisciplinar envolvendo profissionais de diversas áreas da saúde, como médico, enfermagem, fisioterapia, psicologia, dentre outros.

É um erro considerar a dor crônica uma versão prolongada da aguda. Quando os sinais de dor são gerados repetidamente, os circuitos neurológicos sofrem alterações eletroquímicas que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de “memória dolorosa”, guardada na medula espinhal. Estudos recentes têm demonstrado que essa “memória dolorosa” está ligada a mediadores químicos muito semelhantes aos envolvidos no processo intelectual da memória.

Se você tem uma dor crônica, fique atento a dois terços do seu dia. Duas das principais causas de dores crônicas estão ligadas a tarefas as quais dedicamos, em média, dois terços de nosso dia: o trabalho de dia e o sono à noite. Observar a postura em que realizamos essas duas atividades e as condições físicas em que as fazemos são de extrema importância. A dor crônica mais comum está naquelas ligadas a problemas na coluna. Devemos escolher um colchão não muito mole e devemos deitar de lado, de modo que todo o corpo fique alinhado. Nunca deitar de barriga para baixo. Durante o dia, devemos sentar com o quadril no encosto da cadeira e os joelhos alinhados a 90º.

De forma geral, o tratamento das dores crônicas passa por algumas mudanças. Exercícios físicos são fundamentais, pois aumentam a liberação de endorfinas que dão a sensação de bem-estar. Fisioterapia e fortalecimento muscular podem ser indicados em alguns casos. O uso de medicações só terá indicação se for feito o diagnóstico por um médico. A prática da automedicação tende a piorar as dores crônicas. Por fim, procedimentos invasivos como o bloqueio da dor e a cirurgia estão restritos a casos específicos. Além desses recursos, muitas vezes é necessário promover uma mudança radical para hábitos de vida mais saudáveis.

Willian Shakespeare disse: “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”.

Nota: a ilustração é uma obra do pintor Henri Matisse.

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