VENCENDO OS TRANSTORNOS MENTAIS

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Autoria de Alexandra Carvalho

 Já não sou marinheira de primeira viagem, nem aqui no Vírus da Arte, nem nesta “dança” da depressão e dos transtornos de ansiedade/pânico.

Há pouco menos de três anos tive o meu primeiro e aterrador episódio de ansiedade generalizada e pânico, uma coisa que me deitou completamente abaixo, tanto a mente como o corpo, e que insistia em não passar. Na sequência, recomendaram-me um óptimo psiquiatra e um óptimo gastroenterologista que começaram a acompanhar o meu caso. O diagnóstico: quadro de depressão prolongada que se manifestou em ansiedade e pânico e, para complicar as coisas, síndrome do intestino irritável, que se manifestava, sobretudo, com diarreia e/ou aumento da frequência das evacuações e gases. Na época, comecei a fazer uso de escitalopram que rapidamente fez efeito (uma semana), mas também rapidamente voltei a ter uma recaída.

O psiquiatra recomendou-me aumentar a dosagem do antidepressivo, e assim fiz. Passado mais algum tempo, estava muito melhor (fiz também uma colonoscopia, cuja limpeza intestinal de preparação ajudou muito a restabelecer os ritmos intestinais). As recaídas (ataques de pânico) eram cada vez menos frequentes, até que desapareceram por completo. Estava bem! Sentia-me cheia de força, estava cheia de projectos, até ingressei num ginásio e comecei a consultar um psicólogo para me ajudar a lidar com as contrariedades do dia a dia. A vida corria-me bem a nível pessoal e começou também a correr melhor a nível profissional! Voltei aos 10 mg do antidepressivo, cerca de ano e meio, talvez menos, e depois de uma relação feliz com o amado escitalopram, estava eu a fazer o desmame. Tudo corria bem!

Com as melhorias notórias a variadíssimos níveis, veio o excesso de confiança, uma espécie de fase maníaca (pelo menos, é assim que eu a classifico na minha perspectiva de leiga). Os excessos nas saídas com os amigos, os excessos de trabalho, o achar que era capaz de tudo e que tudo podia, achando-me quase uma supermulher. Mas claro que isto era apenas uma ilusão, pois depois da mania vem a inevitável depressão. Comecei a incorrer nos velhos erros, voltei com os maus hábitos, tive algumas contrariedades em nível pessoal e profissional, tive um desentendimento com o meu psicólogo e abandonei a psicoterapia (admito que reagi demasiado a quente a algo que me desagradou e não ponderei com justeza tudo aquilo que ele já tinha feito por mim). Voltei novamente a levar uma vida mais reclusa, com hábitos muito noturnos e descurei muitos aspectos do meu bem-estar (deixei de ir ao ginásio…), tudo enquanto me convencia que iria correr tudo bem e que ia conseguir ultrapassar sozinha aquilo que seria apenas uma pedra no caminho, mas acabava sempre por deixar muita coisa para “fazer no dia seguinte”.

O trabalhar a partir de casa, ter tido uma lesão no joelho e o medonho inverno que se vive aqui por Portugal também não ajudaram… A verdade é que entrei novamente numa espiral descendente, talvez ainda mais grave que anteriormente. Há quase três semanas, com o estresse acumulado do trabalho e do segundo mestrado que estou a tirar, voltei à ansiedade e, passados alguns dias ao temível pânico… O frio no estômago, o nó na garganta, a falta de apetite, as náuseas, a vontade de evacuar quase constante durante o dia, os gases, a tensão muscular abdominal, os suores, os tremores, o frio/calor, o terror, a angústia, “o medo do medo”, voltou tudo. Felizmente, não guardo grandes memórias do meu primeiro episódio há quase três anos (a mente humana tem esta capacidade maravilhosa de ‘apagar’ as experiências desagradáveis), mas este novo capítulo está a ser particularmente aterrador e paralisante.

Os dois últimos dias em particular foram 48 horas de pânico constante, apenas aliviado pelo alprazolam (o malfadado Xanax), ao qual estava a tentar fugir, mas sem sucesso. Voltei ao psiquiatra e ao escitalopram, ainda sem resultados, para além de alguns efeitos secundários (não sei se este agravamento não será um efeito paradoxal de algum destes medicamentos), e vou voltar também à psicoterapia e ao gastro. Mas sigo persistente e com esperança, tentando, sempre que possível, não me deixar dominar pelo medo. Já derrotei isto uma vez, hei de derrotar uma segunda e todas as que forem necessárias! Poderá demorar mais tempo que da outra ocasião e poderão ser necessários ajustes à medicação, mas hei de lá chegar! E, desta feita, aprendi muito com os erros do passado, que conto não voltar a repetir, pois agora já sei ao que eles, inevitavelmente, conduzem.

Forte abraço a todos os companheiros nesta travessia de mares turbulentos.

Nota: Mulher com Pombas, obra do pintor Di Cavalcanti

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Tintoretto – A ORIGEM DA VIA-LÁCTEA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

aodvila

O pintor italiano Jacopo Robusti (1518-1594), conhecido como Tintoretto, é o criador da obra A Origem da Via Láctea. Trata-se de uma gigantesca composição, carregada de grande sentido teatral. O artista nela representa o ápice da lenda sobre a origem da Via Láctea. Embora estivesse sobrecarregado de encomendas oficiais quando pintou a obra em estudo, Tintoretto foi o responsável por toda a sua criação. Ao ser restaurada em 1972, a pintura revelou a presença de uma versão anterior. Tratava-se do mesmo tema, só que menos elaborado. Presumem os historiadores que o cliente da primeira encomenda deva ter mudado e o adquirente da nova composição (Rodolfo II) exigiu o máximo na feitura da obra.

A deusa Juno, esposa de Júpiter, o deus dos deuses, apresenta-se nua, reclinada sobre um leito de nuvens situado no alto do céu. Ela é acordada bruscamente por seu esposo que se joga sobre ela com um bebê nos braços. Em torno do casal de deuses são vistos querubins e pontos de luz. Dois querubins são vistos na parte inferior a voar em torno do casal de deuses, carregando símbolos eróticos: a flecha e o arco de Cupido e a tocha da paixão. Os outros dois, presentes acima dos citados, trazem consigo as cadeias do casamento, numa referência à união de Júpiter e Juno, assim como a rede de engano (referente às peripécias do deus). Juno traz a seus pés seu conhecido pavão e Júpiter está acompanhado pela águia.

Júpiter, que sempre teve romances com mortais, leva o pequenino Hércules, filho de Alcmena, até Juno, para que ele amamentasse de seu leite, enquanto ela dormia, e assim atingisse a imortalidade. A deusa, no entanto, acorda bruscamente, e algumas gotas de seu leite esguicham-se no céu, logo se transformando em brilhantes estrelas. Esta foi a explicação de Gaius Julius Hygienus, bibliotecário do Imperador Augusto, para a origem da Via Láctea no século I a.C. O leite que se esguichou para baixo deu origem aos lírios que se encontravam presentes na base da pintura, quando a tela infelizmente foi cortada. A enorme cama da deusa está forrada com um lençol branco e um manto azul e outro vermelho. Traz na cabeceira uma cortina dourada que descansa sua parte superior numa densa nuvem e adeja entre estrelas e nuvens.

Por se tratar de uma pintura mitológica, presume-se que seja fácil de ser interpretada, contudo existem elementos que não foram compreendidos. A tocha do amor pertenceria a Júpiter ou a Alcmena? Que ser a águia de Júpiter leva em suas garras? Seus membros em forma de flecha estariam a simbolizar a arma tradicional do deus que é o raio? Ou seria um caranguejo, símbolo astrológico de Câncer, numa referência ao nascimento do imperador Rodolfo II, dono da obra? Alguns dos estudiosos optam pela segunda alternativa, uma vez que a constelação de Câncer situa-se entre Aquário (representado pelo querubim com a rede) e Sagitário (personificado pelo querubim com o arco). Como se vê, esta pintura, inspirada num mito romano, ainda não foi totalmente decifrada em sua simbologia.

A belíssima pintura mitológica aqui descrita teve a sua faixa inferior removida, o que alterou consideravelmente o seu equilíbrio, pois a parte inferior representava a personificação da Terra, como mostram dois desenhos e uma cópia antiga da obra. Além disso, as camadas de verniz escurecido fizeram com que suas cores perdessem a clareza de antes. Ainda assim, a tela chama a atenção pelo fascínio apresentado, a começar pela cama do século XVI que dela faz parte.

Obs.: De acordo com o mito, é o deus Mercúrio quem coloca o pequeno Hércules no peito de Juno para mamar seu leite. Contudo, a personagem representada por Tintoretto não apresenta nenhum elemento que possa identificá-la com Mercúrio, o mensageiro dos deuses, sendo, portanto, visto como Júpiter.

Ficha técnica
Ano: c. 1575-1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127,5 x 165 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

 

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Fragonard – UMA JOVEM LENDO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Honoré Fragonard (1732 – 1806) iniciou seus estudos com o mestre Jean-Siméon Chardin, vindo depois a estudar com François Foucher, que nutriu grande influência sobre seu aluno. Aos 20 anos, ganhou o Prix de Rome, o que lhe permitiu estudar na cidade italiana. Outra bolsa de estudos possibilitou-o estudar na Academia de França, também em Roma. O artista é tido, juntamente com Watteau e François Boucher, como um dos grandes nomes da pintura de gênero, antes da Revolução Francesa.

A composição intitulada Uma Jovem Lendo, também conhecida apenas como A Leitora, é obra desse pintor do rococó que se recusou a acompanhar o estilo neoclássico revolucionário. Trata-se de uma de suas obras mais famosas, não apenas pela intimidade que o artista consegue repassar, mas também pela delicadeza e intensidade que dela emanam, sendo muito mais uma pintura de gênero de que um retrato.

É impossível não se encantar com o efeito luminoso conseguido em algumas cores, lembrando os trabalhos dos impressionistas. O artista tratou com cuidado o rosto da modelo, delineando-o, mas usou vigorosos golpes de tinta para pintar seu vestido, fitas e almofada. É possível que a jovem encontre-se sentada próxima a uma janela, tendo a luz a banhar seu rosto e corpo.

A jovem mulher encontra-se sentada de perfil, recostada numa volumosa almofada de cor púrpura, próxima à parede, absorta em sua leitura. Na mão direita traz um livro aberto, enquanto a esquerda escora-se num trilho de madeira. Ela usa um vestido amarelo, com a gola e punhos brancos, com um laço de fita a enfeitá-lo na frente. Seu cabelo está preso no alto da cabeça, adornado com uma fita lilás semelhante aos laços que adornam seu vestido e pescoço. Uma grande luminosidade banha o rosto de bochechas rosadas e também o vestido, além de jogar sombra sobre a almofada e a parede. A linha horizontal criada com o apoio do braço e a que divide as duas paredes trazem a sensação de espaço e estrutura.

Este é um dos chamados “retratos de fantasia” do pintor. Trata-se de uma série de figuras de homens e mulheres jovens, vestidos com maravilhosas fantasias, normalmente acompanhados de algo que remete a alguma profissão.

Ficha técnica
Ano: c. 1770
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/highlights/highlight46303.html

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LIDANDO COM A DOR CRÔNICA

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Lidar com uma dor crônica muitas vezes se torna uma difícil e longa jornada. Geralmente, começa como um problema aparentemente simples, mas que aos poucos parece não ter fim, levando a pessoa a ter sentimentos de desesperança, depressão, isolamento social, etc. A OMS estima que cerca de 30% da população mundial apresente algum tipo de dor crônica.

É importante entender que a dor é uma reação fisiológica desagradável, mas necessária para nossa sobrevivência. Sentimos quando nos machucamos e isso nos faz ficar alerta, para que não voltemos a nos machucar daquela maneira novamente. Além disso, a dor serve para nos avisar que algo não está bem, podendo indicar doenças que, de outra forma, passariam despercebidas. A dor aguda é um alerta do corpo e a dor crônica é “uma pedra no sapato” de que a tem.

Alguns pesquisadores descrevem a dor crônica como aquela que persiste por pelo menos três meses. Outro critério a aponta como uma dor que se estende para além do período esperado para a cura. As dores crônicas geralmente não têm uma resolução simples e necessitam, muita vezes, de um acompanhamento interdisciplinar envolvendo profissionais de diversas áreas da saúde, como médico, enfermagem, fisioterapia, psicologia, dentre outros.

É um erro considerar a dor crônica uma versão prolongada da aguda. Quando os sinais de dor são gerados repetidamente, os circuitos neurológicos sofrem alterações eletroquímicas que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de “memória dolorosa”, guardada na medula espinhal. Estudos recentes têm demonstrado que essa “memória dolorosa” está ligada a mediadores químicos muito semelhantes aos envolvidos no processo intelectual da memória.

Se você tem uma dor crônica, fique atento a dois terços do seu dia. Duas das principais causas de dores crônicas estão ligadas a tarefas as quais dedicamos, em média, dois terços de nosso dia: o trabalho de dia e o sono à noite. Observar a postura em que realizamos essas duas atividades e as condições físicas em que as fazemos são de extrema importância. A dor crônica mais comum está naquelas ligadas a problemas na coluna. Devemos escolher um colchão não muito mole e devemos deitar de lado, de modo que todo o corpo fique alinhado. Nunca deitar de barriga para baixo. Durante o dia, devemos sentar com o quadril no encosto da cadeira e os joelhos alinhados a 90º.

De forma geral, o tratamento das dores crônicas passa por algumas mudanças. Exercícios físicos são fundamentais, pois aumentam a liberação de endorfinas que dão a sensação de bem-estar. Fisioterapia e fortalecimento muscular podem ser indicados em alguns casos. O uso de medicações só terá indicação se for feito o diagnóstico por um médico. A prática da automedicação tende a piorar as dores crônicas. Por fim, procedimentos invasivos como o bloqueio da dor e a cirurgia estão restritos a casos específicos. Além desses recursos, muitas vezes é necessário promover uma mudança radical para hábitos de vida mais saudáveis.

Willian Shakespeare disse: “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”.

Nota: a ilustração é uma obra do pintor Henri Matisse.

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Johannes e Nicolaus – JUÍZO FINAL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O tondo intitulado Juízo Final, considerado meio incomum por apresentar um apêndice retangular na base, pertenceu ao Oratório d S. Gregório Nazianzeno, em Santa Maria in Campo Marzio, situado em Roma, Itália. É uma obra dos artistas Johannes e Nicolaus e tem como temática um assunto muito comum à Igreja da época: a descida de Deus à Terra para julgar os vivos e os mortos. Trata-se de uma das mais antigas representações ocidentais de tal tema – em formato grande.

Para descrever o julgamento da humanidade, os artistas dividiram a composição em cinco faixas superpostas, que deverão ser lidas (em latim) e observadas de cima para baixo:

  • 1ª faixa – a aparição de “Cristo em Glória”. O Cristo Pantocrator encontra-se no centro, ladeado por dois anjos e dois querubins;
  • 2ª faixa – o “Tribunal Divino”.  Cristo está diante de um altar, tendo um anjo de cada lado, de pé. À sua esquerda estão seis apóstolos e à direita, outros seis, todos sentados;
  • 3ª faixa – “Madona com os Ressuscitados”, onde são vistas várias cenas:

à esquerda – São Paulo guia os eleitos, e o bom ladrão Dimas leva a Cruz;

no centro – estão a Virgem e Santo Estêvão a interceder pelos inocentes;

à direita – são mostradas cenas de três obras misericordiosas:

  • Dar de beber ao sedento;
  • Visitar os cativos;
  • Vestir os nus.
  • 4ª faixa – “A Ressurreição dos Mortos”. Mostra, à esquerda, animais vomitando os membros devorados de pessoas para recompor os corpos. E, à direita, dois anjos acordam os mortos em seus túmulos, através do som de trombetas.
  • 5ª faixa – “O Paraíso” (à esquerda), presidido pela Virgem a orar com os eleitos, e  “O Inferno” (à direita), onde se encontram os condenados, sendo mantidos na caverna ardente junto a uma tenebrosa serpente, por três anjos com seus arpões.

Ficha técnica
Ano: segunda metade do séc. XII
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 290 x 243 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.museivaticani.va/content/museivaticani/en/collezioni/musei/la-pinacoteca/

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A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A meditação promove alterações químicas de grande impacto. Neurotransmissores desejados, como é o caso da serotonina, o chamado hormônio da felicidade, tem sua liberação aumentada, enquanto outros, menos desejados, como o cortisol, têm a sua produção diminuída. (Martin Portner)

A meditação é uma prática milenar de autoconhecimento, concentração e interiorização cujos benefícios são cada vez mais atestados pelos especialistas no assunto. Historicamente falando, os primeiros registros das práticas meditativas remontam ao século XVI antes de Cristo, tendo sido encontrados na literatura e no misticismo da Índia. As religiões orientais foram responsáveis por darem à meditação um caráter religioso, contudo, a ciência tem demonstrado a sua importância para o cérebro, com resultados que apresentam mudanças importantes em sua estrutura física.

A palavra “meditar” tem sua origem no termo latino “meditare” que significa “tratar, curar, dar atenção médica, refletir”, contudo, tal definição pode variar de uma religião para outra ou até mesmo dentro de diferentes contextos. Entretanto, apesar das diferentes definições, todas elas levam em conta a realidade interior e seu desenvolvimento de cada um. Algumas pessoas inicialmente sentem dificuldades para se concentrar, enquanto outras chegam ao estado meditativo com muita facilidade. De qualquer jeito, com o tempo e o exercício contínuo, tal prática vai se tornando cada vez mais dinâmica, acessível a qualquer um.

Uma equipe de pesquisadores de Harvard, nos EUA, trabalhou com 16 participantes que realizaram 27 minutos diários de meditação, num período de dois meses. Após esse tempo, o estudo do cérebro de tais pessoas mostrou mudanças significativas na massa cinzenta. A equipe constatou que a amígdala (grupo de neurônios que atuam na ansiedade e no estresse) teve a densidade de sua matéria cinzenta diminuída. E o hipocampo (área que tem relação com a aprendizagem, a memória e a compaixão) sofreu um aumento na sua estrutura neural.

É sabido que, conforme a idade vai avançando, o cérebro humano sofre um processo natural que é a diminuição da massa de neurônios. Recrutando pessoas com idade entre 24 e 77 anos, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, selecionou 100 participantes, dentre os quais 50% praticavam meditação há cerca de 20 anos e a outra metade jamais realizara tal prática. Ao final da experiência, a diminuição da massa neural daqueles que meditavam foi bem menor. Tal pesquisa acendeu uma luz de esperança no que tange às doenças neurodegenerativas, como o conhecido Alzheimer.

Martin Portner, neurologista e especialista em mindfulness (estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente) diz que “Praticamente todas as áreas cerebrais se tornam alvo de um processo de reorganização positiva guiado pela meditação. Além disso, o cérebro muda em relação aos comportamentos pro-sociais”.

Fonte de pesquisa:
Revista Segredos da Mente, Cérebro e Meditação – nº 1

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