XANDECO REFLETE SOBRE SUA NOVA PÁTRIA (IV)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Depois de sua visita à Câmara Federal e ao Senado, Xandeco, o marciano, tirou o resto da semana para refletir sobre o que presenciara e também vira na mídia da capital brasileira, embora alguns fatos chegassem a ele à boca pequena. Nenhuma das duas casas visitadas deixara-lhe uma boa impressão, pois, apesar dos entreveros às claras, ele sabia muito bem que o destino da nação é resolvido à chucha calada, quando todos os gatos sãos pardos,  quando o filho chora e mãe não vê. Embora a fina flor dos mandantes tente passar ao povo a impressão de que o país caminha sobre tapete vermelho, usando aquela mesma e velha história de mudanças, o povo, à duras penas, empurrado a ferro e fogo, vive na penúria, continuando à matroca. E, se um ou outro expõe a verdade nua e crua, deixando claro que a vaca foi para o brejo há muito tempo, é logo tratado a pata de cavalo e chamado a abaixar a bola.

Não é possível a Xandeco deixar de fazer algumas considerações sobre parte dos mandachuvas de sua nova pátria, pois arrotam importância, mas tratam o Brasil a sangue-frio, com seus segredinhos guardados a sete chaves, sempre abaixando a guarda para o Tio Sam e a elite dominante do país, adulando o sol que nasce. O marciano considerou a maioria dos não tão “nobres” representantes brasileiros como um bando de medíocres com a rédea solta, fazendo tudo em conformidade com as forças poderosas que os controlam, aproveitando enquanto Brás é tesoureiro, mesmo vendo a desgraça dos pequenos seguir a todo vapor. Também ficou sabendo  que muitos brasileiros, sentindo que a porta da rua é a saída da casa, estão deixando o país a peito descoberto, mesmo sabendo que Mr. Trump pode lhes dar um belo chute no traseiro (pois tem ojeriza a latinos sem eira e nem beira), e os pobrecos que aqui ficam estão a enfiar bufa na linha, enquanto uns poucos conseguem trabalhar a troco de reza, pois emprego é coisa de primeiro mundo. Junto à maioria dos brasileiros, o marciano segue também a trouxe-mouxe.

Xandeco concluiu que, sem nenhuma sabença sobre a real ocupação de seu planeta no Universo, os prepotentes se consideram a cereja do bolo do Cosmo. Em sua pouca cultura, é provável que ainda esteja achando que a Terra é o centro do Universo, conforme apregoava o matemático e astrônomo grego Ptolomeu (90 d.C. e 168 d.C). Pobres coitados! A sua Via Láctea não passa de mais uma das possíveis 400 bilhões de galáxias existentes apenas no Universo observável (na parte que é capaz de ser vista pela tecnologia humana).  Se irrelevante é a Via Láctea, galáxia que agrega o planeta terrestre, menor importância se pode dar à Terra, uma merdinha à toa perdida na imensidão sideral. Por aí é possível imaginar a insignificância dos terráqueos, seres medíocres, chués e chifrins  diante da magnitude do Cosmo, rodando presos a uma bolinha feita de rocha e metal, solta num obscuro e solitário mundaréu do nada.

O marciano matutava, mas não conseguia entender a empáfia desmedida, especialmente dos chamados representantes brasileiros, a maioria em busca de poder e riqueza, mesmo sabendo que são passageiros fugazes de uma navezinha à toa (Terra) à deriva num Universo que se expande aceleradamente, com galáxias a se afastarem velozmente. Lamentou que a evolução darwiniana (baseada na seleção natural) também não grassasse em meio aos políticos (não apenas do Brasil), sem a necessidade da intervenção da justiça humana que tarda e falha. Xandeco, que não era ligado a nenhuma crença religiosa, passou a acreditar na sabedoria popular que reza que Deus os fez e o diabo os ajuntou. É muita desgraça junta. Grande parte estaria muito bem atrás das grades, mas o marciano sabe que até que o inferno congele isso jamais acontecerá, pois essa gente também costura as leis que a protege. É por isso que o desrespeito ao povo, nas bandas de cá, prossegue até o diabo dizer basta, quiçá até o fim dos tempos, fim esse que nenhuma diferença faria a este paiseco atado de pés e mãos, sem coragem para arregaçar as mangas e dar um basta nesta merda toda. Aqui tem jacutinga! E muita!

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O GRANDE “PIÃO” TERRESTRE (II)

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

A Precessão dos Equinócios

Os gregos foram em boa parte “herdeiros” da cultura babilônica, mas foram muito além e foram os primeiros a sistematizar o conhecimento que haviam herdado. A escola de Alexandria reuniu e ampliou muito toda a cultura herdada do mundo antigo e da cultura grega. Entre os grandes sábios ligados a esse grande centro situado no delta do Nilo, esteve Hyparco (146-127aC), considerado o “pai” da Astronomia. Quando ele ainda era muito jovem, os astrônomos assinalaram o aparecimento de uma “nova” (134 aC) estrela: uma estrela que nunca havia sido percebida antes: uma “nova” ou uma “super nova”. Estabeleceu-se então uma polêmica sobre esse tema: a imutabilidade do céu. As estrelas do céu são sempre as mesmas ou é possível o aparecimento de estrelas “novas”? Isso parece ter sido um estímulo para que aquele grande astrônomo grego se pusesse a fazer o primeiro e mais completo catálogo de estrelas.

Nunca antes no mundo antigo e ainda por muitos séculos depois, havia sido feito um catálogo tão completo e com tamanha precisão nas posições e brilho aparente das estrelas. Nesse trabalho, Hyparco notou que o ponto equinocial, o ponto em que o Sol cruza o equador celeste, havia mudado em relação à posição relatada nos conhecimentos que vinham desde os antigos babilônios. Isso mudava um pouco as coordenadas das estrelas. Era preciso verificar se e quanto essas coordenadas haviam mudado. Hyparco então comparou as posições das estrelas em relação ao ponto equinocial de seu tempo, com as posições estudadas e registradas 150 anos antes por outro importante sábio de Alexandria chamado Timócaris.

As medidas de Hyparco indicavam que o ponto de origem da contagem da posição das estrelas, o ponto equnocial  havia se deslocado de cerca de 2o (ângulo de dois graus) naqueles 150 anos passados.  Isso dava um deslocamento de cerca 120´ ( 2o = 120 minutos de ângulo) em 150 anos, ou seja, pouco menos de 1` ou 60´´ por ano. O valor de Hyparco para esse deslocamento foi de 46´´por ano. Estava descoberta a precessão dos equinócios, o deslocamento do ponto equinocial, bem próximo do valor conhecido hoje pela Astronomia, que é de 50´´,26 segundos de arco por ano. Embora caiba a Hyparco a glória da descoberta do fato, ainda permaneceria desconhecida por muitos séculos a causa para esse deslocamento. Isso só se tornaria possível depois da descoberta da Gravitação de Isaac Newton, em 1687.

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Pietro Longhi – O ARRANCA-DENTES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Contemporâneo de paisagistas, Pietro Longhi poderia ser chamado mestre da paisagem humana. Seguiu a topografia dos costumes sociais, em lugar de descrever a psicologia. (Enciclopédia dos Museus)

O desenhista e pintor italiano Pietro Longhi (1702 – 1785) tornou-se famoso por seus retratos e cenas de gênero no estilo Rococó. Seu pai Alessandro Falca era ourives. Longhi iniciou seus estudos com o artista Antonio Balestra. Veio depois a estudar e trabalhar com Giuseppe Crespi, responsável por introduzi-lo no estudo da natureza e dos temas de gênero. Inicialmente, sua criação estava ligada aos temas religiosos e aos mitológicos, mas, por influência de Antoine Watteau e de seus seguidores, enveredou-se pelas cenas de vida pública e privada, pintando, sobretudo, cenas da vida dos nobres da Veneza do século XVIII. Apesar da delicadeza de suas pinturas, essas traziam, muitas vezes, certa dose de humor. Seu filho, Alessandro Longhi, também se tornou um renomado pintor.

Na composição O Arranca Dentes, o artista apresenta uma cena em que um extrator de dentes, atividade comum à época, mas que se restringia apenas à retirada de dentes e à abertura de abscessos,  encontra-se sobre uma mesa de um local meio escurecido, mostrando o resultado de seu trabalho. O caráter de espetáculo dado à cena é reforçado pela presença de um mico, num patamar mais alto, atrás do personagem principal, que ergue o braço direito para mostrar o dente arrancado.

Um jovem e cabisbaixo rapaz, sentado na mesma mesa em que se encontra o dentista, traz um lenço branco na boca, o que deixa claro tratar-se do dono do dente extraído, a cuspir sangue e ainda curvado pela dor, pois a ação acabara de acontecer. Através de seus trajes humildes pode-se concluir que se trata de alguém do povo.

Um grupo de doze pessoas está presente no ambiente do espetáculo. É interessante notar que os dois mascarados, em primeiro plano, são os mesmo que se encontram ao fundo, à esquerda do dentista. A postura dos pares é praticamente idêntica. É possível que se tratem das mesmas pessoas, sendo representadas em dois momentos diferentes, embora se encontrem bem próximas. Suas máscaras fazem sombras no chão, o que significa que a luz vem da direita.

Duas mulheres emparelhadas, usando longos e trabalhados véus, fazem parte do grupo de espectadores. Parecem pertencer a uma classe rica. Uma delas observa o comportamento das crianças, à esquerda, que parecem oferecer algo ao macaquinho que se mostra indiferente ao que acontece em seu derredor. Uma anã bem vestida aparenta negociar com um homem, sentado num pequeno banco, que vende peras, vistas num cesto a seus pés.

As duas colunas presentes na obra representam as do Palácio Ducal  e trazem inscrições que fazem menção a Pietro Grimani (doge na época), e à eleição de Antônio Poli como vigário da Igreja de Santa Margherita.

Ficha técnica
Ano: 1746
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 62 x 50 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://artistika.blogspot.com.br/

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O GRANDE “PIÃO” TERRESTRE (I)

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato O Zodíaco

Os babilônios estão entre os povos da antiguidade que mais deixaram sinais de sua observação e conhecimento do céu. Teria sido a legendária Torre de Babel uma tentativa de maior proximidade com o céu? A eles devemos, como tributários da civilização grega, um grande número de contribuições para a observação e estudo do céu. Eles já haviam notado que, enquanto quase todas as estrelas mantinham suas configurações ou posições relativas, algumas pareciam “andar” livremente entre as constelações, mas dentro dos limites de uma faixa ao redor do “caminho” do Sol: eram umas “estrelas errantes”, os planetas, que logo foram associados a divindades.

O “caminho” do Sol passando em frente ás constelações, ao longo do ano, é o que hoje conhecemos como eclíptica. A faixa ao longo da eclíptica, por onde sempre andam os planetas, foi por eles dividida em doze partes iguais. Cada pedaço dessa faixa recebeu o nome de uma constelação, um “signo”. Essa é resumidamente a origem do que chamamos de zodíaco. O zodíaco é o caminho que o Sol e os planetas aparentemente percorrem contra o fundo das estrelas fixas no decorrer de um ano. Cada uma das partes do zodíaco foi nomeada com uma figura sugerida pela configuração de estrelas, segundo a visão e imaginação deles. Muitas dessas denominações se mantêm até hoje.

Ainda os babilônios haviam percebido que o Sol repete todos os anos esse mesmo caminho e que isso marcava as estações ou modificações de seu clima, os “cenários” da região. Eles também haviam percebido que o “caminho” do Sol por entre as estrelas, duas vezes por ano cortava ou cruzava o “meio de céu”, o equador celeste. Esses pontos já eram por eles conhecidos: os equinócios, dias em que o dia claro fica com a mesma duração da noite. Com isso, as posições do Sol sobre determinada constelação foram associados às estações, as mudanças de aspecto da Natureza. Com o passar de alguns séculos ficou perceptível que ponto equinocial, o cruzamento do Sol pelo Equador Celeste havia mudado um pouco: o Sol cruzava o Equador Celeste em um ponto um pouco diferente daquele em que o fazia alguns séculos antes.

Nota: imagem copiada de Destino y tarot

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Turner – O SOL ERGUENDO-SE ATRAVÉS DA NÉVOA

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

osesadan

A composição O Sol Erguendo-se através da Névoa é uma obra do pintor inglês Joseph Mallord William Turner, tido como um brilhante paisagista e o criador da pintura romântica de paisagens. Em seu trabalho paisagístico, o artista trabalhava principalmente com o uso da luz que absorvia as formas e transformava-as em vibrações cromáticas. Muitas vezes, a visão topográfica de suas paisagens não passavam de uma claridade intensa de espaço e luz.

Esta é uma pintura da fase inicial de sua carreira, em que ele une a terra e o mar num único elemento luminoso, a refletir reflexos que banham as figuras humanas. Ao fundo, em segundo plano, são vistas as silhuetas escuras das grandes embarcações. Na praia, inúmeras pessoas, homens e mulheres, trabalham limpando peixes, enquanto outras pessoas estão a vendê-los ou a comprá-los.

Ficha técnica

Ano: 1807
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 134,5 x 179 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa

Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Jacopo Zucchi – AMOR E PSIQUE

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Autoria de Lu Dias Carvalhoampsi
A composição denominada Amor e Psique é uma obra do pintor italiano Jacopo Zucchi, responsável por pintar importantes afrescos mitológicos.

A cena representada diz respeito à curiosidade de Psique em relação ao seu amor alado, Cupido, que só a visitava durante a noite, sem permissão para que pudesse vê-lo. Este é o momento em que ela acende uma lâmpada de azeite para iluminá-lo.

Cupido encontra-se nu, sobre lençóis brancos, entre almofadas e flores, debaixo de um dossel vermelho magnificamente arranjado, o que torna a cena ainda mais sensual. A seu lado encontra-se uma seta, enquanto o arco e a aljava com setas encontram-se numa mesa vermelha, próxima à cama, onde estão um vaso com flores e um cãozinho. Psique usa um manto verde que circunda seu lado esquerdo e na mão direita traz a faca com que iria matar o imaginado monstro.

As posturas dos dois personagens não são convincentes, uma vez que Cupido dorme com a cabeça ereta e Psique encontra-se de pé sobre a cama. Há uma profusão de cores na pintura. A cama é adornada com belas figuras, simulando entalhes na madeira.

Segundo o mito, para vingar-se da beleza de Psique, Vênus pediu a seu filho Cupido para castigá-la, fazendo com que ela se apaixonasse por um ser mortal. Ao vê-la, contudo, ele se sentiu embriagado com sua beleza e acabou se ferindo com a própria seta, vindo a apaixonar-se por ela. Psique foi morar com ele num palácio, sem jamais vê-lo. Ao receber a visita das irmãs, essas lhe disseram que seu marido era uma terrível serpente que iria devorá-la depois, devendo, portanto, esconder uma lâmpada e uma faca afiada, a fim de decepar sua cabeça, enquanto dormisse. Assim agiu a ingênua esposa, antes de  surpreender-se com a presença de Cupido, que partiu,deixando-a desesperada.

Ficha técnica
Ano: 1589
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 173 x 130 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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