REMOTA MEMÓRIA DA PALAVRA “ESTRELA”

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Como todos os anos, a aproximação do Natal vinha acompanhada de grandes expectativas. Para minha mãe, suíça, vinda de sua terra com 15 anos de idade, a árvore de Natal era coisa obrigatória e a cada ano sua montagem ganhava algum acréscimo na ornamentação. Desde muito criança participei dessas montagens, ajudando minha mãe com uma dedicação quase religiosa.

Os ornamentos da árvore eram de muitas formas e me deixavam sempre deslumbrado pelo seu brilho. Além das bolotas coloridas, as velinhas e o seu cheiro ajudavam na formação de um ambiente que para mim era mágico. No topo de nossa árvore ia o adorno mais bonito e mais cheio de significado: uma estrela reluzente com um dispositivo para adaptá-la à ponta de nosso pinheiro. À medida que ia se aproximando a noite do Papai Noel, minha expectativa ia num crescendo de ansiedade. Ao chegar a noite de Natal minha ansiedade quase não me deixava dormir. A grande expectativa era pelos presentes que o bondoso Papai Noel deixaria aos pés da árvore naquela manhã de Natal.

Numa dessas noites de intensa ansiedade, eu estava mais agitado que de hábito. Esse agitamento estava impedindo que eu fosse dormir e, com isso, estava amolando meus pais com meu anseio desmedido. Eu não queria ir para a minha cama que ficava junto a uma janela. Mesmo na cama eu insistia em ficar de pé. Meu pai, talvez já impaciente com minha insistência para ver a “chegada” do Papai Noel, ordenou para que eu me deitasse. Diante de minha “resistência” em obedecer, ele procurou me explicar: “Não adianta esperar, porque o Papai Noel vem de muito longe”. –“Mas vem de onde?” –“Ele vem de uma estrela, lá do céu”, disse ele.

Em pé em minha cama junto à janela, eu olhei para fora, e devo ter visto uma estrela. Pela primeira vez uma estrela deixava de ser apenas o adorno maior de nossa árvore de Natal, e passava a ter o sentido de um lugar distante, de onde vinha o tão esperado Papai Noel. Esta é minha mais remota memória da palavra estrela.

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

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Reynolds – SRA. ELIZABETH DELMÉ E…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

 É pelo estudo das invenções dos outros é que se aprende a inventar. (Reynolds)

Lady Delmé tem um rosto longo e elegante, olhos pesados e cabelos altos em pó. Ela usa um vestido branco e uma capa que cobre seus joelhos em uma cascata de rosas – cetim colorido que fala tanto para sua beleza quanto para o luxo a seu comando. (Cynthia Saltzman)

A composição intitulada Sra. Elizabeth Delmé e seus Filhos é uma obra do pintor e retratista inglês Joshua Reynolds, um das mais importantes e produtivos retratistas do século XVIII, tendo influenciado, através dos tempos, muitos pintores e retratistas. Ele se preocupava, sobretudo, com a técnica. Estudou os trabalhos dos mestres, principalmente de Rembrande e de Peter Paul Rubens.

O artista, nesta obra gigantesca, retratou membros de uma família aristocrática inglesa, em primeiro plano e ao ar livre, debaixo de uma frondosa árvore. Como pano de fundo, ele criou uma pitoresca paisagem com cores ricas e quentes, em que uma luz suave espalha-se pelos caminhos do bosque e reflete-se na vegetação. O grupo também se encontra iluminado.

Elizabeth Delmé, filha do conde de Carlisle, está sentada, tendo à sua esquerda os filhos John e Isabella Elizabeth, ambos de pé. O trio com suas bochechas rosadas forma uma composição piramidal. O garotinho está recostado na mãe e a irmãzinha encostada nele. A senhora Delmé envolve ternamente os dois filhos com seu braço esquerdo e também segura a mão do garoto, mas traz os olhos fixos no observador. As crianças mostram-se como realmente são, sem nenhuma formalidade. Um cãozinho felpudo, voltado para o grupo, faz parte da cena.

Esta pintura lembra as madonas renascentistas do pintor italiano Rafael Sanzio. Podemos notar tal parecença tanto na composição em forma de pirâmide como na maneira como a Sra. Delmé envolve silenciosamente seus filhos. Outro ponto de semelhança é a imagem de grande beleza, idealizada pelo artista, principalmente no que diz respeito às dobras do manto de cetim cor-de-rosa que envolve os membros inferiores da mulher, cobrindo-lhe os pés.

Ficha técnica
Ano: c.1777-80

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 239 x 147 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.102.html

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A IMPORTÂNCIA DE SE TER UM HOBBY

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Passatempo ou hobby é a denominação dada a uma determinada atividade de entretenimento que o indivíduo desenvolve sozinho ou juntamente com outras pessoas. É importante entender que o passatempo não pode ser um jogo, uma diversão que envolve regras predeterminadas. Você, caro leitor, tem algum passatempo? A prática de um hobby pode ajudar na sua saúde física e mental.

Passar algumas horas numa atividade leve e que traz relaxamento contribui para o seu equilíbrio físico e também para o controle das emoções. Um hobby praticado com regularidade, ou seja, pelo menos uma vez por semana, é um ótimo antídoto contra o estresse. Os efeitos positivos chegam a surpreender até alguns especialistas. Em recente pesquisa da Academia Americana de Neurologia, os cientistas descobriram que as pessoas capazes de se manterem relaxadas (através de um hobby) têm 50% menos chances de desenvolver demência em comparação às pessoas com tendência a se estressar.

Parte da classe médica concorda que ter um hobby aumenta a qualidade de vida. É um fator que equilibra e ajuda a preservar a saúde física e emocional. A redução do estresse através de algum hobby melhora a condição cardiocirculatória das pessoas. Praticar um hobby pode ajudar a desenvolver as habilidades e os talentos naturais, bem como ajuda a se desconectar das rotinas diárias. De igual forma, é um excelente antídoto contra a depressão e os ataques de ansiedade. Pode também aumentar o poder da criatividade e da capacidade de ficar mais disciplinado, bem como amplia a vida social, aumentando a motivação e a energia para enfrentar os problemas do dia a dia e, de quebra, aumenta nossa autoestima.

A vida moderna demanda muito e facilmente nos leva a esquecer de nós mesmos. Por isso, vale a pena levar em consideração alguns pontos para fazer do hobby uma forma de praticar algo de positivo para nós mesmos. Inicie procurando algo ousado. Se você gosta de tocar guitarra, vá em frente. Você estará fazendo algo por que gosta e não para ter algum retorno financeiro. Procure explorar passatempos em que você não tenha tanta habilidade, entretanto, é importante que goste da escolha. Quando tomar a decisão, vá e faça. Não procrastine nunca. Não deixe para depois. Não deixe que suas obrigações, pressões familiares ou tarefas atrasadas lhe impeçam de praticar o seu hobby favorito. É um momento tão ou mais importante que o das obrigações. É um momento para você. Pense nisso!

A prática de um hobby sempre se reflete em uma melhora no trabalho, na família e no desempenho social. Você pode definir um ponto de ruptura com tudo o que significa rotina. Por isso, não faz sentido ficar aguardando que seu parceiro ou a sua parceira, seus colegas de trabalho ou sua família tomem a iniciativa na hora de praticar seu hobby. É um espaço escolhido por você, de exploração e de liberdade. O passatempo escolhido também não pode depender de dinheiro. Deve ser algo alcançável, em que você possa efetivamente fazer e praticar.

Ainda não tem um hobby? Escolha um e faça o teste. Comprove por si todos os benefícios que um passatempo pode proporcionar.

Nota: imagem copiada de Writing

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DEPRESSÃO, ANSIEDADE E FÉ

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Autoria de Celina Telma Hohmann

A depressão e a ansiedade sempre existiram. Delas se origina uma sequência desavergonhada de outros transtornos que nos tolhem e massacram. Fazem-nos sentir a vida, quando nos encontramos nesse turbilhão, como sendo um grande tormento. A religião, quando nos culpabiliza, ao atravessarmos essa supliciante batalha, em nada nos ajuda.  Ao contrário, aumenta o nosso suplício. E nos cobramos ainda mais, piorando um quadro que já está absurdamente fora do normal. Deus não nos desampara, mas sejamos sinceras, crer num Ser Superior é facilitador para respondermos aquilo que nunca saberemos com exatidão. Não estou, em absoluto, questionando a existência de Deus, pois isso poria fim a uma única certeza que tenho e sinto. Deus existe! Olhemos ao redor e não há como não sentir que Essa Presença é a Maior e mais passível de ser real. Demos-lhe um nome. Sentimos Deus em todos os instantes, mesmo nos mais complicados. Ainda, assim, nós precisamos buscar os meios de ajuda que temos ao nosso redor.

O extremismo dos que julgam que só estamos passando por crises existenciais, porque nos afastamos de Deus, com toda certeza, trata-se da mais pura ignorância. Essas pessoas têm a sorte de não terem um gene que floresceu, não num repente, mas em anos de idas e idas… Fora que nós, os que cobram a perfeição, senão dos outros, mas de nós próprios, somos os que mais caminham para desenvolver síndromes que afetam nossa mente. Inicialmente, elas aparecem apenas como um vento forte prenunciando tempestade. Depois vem aquele olhar para o tudo e não ver nada mais adiante.  Estacionamo-nos na espera de que seja só um momento ruim. Na verdade é! Mas é um momento tão malandro que toma muitos de nossos dias e noites, deixando-nos péssimos.

Quando a tempestade chega, nós nos desesperamos de todas as formas: a paralisia, a aparente preguiça, a sonolência excessiva, depois a insônia que nos impede de dormir, e aquela tristeza que só quem a sente sabe a dimensão que tem. O sorriso, se existir, será um rasgo, um faz de conta. O olhar fica meio perdido, como se buscasse uma solução que não vem assim tão rapidamente, e lá se vão nossos dias. Perdidos, com certeza, mas que depois, recuperamos, pois, afinal, na vida tudo passa. E o transtorno mental com suas recidivas, num dia também se vai e aí, olhamos de volta para a beleza de um pôr do sol, a maravilha que é o desabrochar de uma flor, a deliciosa sensação de que Deus esteve sempre conosco. Compreendemos que não nos encontramos sob a sujeição de uma obra maligna, como pensam os estúpidos ignorantes.

O medicamento é necessário e o profissional que o prescreve, idem. Aqueles, que nunca sentiram o sofrimento trazido pelos transtornos mentais, poderão até nos julgar quando estamos no meio de uma crise, mas precisam saber que nos fazem sentir piores do que já nos encontramos, o que é uma grande falta de amor ao próximo. Esquecem-se de que somos apenas seres humanos que atravessam períodos de extremo desconforto. E precisamos muito de amor, ou, pelo menos, respeito. Precisamos nos fortalecer na fé de que se estamos no caminho da dor e que ela passará. O Criador sabe que somos capazes de suportar e sair disso melhor do que entramos.

Não desistamos, nunca! Todos nós somos vencedores!

Nota: O Grito, obra de Edvard Munch

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Hans Memling – A ADORAÇÃO DOS MAGOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição intitulada Tríptico da Adoração dos Magos é uma obra do pintor alemão Hans Memling (c.1433-1494), cujo trabalho se situa no ponto de transição do Gótico para o Renascimento. Existe a possibilidade de que tenha sido aluno de Rogier van der Weyden que o influenciou na criação desta pintura. Existe outra versão deste tríptico, com variantes, que se encontra no Hospital de São João, em Bruges, criado sete anos depois deste. Esta pintura pertenceu ao soberano Carlos V, da Espanha.

Os painéis são intitulados:

  • A Natividade – à esquerda;
  • A Adoração dos Magos – central;
  • A Apresentação no Templo – à direita.

A composição central, denominada “A Adoração dos Magos” acontece numa igreja arruinada, cujo teto está coberto de palha, sendo que um dos buracos traz o formato de uma cruz, possivelmente lembrando a Paixão de Cristo. Os personagens principais são: a Virgem, vestida de branco e azul, com o Menino nu em seu colo, centralizada na composição; José, de pé, à sua esquerda, trajando uma vestimenta vermelha; o mago mais velho, ajoelhado e curvado diante do Menino, beijando-lhe os pés, ele já entregou seu presente, que se encontra sobre a pequena mesa; o mago à direita da Virgem,  ajoelhado, com seu presente na mão direita e o chapéu na esquerda; o mago mais jovem, de pé, próximo à porta à direita, também trazendo seu presente, o chapéu erguido e uma espada na cintura. Os três Reis Magos apresentam-se ricamente vestidos na visita que fazem ao Salvador.

 Outras três figuras humanas encontram-se à esquerda e mais quatro à direita, acompanhando a cena central. Algumas delas fazem parte da comitiva dos reis, como mostram suas vestimentas e estandartes, e outras são curiosos.  Em segundo plano encontra-se o estábulo, onde o Menino nasceu. Ali são vistos um boi, um burro e uma manjedoura.

Ao fundo, as janelas abrem-se para uma cidade, onde são vistos pessoas, animais, um muro e edificações. Esta pintura foi criada levando em conta quantidades e qualidades de luz. Nela temos a iluminação distante da luz do sol, a luz diurna entrando pelas portas e efeitos de sombras e silhuetas no chão.

Ficha técnica
Ano: 1470/1472
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 95 x 271 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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P. FÁBIO DE MELO E A SÍNDROME DO PÂNICO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Recentemente a Síndrome do Pânico ocupou os noticiários quando reportaram que o padre Fábio de Melo está sofrendo com o problema e que, atualmente, está em fase de tratamento. Um padre bacana como ele e aparentemente “imune” a transtornos como este levanta a questão de que nós podemos estar expostos a tais problemas e, portanto, devemos ficar atentos aos sintomas – e quando precisamos buscar ajuda.

A origem da palavra “Pânico” é proveniente do grego “panikon” e significa um susto ou pavor repentino. Na mitologia grega, o deus Pã (de pânico), possuía chifres e pés de bode e provocava, com seu aparecimento, horror nos pastores e camponeses. A Síndrome ou Transtorno do Pânico (TP) é uma entidade clínica relativamente recente, sendo que a primeira descrição dos sintomas foi feita por Freud, que a denominou, à época, de “neurose ansiosa”.

Na “crise de pânico”, o agende causador do “medo” não está presente, ou seja, ela surge de repente, sem aviso. Durante a crise, a pessoa experimenta vários sintomas, a saber: boca seca, aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações, palidez, sudorese, falta de ar, entre vários outros desconfortos físicos. A pessoa acha que vai perder os sentidos e tem uma sensação iminente de morte. Devido aos sintomas com predominância cardiovascular, o sujeito normalmente vai parar no pronto-socorro achando se tratar de um infarto.

Várias complicações podem ocorrer caso o diagnóstico não seja precoce. Os pacientes passam a ter gastos excessivos com médicos e exames complementares, muitas vezes sem necessidade. Afastamento do trabalho, faltas e até pedidos de demissão são situações corriqueiras na vida destas pessoas. À medida que os ataques de pânico se sucedem, o paciente desenvolve hipocondria, outros tipos de fobias, ansiedade antecipatória, agorafobia (medo de espaços abertos), depressão, alcoolismo e/ou uso abusivo de drogas. Estes problemas podem estar presentes todos juntos ou de forma parcial.

O fator primordial no início do tratamento é acabar com os ataques ou reduzi-los em frequência e intensidade, através do uso de medicamentos e, desta forma, permitir outras abordagens terapêuticas, como apoio psicoterápico e atividades físicas. O tempo de tratamento poderá variar de seis meses até dois anos. Entretanto, o índice de recaída após a suspensão das drogas varia entre 20% e 50%. O paciente deve ser paulatinamente encorajado – claro que sob os efeitos das medicações – a enfrentar os lugares ou situações onde foi acometido pelo ataque e desta forma ir ganhando autoconfiança e voltar às suas atividades diárias e normais.

Martyn LIoyd-Jone – teólogo galês – disse certa vez que  “A fé se recusa a entrar em pânico”. Em contrapartida, no caso do padre Fábio de Melo, o mesmo afirmou que o pânico “quase abalou sua fé”. O transtorno do pânico não tem nada a ver com sua fé ou religião, chega sem pedir licença, acontecendo com qualquer um.

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