TEPT – PALAVRAS PARA ALESSANDRO

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Autoria de Celina Telma Hohmann

Ler seu relato nos transporta para dentro de um problema que não é mais seu, pois se tornou nosso. Aqui é um cantinho que meio sem querer transformou-se em nossa árvore, sob a qual, nas angústias, nós nos sentamos e choramos, sabendo que de alguma forma virá um pouco de alívio. Não vou me estender em tentar explicar o que você está sentindo, se é que conseguimos explicar algo, após um trauma que fez com que a vida, num repente, nos mostrasse um lado que julgávamos preparados para entender, mas que sabemos, nunca estivemos! Os sentimentos são ambíguos. Até culpa nós sentimos, como se fôssemos, de alguma forma, responsáveis pelo que ocorreu e transformou a vida de rotineira calma num aparente calabouço, onde se sabe que há saída, mas quando a encontraremos, nós não sabemos.

A nossa era é talvez uma das piores, pois enfrentamos desafios que não exigem somente coragem. Como somos humanos, e humanos são passíveis de tormentosas dores psíquicas e emocionais, descobrimos que não estamos livres de sermos a próxima presa dessa aniquilante apatia, medo e solidão, ainda que rodeados de pessoas. O mal-estar que derruba, o sono que some, os pesadelos que viram rotina… A gente passa grande parte da vida numa luta e enquanto estamos lutando, não há sentimento que se sobreponha exceto o de fazer o que devemos. O cérebro, e toda a química que nele contém, movimenta-nos. Um dia, porém, como aconteceu com você, vem o pior e a aparente coragem, o destemor, aquele sangue frio que sempre nos fez seguir, deixa-nos na mão. Cito aqui o pronome “nós”, aproveitando-me da condição de também, como você e tantos outros amigos, estar na luta contra um mal que tenta nos fazer sucumbir. Não é isso o que ocorrerá, eu lhe garanto, usando o conhecimento adquirido a longas e duras penas, de que tudo isso passa, graças a Deus!

Identifiquei-me com seu problema (e muitos também se identificaram), mesmo que os motivos sejam diversos, não tão dolorosos, mas traumatizante é tudo aquilo que vem forte demais, quando não se espera, quando nos falta o chão, quando mexe com nossa alma. E nesses dolorosos momentos nem mesmo a medicina ou conversas conseguem aliviar. Não de pronto, mas só com o tempo. Há um caminho, sempre haverá, mas até que cheguemos a ele passaremos por tantos penhascos, que depois, olhando de volta, veremos que conseguimos transpô-los, nesse ímpeto maravilhoso que é a luta pela vida. Hoje, tudo o que você consegue é sentir-se um enigma, inclusive para si próprio. Imagina não ser mais o pai, o profissional, o amigo, o “cara”. É comum esse tipo de julgamento partir de nós próprios em certos momentos de nossa vida. Na verdade, nada disso mudou. Houve uma ruptura, uma atormentada incapacidade em mudar o rumo da própria vida. Naquele instante, por motivos que desconhecemos, você foi poupado e isso, amigo, por vezes nos faz mal, paradoxalmente, pois trata-se de um bem que julgamos não merecer, não é assim?

Alessandro, você não deixou de ser pai, tampouco esposo, menos ainda amigo, nada disso! Você vive, por ora, num redemoinho de emoções que o fazem sentir-se um papel em meio ao vendaval. Não sabe o rumo, não se rasga, mas é um papel à deriva. Diferente? Nem um pouco! Está vivendo o que muitos vivemos e que garantimos não ser bom, nem gostoso, nem fácil ou simples! É muito difícil e nos parece que jamais findará! Erramos ao achar que nada mais será como antes! Algumas coisas mudarão, e isso é um alívio para nossa alma, mas só perceberemos isso quando a tempestade realmente tiver passado. Deixará marcas, fez seu estrago, deixou o medo, mas como presente nos mostrou que se temos uma chance de viver – e você a teve – e isso, amigo, é o farol lá no meio da ilha que, se vista por quem está em alto mar sem conhecer o oceano, parece a anos luz de distância. Pode ser sofrido enxergá-lo e ver nele a possibilidade de desbravar todos os mares, mas sabemos, é a nossa luz! O nosso guia, a direção que nos mostra que estamos vivos! Que venham marés altas, águas que molham até os ossos, mas chegaremos ao destino que almejamos e o seu destino, hoje, é livrar-se dessa estagnação que o psiquismo nos impõe como limite – temporário – mas limitante!

Seu caminho, Alessandro, é o que muitos percorreram, percorrem e alguns ainda percorrerão. O caminho escuro que tira a visão, embaça a alma, desnorteia, freia nossa capacidade de raciocínio lógico, mas é hoje o seu caminho. Não foi você, por incapacidade ou vocação, quem o traçou. A vida o fez. Nós, os que nos perdemos em meio ao medo e que antes achávamos “frescura”, nos vemos incrustados nesse medo e sem saber como tirá-lo de nosso peito, pensamento e vida. Mas é necessário que o façamos. Não é fácil e a psiquiatria, psicologia e toda a emaranhada corrente que tenta desvendar os mistérios da mente ainda tropeça em tais possibilidades.

Confesso, os remédios, pela química que possuem, auxiliam. A conversa com o psiquiatra é o caminho para a condução de um tratamento medicamentoso e há mais para buscarmos. Contudo, amigo, a compreensão do outro e o nosso afeto para conosco são o que de melhor há. Olhe o rostinho de seus filhos, mesmo que lhe pareça não os ver, mas a alma enxerga melhor que os olhos. Ponha-se em pé e dispute consigo próprio o seu convalescimento, pois precisará muito de ajudar-se e essa capacidade você a tem! Não se culpe ou não julgue, pois há uma Mão Protetora (a mesma que o colocou em outra direção no dia da tragédia), protegendo-o.  Dela emanam gotas de doçura, mansidão, paz e serenidade. Você receberá de volta o homem que sempre foi. Sua insegurança atual é fruto de sua capacidade de emocionar-se, quedar-se perante a partida de amigos diários e a sensibilidade tão própria dos seres do bem.

Amigo, cuide-se e escreva tudo o que lhe vai à alma. É bom desabafar, jogar as dores pelo caminho e, sem que perceba, o que hoje pesa, logo será somente uma lembrança. Lembranças não se apagam, mas doem menos quando as tomamos como ensinamentos. Seja sempre sábio e verá que nada é em vão, mesmo que pareça terrível! Se tivermos que passar pelo fogo, que passemos, mas que o chamuscado seja uma marca de uma história valorosa. Deixo um afago em seu coração e a doce certeza de que logo nos dirá: VENCI! Agradeço por ter conseguido, tão ricamente, expor-se e fazer-nos refletir que não somos uma única estrela no Planeta. Somos muitas e cada uma com seu valor e finalidade! Fique em paz! Liberte-se! Se cair, não ligue, é assim mesmo. Imagine-se o menininho lá do passado, nas suas primeiras tentativas de descobrir o mundo. Tropeçou muitas vezes, mas aprendeu. Agora não é mais o menininho, mas o homem a quem a vida concedeu o dom de VIVER!

Nota: a ilustração é uma obra de Vincent van Gogh

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Pintor Anônimo – A DESCIDA DA CRUZ

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Descida da Cruz, cena clássica da arte cristã, é uma obra religiosa atribuída a um pintor anônimo e talentoso da oficina do pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn. É provável que o pintor tenha sido Constantijn van Renesse. Embora o mestre tenha, sem dúvida, orientado na criação desta obra, não foram encontradas, pelos estudiosos de arte, evidências de suas próprias pinceladas.

A cena apresenta o corpo sem vida de Cristo sendo descido da Cruz para a preparação de seu sepultamento. Um grupo de pessoas, dentre elas sua Mãe Maria, José de Arimateia, Nicodemos e apóstolos, ali estão presentes. José de Arimateia, com sua vestimenta vermelha e uma expressão de grande sofrimento, recebe cuidadosamente nos braços o corpo do Mestre, como se o apresentasse aos presentes, silenciosos e sofridos. Atrás dele, um homem na escada, portando uma tocha de luz, alumia a descida. Sua mão esquerda diante do lume impede que este se apague. A luz que do archote emana, recai sobre José de Arimateia segurando o corpo de Jesus e sobre a Virgem Maria, à esquerda.

A palidez vista no rosto de Maria parece refletir o branco mortal do corpo sem vida de seu filho Jesus. Ela desmaia nos braços de uma mulher. A cruz, muito alta, forma um rígido ângulo reto com a massa de figuras, embaixo. Duas escadas escoram-se no madeiro, uma à esquerda e outro à direita, para possibilitar aos homens a retirada do corpo crucificado. Embaixo, dois homens trazem os braços abertos para receberem o corpo, enquanto uma mulher, próxima, expressa uma profunda dor. A cena acontece durante a noite.

Ficha técnica
Ano: c. 1653

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 143 x 111 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Views: 2

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

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Autoria de Alessandro Queiroz

Passei por uma grave situação no trabalho, onde, por questões de segundos, minha vida não se foi junto com a de meus companheiros, enquanto combatia crimes ambientais numa terra Indígena, em Roraima, este ano. Para que todos possam compreender melhor o que me ocorreu e desencadeou minha situação, relato-lhes:

Em três de julho deste ano, eu e mais quatro colegas do IBAMA (Alexandre, Olavo, Lazlo e Júnior) empreendemos ação em conjunto com a PF e Exército no combate ao garimpo ilegal dentro da TI Yanomami, em Roraima. Garimpeiros de diversos pontos do Brasil bem como de países vizinhos, em especial da Venezuela, invadiram essa Terra Indígina (TI), usurpando a abundante riqueza existente no interior dessa área protegida. Tais povos indígenas ainda vivem de maneira bastante isolada, dependendo tão somente do que a floresta e rios lhes provêm. A contaminação por mercúrio tem lhes trazido graves prejuízos socioambientais e coube a nós, enquanto União, defendê-los.

Eu e meus colegas, citados acima, tínhamos locadas, pelo Exército, duas aeronaves civis, tipo “teco-teco”, para nos transportar de Boa Vista até o interior da TI. Contudo na hora do embarque percebemos que toda a logística a ser transportada não seria possível em tão somente dois aviões. Foi providenciada uma terceira aeronave. Por motivos que desconheço, e me apegando demais à intervenção divina com toda certeza, vi-me afastado de meus colegas de trabalho, entrando na primeira aeronave com os quatro agentes da PF. Não posso deixar de dizer que, por praxe, temos que  permanecer com nossas equipes, ficando sempre juntos, ao participarmos de algum evento, seja ele fiscalizatório ou não. Nós nos mantemos próximos uns dos outros. Acho que é da natureza humana o fato de os iguais se aglutinarem.

Neste caso em particular, contudo, abandonei meus companheiros, pensando ser o melhor para nossa equipe, pois o pequeno avião que transportava a PF partiria primeiro, um segundo avião partiria 10 minutos após levando os 700 kg de bagagens e o terceiro avião voaria com a equipe do IBAMA. Por experiência já vivida nesses anos junto à fiscalização, sabemos que os indígenas tem por hábito o interesse pelo “alheio”… E não os condeno, pois vivem de forma tão primitiva que uma simples colher lhes chama a atenção. Meu objetivo foi, portanto, chegar primeiro ao local e dar garantias de que nada na bagagem seria mexido.

Partimos por volta das 10h30min da manhã. Pousamos na TI e, após uns 15 minutos, pousou a segunda aeronave com material e equipamento. Transcorridas mais de 02 horas, já ciente de que algo havia ocorrido, contudo sem imaginar as reais consequências com as quais me depararia, e mesmo com o Exército dispondo de equipamento para uso em guerra, o contato com Boa Vista se mostrou muito dificultoso, face o isolamento da área em que estávamos, bem no meio da selva amazônica. Após muitas tentativas sem sucesso, obtivemos um retorno dizendo que a aeronave com meus amigos havia sofrido um acidente ainda na pista de decolagem e que havia mortos e feridos. Imediatamente fui removido do local por um helicóptero militar que ao fazer seu primeiro pouso para abastecimento, em uma área abrangida por sinal celular, comecei a receber incontáveis chamados telefônicos querendo saber de mim. Sou pai de duas crianças pequeninas (3 e 5 aninhos) e minha esposa, em estado de choque, conseguira contato telefônico comigo, tendo a plena certeza que eu não havia morrido, como já estavam divulgando por diversos meios de comunicação.

Restou a morte de três companheiros de trabalho, inclusive a de um amigo muito próximo, pois trabalhávamos na mesma unidade em Florianópolis, durante anos. Todos foram carbonizados em questão de minutos por conta da explosão da aeronave. Como Deus provê a cada um de nós seu próprio destino, por questões ainda desconhecidas, um de nossos amigos conseguiu sair do pequeno avião em chamas, quebrando uma porta com chutes em meio a gritos de sofrimento e desespero inimaginável. Suas sequelas atingiram enormes proporções corpóreas, contudo ele está vivo e se restabelecendo. Toda esta situação, vivida muito de perto por mim durante toda a semana após o transcorrido, disparou uma série de situações que até então jamais sonhara viver. Passei, sim, por inúmeras ocorrências com risco real de morte, nos moldes do que todos presenciaram nesta sexta-feira última, no município de Humaitá/AM, quando depredaram todo nosso patrimônio, além de outros órgãos parceiros.

Desde três de julho passado estou vivenciando um quadro que foi diagnosticado como TEPT (transtorno de estresse pôs traumático). Minha vida virou um verdadeiro inferno. Não tenho disposição para mais nada, mal interajo com meus filhos que tanto amo. Encontro-me muito mal organicamente e mentalmente falando. Mau humor fortíssimo e agressividade, frieza e vontade extrema de ficar deitado no quarto escuro, sem diálogo com ninguém. Hoje, particularmente, estou péssimo e quero crer que realmente estou passando pelos sintomas da abstinência medicamentosa, pois subitamente deixei de tomar tanto o SPRAN quanto o Roydhorm. Foi dobrada a dose do ESPRAN e trocado o Patz pelo Roydorm de 01 mg, mas não houve nenhuma resposta nesses quase 03 meses de tratamento. Estou há quase 15 dias sem tomar esses remédios, pois além de terem acabado e eu não ter pegado nova receita em, anteontem informei ao psiquiatra que nada estava adiantando. Outros psiquiatras me disseram que sob-hipótese alguma deveriam ter-me prescrito benzodiazepinico para TEPT.

Vou lhes relatando meus novos passos rumo ao encontro da medicação ideal para mim além da dosagem adequada, quem sabe poderei estar ajudando alguém na mesma situação.

Nota: pormenor de uma obra de Edvard Munch

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Patenier e Metsys – A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada A Tentação de Santo Antão é uma obra do pintor Joachim Patenier (c.1485 – 1524), também conhecido como Joachim Patinir, e de Quentin Metsys (1466 – 1530). É conhecida a cooperação de Patenier também com outros pintores. Ele é tido como o pioneiro na pintura de paisagens na arte o ocidental.

A pintura apresenta uma ampla paisagem, em que podem ser divisados três planos:

     1.  Primeiro plano – principais figuras da tela (pintadas por Metsys).

O santo encontra-se sentado no chão, descalço, com o corpo de perfil e o rosto voltado para o observador. À sua direita encontra-se seu rosário (simbolizando sua fé) e uma concha (símbolo de Vênus), quando três jovens mulheres tentam seduzi-lo. Uma delas lhe oferta uma maçã (símbolo do pecado carnal e também do amor), outra lhe afaga os cabelos e a terceira bate palmas. Um macaco, às costas do santo, puxa-o através de suas vestes. Uma monstruosa e velha mulher, com os seios a saltar-lhe do decote, acompanha as jovens, parecendo extremamente libidinosa. O santo, apoiado na mão direita, e com a esquerda em postura de repulsa, tenta fugir.  Ele volta seu rosto para o observador, como se pedisse ajuda.

   2.  Segundo plano – três outros episódios da tentação ao santo.

Uma cena à direita mostra Santo Antão, quando este ia encher seu jarro com água. Duas jovens mulheres dentro do rio e uma terceira  de pé, no barco, tentam chamar sua atenção. Elas se encontram nuas e sedutoras. A que se encontra no barco levanta um copo, oferecendo-lhe bebida. O santo foge horrorizado, com a cabeça voltada para trás.

Uma segunda cena é vista no centro da tela, na entrada da cabana do santo, feita numa árvore. Ele aparece correndo dos demônios e também deitado no chão, sendo atacado pelas figuras satânicas que também queimam sua habitação.

Uma terceira cena mostra Santo Antão sentado sob a cobertura de uma capela, lendo seu livro de orações serenamente. Ao que parece, as tentações começam a partir deste ponto.

  3.  Terceiro plano – apresenta uma extensa paisagem ao fundo (pintada por Joachim Patinier).

A paisagem apresenta montanhas, rochas íngremes, águas azuis, céu cinza com nuvens carregadas, edificações, etc. No meio do céu são vistos monstros tenebrobrosos, lembrando a pintura criativa de Hieronymus Bosch.

Ficha técnica
Ano: 1520/1524

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 155 x 173,5 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fonte de pesquisa:-
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://fr.wikipedia.org/wiki/Tentation_de_saint_Antoine_(Joachim_Patinier)

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CUIDADO COM O DR. GOOGLE

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

A busca por informações sobre saúde na internet aumentou de forma exponencial, o que seria impensável há 40 anos. Se por um lado estas informações colocam o paciente mais informado, por outro, podem trazer problemas de ansiedade, pelo fato de o internauta não saber interpretar a relação entre sintomas clínicos e resultados de exames laboratoriais. Essa conjunção de fatores, que irão desaguar no diagnóstico e em um tratamento, é uma prerrogativa do médico – nunca do Dr. Google.

Há várias razões que explicam a procura por respostas sobre saúde na internet:

  • Uma delas é a conveniência. As pessoas se acostumaram a fazer pesquisas online para resolver todo tipo de problema ou simplesmente para se informar melhor sobre diversos assuntos. Devido a esta praticidade, o mesmo está sendo feito em relação à saúde.
  • Também há o fator ansiedade envolvido. Existem pessoas que tendem a se preocupar mais e, portanto, pesquisam na internet para identificar a gravidade de um problema. Para este tipo de pessoa, sobre uma dor de cabeça, que pode ter várias causas, normalmente o pensamento recaí sempre na pior alternativa: “será que pode ser um aneurisma ou um tumor”? A ansiedade se instala e perdura até que a procura ao médico solucione as dúvidas.
  • Outra causa é a dificuldade no atendimento. Todo mundo sabe que, nos serviços públicos de saúde, a marcação de consultas ou mesmo de um simples exame pode demorar meses. Até nos planos de saúde não são raras as queixas sobre a dificuldade de marcar consultas dentro de um prazo razoável.

Todo site sério sobre saúde ressalta, de uma forma ou de outra, que as informações contidas ali não substituem uma consulta médica. As informações acerca de uma condição de saúde ou de doença disponíveis “online” muitas vezes são tratadas como diagnóstico pelo usuário. A pessoa lê as informações, se identifica com os sintomas descritos e, por conta disso, acredita que a condição ou enfermidade ali abordada corresponde ao seu caso, levando necessariamente a uma automedicação. Suponha, por exemplo, que você esteja com dor de garganta. Você faz uma pesquisa na internet, descobre que o problema pode ser uma infecção bacteriana e decide tratá-lo com antibiótico. Este mesmo sintoma pode ter origem viral ou de um quadro alérgico. Nessas circunstâncias, o antibiótico não tem efeito benéfico, pelo contrário, pode causar problemas secundários e indesejados.

Dito isso, é importante deixar claro que assuntos médicos e de saúde na internet servem para nos deixar informados, não para fazer diagnósticos. Nesse sentido, eles podem assumir o importante papel de divulgar informações preventivas e a necessidade de fazermos determinados tipos de exames regularmente, por exemplo. Temos que considerar, porém, que por mais que uma página sobre saúde seja detalhada e precisa, ela não consegue reproduzir os efeitos de uma consulta médica. Essas páginas são generalistas e não podem, nunca, dar a entender que vão ajudar a dar diagnósticos e fazer um tratamento. O Dr. Google pode ajudar a informar, mas o diagnóstico e o tratamento cabem ao médico.

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Lorenzo Lotto – SÃO JERÔNIMO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A pintura denominada São Jerônimo é uma obra do pintor, desenhista e ilustrador italiano Lorenzo Lotto (c.1480 -1556). O artista serviu de ponte de transição entre os velhos mestres de Veneza e a arte do Barroco tardio, no norte da Itália. Dentre os pintores que exerceram influência em sua obra estão Giovanni Bellini, Antonello da Messina, Giorgione, Ticiano e Rafael. Ele pintou altares, obras religiosas e retratos. O tema desta obra, que chegou a ser atribuída a Ticiano, apesar dos muitos elementos semânticos e estilísticos que levam a Lotto, foi usado por vários artistas.

A cena mostra São Jerônimo bastante envelhecido, numa comovente posição, adorando o crucifixo de Cristo, no chão, à sua frente, no deserto. Ele se encontra nu, com uma longa barba branca, símbolo da sua sabedoria. Suas unhas estão grandes e sujas e suas veias à flor da pele rugosa. Encontra-se sentado sobre sua vestimenta vermelha, sendo que uma pequena parte dela lhe cobre a região pubiana. Sobre ela, atrás dele, desliza uma serpente escura. Seu chapéu vermelho, um de seus atributos, encontra-se à sua direita, assim como o açoite e a pedra, objetos de sua mortificação. Próximos a seu livro, que simboliza o seu título de doutor da Igreja, estão um osso e um escorpião que caminha em direção a ele.

À esquerda do santo, um lagarto parece fitá-lo atentamente. E um crânio, à sua frente, ao lado da pedra onde se recosta o crucifixo, simboliza a morte para o mundo, distanciando-se dos prazeres mundanos e passageiros. Ao contrário da maioria das representações de São Jerônimo que o mostram se torturando fisicamente, aqui ele é apresentado com os braços abertos, numa imitação física e emocional de Cristo na cruz.

O santo encontra-se sentado em meio a duas grandes rochas, tendo uma delas uma saída ao fundo, e que leva a uma verdejante paisagem, onde é visto um pastor ao lado de suas ovelhas a pastar. À direita, duas serpentes rastejam por entre os rochedos. Um anjo com uma tabuleta no ombro direito é visto acima de São Jerônimo, na passagem entre as duas rochas (não consegui descobrir o que está escrito na tabuleta). Mais distante, na paisagem, vê-se a imagem de um leão, principal atributo do santo, próximo a uma estrada, olhando para seu amigo Jerônimo.

Ficha técnica
Ano: c. 1546

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 99 x 90 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

s://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/saint-jerome-in-penitence

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