Botticelli – AS TENTAÇÕES DE CRISTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O afresco conhecido como As Tentações de Cristo e também Purificação, ou como O Sacrifício do Leproso é uma obra do pintor italiano Sandro Botticelli, referente ao ciclo de vida de Jesus. A composição denominada Cristo Dando as Chaves a São Pedro é uma obra religiosa do artista,  que faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento).

A composição apresenta inúmeros personagens, em diferentes episódios, o que a torna meio confusa, em razão da falta de organização composicional, pois o relacionamento entre as figuras não é nem espacial e nem rítmico. Os episódios retratados pelo artista referem-se aos Evangelhos. Três cenas na parte superior do afresco justificam o título da obra, mostrando as tentações sofridas por Cristo:

  • à esquerda, debaixo de uma aglomeração de árvores, Cristo, enquanto faz seu jejum, é tentado pelo diabo, com asas de morcego e pés de galinha, com vestes de um monge, que o instiga a transformar pedra em pão;
  • no centro, na parte mais elevada do templo de Jerusalém, o diabo desafia Jesus a pular dali, uma vez que será amparado por seus anjos. Esta cena divide a tela ao meio.
  • à direita, sobre um monte, o diabo mostra a Jesus os tesouros terrenos, prometendo-lhe que, se o adorar, terá total poder sobre aquelas riquezas. Satã é expulso por Jesus, que tem às costas três anjos que preparam a mesa para a celebração da Eucaristia.

No centro da composição, em primeiro plano, acontece uma celebração judaica. Ali se encontram o Sumo Sacerdote, que pode simbolizar Moisés, e um jovem homem de branco (que pode simbolizar Cristo), que foi curado da lepra por Jesus, e, que deverá ser purificado. O jovem segura uma tigela, juntamente com o sacerdote, dentro da qual se vê ramos de hissopo. Mais ao fundo, à esquerda, uma mulher aproxima-se trazendo duas aves para o sacrifício, dentro de uma vasilha de barro, coberta com um pano branco, sobre sua cabeça. Mais à direita, em primeiro plano, outra mulher traz sobre a cabeça um feixe de madeira de cedro, tendo próximo a si um pequeno anjo segurando cachos de uva. O hissopo, as aves e a madeira faziam parte do ritual de limpeza de um leproso.

Na frente da cena, que mostra o diabo tentando fazer Cristo transformar pedras em pães, num patamar inferior, vê-se o Mestre, acompanhado de três anjos, a explicar-lhes algo, possivelmente sobre os três testes feitos pelo diabo.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 345 x 556 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/b/botticel/4sistina/temptati/temptat.html

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VÊNUS BANHANDO-SE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A escultura de mármore denominada Vênus Banhando-se ou Afrodite de Doidalses é uma cópia romana de um original helenístico segundo Doidalses, um escultor de Bitínia, que viveu no século III a.C.. Alguns estudiosos modernos, no entanto, não estão certos da existência de tal artista, atribuindo a obra a um escultor anônimo.

Segundo estudos, o original perdido era feito em bronze, sendo visto em Roma na época de Plínio, que em seus escritos relata sua presença no pórtico de Otávia. Muitas cópias romanas encontradas são tidas como derivadas de Vênus Agachada, diferindo muito umas das outras, o que impede de se ter certeza de como era o original.

Vênus (ou Afrodite), a deusa do amor, é representada de cócoras, durante seu banho. Há também a interpretação de que a deusa recatada esteja a proteger-se na presença de um observador, com seus braços suavemente dobrados em torno do próprio corpo. Ela vira a cabeça delicadamente para sua direita, inclinando-a para baixo, tapa os seios com o braço direito e sua genitália com a mão esquerda. Seus cabelos, maravilhosamente esculpidos, têm a forma de um coque no alto da cabeça.

Ficha técnica
Segundo um original do século III a.C.
Altura: 82 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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PROFESSOR X SEMEADOR – IDEIAS E TIRIRICAS

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Tiriricas em nossos canteiros têm muita coisa em comum com os preconceitos que povoam nossas cabeças. Às vezes, nossas concepções sobre o Mundo e as pessoas parecem estar dominadas por um verdadeiro “tirirical”, arraigado ao “solo” de nossas cabeças.

O Prof. Paulo havia dado muitas aulas naquele dia, que havia sido muito cansativo. Quando o cansaço abatia-o, ele se lembrava de algumas dúvidas que frequentemente preocupam quem ensina. Quanto será que fica de tudo aquilo que se pretende ensinar? Como se dá o processo da construção do conhecimento na cabeça dos alunos? Como, quanto e de que forma esse processo depende do professor? Ele se dirigia para os fundos do colégio onde o aguardava o Fusquinha que o levaria para casa. Próximo ao estacionamento havia uma pequena horta, onde trabalhava “seu” Antônio, caboclo simpático e bom de prosa. Embora “seu” Antônio fosse homem de poucas letras, era uma dessas pessoas que vai acumulando com os anos uma sabedoria colhida ao longo da estrada da vida. Eram cativantes seu jeito simples de pensar e seu linguajar caboclo, mas sabido e alegre. Dessa vez, no entanto, ele estava meio jururu, com o semblante contrafeito. Com aspecto cansado, de cócoras sobre os próprios calcanhares, fazia seu “picadão” de fumo de rolo, usando um velho e gasto canivete. A palha para o cigarro aguardava presa no vão da orelha.

Vendo o desconsolo do velho amigo, o professor aproximou-se dele, disposto a ouvir as razões de sua contrariedade. Sem parar de fazer seu cigarrinho de palha, “seu” Antônio contou-lhe o “aconticido”. Duas semanas antes, o diretor do colégio havia-lhe entregue um envelope com preciosas sementes, trazidas do exterior, como coisa rara. Havia lhe recomendado que caprichasse no plantio. Escolhido o local para o canteiro, ele cavoucou o solo para remover a tiririca, aquela erva-daninha quase onipresente. Muitas horas foram gastas naquele árduo trabalho. Finalmente o canteiro foi tomando forma e a terra de sua superfície foi deixada fina e macia para receber as preciosas sementes. Tudo estava pronto para a delicada tarefa de colocá-las no solo e cobri-las com uma camada de terrinha fina misturada com húmus. A missão havia sido finalizada com um generoso regador de água. Agora era só esperar a germinação das sementes.

Os dias foram se passando. Diariamente, a semeadura recebia água e o olhar de uma ansiosa expectativa de “seu” Antônio. Com tantos cuidados dispensados, logo deveriam aparecer as tenras e minúsculas folhinhas daquele esperançoso plantio. Depois de muitos dias de grande expectativa, finalmente começaram a aparecer as primeiras folhinhas, delicadas e minúsculas, que ainda não dava para reconhecê-las. Aumentavam a cada dia sua expectativa e ansiedade. Finalmente o canteiro começou a ficar coberto pelo verde novo de minúsculas folhas. Mais regas e cuidados. Já era possível reconhecer a multidão de folhinhas. Possível!? Era tudo tiririca! Aquela germinação tão cuidada e esperada das boas sementes dera lugar a um eito de tiriricas, um verdadeiro tirirical.

Era natural a decepção de “seu” Antônio. Tanto trabalho e dedicação investidos para prevalecer a erva-daninha. Só depois de alguns dias começaram a parecer umas minguadas folhinhas diferentes e desconhecidas. Finalmente brotavam também, aqui, acolá, umas poucas folhas novas. Começava a aparecer algo das tão esperadas sementes. Mesmo assim era decepcionante ver uma brotada muito maior da tiririca que das boas e desejadas sementes. A essa altura “seu” Antônio havia completado seu cigarro de palha e já o “pitava” pela metade. Sua tristeza e seu desaponto eram bem justificados. Era muito trabalho e muita dedicação para ver a tiririca sair na frente, muito mais vigorosa que as sementes tão bem plantadas, desejadas e regadas de água e trabalho.

O Prof. Paulo havia ouvido toda a história e, já sentado sobre um velho tronco, dispunha-se a ajudar o velho amigo a superar sua decepção. Logo lhe pareceu ver uma forte analogia entre o que sentia o semeador e o que muitas vezes sente o professor. Disse a “seu” Antônio que entendia sua decepção, pois com os professores acontece algo parecido. Passou então a fazer uma correlação entre a semeadura de seu amigo e o trabalho dos mestres:

– O professor não faz canteiro, mas também “semeia”. Não semeia sementes de plantas, mas ideias que devem germinar e crescer na cabeça de seus alunos. Acontece que essas cabeças, quando chegam à escola, já trazem muitas “sementes” que foram tomando seu “solo. Muitas delas são como tiriricas, difíceis de serem extirpadas. As tiriricas, que o senhor cavoucou com seu enxadão, estão há muito tempo naquele solo do seu canteiro. Estão bem adaptadas às suas condições. Quando seu enxadão arrancou-as, muitos bulbos ficaram, e acabaram por transformarem-se em mais tiririca. Sem querer, seu enxadão contribuiu para maior disseminação daquela erva daninha. Teria sido necessário fazer uma extirpação completa da tiririca. Isso realmente é muito difícil.

O professor respirou fundo e continuou, enquanto “seu” Antônio ouvia tudo atentamente:

– As cabeças dos alunos, quando chegam à escola, já trazem, em seu “solo”, uma multidão de sementes que vão “germinar” independentemente da vontade do professor e do que ele vai “semear”. Muitas dessas “sementes” já foram “semeadas” pela família e pelo meio em que vivem, desde a idade mais tenra. Muitas delas são como “ervas-daninhas”, na forma de preconceitos e outras deformações. No seu caso, “seu” Antônio, o senhor pode esperar para ver a brotada do que semeou e também do que não semeou. Mesmo mais fracas, em desvantagem, talvez por serem estranhas ao solo, suas sementes, apesar de tudo, brotaram. Na maior parte das vezes, o professor não vê a “brotada” das que se empenhou em plantar. Às vezes nem quer ver o resultado, pois as “sementes” usadas são fracas, chochas, e não chegam a vingar diante de tanta “tiririca”. Mesmo quando semeiam boas sementes, elas sofrem a concorrência das tiriricas que sempre estão mais adaptadas e há mais tempo ao “solo”. Não bastam só o trabalho e suas boas intenções. Tem que saber mais sobre como funcionam as “tiriricas”, além de saber escolher as sementes e fazer com que sejam mais adaptáveis ao “solo” das cabeças, onde pretendem “semear.” Claro que muitos tipos de sementes exigem um especial cuidado na preparação do “solo”. Outras, que insistem em “plantar” podem ser inoportunas ou mesmo inadequadas para qualquer tipo de “solo”. Algumas são até inúteis, apesar do tempo e dos recursos que os professores gastam ao semeá-las.

A essa altura, o “picadão” de “seu” Antônio se havia reduzido a um toco, quase lhe queimando os beiços, tão surpreso estava com a inesperada explicação de seu amigo professor. Ele nunca imaginara que pudesse ter algo em comum com os professores, com seus problemas e suas decepções.

Nota: O semeador, obra de Vincent van Gogh

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Veronese – PAISAGEM COM VILA E CARRUAGENS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

pacovica

Pinte o que mais lhe agradar. (Daniel Barbaro)

O afresco Paisagem com Vila e Carruagens é uma obra do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Foi feita para o rico Daniel Barbaro, a fim de ornamentar sua Villa Barbaro, em Maser, cujo arquiteto foi o famoso Andrea Palladio. Amigo de Varonese, Daniel deu-lhe inteira liberdade para ornamentar seu palácio em conformidade com seu próprio gosto. O trabalho do artista para a Barbaro deixa patentes três pontos essenciais de sua arte: a simetria na composição, a presença da arquitetura e a descrição do cotidiano.

Este painel, ao ser pintado numa parede, sugere a existência de uma janela que dá acesso à suposta vista. Em primeiro plano são vistas manchas verdes e cor de terra, que repassam a sensação de sombra. São poucas as paisagens feitas pelo artista, mas nas poucas que fez, como neste caso, exprimiu imaginação e liberdade. Esta obra foi tão sublime que, séculos mais tarde, as pinturas da Villa Barbaro seriam igualadas às músicas de Bach.

A pintura mostra uma alameda com gigantescas árvores. Em primeiro plano está um homem conduzindo três cachorros. Mais atrás, uma carroça, guiada por um cocheiro e puxada por dois cavalos brancos, conduz duas mulheres ricamente vestidas. Dois homens a cavalo e dois outros a pé, acompanham a carruagem. Ao fundo vê-se a imponente Villa Barbaro. Uma carruagem está parada em frente, mostrando alguém que desce (ou sobe). Pessoas são vistas nas varandas. Um homem está sentado debaixo de uma árvore, ao lado de seu animal. Um céu majestosamente azul com nuvens brancas e três aves voando encimam a paisagem.

Ficha técnica
Ano: c. 1561
Técnica: afresco
Dimensões: medidas não encontradas
Localização: Villa Barbaro, Maser, Itália

Fontes de pesquisa
Veronese/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Correggio – JÚPITER E ANTÍOPE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Antonio Allegri (c. 1489-1534) acabou adotando o nome da cidadezinha de seu nascimento – Correggio. Presume-se que tenha sido aluno de Francesco Biachi Ferrarri, embora tenha recebido grande influência dos trabalhos de Andrea Mantegna, Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio e Michelangelo. É tido como um dos mais renomados pintores do Alto Renascimento. Ao buscar em sua obra o máximo possível de leveza e elegância, acabou por ser o primeiro a criar a pintura ilusionista. Inovou nos efeitos de luz e sombra. Foi também responsável por criar uma inusitada tridimensionalidade através do uso do escorço e da sobreposição.

A composição, que durante muito tempo foi intitulada Júpiter e Antíope, e atualmente é vista como Vênus e Cupido com um Sátiro por alguns, é uma das obras mitológicas mais antigas de Correggio. Para a maioria dos estudiosos de arte deve ser vista mais como uma complexa alegoria de amor terreno e menos como uma descrição exata de uma lenda. Uma cópia da obra foi descrita no século XVII como um “Venrie Mundano” (Vênus Terrena), numa referência ao amor carnal. A discussão sobre a obra continua até hoje. Retrataria ela Júpiter e Antíope ou Vênus e um sátiro? A resposta fica com os estudiosos, quando entrarem num consenso.

A cena mostra Antíope (ou seria Vênus?), nua, dormindo a céu aberto, na floresta. A seu lado, também em profundo sono, Cupido (Eros), está deitado sobre uma pele de leão. Acima de sua cabeça encontra-se seu arco, e à direita da jovem (ou deusa) está sua aljava, feita com a cauda pintada de um animal. A jovem traz parte de seu corpo sobre um manto azul, e encontra-se ligeiramente inclinada em direção ao gorducho deus Cupido. Sua mão esquerda repousa sobre o arco do deus, enquanto a direita envolve a própria cabeça, que traz o rosto voltado para cima. A luz da tarde dá um tom dourado aos corpos nus, e também reflete nos cabelos cacheados da personagem. Uma tocha fumegante jaz entre os dois, com a chama voltada para cima, simbolizando o amor que jamais adormece e tem o poder de inflamar aqueles a quem toca.

Júpiter (ou seria um sátiro?) tomou a forma de um voluptuoso sátiro para aproximar-se de Antíope e seduzi-la. Ele levanta o manto azul que cobre o corpo da mulher, para melhor admirá-lo. O manto também encobre seu pênis, que deveria se encontrar em estado de excitação. Embora Antíope (ou Vênus) tenha sido surpreendida quando se encontrava dormindo, é possível perceber movimentos sensuais em seu corpo, como se estivesse tendo sonhos libidinosos.

Corregio fez uma série de pinturas ilustrativas dos amores de Júpiter, deus romano, conhecido por Zeus na mitologia grega.  Dentre elas estão as referentes a Dânae, Leda, Io e Ganimedes. A obra acima é um exemplo do estilo amadurecido do artista, onde são vistas influências de Giorgione e Leonardo da Vinci, como os tons esfumaçados.  Sua pintura está de acordo com a sensualidade de seu sujeito: linha sinuosa, cor atmosférica, luz crepuscular e modelagem voluptuosa. O tema envolvendo Júpiter e Antíope já foi retratado por vários pintores, dentre os quais podemos destacar Antoon van Dyck, Jean-Antoine Watteau e Jacques-Louis David.

Ficha técnica
Ano: c. 1524/25
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 190 x 125 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/venus-satyr-and-cupid

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SER POP É FUNDAMENTAL!

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 Autoria de Ana Maria Mallmann

Tenho 25 anos. Comecei a sofrer de TAG há quatro anos, depois do término de um relacionamento abusivo. No mesmo ano consegui melhorar sozinha, pois comecei a faculdade, fiz novas amizades e deixei as memórias daquele relacionamento traumático para trás. Porém, eu sou uma pessoa muito contida e sensível, e, com o passar do tempo, foram surgindo problemas familiares e emocionais. Fui absorvendo tudo até que, em novembro do ano passado, a ansiedade voltou como um tsunami na minha vida, trazendo junto consigo a síndrome do pânico (SP). Desde aquele mês até abril deste ano sofri quatro ataques de pânico. Um foi em casa, outro numa festa de casamento, e os outros dois no ônibus e no trem, a caminho da faculdade. Foi simplesmente horrível! Fiquei, durante duas semanas, trancada em casa, e extremamente preocupada, porque adorava estudar, passear com a família e os amigos. Eu, que viajava sozinha e nunca tinha problema com lugares cheios de gente, daquele momento em diante, só de ir à esquina da minha casa já entrava em pânico. Ao entrar num supermercado, na sala de aula cheia de colegas ou num restaurante, eu já queria sair correndo, desesperada.

Agilizei para buscar ajuda profissional. Meu neurologista/psicopatologista me diagnosticou com SP (Síndrome do Pânico) e Agorafobia (medo mórbido de encontrar-se em lugares públicos e grandes espaços descobertos, de onde é difícil ou embaraçoso sair) e, para o meu tratamento, ele receitou o Escilex, sendo cinco mg na primeira semana, aumentando para 10 mg a partir da segunda. Nas duas primeiras semanas eu acordava sentindo um aperto no peito e muito ansiosa. Tive dores de cabeça, diarreia, boca seca, muita sonolência, e não sentia prazer em nada e, por isso, passava o dia inteiro jogada no sofá ou na cama, sentindo-me angustiada e muito desanimada, achando que isso nunca iria passar. Se não fosse pelo fato de ter descoberto este cantinho, logo no início, eu teria desistido do meu tratamento!

Encontrei aqui neste espaço tantas pessoas passando exatamente pelo que eu estava sentindo, que eu lia os comentários como se fossem meus, e lia as respostas como se fossem para mim. Isso me deu muita força e me senti acolhida. Dói muito saber que há tantas pessoas sofrendo de TAG, SP, depressão, muitas delas se sentindo extremamente sozinhas, tomando atitudes drásticas para acabar com o sofrimento, mas, ao mesmo tempo, sinto muita esperança, ao ver que existem pessoas bondosas, empáticas e pacientes como a Lu, a quem sou muito grata por ter criado este cantinho, um alento para mim, que me sentia muito sozinha, pois as pessoas à minha volta não entendiam direito o que eu sentia, não dando muita importância ao meu problema. Além disso, ela me deu coragem para ultrapassar aquela fase tenebrosa do início do tratamento. Um conselho, palavras consoladoras de alguém que sente ou sentiu as mesmas coisas que a gente, tudo isso é fundamental para seguir adiante.

Hoje está fazendo exatamente um mês que comecei meu tratamento. As reações adversas desapareceram, não estou 100%, pois cada dia ainda é uma luta para sair de casa, mas, quando chego, sinto-me aliviada, animada e mais otimista por ter conseguido pegar um transporte público, ter voltado às aulas e, aos poucos, ir recuperando meus estudos e a minha vida social. Meu conselho para cada um daqueles que se sentem vítimas de transtornos mentais é que procure um médico que lhe passe segurança e que escute atentamente tudo aquilo que você tem para falar. Quando a vontade de desistir for grande, respire fundo e venha para este cantinho. Ser POP (paciente, otimista e persistente) é fundamental!

Um abraço com carinho para todos, em especial para você, querida Lu!

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