Rembrandt – A CEIA EM EMAÚS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) recebeu educação formal na Escola Latina, dos sete aos 14 anos de idade. Daí seguiu para a universidade, a qual abandonou num período de poucos meses, pois sua vocação era outra: a pintura. Tornou-se aluno do pintor holandês Jacob van Swanenburgh, após a volta desse da Itália, onde havia passado um longo período, demonstrando grande interesse pelo Renascimento italiano. Rembrandt, seduzido pelo estilo italiano, passou a frequentar o ateliê de outro mestre, Jacob Symonszoo Pynas, também adepto do mesmo estilo. Morou depois em Amesterdã, onde frequentou o estúdio de Pieter Lastman, um conceituado pintor de histórias bíblicas e cenas mitológicas, que havia trabalhado junto a Caravaggio e seus alunos.

A composição intitulada A Ceia em Emaús é uma das obras-primas do pintor em sua idade madura, período em que dá mais destaque à figura de Cristo. A história bíblica sobre a “Ceia em Emaús”, na qual Jesus aparece, e depois tem uma refeição com dois de seus discípulos, após a sua ressurreição, é um tema comum na história da arte cristã, tendo sido retratado por inúmeros artistas, inclusive o próprio Rembrandt já o havia pintado. Aqui ele apresenta um cenário arquitetônico gigantesco, embora seja extremamente simples, comportando poucos elementos: a porta, as colunas e a moldura do nicho, lembrando o começo do cristianismo com suas basílicas paleocristianas.  O nicho é responsável por servir de fundo para os personagens, especialmente para a figura de Cristo.

O Mestre Jesus é o personagem central da obra, o centro espiritual da cena, responsável por difundir luz num ambiente escuro, atingindo o rosto e as mãos dos três homens ali presentes. Nesta difusão de luz natural e divina, tudo é matizado, começando pelas cores iridescentes das vestes de Cristo, chegando aos gestos emocionais dos peregrinos, que reconhecem o Salvador ressuscitado. Cristo não é visto a repartir o pão, como em outras pinturas,  o artista retrata-o após esse momento, estando os dois apóstolos já conscientes de sua ressurreição e, por isso, a luz que dele emana enche todo o ambiente em que se encontram, exalando paz.

Cristo está sentado à mesa com as duas mãos unidas, apoiadas sobre essa. Embora se encontre de frente para o observador, seus olhos estão voltados para cima. À sua esquerda, o rapazinho ainda segura a bandeja com dois pedaços de pão, aparentemente sem compreender o que se passa. Um dos apóstolos, de costas para o observador, com as mãos em postura de oração, mostra-se em estado de adoração. O outro, com o olhar voltado para o Mestre, apoia-se no braço da cadeira e segura na mão direita um guardanapo. A mesa está forrada com um tapete e, sobre ele, uma toalha branca. Poderia ser uma simples cena de gênero, tão despojada que é de detalhes, se não houvesse uma auréola a circundar a cabeça de Jesus e a luz resplandecente que reflete de seu corpo ressuscitado.

Jesus Cristo é visto nesta pintura de Rembrandt como a Luz do Mundo, responsável pela salvação da humanidade através de uma experiência interior. Por isso, a luz que dele emana, iluminando a escuridão, é a parte essencial da pintura, responsavel por sua narrativa.

Ficha técnica
Ano: 1648
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 68 x 65 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://rembrandt.louvre.fr/en/html/r13.html
http://www.wga.hu/html_m/r/rembrand/13biblic/39newtes.html
http://www.artway.eu/content.php?id=1154&lang=en&action=show

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VITÓRIA DE SAMOTRÁCIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

          

A estátua, feita em mármore branco de Paros, intitulada Vitória de Samotrácia ou Nice de Samotrácia, representa a deusa grega Nice (Nike, em grego), ou seja, a deusa da Vitória. Trata-se de uma das obras-primas do mundo Antigo. Foi encontrada na ilha grega de Samotrácia, situada no norte do mar Egeu, ilha essa que se tornou famosa após a descoberta da escultura em pedaços, em 1863. Charles Champoiseau, arqueólogo amador francês, foi o responsável por sua descoberta, tendo a enviado para seu país no mesmo ano. Algum tempo depois foi encontrada a proa da embarcação e o pedestal, esculpidos a partir de mármore cinza e branco das pedreiras de Lartos, na ilha de Rodes, formando um maravilhoso contraste com a estátua branca.

Crê-se que a escultura da deusa alada era mostrada de pé na proa de uma embarcação, com o vento marinho a soprar-lhe as roupas. A obra foi depositada num nicho de pedra, cavado em uma colina,  e que também podia conter uma piscina com água, onde o navio poderia flutuar. Seria vista do lado esquerdo da frente, uma vez que esse é bem mais trabalhado do que o direito. Esta escultura grega, cuja forma e movimento têm impressionado críticos de arte e artistas de todos os tempos, embora seja de estrutura maciça, deixa patente a maestria do escultor pela naturalidade nela presente.

A vestimenta da deusa Nice, colada a seu corpo, mostra um fantástico drapeado, que parece feito sob a ação da água salgada e do vento marinho, enquanto ela desliza suavemente. Sua túnica, descendo até seus pés, adere-se a seu corpo, enquanto seu manto desce, escorregando-se de seus ombros, aderindo-se às suas pernas e esvoaçando na parte de trás. Um cinto é visível abaixo dos seios, enquanto outro está escondido sob as dobras do tecido nos quadris, com o objetivo de encurtar a saia. O tratamento dado à sua vestimenta está relacionado aos conhecidos “panos molhados”, que aqui revelam seu corpo através da transparência.

Os braços e a cabeça da escultura jamais foram encontrados, embora outros fragmentos tenham sido achados, como a mão direita, sem dedos, a ponta do dedo anelar e o polegar, que se encontram numa caixa de vidro no Louvre. Seus dois pés, esculpidos separadamente, também não foram encontrados, sendo sua posição recriada. O pé direito apresentava-se saindo do convés, enquanto o direito ainda se encontrava no ar, o que pressupõe que a deusa estivesse descendo da embarcação.

A Vitória Alada de Samotrácia encontra-se hoje na Escadaria Daru do Museu do Louvre, em Paris, sendo uma das mais importantes atrações do museu. Está de pé em um baixo pedestal,  sobre uma base em forma de proa de um navio. Como acontece com obras da Antiguidade, é muito difícil precisar sua criação. A escultura é tida como pertencente ao período helenístico e uma obra-prima dessa época. Presume-se que tenha sido esculpida como um ex-voto oferecido pelo povo de Rodes, com o objetivo de homenagear a deusa Nice e celebrar uma vitória naval. Trata-se de um ícone cultural. Passou por um profundo restauro em 2013 e 2014.

Ficha técnica
Ano: c. de 220/190 a.C.
Altura de toda a peça: 5,57 m
Altura da estátua: 2,75 m
Base: 2, 01 m
Pedestal: 36 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/winged-victory-samothrace
http://musee.louvre.fr/oal/victoiredesamothrace/victoiredesamothrace_acc_en.html

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Vermeer – A RENDEIRA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O gênio do mestre de Delft consistia em reproduzir as deformações ópticas naturais do olho humano criando várias profundidades de campo. (Louvre)

O pintor holandês Johannes van der Meer, também conhecido como  Jan Vermeer, ou apenas Vermeer, (1632 – 1675), embora tenha apenas 35 obras conhecidas, é tido como um dos grandes nomes da pintura holandesa, tendo sido apelidado de “a Esfinge de Delft”. Apesar de ter pertencido ao século 17, só se tornou realmente reconhecido como um grande pintor em meados do século 19. É visto hoje como o segundo pintor holandês mais importante do século 17 (período conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às importantes conquistas culturais e artísticas do país nessa época), ficando aquém apenas de Rembrandt. Alguns dizem que ele nunca usou a pintura profissionalmente, pintando apenas por prazer.

A composição intitulada A Rendeira, ou ainda A Bordadeira, é uma obra do artista. Tanto a literatura quanto a pintura holandesa retratavam o trabalho de renda e de costura como sendo importantes qualidades domésticas. A mulher virtuosa, além de dedicar-se a seu trabalho de rendeira é também temente a Deus, conforme preconizava a moral religiosa da época. A jovem mulher traz à sua direita, numa mesa próxima, um livro de orações, ou uma pequena Bíblia, com capa de pergaminho e laços de fita escuros. Ao lado do livro encontra-se uma almofada de costura azul-escuro, com bordas decoradas, dividida em duas partes. Dentro dela, na parte inferior, existem compartimentos para guardar linhas, agulhas, dedais, etc. Muitas vezes esse tipo de almofada ficava no colo da mulher, enquanto ela trabalhava. Aqui, através de uma pequena abertura, saem fios brancos e vermelhos.

A jovem, vista por alguns estudiosos de arte como provável filha do artista, Maria ou Elizabeth, está postada em primeiro plano, curvada sobre seu trabalho. O certo é que ela é um membro da burguesia da cidade de Delft, pois não usa uniforme para trabalhar, encontrando-se muito bem vestida. Mostra-se atenta a sua atividade, indiferente ao que se passa em derredor. Usa uma blusa amarela, provavelmente de cetim, com uma imensa gola de delicada renda branca. Seu penteado é bem incomum para os nossos dias, mas está em conformidade com a época em que a obra foi pintada. Suas mãos, ao manusear os bilros, repousam sobre uma delicada almofada azul-claro. Um fino fio branco esticado é trabalhado entre seus dedos. A superfície da mesa, onde ela trabalha, pode ser abaixada e levantada, de modo a facilitar seu trabalho.

Pelo fato de a modelo encontrar-se bem próxima ao observador, torna-se difícil a distinção de suas formas, fato incomum nas obras de Vermeer, que gostava de deixar amplos espaços entre o observador e o tema. Esta é também a menor de suas obras. A luz que ilumina a cena, e de modo especial a testa e os dedos da moça, entra pela direita. Uma parede clara, sem qualquer outro elemento, serve de pano fundo, de modo a levar o observador a concentrar toda a sua atenção na cena. As formas em primeiro plano apresentam-se mais desfocadas. Para Renoir, esta é uma das pinturas mais lindas do mundo, juntamente com “Viagem à Ilha de Citara”, de Watteau, ambas no Louvre e estudadas aqui no nosso site.

Ficha técnica
Ano: c. 1669/71
Técnica: óleo sobre tela (anexado ao painel)
Dimensões: 24 x 21 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/lacemaker
http://www.essentialvermeer.com/catalogue/lacemaker.html

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Quentin Massys – O BANQUEIRO E SUA MULHER

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                  

O pintor holandês Quentin Massys (c.1465 – 1530) é tido como responsável pela fundação da escola de pintura da Antuérpia. Presume-se que tenha iniciado seus estudos sobre pintura na Bélgica, cidade onde nasceu, indo a seguir para Antuérpia, onde participou da Guilda de São Lucas. O artista ficou famoso por ter sido o primeiro pintor holandês a compor figuras humanas sem levar em conta a iconografia tradicional cristã, mostrando-as operando livremente no seu dia a dia. Ele pertenceu à mesma época de Albrecht Dürer, Hans Holbein, o Velho, entre outros nomes da pintura flamenga.

A composição intitulada O Banqueiro e sua Mulher, também conhecida como O Cambista e sua Mulher, é uma obra do artista, sendo um bom exemplo da influência da primitiva pintura flamenga, tão característica do estilo do pintor. É vista como uma das primeiras cenas de cotidiano da história da arte. É interessante saber que esta pintura, após mais de um século de sua existência, apareceu pintada, como um quadro dentro de outro, conforme mostra a gravura menor, denominada “A Oficina de Apolo”, obra do pintor Willem van Haecht. E você, como bom observador que é, deverá encontrá-la ali (amplie a foto menor clicando nela).

O artista, em relação à sua pintura acima, deixou aos críticos a difícil missão de nomeá-la. Seria um retrato duplo, uma cena de gênero ou uma alegoria religiosa? Para alguns se trata de uma obra alegórica e moral, que despreza a avareza e louva a honestidade e a oração. Naquela época, os artistas usavam a pintura como ensinamento, condenando os vícios e mostrando às pessoas que a vida humana é frágil e passageira. Esta pintura de Massys lembra-nos “Santo Eloi” (presente aqui no site), obra de Petrus Christus, tanto no seu detalhamento quanto nas figuras enormes. Ao longo dos anos, esta composição tem sido copiada e replicada. O espelho presente na obra também nos lembra “O Casal Arnolfini” (também presente aqui), obra de Jan van Eyck. As roupas arcaicas, anterior à época da criação da obra, jogam por terra a teoria de que se trata de um retrato duplo.

A cena mostra um casal rico, sentado diante de uma mesa forrada com um pano verde. As duas figuras monumentais, simétricas e enquadradas, ocupando a maior parte do painel, são o foco de atenção da obra. O marido veste um casaco azul-cinzento e uma espécie de chapéu verde, enquanto a esposa usa um vestido vermelho e uma coifa branca, adornada com um alfinete de ouro, na testa. Acima da touca ela usa certo tipo de chapéu. As mangas e gola das vestimentas de ambos são de pele. A mulher usa anéis de ouro no dedo mindinho da mão direita e o homem no dedo indicador do mesmo lado.  A mão esquerda de ambos realiza o mesmo gesto pendente no ar: ela segurando a página do livro e ele a balança.

O marido mostra-se extremamente concentrado em seu trabalho. Traz uma balança na mão esquerda e uma moeda na direita. À sua frente estão quatro anéis de ouro com pedras preciosas, enfiados num canudo de papel, uma taça de cristal e ouro, um monte de pérolas sobre uma bolsa de pano preto, tidas como símbolo da luxúria, moedas de ouro de diferentes países e épocas e objetos usados para pesar. A esposa tira sua atenção do livro que lê, ou seja, de sua obrigação espiritual, para centrá-la no serviço do marido. O grosso “Livro de Horas”, ricamente adornado, é uma obra de devoção, conforme mostra a figura da Virgem Maria com seu Menino Jesus. A página, onde a mulher descansa a mão, tem como imagem um cordeiro, símbolo relativo ao Apocalipse. O livro de orações representa o mundo espiritual e a balança o material.

Um espelho convexo e redondo está colocado em primeiro plano, próximo ao encontro dos braços dos dois personagens. Trata-se de um objeto muito usado na pintura flamenga, com dois objetivos: criar um elo com o espaço e emoldurar a cena refletida. O espelho em questão reproduz a imagem de um homem de pé, aparentemente lendo um livro, em frente a uma janela dividida em cruz, que se abre para fora, onde se vê a torre gótica de uma igreja e outra edificação. Este homem estaria de frente à mesa. Seria ele um cliente? Na lateral direita da composição, através de uma porta entreaberta, vê-se um velho e um jovem conversando na rua. O homem idoso parece admoestar o jovem sobre os perigos de entrar naquele lugar.

Ao fundo, atrás do casal, encontra-se uma estante de madeira com duas prateleiras à vista. Os objetos ali dispostos têm por objetivo reforçar a mensagem moral do painel. No canto direito da prateleira mais baixa, atrás do chapéu da mulher, vê-se uma vela apagada, enquanto na prateleira mais alta encontra-se uma maçã. Os dois objetos, símbolos da morte, aludem ao pecado original e à fugacidade da vida. A garrafa com água, situada à esquerda da primeira prateleira, e o rosário dependurado logo abaixo, simbolizam a inocência e pureza da Virgem Maria, e a diminuta caixa de madeira, logo abaixo do rosário, simboliza a ausência de fé.

Ficha técnica
Ano: 1514
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 71 x 68 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/moneylender-and-his-wife
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_cambista_e_a_sua_mulher_(Matsys)

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VÊNUS DE MILO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

               

A estátua de Vênus (Afrodite na mitologia grega), deusa da beleza e do amor, foi encontrada em 1820 em Milo, uma ilha vulcânica situada no arquipélago das Cíclades, no Mar Egeu, na Grécia. Por isso, acabou recebendo o nome de Vênus de Milo. Foi criada em mármore pariano e está ligada à arte helenística, segundo afirmação de alguns estudiosos. A beleza vista nesta estátua da Grécia Antiga mostra a delicadeza com que o artista trabalhou a formosura feminina. Ele usou o conceito de três dimensões arredondas e não a conhecida figura de quatro lados. Não se sabe como a estátua perdeu os braços e o pé esquerdo, tampouco se conhece algo sobre sua autoria, datação e representação, pois pode ser também Amphitrite, deusa do mar, que era venerada na ilha de Milo.

Esta obra-prima foi adquirida pela França, um ano depois de encontrada, e exposta no Museu Louvre em Paris. Sua fama é tamanha que tem sido divulgada nos mais diferentes meios de circulação (estampas, filmes, literatura, souvenires, etc.) e copiada ao longo dos anos, tornando-se um ícone popular. É sem dúvida uma das estátuas antigas mais famosas em todo o mundo. É composta quase que exclusivamente por dois grandes blocos de mármore, sendo que inúmeras partes menores (busto, pernas, braço e pé esquerdo) foram trabalhadas em separado e depois agregadas ao corpo da estátua com estacas. Presume-se que o mármore pode ter sido pintado com um conjunto de várias cores, agora desbotadas.

A Vênus de Milo, cuja face esboça um leve sorriso, mostra-se ereta e despida até o quadril. Seus seios são pequenos e firmes. Traz a perna esquerda levemente levantada e jogada para frente.  Encontra-se um pouco inclinada para a sua direita, jogando todo o seu peso na perna do mesmo lado, mostrando uma pequena curvatura no tronco. Um manto drapeado oculta seus membros inferiores e deixa à vista parte das nádegas, onde sua veste é toscamente trabalhada, sendo seu acabamento mais primoroso na parte frontal, uma vez que as estátuas eram colocadas em nichos. Orifícios de fixação em seu corpo levam a crer que usava joias de metal (braçadeira, brincos e tiara). Seus cabelos longos e anelados, divididos ao meio, estão juntados num coque, enquanto algumas madeixas descem-lhe pelo pescoço e costas.

Ficha técnica
Ano: 2ª metade do séc. II a.C.
Altura: 204 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/aphrodite-known-venus-de-milo

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TERRA: NOSSA MINÚSCULA NAVE

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Talvez a maior grandeza do homem esteja na sua capacidade de entender e admitir sua pequenez e insignificância diante do tamanho e majestade do Universo.

Encerradas todas as tarefas com nosso pequeno rebanho, subimos para nossa casa que ficava no alto da colina. Com os relâmpagos da noite chuvosa podiam-se ver muitas casas da vizinhança, situadas ao longo do vale dos Fernandes, próximo à estaçãozinha de Corrupira. Ao entrar em casa, uma última olhada pelo vale revelou que ainda havia algum sinal de luz na casa de meu avô paterno, que ficava a uns quinhentos metros da nossa. Ele fustigava e sacudia um velho rádio de grandes válvulas que havia trocado por uma égua chamada “Piranha” e, que era alimentado pela eletricidade gerada numa mini-hidrelétrica, cuja construção caseira eu acompanhara.

Aquele rádio produzia muito mais silvos, chiados, “pipocas” e “estática” em “ondas curtas” que qualquer coisa entendível. Era uma tentativa de conseguir algum fragmento de notícia da guerra que se desenrolava na Europa. No dia seguinte ficamos sabendo do ataque japonês a Pearl Harbour. Com isso, os Estados Unidos entravam na segunda “Grande Guerra” que passava a ser mundial, estendendo-se à Ásia e ao Pacífico. De um lado agora estavam os “Aliados”, com os Estados Unidos, e do outro o “Eixo”, também chamado de RoBerTo, de Roma Berlim e quio. Estávamos em dezembro de 1941 e eu ainda completaria 12 anos.

Bem mais tarde, eu já adulto, a mesma experiência seria por mim evocada (texto SOLIDÃO E AMIZADE EM MEIO À TORMENTA), e me ajudaria a compreender a angústia da solidão e a importância confortante da amizade, da companhia e da solidariedade. Quando comecei a estudar Astronomia, fui me dando conta da esmagadora solidão em que nos encontramos, vagando pelo espaço em nossa minúscula “nave”, o nosso planetinha Terra.  Na medida em que nos conscientizamos de nossa pequenez, de nossa insignificância e isolamento, somos invadidos por uma forte sensação de solidão e impotência. Isso é inevitável, na medida em que compreendemos as distâncias astronômicas, a pequenez e a fragilidade da Vida em sua história sobre nosso planeta. Acredito ser essa assustadora vertigem do caráter efêmero e insignificante da Vida que faz com que as pessoas busquem refúgio nas religiões.

É assustador aceitar a simples mortalidade do homem, como nos demais seres vivos. A solidariedade, as amizades e o amor podem mitigar nosso medo de findar para sempre.  Daí nossa “necessidade” de criar “outras” vidas no “outro mundo”. A consciência de nossa real pequenez sobre a Terra pode nos ajudar a perceber a importância da solidariedade para diminuir nossa solidão.

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