Siga-nos nas Redes Socias:
Autoria de Edward Chaddad

É mais um Dia das Mães, que passo sem sua presença, sem seu carinho, sem seu sorriso, sem seu jeito afetuoso e meigo, que tanto emocionava nossa família. Havia em mim, confesso-lhe, uma amargura intensa, como se uma dor lancinante penetrasse forte, tormentosa, em meu coração diante de sua ausência. Estava compenetrado, arraigado, fechado em mim com estes pensamentos e acabei fazendo-lhe um texto, exteriorizando a dor que sentia com a sua ausência, este insuportável e penoso vazio.
Ausência! Essa era a palavra que batia forte em meu ânimo, deprimindo-me; dava para sentir o sabor da melancolia. Na poesia, evidenciei estes sentimentos pesarosos, nos seus versos finais. Ao comentá-los, uma amiga alertou-me sobre a dor da ausência, dizendo que ela parece nos aliviar do sofrimento e, no poema, asseverou-me que eu havia retomado a minha vida. Para tanto, lembrou-me Carlos Drummond de Andrade, postando seu poema “Ausência”. Em seguida, disse-me para não me entristecer com a ausência, que, como diz Drummond, “é um estar em mim”, que permanecerá como saudade. E eu a compreendi e voltei novamente a sorrir.
Realmente, Mãe, esta saudade está tão forte em meu coração, que a encontro em mim. Como não serei feliz ao recordar daquela que me deu a vida, ninou e me embalou nos braços durante tantas noites, tratou-me com tanto carinho e afeto e, durante toda a vida, foi a força que me apoiou para viver e lutar, o conselho e o estímulo, para enfrentar as minhas dificuldades, sem nunca esmorecer.
Quero agora e sempre sorrir alegre ao rever as nossas lembranças, essa ausência assimilada, que ninguém mais irá nos roubar, os momentos maravilhosos que vivemos, consigo, Mamãe, todos nós, sua família, seus filhos, seus genros e nora, seus netinhos e até mesmo bisnetos. Você nos amou e nós todos a amamos. Falar de sua vida tão doada à nossa felicidade, horas de dedicação, de trabalho, de paciência, de alegrias e tristezas, é recordá-la ensinando-nos a esperança, a fé e o amor, nos seus mais singelos, porém sublimes atos de afeição a toda família.
Dos seus pertences, fiquei com alguns de seus quadros, todos bordados, com tanta arte, que parecem até pintura a óleo. Eu me emociono ao vê-los, pois sei que cada um deles consumiu meses e meses de trabalho árduo, colocando a descoberto a sensibilidade e o sentimento maravilhoso que habitavam seu espírito. São lindos. Comoventes. Vendo-os, percebo que ainda está entre nó, porque sua existência, como seus quadros, perpetua-se formosa e perfeita em nossas vidas e faz parte de nossos corações.
Mãe, você é a saudade, um legado da ausência. Está dentro de nós, como disse o Poeta, aconchegada em nossos braços. Até estou ouvindo-a cantar, no meio de todos nós, sua família, sua música preferida, “Da Cor do Pecado”, com aquela voz afável, delicada e sentimental, que me faz chorar de alegria por ter tido a felicidade de ser seu filho. Mãe, tenho a certeza que sempre estaremos juntos, rindo, alegres, amando-nos, presos e acorrentados, um ao outro, pela saudade, eternamente.
Views: 0