Mestre da Vida da Virgem – O NASC. DA VIRGEM

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Autoria de LuDiasBH

A Escola de Colônia, no final do século XV, encontrava-se profundamente influenciada pela segunda fase da pintura flamenga, com a predominância da arte de Rogier van der Weyden e de Dieric Bouts, embora a arte de Stephan Lochner continuasse tendo um grande prestígio na produção da escola. O Mestre da Vida da Virgem, também conhecido por alguns, mas não aceito por outros, como Master of Wilten ou Johann van Duyren, faz-se notar em meio a esse grupo, tendo feito inúmeros retratos no período. Foi responsável por criar uma série de oito composições referentes à Vida da Virgem Maria, e sete delas estão presentes em Munique e uma em Londres. É um dos mais famosos pintores do Gótico tardio da Escola de Colônia (título que descrevia as pinturas alemãs em geral, utilizado pela primeira vez no século XIX, mas que depois passou a referir-se aos pintores que residiam na cidade medieval de Colônia, entre 1300 e 1550).

Santa Ana, deitada numa imensa cama de madeira com dossel vermelho, forrada com uma longa colcha da mesma cor, sobre um lençol branco, entrega sua filhinha Maria, que acabara de nascer, a uma das mulheres presentes, para que seja levada ao banho. A cena acontece num amplo quarto, onde estão presentes nove mulheres, incluindo a velha mãe, pois, segundo a tradição, Santa Ana e Joaquim já se encontravam idosos, quando nasceu Míriam, que significa “Senhora da Luz” em hebraico, e que foi passado para o latim como Maria.

As figuras humanas estão divididas em três grupos de duas e três mulheres, sendo que uma delas se encontra sozinha. Debruçada sobre Santa Ana, uma mulher recebe o bebê, enquanto a outra, atrás, segura um pano para envolvê-lo. Duas figuras de pé conversam entre si. Próximas aos pés do leito, três jovens preparam o banho. Uma delas despeja água numa vasilha, aparentemente de madeira, enquanto a outra testa o calor do líquido. A terceira do trio traz nas mãos um pano branco para enxugar a criança. E à esquerda da cama, de costas para o observador, debruçada sobre uma arca aberta, outra jovem estende um tecido branco, provavelmente uma roupinha de pagão, para uma das responsáveis pelo banho.

Um par de chinelos, cruzado em forma de tesoura, provavelmente pertencente à nova mãe, encontra-se próximo à arca de madeira, trabalhada em alto-relevo, e que se encontra repleta de panos brancos cuidadosamente dobrados. Uma almofada encontra-se no chão, próxima ao recipiente com água, provavelmente será usado para colocar o bebê após o banho. Ao fundo, na lateral esquerda, um armário de madeira traz sobre si alguns objetos.

Ficha técnica
Ano: c. 1460
Técnica: painel de carvalho
Dimensões: 85 x 105 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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A MULHER E A FALTA DE INTELIGÊNCIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

burra

A mulher tem aspecto de anjo, coração de serpente e cérebro de burro. (Provérbio alemão)

Destituir a mulher de qualquer laivo de inteligência é o papel das culturas machistas. Como é que alguém que não tem cabeça pode ter cérebro, a parte mais nobre do corpo, responsável por manejá-lo? – questionam essas culturas. Porém, explica o machismo obsoleto que a natureza é muitas vezes responsável por graves distorções, a ponto de permitir que uma mulher nasça inteligente, qualidade que deveria ser acessível apenas aos homens. Um  provérbio russo logo explica o porquê de uma pessoa do sexo feminino nascer bem dotada intelectualmente: “Era para ser rapaz, mas acabou sendo moça”. Quanto azar da “pobre” família! É para rir, mesmo!

Para ratificar que a mulher é desprovida de inteligência, reza um provérbio judaico que “A mulher tem seios no lugar do cérebro”, ou seja, como ela é muito limitada e ignorante, jamais poderá ocupar o lugar que por direito cabe ao homem. Mas alguém já ouviu dizer que seios possuem neurônios? E com o tamanho deles nos dias de hoje, muitas mulheres mal aguentariam levantar a própria cabeça, se fosse confirmada fosse a teoria das culturas machistas. O mais engraçado é que tal macheza baba sobre os peitões, ainda que inflados pelo silicone.

A mulher, tida como dentro dos padrões estabelecidos como belos, sofre um verdadeiro esculacho. Ela carece de uma fagulha sequer de inteligência, conforme afirma o provérbio mongol: “Mais bela do que um pavão, porém menos inteligência do que uma pedra”. E um provérbio japonês vem endossar o mongol, ao dizer que “Cabeça de boneca e cérebro vazio”. Mas, se o pai é rico, a filha não tem que se preocupar com o fato de ser bonita e burra. Ele é consolada com um provérbio marroquino: “Beleza já tens, minha filha, a inteligência terei de comprá-la”. Um pai consciencioso, que quer um bom futuro para os netos, já que a mãe não tem cérebro, arremata com um provérbio judaico: “Um pai deve casar a filha com um homem culto, mesmo que seja obrigado a vender tudo para pagar o dote”. Uau!

Triste mesmo é o futuro da garota que nasceu muito inteligente sem ser rapaz, pois o provérbio polonês diz que “Uma jovem que lê, que canta e compõe, dificilmente encontrará um marido”. Partindo desta premissa todas as mulheres solteiras são inteligentes, enquanto as casadas… Coitadinhas, são tão burrinhas! E o pior é que me encontro entre elas. Vixe Maria!

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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A MULHER E OS PÉS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

pes

Os pés da mulher são vistos como fetiche em algumas culturas, enquanto noutras ninguém lhes dá a mínima atenção, a não ser os podólatras (pessoas que obtêm prazer por meio do contato com os pés). Tal obsessão encaixa-se no grupo da parafilia (distúrbios psicossexuais em que a excitação sexual não se encaixa dentro dos padrões normais). Os pés são, metaforicamente falando, uma representação do tamanho da genitália feminina. E devem ser pequenos, pois, quanto menores forem mais atração exercem, pois mostram a vulnerabilidade da fêmea, reafirmando o quanto ela é frágil e, consequentemente, submissa ao macho. Tais culturas se esquecem de que o tamanho dos pés, normalmente, está ligado à estrutra corporal. Mas vá lá entender a humanidade!

As mulheres de pés grandes não são bem vistas pelos provérbios, porque representam um perigo para o homem. O macho é sempre alertado: “Procure uma mulher de pés pequenos, porque a de pés grandes é como você”, ou seja, a de pés grandes irá competir com o poderio masculino. É por isso que “A moça de pés grandes têm problemas depois do casamento”, pois o homem diz: “Não quero um sapato maior do que meu pé.”, ou seja, uma mulher superior a ele, que  poderá usurpar o seu poder dentro da família.

Quem não se lembra do sofrimento pelos quais passavam as crianças chinesas em tempos idos? Elas tinham que se transformar em mulheres com pés pequeninos e em forma de lótus, para agradar seus maridos, ficando literalmente aleijadas. E quem nunca ouviu contar a história de Cinderela que, com seu “sapatinho” de cristal, quase deixou um certo príncipe ruim do juízo, revirando toda um reino para botar o sapatinho no pezinho da moçoila? As histórias infantis, muitas vezes, são expressões do machismo. Nelas, poucas são as mulheres empoderadas. E quando o são, fazem o lado ruim do conto infantil – as bruxas. Já pensaram nisto?

É interessante notar que nas culturas em que as mulheres cobrem o corpo, os pés são colocados mais em evidência no imaginário popular, isto porque, muitas vezes, eles são a única parte visível do corpo da infeliz enclausurada em toscas burcas. E, através deles, o homem imagina poder avaliar a idade da mulher e, possivelmente a sua beleza, como reza o provérbio etíope: “A beleza da mulher vê-se nos pés.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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O HOMEM É A CABEÇA DA MULHER

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Autoria de Lu Dias Carvalho

cabeça

Mantém-te afastado do amor da mulher, pois sua beleza é lasciva e o seu corpo é um cemitério de luxúria. (Provérbio hebraico)

A história da mulher através dos tempos é de muita obediência acompanhada da depreciação de seu corpo físico. Ela foi sempre menosprezada por ter um corpo feminino e não masculino, a começar pelo fato de “não ter cabeça”, ou melhor, por essa parte de seu corpo só servir para transportar peso: lenha, água, gamelas com produtos agrícolas, entre outras coisas, enquanto o macho do passado seguia na frente, apreciando a paisagem, sem se importar com a mula descadeirada que seguia atrás. É possível encontrar uma série de provérbios que atestam isso. E mais triste é saber que, em pleno século XXI, muitas mulheres continuam como mulas de carga em várias partes do mundo, subjugadas pela vontade masculina.

Nas culturas em que a distância entre macho e fêmea humanos é acentuada, o corpo feminino ainda é visto como fonte de pecado, tendo o homem que ser muito previdente para não se deixar seduzir pela luxúria que dali emana. É por isso que, principalmente nas sociedades guiadas por extremistas religiosos, a mulher é obrigada a ocultar seu corpo, para que não venha a perturbar o espírito masculino, despertando-lhe o desejo, pois toda a fonte do mal está nela, que é sempre cheia de astúcia e pecaminosidade. Poderosa, não?

O engraçado nesta farsa é que a mulher, se seguir direitinho as leis do macho, ganhará a salvação. Se for dedicada e cumprir o papel de esposa obediente e temente a seu companheiro, poderá se tornar o corpo do marido, embora ele seja sempre a cabeça, pois é quem tem o cérebro, a parte mais importante da estrutura humana. O corpo é visto como inferior, porque é responsável pelas emoções e pelos impulsos não controláveis, enquanto a cabeça é superior, pois nela está a mente, a razão, a massa cinzenta, a inteligência. A mulher, coitada, não possui nada disso – reza a cultura machista. Mesmo o Cristianismo reza que o homem é a cabeça da família, alimentando o ego do machismo. O Budismo é talvez a religião mais liberal para com as mulheres.

Diz um provérbio holandês que “Uma mulher não tem cabeça”, ou seja, ela não deve ter ideias próprias e, tampouco, vontades, pois isso é de competência do marido, ser supremo, responsável por todas as decisões da família. Para que seja considerada boa e digna de ser elogiada, a fêmea humana tem que se lembrar de que é acéfala, mula sem cabeça. Coitada! A obediência é que a torna uma companheira perfeita. Tanto é que a jovem que se julga dona de suas ações, e que só faz o que bem quer, está fadada a ficar solteira para sempre, uma vez que “Uma jovem com vontade própria nunca se casará”. Trocando em  miúdos, deverá sempre ser amestrada pelo homem.

Uma mulher virtuosa cobre sempre a cabeça, pois só assim será respeitada. A perniciosa, fonte de todo o mal, deve sempre abaixar os olhos diante de um homem, para não espalhar o desejo e a confusão, pois “A mulher é como uma cebola, deve sempre curvar a cabeça”. Se o homem é a cabeça, como poderia a pretensiosa também ambicionar tal posição uma vez que “Não pode haver duas cabeças sob o mesmo chapéu”? Ainda bem que o uso de chapéu entrou em desuso.

O engraçado é que a mulher é também considerada o pescoço que segura a cabeça, logo, poderá girá-la para onde bem entender.  Por isso, o provérbio russo diz com muita sensatez que “O marido é a cabeça, a mulher é o pescoço; ela pode orientá-lo para onde quiser”. Hum! E um provérbio inglês confirma que “O homem é a cabeça, mas é a mulher que a gira”. Ainda bem que caíram na real!

Calminha, meu caro leitor. A mulher não deve se sentir vingada com o afago dos dois provérbios acima, pois, para acabar com a possibilidade de que ela possa ficar girando muito o pescoço, um provérbio inglês ensina que “Às jovens que assobiam e às galinhas que cacarejam convém cortar-lhes o pescoço”. E um provérbio alemão acaba por colocar a mulher no lugar que o machão julga ser o dela, ao dizer que “A mulher pode mandar no coração e na panela, mas o corpo e a cabeça pertencem ao homem”. Quanta petulância!

Fonte de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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AOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Quem é esse que se arrisca na proteção, ergue andaimes,
amassa cimento, vara pregos, traça paginação de pisos e
paredes, faz massa, coloca reboco, assenta revestimentos,
faz dilatação, talha mármore, madeira, granito, cria vãos
pra janelas e portas, mas sua vida é cheia de humilhação?

Quem é esse que tem mãos calejadas, músculos talhados
pela areia e argamassa, tosse pulmonar vinda do cimento
que regaça e depois do serviço operado é logo esquecido,
impedido de entrar nos locais onde seu suor deixou marca?

Quem é esse que se levanta quando a garoa da madrugada
inda chora e, enquanto o patrão dorme na sua cama macia,
seus frágeis ossos já balanceiam no lotação com dezenas de
outros irmãos, rumo a uma vida de desesperança, numa luta
inglória e ilusiva, tentando apenas subsistir dia após dia?

Quem é esse que de segunda a sábado a marmita carrega
entupida de macarrão e depois de muitas horas de labuta
come a malnutrida dieta de operário braçal e, mesmo sem
energia para continuar no trabalho, precisa seguir, quer se
sinta bem ou mal, quer chova, troveje, vente ou faça sol?

Quem é esse que de tanto ocultar a dor, passa a não mais
acreditar em patrão ou amigo; desconfia de qualquer coisa
que se mexe; até da velha e surrada gaiola da obra que nas
paredes se eleva; e caminha com um pé na frente e o outro
atrás, achando que no frigir dos ovos gente é tudo igual?

Ele é o oleiro da vida, o artista filho da Terra que dá forma
ao que toca, vida ao que talha, suspende mansões e choças,
maternidades e cemitérios. É o ontem e o hoje, o eterno e o
agora. Ele é o essencial e valioso artífice da construção civil.
Criativas são as ideias, braços e mãos desse hábil operário.

Constrói casas, ruas, muros, pontes, estradas, e prédios que
minguados erguem-se do chão e depois, miraculosamente,
quase atingem o céu, desafiando os mestres da engenharia,
pois, muitas vezes, não traz consigo um pingo de instrução.

Ele é um democrata nato! Levanta sem distinção a morada
dos bons e dos maus, dos arrogantes e dos humildes, ainda
que a sua família, desprovida de conforto, prossiga em seu
barraquinho inacabado, bem coladinho ao seio do chão.

Ele será eterno! Viverá pra sempre nas coisas que constrói.
Em tudo que levanta fica gravada sua marca. Ainda que as
novas gerações não saibam seu nome, continuará na Terra
como os escravos que suspenderam as pirâmides do Egito.
Essas ainda permanecem, mas há muito se foram os faraós.

Pouca chance teve pra lidar com os livros da vida, mas leva
dentro de si o dom divino daquele que aprende apenas com
o sopro de Deus. Os diplomados só lhe ministram as regras,
é ele, entretanto, quem bota a mão na massa, com seu saber
empírico, nascido só da observância e da experimentação.

Ele é o filho amado da mãe Terra. Todos os dias a acaricia
com as mãos, inda que bruscas, suadas e repletas de calos.
Gosta de tocar a terra, pois um dia se unirá a ela que irá se
lembrar dele — seu filho, caboclo singelo, sem estudo, mas
que dela jamais sentiu vergonha — e ela lhe ofertará, como
agradecimento, um naco de seu torrão para que seus ossos
nela adormeçam eternamente, achegados ao seu coração.

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FILHAS E PEIXES SÃO PERECÍVEIS

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Autoria de Lu Dias Carvalhofilhas

A virgindade feminina sempre foi olhada com muito rigor, enquanto a masculina ninguém sabe, ninguém viu, ninguém dá notícias. O “pipiu” do macho não é da conta de ninguém. Diante da cultura machista é perda de tempo esperar que os ditos populares pendam para o gênero feminino. Um provérbio indiano afirma que “A castidade da jovem é seu dote”, enquanto um árabe apregoa que, “Se a tua filha vai à rua, assegura-te de que a honra se mantenha”. O macho não entra nesta história.

A honra de toda a família, nas mais diversas culturas, está depositada num fragmento de carne vermelha denominado hímen, que o Aurélio define como “prega formada pela membrana mucosa da vagina, cujo orifício externo oclui parcial ou totalmente, e que apresenta uma abertura de forma e diâmetro variáveis”. Jovens impúberes são dadas em casamento para que não venham a manchar o nome da família. Muitas vezes é tão exorbitante a diferença entre a idade da menina e a do marido que um provérbio russo zomba do casal: “A noiva nasceu e o marido já monta a cavalo.”.

O medo de que a filha possa perder a virgindade e até mesmo ficar prenhe, em determinadas culturas, leva os pais, muitas vezes, a entregá-las a qualquer pretendente. E sem falar no famigerado dote. Também há o temor de que fiquem solteironas, sendo mal vistas e sirvam de escárnio de todos. Quanto mais rapidamente a família se livrar das filhas, mais em paz poderá dormir, pois “As meninas são como cavalos: se não as oferece quando são jovens, perdem a sorte”, diz um provérbio italiano.

Como mercadorias “perecíveis” que são, as filhas devem deixar logo a casa dos pais, aconselhados pelo provérbio árabe: “Casa o teu filho quando quiseres e a tua filha quando puderes”. E um provérbio hebraico é imperativo: “Se a tua filha envelhece, liberta o teu escravo e casa-o com ela”, ratificado pelo indiano: “A menina com mais de 10 anos terá de casar-se com um pária, se preciso for”. Trocando em miúdos, a situação da menina e tão caótica que, se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. E tão grave que, até mesmo na casa dos pais, a virgindade da garota corre perigo, pois ali os ratos também podem fazer estrago. Motivo mais do que necessário para casá-la ainda criança.

As culturas cristãs e islâmicas, para piorar, ainda elevam a perda da virgindade à categoria de pecado: “A que peca em segredo, dá a luz em público”, pois “A virgem impaciente é mãe sem ser noiva”. Sendo que não vale a pena, pois “Cinco minutos de prazer, nove meses de desgraça”. Os pais precisam estar alertas para o fato de que “Antes mau dote do que má prenda”, ou seja, uma gravidez indesejada. Mesmo que a “pecadora” venha a se casar, isso não limpará a honra da família, já que “Um vestido bonito não tapa a vergonha”. Engraçado é que o famigerado “pecado” não diz respeito aos homens. E ainda há gente que acredita em…

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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