Pieter Bruegel, o Velho – A PARÁBOLA DOS CEGOS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

apadoce

Deixai-os, pois são cegos que guiam cegos. Ora, se um cego guia outro cego, ambos cairão no buraco. (Mateus: 15:14)

A composição denominada A Parábola dos Cegos é uma pintura do artista Pieter Bruegel, o Velho, que teve como inspiração uma passagem bíblica (Mateus: 15:14), em que Cristo faz um paralelo entre a cegueira da fé e a verdadeira cegueira.

O pintor apresenta um grupo de seis cegos, em fila indiana, sendo que o da frente conduz o que está atrás. O líder dos cegos é um músico, como mostra seu violão em meio à água. Ao cair de costas num brejo, o primeiro cego coloca os outros em apuro. O que vem atrás dele se desequilibra e é visto caindo, com sua vasilha de pedir esmolas voando pelos ares. Por sua vez, o terceiro cego, que traz um rosário e uma vasilha no cinto e um chapéu na mão, ligado ao segundo por um bastão, é também conduzido para uma inevitável queda, conforme mostram seus pés em desequilíbrio. E, em consequência, os outros também cairão, num efeito dominó.

É interessante notar a sensibilidade do artista, que usou cores apagadas para aproximar o observador do mundo dos cegos. Ele também os colocou em diagonal, partindo do canto superior esquerdo em direção ao canto inferior direito, onde culmina o desastre, com a derrocada do grupo. O que também repassa a sensação de que estão descendo ladeira abaixo. Chama a atenção a perspicácia do pintor, que deu a cada cego uma expressão totalmente diferente, sendo possível reconhecer cinco tipo de doenças oculares. Também merece observação o fato de os cegos manterem a cabeça levantada, pois isso lhes facilita usar melhor os demais sentidos. Como se vê, a vivência de Bruegel em meio à gente comum, favoreceu-lhe, grandemente, o senso de observação. À esquerda do grupo são vistas algumas casas, uma igreja, algumas árvores e um brejo.

A Parábola dos Cegos é tida como uma das obras-primas do pintor, que mais uma vez esmera-se nos detalhes, como a mudança da expressão de cada rosto. O último cego mostra-se totalmente confiante, mas mudanças vão ocorrendo até chegar à queda.

Ficha técnica
Ano: 1568
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 86 x 154 cm
Localização: Museo Nazionale di Capodimonte, Nápoles, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
Bruegel/ Editora Cosac e Naify
http://www.historische-romans.nl/nieuws.php?id=136

Views: 80

8 comentaram em “Pieter Bruegel, o Velho – A PARÁBOLA DOS CEGOS

  1. José Elias

    Lu,
    Eu normalmente não me demoraria olhando para essa obra de arte, pois ela não tem os elementos que costumam chamar minha atenção.
    Mas seus comentários sobre suas sutilezas fizeram com que eu viesse a apreciar “A Parábola dos Cegos”.

    Abraço,

    J Elias

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      José Elias

      O interessante numa obra de arte é que ela vai se desnudando diante de nós, à medida que entranhamos na sua composição. O que à primeira vista parece não nos passar nada, através da observação abre-se para nós, trazendo sutilezas ocultas. Por isso, não adianta apenas jogar-nos um quadro na frente, sem antes ter contado um pouco de sua história.

      O seu comentário deixou-me muito feliz, pois significa que estou atingindo as pessoas com as minhas explicações, ajudando-as a compreender melhor uma obra de arte. Veja o quadro do mesmo pintor que postei hoje.

      Grande abraço,

      Lu

      Responder
  2. Rui

    Lu, realmente a sua análise da pintura é excelente, me chamou atenção o segundo cego que tem uma doença muito grave nos dias de hoje, o amor ao dinheiro.
    Na verdade eu também já fui cego, pois era admirador dos ídolos da da música, como David Bowie, não ouvia só a música como também lia os seus livros, e fazia o que ele fazia, era cego. Assim destruí um pouco da minha vida.

    Abraços

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      O importante é que busquemos aprender com nossos erros. O importante é a vida daqui para a frente. Que o passado sirva apenas de ensinamento. Que a nossa admiração seja, sobretudo, por nós mesmos, em relação às coisas boas que fazemos pelos outros. E você é um ser humano maravilhoso, sempre preocupado com o próximo, com os animais e a natureza de modo geral. Eu o admiro muito!

      Abraços,

      Lu

      Responder
      1. Rui

        Lu, já Jesus dizia:

        “Tampouco se põe vinho novo em odres velhos; mas, caso o façam então os odres rebentarão e o vinho se derramará e os odres ficarão arruinados! Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e ambas as coisas ficam preservadas. Vinho é o sangue e odres o corpo, estava ele a dizer para fazermos coisas novas, para não andarmos nas velhas.

        Obrigada, Lu, por me dares o conselho para comer beterraba, pois eu acrescentei mais uma coisa nova no meu odre, assim o meu sangue começou a ser desintoxicado e a ganhar glóbulos vermelhos.

        Um grande abraço, querida amiga.

        Responder
        1. LuDiasBH Autor do post

          Rui
          A gente tem sempre que agregar coisas novas (e boas) à nossa vida. Tenho muito medo daqueles que não aceitam o novo e o diferente, os chamados tradicionalistas, pois nesses mora o extremismo.

          Você é uma pessoa linda, um ser humano da melhor qualidade. Não se esqueça de que as folhas da beterraba são riquíssimas, e devem ser comidas também.

          Abraços,

          Lu

  3. Pierre Santos

    Gostei, Lu, de sua análise. Essa disposição dos corpos em diagonal denomina-se “composição em leque” e nos dá, realmente, a sensação da queda dos cegos. Sua análise é perfeita. Parabéns

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      PP

      Vindo de você este elogio, fico deveras feliz, pois significa que não estou a falar asneiras. Obrigada, meu querido, pelo seu comentário.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *