POR QUE CARGAS D’ÁGUA…?

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Autoria de Lu Dias Carvalho

agua

Nada mais gostoso do que uma boa chuva que chega refrescando, lavando e dando vida a tudo. Confesso que ainda gosto de tomar banho de chuva, como fazia na minha infância, junto a um bando de primos, embora ouvíssemos sempre a costumeira admoestação de que íamos ficar doentes, coisa que entrava por um ouvido e saía pelo outro, apesar da vara de marmelo se fazer presente muitas vezes:

– Saia da chuva, cambada, vocês todos vão acabar pegando um resfriado!

Até hoje ainda não me conformei com o medo de chuva que minha amiga Marluce diz ter. De uns tempos para cá, venho “piscologiando” sobre esse seu comportamento esdrúxulo. Mal a danada levanta-se da cama, vai logo abrindo a janela para perscrutar o tempo. Se estiver caindo uns pinguinhos à toa, ela desmarca todos os compromissos assumidos, e caso se trate de chuva torrencial (cargas d’água), some durante dias a fio.  Confesso que ainda não sei por que cargas d’água ela mostra ter tanto medo de chuva.

A expressão “Por que cargas d’água…” é usada para questionar alguma coisa. Trata-se de um questionamento diante de algo sobre o qual não se tem conhecimento. O inquirido deve ficar com a orelha em pé, pois o questionador não irá aceitar qualquer resposta, pois a pergunta já vem acompanhada de certa indignação. Se chuva fina já nos impede de fazer muita coisa, imaginemos cargas d’água! É preciso dar trato à cachola para encontrar uma boa resposta, se não quiser entrar numa quizila dos diabos.

Alguns dizem que esta expressão originou-se nos fins do século XIII, quando se iniciaram as primeiras navegações portuguesas em águas do Atlântico norte. Sendo a região sujeita a súbitas tempestades, era comum que os navegantes dirigissem com suas naus para as ilhas açorianas ou de Madeira em razão das cargas d’água.

A expressão em evidência  vem sempre acompanhada de uma entonação inquisitiva e um semblante de perplexidade, significando desconhecer como algo aconteceu, podendo “cargas d’água” ser substituída por “motivo” ou “raios”.  Geralmente se utiliza a frase para questionar uma situação ou ação.

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