Autoria de Lu Dias Carvalho
Minha neta me libertará da solidão (Portinari)
Quando estudava na Escola de Belas-Artes, Portinari namorou sua colega Edith Aguiar, filha de um diplomata e, anos depois, namorou Rosalita Cândida Mendes, de ascendência aristocrática. Mas, por ocasião de sua permanência de dois anos na capital francesa, em razão de ter ganhado o Prêmio de Viagem ao Exterior, conseguido com a obra Retrato de Olegário Mariano, ele ficou conhecendo a uruguaia Maria Victoria Martinelli, de 19 anos, que ali morava com sua família. Ele se casou com ela, em Paris. O casal regressou ao Brasil em 1931 e aqui tiveram um único filho, João Cândido, que foi retratado inúmeras vezes pelo pai. Em 1960 ganhou a neta Denise.
Portinari tentou entrar na vida pública brasileira, ao se candidatar ao Senado pelo PCB, em 1945. Perdeu por um número pequeno de votos, em uma eleição cheia de fraudes como era comum naqueles tempos. O governo do presidente Eurico Dutra passou a persegui-lo, tendo o artista que se exilar no Uruguai. Ao ser convidado, em 1949, para participar da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, em Nova York, EUA, teve o visto negado pela embaixada americana. Anos depois, foi impedido de entrar na França. Só poderia entrar no país por um período de 60 dias, desde que não fizesse nenhuma declaração política. Naquela época vivia-se o clímax da Guerra Fria.
Quando os painéis Guerra e Paz foram inaugurados nos EUA, a embaixada daquele país impôs uma condição para que Candido Portinari estivesse presente e recebesse os prêmios que ganhara: que se declarasse desvinculado do PCB. Mas, embora não mais tivesse ligação com o partido, ele recusou tal imposição.
Fonte de pesquisa:
Cândido Portinari / Coleção Folha
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