Autoria de Lu Dias Carvalho
(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)
O artista plástico brasileiro Candido Portinari (1903-19620) demonstrou em 1944 preocupação em representar a situação social do trabalhador brasileiro, tanto é que criou a “Série Retirantes” como uma denúncia social com influências expressionistas, composta por Criança Morta, Emigrantes, Retirantes e Enterro na Rede.
Na tela Criança Morta uma gigantesca mãe encontra-se curvada sobre o filho morto que carrega. Essa colossal mãe, com suas pernas flexionadas e com o filho nos braços, que mais se parece com uma estátua, lembra a figura da Pietá do pintor italiano Michelangelo. Quatro personagens espalham-se em torno da mãe dolorosa.
A criança morta, com seu corpo despido e esquelético — o que intui que tenha morrido de fome — tem a cabeça caída para frente, enquanto o braço direito despenca-lhe do corpo em direção ao chão, como o de Jesus na Pietá e em outras composições da Renascença.
Todas as figuras ao redor da mãe e de seu filho são cadavéricas. À esquerda o homem segura a esposa pelo ombro, também com o corpo curvado e com os cabelos a tocar-lhe as costas, como se lhe quisesse repassar consolo. Uma mulher segura com as duas mãos a cabeça do menino morto. À direita outra mulher segura a mão de uma criança, cujo rosto envelhecido parece o de um adulto.
Excetuando a mãe, de quem não é possível ver o rosto e a criança segura pela mão, tanto o homem quanto as duas mulheres vertem lágrimas de pedras, simbolizando a crueza da seca e a dureza do sofrimento.
A paisagem é seca e cheia de pedregulhos. Não se vê uma única plantação. No chão, descansa uma cabaça cujo objetivo é carregar água. O azul do céu é carregado, reforçando o amargura da cena. Haja sofrimento neste grupo de seres humanos, sofrimento esse que nos parece tão palpável.
Ficha técnica
Ano: 1944
Dimensões: 180 x 190 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Fonte de pesquisa
Portinari/ Coleção Folha
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Um governo que incentiva o pobre a procriar, formando a base da pirâmide, sabe que é difícil distribuir renda, assim. Sendo que a melhor distribuição de renda é a educação.
Roberto
Não resta dúvida de que o investimento que qualquer governo pode fazer para o povo de seu país é estimular, valorizar, pagar bem os professores e dar acesso iguamente a todos à educação. Fora disso, somente a elite, que botam seus filhos em colégios particulares, têm acesso às benesses do poder, aos altos cargos, permitindo que a roda da pobreza continue girando como dantes no quartel de Abrantes.
Abraços,
Lu
Interessante, sinto e vejo isto de várias formas na sociedade e neste então sistema burocrata e mercenário… Como por exemplo a necessidade de sobreviver além deste limites… E sobreviver para em raros momentos sentir a vida como ela é.
Agostinho
Não é fácil mesmo viver num país extremamente capitalista, onde 10% possuem 90% das riquezas da nação, e 90% possuem 10% do que sobra. É uma equação para lá de desumana, responsável por produzir famílias como as pintadas por Candido Portinari, pintor que dotado de extrema preocupação com os desfavorecidos. Nosso sistema é cruelmente mercenário, mesmo!
Agradeço a sua visita e comentário. Volte mais vezes, será um prazer recebê-lo.
Abraços,
Lu
O que Portinari quis repassar é a miséria de grande parte do povo brasileiro.
Os miseráveis são excluídos da sociedade, ou seja, não têm os mesmos direitos do cidadão. Isto acontece porque eles não têm casa, roupas, dinheiro, sendo vistos como pessoas pobres, sem cidadania. A rejeição causa a mortes de crianças, como esta retratada no quadro “Criança Morta”.
A maioria das pessoas pensa que, por serem pobres, eles não merecem os mesmos direitos, e que pode até chutar os pobres, pois ninguém irá denunciar, e nem a polícia irá prender.
Bianca
Você está corretíssima. Foi exatamente isso que o artista quis denunciar. Certos setores de nossa sociedade só pensam no enriquecimento próprio, sem voltar os olhos para os necessitados. Essa gente gananciosa não pensa que a vida é curta e que não terá tempo de gastar tudo o que tem. A rejeição pelos mais pobres só aumenta a miséria e contribui para a morte de crianças, conforme você já disse.
Gostei muito do seu comentário. Volte sempre. Acho que irá gostar muito de ler as fábulas que eu comento. Busque no ÍNDICE GERAL. Volte sempre!
Grande abraço,
Lu