Ribera – SÃO JERÔNIMO E O ANJO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, entre outros.

A composição intitulada São Jerônimo e o Anjo é uma ambiciosa obra do artista. Tinha por finalidade ornamentar a Santa Trinità delle Monache (antigo mosteiro e igreja no centro de Nápoles/Itália, fundado no início do século XVII. Serve hoje como hospital militar. As pinturas de Juseppe Ribera para a igreja foram transferidas para o Museu de Capodimonte). Tinha como fonte uma gravura do próprio artista — água-forte executada em c. 1621 — alterada apenas para fortalecer o impacto dramático do anjo.

A pintura mostra o grau de maturidade técnica adquirida pelo artista, como atesta a textura de suas pinceladas em toda a tela. Outra maravilha da obra diz respeito ao forte contraste entre luz e sombra, responsável por dar a impressão de que os objetos bidimensionais pareçam irromper da tela. O lençol vermelho colocado sobre as pernas do santo acentua a dramaticidade da cena.

A cena apresenta a aparição de um anjo a São Jerônimo — teólogo, escritor, filósofo e historiador e doutor nas Sagradas Escrituras — diante de sua caverna no deserto. Ele se encontrava fazendo a tradução da Bíblia, mostrada como um pergaminho no chão à sua frente, tendo ao lado uma pena branca. O ser alado toca a trombeta do Juízo Final, fazendo com que o santo, ajoelhado e descalço que vivia em oração, meditação e jejum desvie a atenção de seus estudos.

O santo é apresentado com uma barba branca, representativa de sua idade avançada e sabedoria. Os livros ali presentes simbolizam seu título de doutor da Igreja em razão dos escritos que fez. A pena no chão simboliza o trabalho de tradução das Sagradas Escrituras — foi o primeiro a traduzi-las para o latim (Vulgata = uso comum), versão usada até nossos dias. Nesta obra não há a presença do leão ao seu lado — um de seus atributos — que tem dupla significação: a primeira deve-se ao fato de o santo ter tratado da pata ferida do animal que trazia um espinho. O segundo diz respeito à simbologia do próprio animal — simboliza o próprio Cristo, por causa de sua majestade, força e serenidade. Jesus é chamado de o “Leão da Tribo de Judá”. O crânio diante dele simboliza a morte para o mundo e para os prazeres mundanos e passageiros.

Ficha técnica
Ano: 1626
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 262 x 164 cm
Localização: Museu e Galeria Nacional de Capodimonte, Nápoles, Itália

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-jeronimo/144/103/#c

2 comentaram em “Ribera – SÃO JERÔNIMO E O ANJO

  1. Antônio Costa

    Lu,

    A conexão do “profundo” que habita a mente humana com a forte imagem reveladora. Essa capacidade intrínseca é que valoriza os quadros artísticos.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      A arte tem a capacidade de revelar o que nos vai pela alma, qualquer que seja ela.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *