A CIENTOLOGIA DE TOM CRUISE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

   Tom Cruise  Autor Tom Cruise

Essa obra (Dianética) provavelmente contém mais premissas e menos evidências por página do que qualquer publicação desde a invenção da imprensa. (Isaac Rabi – prêmio Nobel da Física)

As doenças mentais são condições médicas reais que afetam milhões de americanos. (….) É no mínimo irresponsável que o senhor Cruise utilize suas viagens de divulgação do filme (Guerra dos Mundos), para promover sua visão ideológica particular e dissuadir as pessoas com doenças mentais a buscarem o tratamento de que precisam. (Comunicado: Associação Americana de Psiquiatria/ Aliança Nacional para os Doentes Mentais e Associação de Nacional de Saúde Mental)

Dentre as minhas leituras prediletas estão as biografias, mas, sempre que possível, opto pelas “não autorizadas”, pois me passam a sensação de que são as mais verdadeiras, uma vez que o escritor não se sente refém do sujeito em destaque, tendo que bajulá-lo e contar meias verdades. Foi com base em tais pontos de vista que escolhi a biografia não autorizada de Tom Cruise, escrita por Andrew Morton, escritor britânico, vencedor de inúmeros prêmios.

A escolha de tal livro não se deveu à vida do multimilionário astro norte-americano, com seus inúmeros casamentos, ou à posição de mandachuva que ostenta no seu país, tampouco pelo seu pula-pula no sofá da famosa apresentadora Oprah Winfrey. Deu-se pela ligação umbilical que o ator de Top Gun, Rain Man, Dias de Trovão, Guerra dos Mundos, entre outros filmes, tem com a seita denominada Cientologia. Sempre tive muita curiosidade em conhecer os meandros de tal culto, que comanda os menores passos de tão famoso ator e o porquê de ter amealhado tantas celebridades. E por que é idolatrada por uns e causa asco a outros.

Segundo o escritor Andrew Morton, a Cientologia trata-se de um culto fundado pelo escritor de ficção científica Lafayette Ron Hubbard, em 1954, logo após publicar seu best-seller Dianética – a ciência moderna da saúde mental, a chamada bíblia da Cientologia. Hubbard já estarreceu os incrédulos, quando, em 1947, disse num conferência para escritores de ficção: “Se você deseja se tornar um milionário, a maneira mais rápida de isso acontecer é fundar sua própria religião.”.

A Dianética de Hubbard propunha-se a ocupar o lugar da psiquiatria e da psicoterapia na vida das pessoas. Em seus argumentos ele defendia, entre outras coisas, a cura de vários tipos de doença, tais como: asma, artrite, alcoolismo, úlcera, enxaqueca, doenças coronárias, etc. Outra importância apregoada por ele (e seus seguidores) era a de que a técnica revolucionária “aumentaria a inteligência e eliminaria emoções opressivas, além de curar condições de ateísmo e a homossexualidade.”.

Para o escritor Andrew Morton, “Hubbard fundou sua própria Igreja da Cientologia não apenas para explorar o sucesso financeiro de seu livro, mas também para superar as constantes críticas advindas de psiquiatras e outros cientistas, que afirmavam que suas teorias eram pouco mais do que uma pseudociência não comprovada, além de uma poção mágica intelectual para crédulos.”.

Ao contrário dos cientistas que viam no homem um corpo físico, Hubbard atestava que o homem era na verdade um espírito reencarnado. Assim sendo, ele era o seu próprio deus. E para obter a sua natureza imortal, libertando-se do corpo, bastaria seguir a filosofia religiosa aplicada ensinada por ele. Os críticos da seita argumentavam que a preocupação não era com a alma do indivíduo, mas no reforço de seu próprio ego, pois ele era instado a se tornar o seu próprio deus.

Hubbard dava o nome de “carne-fresca” aos novos membros de sua seita. Esses deviam passar por uma auditoria (parecida com a confissão católica), onde debulhavam a própria vida, mas, para isso, pagavam grandes quantias de dinheiro. Confissões essas que eram arquivadas e usadas como suborno, para caso um membro, ao deixar a seita, falasse mal da Cientologia. O escritor Andrew Morton complementa: “Aos poucos – e muitos milhares de dólares depois – os cientologistas chegariam ao que Hubbard chamava de ‘a ponte’ para alcançar um nível de iluminação.”. E, de ponte em ponte, eles chegariam a tantos níveis superiores de iluminação que controlariam a matéria, a energia, o espaço e o tempo.

A meta principal dos líderes da Cientologia foi sempre conseguir a adesão de celebridades à seita. E, para caçá-las, existe todo um esquema montado. Houve, inclusive, tentativas para atrair John e Yoko Lennon, Michael Jackson, Paul McCartney e sua esposa Linda, mas que não obtiveram resultado positivo. O livro mostra, passo a passo, toda a estratégia que foi usada para cooptar Tom Cruise para seus quadros. Embora tenham se espalhados boatos mundo afora de que Tom Cruise seja gay, Hubbard deixou escrito sobre os homossexuais em um de seus livros: que se a Cientologia não obtivesse sucesso na recuperação desses, a solução seria “desfazer-se deles de maneira silenciosa e sem nenhum pesar.”.

Andrew Morton também conta que os cientologistas aguardam a reencarnação de seu líder Lafayette Ron Hubbard, morto em 1986. E, quando a esposa de Tom Cruise, Katie Holmes, ficou grávida, alguns fanáticos da seita “cogitavam a possibilidade de a atriz ter engravidado por meio de espermatozoides congelados do mestre Hubbard, ficando frustrados com a chegada de uma menina. E ironicamente, Hubbard havia previsto que retornaria à Terra em alguma forma, vinte anos após ter se desprendido do corpo. O certo é que uma casa é mantida impecavelmente arrumada na espera do líder.

Segundo Andrew Morton, a Cientologia reflete a personalidade paranoica de seu fundador, e tem como objetivo dominar o mundo, desprezando as outras religiões. Além disso, faz acusação cerrada aos psiquiatras e outros profissionais da área de saúde, responsabilizando-os por todas as doenças da Terra. São chamados de os “mercadores do caos”.

Obrigada, Tom Cruise e Cientologia por seus conselhos especializados em saúde mental. (O filho esquizofrênico da cientologista Elli Perkins foi impedido por ela de tomar medicamentos prescritos por sua doença, pois isso era contra sua crença. Ele terminou esfaqueando sua mãe 77 vezes no dia do aniversário de L. Ron Fubbard-  cartaz.)

Nota: O livro em questão e seu autor, Andrew Morton.

Fonte de pesquisa:
Tom Cruise – Biografia não Autorizada/ Andrew Morton
Editora Manole/ Publicado em 2008

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