Autoria de Lu Dias Carvalho
Uma passagem interessante sobre a vida de Chico Xavier é aquela em que ele fala sobre o remédio ensinado por sua mãe em uma das visões recebidas. Sua vida estava tumultuada, trabalhava excessivamente, escrevia mais ainda, ajudava as pessoas e, mesmo assim, era maltratado pela zombaria de muitos. Não acreditar na sua doutrina era um direito, mas escarnecer de seu trabalho era uma maldade orquestrada, com a finalidade de transformá-lo em motivo de chacota e descrédito.
Foi num dia de extrema tristeza para o médium que sua mãe, Maria João de Deus, apareceu e deu ao filho o seguinte conselho:
– Meu filho, para curar essas inquietações, você deve usar a água da paz.
Depois de procurar em várias farmácias, inclusive na capital, Chico nada encontrou. Contou para a mãe o seu insucesso em encontrar o remédio e, numa aparição, ela lhe disse que poderia encontrá-lo dentro de casa. Bastava que enchesse a boca com um pouco de água e a conservasse ali, quando alguém lhe fizesse alguma provocação. Deveria conservá-la na boca, banhando a língua, enquanto persistisse a vontade de responder ao provocador. E assim, passou Chico a fazer uso do remédio receitado pela mãe em vários momentos de sua vida. É bom que não confundamos a aplicação da água da paz com omissão, pois, a história do médium mostra-nos que, apesar de sua docilidade, ele sempre foi franco nas suas verdades.
Muitas vezes, nos relacionamentos humanos, as pessoas se engalfinham em discussões áridas, sem sentido algum, que apenas servem para deixá-las aborrecidas. Ultrapassam os limites do bom senso, a ponto de perderem o auto respeito, caindo na armadilha dos provocadores, sempre na espreita para fazer o mal.
A água da paz representa a regulação cuidadosa de nossa maneira de ser na convivência com os outros, sem aceitar as imposições de outras vontades às nossas e, tampouco, subordinar os outros à nossa maneira de pensar e agir. Pois, tanto um adulto presunçoso, quanto um adulto reprimido acabarão trazendo muitos danos a si mesmos e aos que o rodeiam.
A água da paz não significa a remoção de obstáculos pessoais encontrados em nosso caminho e, que são responsáveis por nosso crescimento, mas a maneira equilibrada com que devemos enfrentá-los. É a submissão de nossas emoções de rédeas soltas ao equilíbrio e à razão que deve nortear a nossa vida, de modo a abrandar o sofrimento comum a todos os seres viventes.
Os maiores problemas enfrentados por um indivíduo residem na avaliação que faz de si mesmo. Na maioria dos casos, o ego excessivamente inflado é o responsável por atitudes impensadas e arrependimentos tardios. É a superestima que tem por si, que lhe acarreta a maioria dos aborrecimentos. Por que fez isso comigo? Eu não mereço isso! Não sabem quem sou eu! Não sabem com quem estão falando! De modo que acaba partindo para uma revanche desnecessária e tormentosa. A água da paz é a tolerância, a virtude liberal por excelência. Eu respeito os outros, porque também quero ser respeitado. Mesmo aquelas pessoas que não merecem o meu apreço, eu as deixo em paz e as ignoro, sem a necessidade de lhes desejar ou fazer mal.
É preciso que compreendamos que nem todas as pessoas estão na mesma escala de evolução. E nada se ganha com discussões inúteis e infrutíferas. Melhor seria aproveitar o tempo com algo que beneficie a si e o mundo. Assim, como a água da paz, a tolerância não significa omissão, pois tudo possui os seus limites que, uma vez ultrapassados, precisam ser penalizados. E quais são os limites? – perguntará o leitor. Os limites são transpostos, quando há danos ou prejuízos à vida de outrem. Quando fazemos a terceiros aquilo que não queremos que seja feito a nós. De resto, mantenha a boca cheia de água e deixe que o outro mostre o que lhe vai pelo coração: amor ou ódio.
Fonte de pesquisa:
As Vidas de Chico Xavier/ Marcel Souto Maior/ Editora Planeta do Brasil Ltda.
(*) Imagem copiada de rodrigolampert.blogspot.com
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A água da paz, mantida na boca, evita a resposta impensada, evitando assim transtornos futuros. A água da paz ajuda muito as pessoas que não têm inteligência emocional, como eu!
Ieda Christina
A água da paz é eficaz para todos nós que, na maioria das vezes, tendemos a responder sem pensar.
Amiguinha, a inteligência emocional (IE) pode ser adquirida por qualquer um de nós, exigindo apenas esforço da nossa parte. Não se trata de algo impossível de adquirir, mas tão somente de esforço. A gente cai e levanta, aprendendo aos poucos o controle sobre nós mesmos. Pude perceber que você é uma pessoa boa e que pretende alcançar o controle sobre si mesma. E irá conseguir! Também faço um trabalho contínuo comigo mesma… tentando ativar minha inteligência emocional.
Um grande abraço,
Lu
A água da paz não é para tomar, é para deixar na boca enquanto sentir vontade de revidar…
Márcio
Sim, a água é para ser deixada na boca para que a pessoa não possa revidar, mas passado o momento de tensão, ela poderá engoli-la.
Foi um grande prazer receber a sua visita e comentário. Volte mais vezes.
Abraços,
Lu
Lu
Atualmente eu ando precisando de tomar um rio de água da paz.
Gostei do texto.
Beijos
Nel
Nel
E quem não precisa, neste nosso mundo tão complicado?
As pessoas estão ficando cada vez mais explosivas.
Beijos,
Lu