COMO SURGIU O CURARE

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Recontada por Lu Dias Carvalho
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No coração da densa Floresta Amazônica morava um índio que, não se sabe a causa, desde pequenino preferira viver só, distante de sua tribo. Não tinha mulher, companheiros de caça e tampouco amigos. De manhã, ele se levantava e ia cuidar da caça, e, à tarde, com a barriga cheia, partia para sua pequena lavoura, onde cultivava mandioca e milho.

Certa manhã, o personagem em questão, partiu costumeiramente para a caça, matando mais bichos do que o necessário para a sua sobrevivência diária. Dentre eles estava uma guariba. Ele olhou para o corpo do animal, e resolveu deixá-lo sobre o moquém para comê-lo no dia seguinte. Partiu para sua lavoura e, ao voltar, observou que o bicho estava muito diferente de como o deixara. Tinha o pelo do corpo raspado, as mãos retorcidas e os dentes à vista, como se quisesse sorrir. O índio comeu umas raízes de mandioca e umas espigas de milho que trouxera, e caiu na rede de tanto cansaço e sono.

O índio acordou já pensando em comer a macaca, mas ao encarar o animal, toda a sua vontade de comê-lo evaporou-se, como se aquilo estivesse enfeitiçado. Mesmo assim desejou que Tupã transformasse-a numa índia, para que tivesse uma família e alguém que dele cuidasse. Comeu alguns peixes moqueados e partiu para a lavoura. Ao voltar, porém, encontrou a cabana arrumada, fogo aceso, água nas cuias, caldo de peixe e farinha. Era preciso saber quem fizera aquilo. Depois de muito procurar, encontrou uma bela índia. Ao querer saber de onde viera, ela lhe contou que era a guariba. Apesar de achar esquisito, ele não queria abrir mão daquela mulher bela e fogosa, que lhe aquecera o corpo à noite e fizera os serviços da casa. Resolveu encerrar o assunto por ali.

Certo dia, a índia resolveu convidá-lo para conhecer sua família que, para seu espanto, morava na parte alta de uma castanheira. Com extrema dificuldade subiu com ela até o local, onde encontrou uma grande família de guaribas. Ao amanhecer, a mulher disse que ia dar um passeio com os parentes, deixando o homem no alto da árvore. Só que ela e os símios jamais regressaram. O índio, depois de muitos dias no topo da castanheira, só conseguiu descer da árvore gigantesca com a ajuda do urubu-rei e do gavião-real. O último soltou uma gosma pelo bico que, ao endurecer, transformou-se num grosso cipó, através do qual ele desceu.

O gavião-real, que não era muito afeito aos símios, instigou o índio a vingar-se dos guaribas, ensinando-lhe como fazer o curare (veneno muito forte, de ação paralisante, extraído da casca de certos cipós), onde deveria mergulhar a ponta das flechas. Quando o bando apareceu na lavoura do índio,  foi morto por ele a flechadas. E foi assim que surgiu o curare.

Nota: imagem copiada de rollingstone.uol.com.br

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