Autoria de Lu Dias Carvalho
Abordei um tema moderno: as barricadass. E, se não lutei por meu país, pelo menos terei pintado por ele. (Delacroix)
A composição de Delacroix intitulada A Liberdade Guiando o Povo é uma de suas mais famosas obras e a mais conhecida imagem da Revolução de Julho, de 1830, em Paris, que pôs fim à monarquia dos Bourbon. Nessa revolução lutaram homens, mulheres, jovens e crianças. Presume-se que a barricada imortalizada pelo pintor seja retratada na praça de San Antonio, a atual praça da Bastilha. Assim como esta, muitas das pinturas do artista foram inspiradas por um acontecimento político.
No quadro de estrutura piramidal, com a bandeira tricolor a tremular no alto da pirâmide, existe uma mistura de realidade e fantasia. O objetivo do pintor é repassar a capacidade que o povo francês tem de superar suas tragédias. A cena mostra a derrubada das barricadas pelos rebeldes republicanos, atrás das quais lutaram pessoas de diferentes estratos sociais. O grupo avança em direção ao observador.
No primeiro plano encontram-se, à direita, os corpos de dois soldados mortos e, à esquerda, o corpo seminu do revolucionário tombado, trazendo uma única meia nos pés. Dois dos corpos dominam quase que inteiramente o primeiro plano. O levante não levou apenas os trabalhadores e burgueses descontentes às ruas, mas também mendigos organizados e criminosos do submundo de Paris. Alguns estudiosos do quadro justificam que a presença do homem nu na composição indica que ele teve suas vestes roubadas.
Mais acima, à esquerda, empunhando armas, encontram-se: um operário com a camisa aberta, segurando um sabre e trazendo uma arma no cinto; um burguês com chapéu de copa, casaco e gravata borboleta, segurando um rifle de caça; um rapazote, abaixo dos dois, de arma em punho, que parece observar o morto à sua frente. Ao fundo, um chapéu de dois bicos indica a presença de um aluno politécnico. Alguns estudiosos acham que o burguês tem como modelo o próprio pintor que queria reafirmar seu entusiasmo liberal.
A mulher, com os seios nus, carregando as três cores da bandeira francesa e uma baioneta, simboliza a Liberdade e a França. Em tamanho bem superior ao dos demais personagens, ela se posiciona como o bem maior do povo daquele país. A bandeira, erguida pelo braço direito, simboliza a pátria francesa e o rifle a necessidade de lutar para preservar a liberdade da pátria. A cabeça voltada para trás convoca o povo a segui-la. Sua postura, assim como suas vestes, denota movimento. Seu passo é largo e decidido, significando que os rebeldes não possuíam líder, mas tinham apenas a Liberdade para guiá-los. Ela está personificada na composição como uma deusa da Antiguidade.
À frente da Liberdade, um jovem mal vestido que mais parece um menino carrega duas pistolas. Ele representa a juventude francesa. O trabalhador, ajoelhado aos pés da Liberdade, traz nas roupas as mesmas cores da bandeira. Ao fundo, à esquerda, é possível ver uma bandeira, já aos farrapos, tremulando. À direita, também em segundo plano, ainda é possível ver uma parte da catedral de Nostradamus com a bandeira francesa em meio à fumaça pardacenta que vai se espalhando e o clarão dos tiros.
As cores predominantes na composição são o branco, o vermelho e o azul – cores da bandeira do país. O vermelho da bandeira está pintado sobre uma parte do céu azul, o que torna o tom ainda mais vibrante. Delacroix demonstra sua destreza no domínio do claro-escuro na obra.
A pintura denominada A Liberdade Guiando o Povo incluía-se entre os mais de 40 quadros expostos no Salão parisiense que tinham por tema “os dias de glória”, ou seja, a vitória dos rebeldes. Esta composição foi muito aclamada pela crítica e pelo público, levando Delacroix a ganhar a Cruz da Legião de Honra.
Curiosidades:
Os artistas românticos estavam exigindo liberdade na arte, na vida cotidiana e na política. No entanto, muito poucos foram para às barricadas em 28 de julho de 1830. A maioria deles ficou em casa, sob os mais diversos pretextos. Jornalistas liberais também escreveram proclamações incendiárias contra a arbitrariedade do Estado, na segurança de seus escritórios, mas eles não eram homens de ação, apenas de palavras. No entanto, os jovens românticos ouviram os artistas e os jornalistas e estavam entusiasmados e dispostos a lutar e a morrer. Dos 1.800 rebeldes mortos, a maioria era de jovens. O escritor romântico Victor Hugo ergueu-lhes um monumento em seu romance Os Miseráveis, 1862. Talvez o escritor tenha se inspirado no quadro de Delacroix – uma tela de força arrebatadora e de claro compromisso político – que se tornou uma obra fundamental do romantismo francês. (Taschen)
Presume-se que a postura da Liberdade (mulher) tenha servido de inspiração para o escultor francês Frédéric-Auguste Bartholdi, ao desenhar a Estátua da Liberdade – um presente da França para os Estados Unidos – nos anos de 1880.
Ficha técnica
Ano: 1830
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 260 x 325 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França
Fontes de pesquisa
Delacroix/ Coleção Folha
Delacroix/ Abril Coleções
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
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LuDias
Para que possamos alcançar a liberdade é necessário, acima de tudo, a educação. Ela é o preço da liberdade. Tivemos aqui o direito à liberdade com a constituição de 1988. Porém, ela, ao que parece, pouco foi utilizada, pois a opressão dos mais fortes sobre os mais fracos, como sempre se deu na história, triunfa. Não é só aqui. É em todo o mundo.
Já de muito tempo cantamos “liberdade,liberdade, abre as asas sobre nós…..” mas, ao que parece, ela sempre é truncada. Derrubada. Aqui no Brasil, talvez, pelas forças ocultas, mas que estão muito claras para aqueles que têm sentido oculto, desde lá do tempo de Jânio Quadros, presentes em nosso país, continuam a surfar e dominar os Poderes Constituídos, dando proteção aos mais privilegiados. Agora, dou razão a você. Precisamos sempre lutar. Mesmo que a bandeira caia. Que façamos levantá-la novamente. E novamente. Sem cessar. No entanto, para que esta bandeira se erga e permaneça lá no alto, continuando a garantir nossa liberdade, só se tivermos uma educação de qualidade. Com ela, poderemos ser um país mais homogêneo, mais pacífico, com pobres e ricos estudando na mesma escola, com a queda vertiginosa de criminalidade, com muita paz, saúde, e, sobretudo, sentindo alegria em ser brasileiro.
Edward
A educação de um povo é o caminho que o leva à igualdade, à prosperidade e à justiça. Temos um caminho longo e árduo a percorrer, poque temos no nosso país, talvez maior do que em qualquer outro, a ganância descabida e a sede de poder. Nossos empresários, em sua maioria, são despidos de qualquer laivo de humanidade. A eles interessando apenas o lucro a qualquer preço. E pior, são homens rudes, extremamente ímpios e ignorantes. Podem até ter conhecimento, mas falta-lhes a sabedoria que advém da certeza da finitude da vida e pela busca da paz consciência.
Nos escândalos que sufocam nossa nação, tem me horrorizado a facilidade com que os empresários envolvidos falam em MILHÕES. Entregam 15 milhões para ficar “livre do cara”, e depois mais “cinco milhões”, dá àquele político 500 mil por semana, durante 20 anos… Quando a imensa maioria do povo brasileiro jamais terá em sua conta “um milhão de reais”, ainda que trabalhe durante 49 anos, como querem os safados aproveitadores que se aposentam com oito anos de exercício político e são beneficiados com a corrupção. Melhor seria se cada Estado fosse um país. Já cheguei a esta conclusão.
Abraços,
Lu
Lu,
Lindíssimo quadro e excelente comentário. O que mais chamou minha atenção foi a mulher com os seios nus simbolizando a liberdade e a França. Penso ser o ponto central da obra.
Abraço,
Devas
Devas
É este mesmo o ponto central da composição.
A Liberdade é uma personagem decidida e forte, pois está no comando.
Abraços,
Lu
Linda pintura, Lu.
As cores fortes, o estilo da mulher com a bandeira e os homens com armas em punho simbolizam claramente a luta por um ideal.
Beijos
Pat
Trata-se mesmo de uma composição belíssima.
A Liberdade é vista como uma mulher determinada e confiante.
Abraços,
Lu
Certa vez encontrei um artista anônimo na Praça Sete, em Belo Horizonte – se não me engano em março de 1987. Conversei com ele por mais de uma hora. Ele havia retratado a INCONFIDÊNCIA MINEIRA com tal perfeição, que me parecia ouvir os brados de liberdade de Alvarenga Peixoto, Thomás Gonzaga, Tiradentes, entre outros.
Ele me disse que se inspirara na própria Inconfidência e na tela A LIBERDADE GUIANDO O POVO de Eugène Delacroix.
Parece que estou diante das duas obras. À propósito, o nome dele era, ou é Joaquim Versier. Nunca mais o encontrei nem mesmo naquela tarde quando voltei para adquirir o quadro.
Jan
Imagino que a obra do artista fosse realmente bem bonita, a ponto de despertar em você uma sensação tão profunda.
Esta tela de Delacroix é mesmo impressionante.
A Liberdade parece ganhar vida própria.
Quanto ao artista, procure pelo nome dele no Google.
Se o encontrar, talvez encontre a tela também.
Abraços,
Lu
Lu
Quando estive em Paris, vi a cópia deste quadro em vários lugares, além do original no Louvre. Ele é muito bonito e representa com propriedade o espírito libertário do povo francês.
Abraços
Nel
Nel
Trata-se realmente de um quadro muito simbólico, que faz parte de um momento muito importante da história francesa.
Além disso, é muito bonito.
Abraços,
Lu