Autoria de Lu Dias Carvalho
Nas minhas andanças pelo mundo virtual, encontrei o blog INDI(A)GESTÃO, escrito pela professora brasileira Sandra Duarte, casada com um indiano. Ela mora na Índia há 14 anos. Fiquei horas perdida no seu blog, com mil assuntos, tão diversificado quanto a própria Índia. E o mais interessante é a linguagem usada pela Sandra Duarte, ao falar sobre aquele país. Ela é extremamente verdadeira no modo de colocar as coisas, tais como são na realidade. É uma fotógrafa do seu tempo, naquele país. De cara, apaixonei-me pelo jeito irônico com que escreve e por sua coragem em denunciar aquilo que não se ajusta a sua consciência.
Peço licença à minha conterrânea para repassar, aos meus leitores, uma síntese de algumas coisas imagináveis e outras inimagináveis encontradas em seu blog, e mais algumas outras miscelâneas sobre a Índia:
- Rupia é o nome dado ao dinheiro indiano, que traz Gandhi estampado em todas as notas. O nosso Real corresponde a 27 rupias indianas. Bem mais valorizado.
- O expressivo crescimento econômico e populacional da Índia, ao lado da China, é uma das maiores ameaças ao meio ambiente, principalmente no que toca à poluição do ar, rios e extinção dos tigres de bengala.
- As mulheres pobres trabalham na construção civil, carregando areia, cimento, quebrando e carregando pedras, pela metade do salário que recebem os homens. Mesmo que produzam o dobro.
- Os animais de estimação do indiano sempre foram a vaca, a cobra, o rato e o macaco. Mas o cão já passou a ganhar a simpatia dessa gente. Os macacos mandam e desmandam naquelas terras, pois não conhecem o próprio galho.
- Quem for à Índia, deverá ter muito cuidado antes de assentar-se em um vaso, pois as cobras costumam aparecer onde menos se espera. Em vez de pensar que está eliminando uma Taenia saginata, um ofídio poderá quere fazer um “tour” por seu corpo.
- Apesar da badalada pureza da mulher indiana, em Calcutá, a organização das profissionais do sexo, já possui mais de 163 mil membros. Na horizontal, diz a bem humorada Sandra, os problemas relativos às castas inexistem. Logo, a posição horizontal é a mais democrática em todo o mundo.
- Não é preciso muito empenho para aliviar a bexiga, pois qualquer lugar serve. É comum ver homens urinando em postes e paredes, como fazem os cães. Basta expor a varinha mágica nesses lugares que a água corre.
- À medida que melhora a economia indiana, vem aumentando a prostituição de garotas menores de idade. Muitas delas já são portadoras do vírus da AIDS.
- Os bebês de sexo feminino costumam ser mortos ao nascer. Isso só não acontece, quando falta coragem aos pais, para praticarem o infanticídio ou, se já são mais evoluídos e, por isso, superaram essa arcaica e tenebrosa tradição. Dentre as principais causas estão os motivos culturais e financeiros. O dote é um monstrengo para os pais da rapariga.
- O Rio Ganges possui peixes mutantes que aprenderam a comer carne humana, em razão do número de cadáveres humanos ali jogados.
- As castas, as subcastas, os dalits, o sati e o dote são proibidos por lei. Mas na Índia, as leis não possuem nenhum poder sobre a realidade. O que é de direito, não existe de fato.
- As indianas não usam calcinhas debaixo do sári, peça de pano que possui 6 metros de comprimento, colocado em torno do corpo, sem nenhum tipo de costura, zíper ou botão.
- O trânsito é caótico, porque ninguém respeita suas leis, de modo que cada um faz o que tem vontade. Riquixás, motos, vacas, bicicletas, cabras, carros e pedestres são abençoados com os mesmos direitos.
- Os maiores perigos encontrados ao viajar para a Índia são: os atentados terroristas, estupros e desaparecimento de turistas. Deve-se procurar viajar em grupo, principalmente sendo mulher.
- O turista é visto como uma fonte de dinheiro, da qual se deve tirar a última gota. E também como um bobalhão, de quem se pode tirar até a alma. Por isso, o viajor deve pechinchar sempre e ficar atento aos charlatões que estão à espreita.
- Um estrangeiro tem que dar, no mínimo, 100 rupias como esmola ao mendigo, para que ele fique feliz. Eles acham que todo estrangeiro é rico, carregam os bolsos cheios de “bufunfa”.
- O ayurveda, que significa “ciência da vida”, é uma ciência milenar da saúde holística, em que se trata o corpo e a mente, e não só a doença. Deve-se ter cuidado na escolha do tratamento, pois há muito charlatanismo.
- As Folhas de Nadi (folhas de palmeira) fazem parte de uma arte divinatória.
- O Japamálá é um rosário com 108 contas, utilizado como marcador em orações ou como contador de mantras. Simboliza a disciplina da repetição. Pode ser feito de rudrakshas (sementes sagradas), sândalo, tulsí (árvore sagrada da Índia), cristal ou pau-rosa. Também pode ser usado no pescoço como proteção.
- O bindi (gota), aquela pedrinha que enfeita a testa das mulheres indianas, também feita de um pó de tom avermelhado, corresponde ao terceiro olho, fundamental na cultura indiana. Possui conotação religiosa e social. É colocado entre as sobrancelhas, um pouco acima.
- Os mudrás são gestos simbólicos, feitos com as mãos. As posturas simbólicas dos dedos ou do corpo podem representar determinados estados ou processos da consciência. Dizem que os mudrás originaram-se na dança indiana, que é considerada a expressão da mais elevada religiosidade.
- O indiano possui o costume de arrotar e soltar gases em público, com estrondo. Não confunda tal ato com as trovoadas das monções.
- As brasileiras reclamam de morar na Índia, principalmente pela total falta de noções básicas de limpeza e higiene.
- Muitos lugares no país são malcheirosos, uma vez que as vacas defecam pelas ruas, homens urinam em paredes e postes, o lixo é amontoado, etc.
- Segundo a professora Sandra Duarte, o indiano gosta de levar vantagem em tudo. Jamais sai perdendo. Sem falar que o sistema capitalista já fincou suas raízes ali, com muita profundidade. E ainda há gente, que pensa que a Índia só cultiva a espiritualidade.
- Quem estiver se preparando para ir à Índia deverá primeiro,ler o livro CARMA COLA da indiana Gita Mehta, principalmente se for turista da classe-econômica ou, se for mulher.
- O filme WATER da cineasta indiana Deepa Mehta, que ataca questões cruciais da Índia, foi banido do país e a cineasta proibida de filmar no mesmo. Depois de seus equipamentos de filmagem terem sido destruídos e ela ameaçada de morte, Deepa Mehta mudou-se para o Canadá. Nesse ínterim, o filme ficou famoso internacionalmente e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, quando a Índia, espertamente, passou a reivindicar as glórias e louros do mesmo, assim como deu permissão para que fosse passado no país.
- O filme do cineasta inglês Danny Boyle, Quem quer ser um milionário, com temática indiana, ganhou 8 Oscar e mostra uma pequena parte da verdadeira India.
Para conhecer com mais profundidade a Índia, acesse o blog de Sandra Duarte http://indiagestao.blogspot.com
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