Mestres da Pintura – FRANS HALS

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Autoria de LuDiasBH

O artista deve aproximar-se menos da coisa retratada, a fim de representa-la com maior clareza. (Descartes)

 O pintor Frans Hals (c. 1583 – 1666) nasceu provavelmente na Antuérpia, quando as províncias holandesas e Flandres (atual Bélgica) ainda pertenciam à Casa Real espanhola. Seu pai Franchoys era um mestre tecelão. Sua família mudou-se logo a seguir para Haarlem, onde ele passou a maior parte de sua vida. As informações sobre sua vida até os 25 anos são bem escassas, embora se saiba que estudou pintura na Academia de Haarlem com o pintor e escritor Karel van Mander – cujos escritos são uma conhecida fonte sobre os primeiros pintores flamengos – e foi membro oficial da Guilda de São Lucas, a qual chegou a presidir.

O primeiro trabalho conhecido de Hals foi Retrato de Jacobus Zaffius que faz parte de uma gravura de Jan van Velde. Essa obra contém as características dos trabalhos do artista que viriam, ou seja, as influências recebidas do estilo clássico e qualidades de sua vivacidade e introspecção, assim como de sua personalidade marcante em que predominavam a independência, o otimismo e o bom humor.

Ao visitar o estúdio de Peter Paul Rubens em Antuérpia, Hals encontrou ali um quadro de Caravaggio denominado Nossa Senhora do Rosário que lhe causou grande admiração. Aprendeu com os dois pintores que era preciso ter coragem para ousar, até mesmo ao transgredir os preceitos tidos como irrefutáveis da pintura clássica. Foi baseando-se nessa concepção que Hals foi evoluindo como artista, embrenhando-se no universo do ser humano. A princípio trabalhou com o movimento, a energia e as formas do corpo humano. Depois passou a captar suas características psicológicas, seus mistérios e o refinamento de seu espírito. Acompanhando sua trajetória, fortes contrastes entre luz e sombra, presentes em alguns quadros, viriam a conviver com outros com tons mais suaves e com uma distribuição equilibrada da luz.

A calvinista sociedade holandesa da época escandalizava-se com o modo de viver do artista, embora admirasse o seu talento e não deixasse de fazer-lhe encomendas de retratos. Dentre seus amigos estavam importantes funcionários do governo de sua cidade, homens cultos e filósofos, sendo Descartes um deles. Assim como preconizava o filósofo, físico e matemático francês, Hals passou a buscar o homem além de suas aparências, ou seja, desenvolvendo um grande interesse pela observação psicológica. Contudo, as mudanças na pintura do artista passaram a não agradar os burgueses da época, pois esses preferiam retratos convencionais com a finalidade de ornamentar os  salões de suas residências luxuosas.

Uma vez que os burgueses eram os responsáveis por fazer encomendas aos pintores, sendo, portanto, quem os sustentava materialmente, isso se constituiu num problema para Hals que preferiu enfrentar a miséria a seguir o gosto deles, o que acabou deixando suas dívidas num patamar elevado, não tendo ele nenhuma possibilidade de saldá-las, o que terminou na penhora de seus bens e por levá-lo à prisão, quando já era quase um septuagenário.

Além da vergonha da cadeia, ao se ver livre teve o pintor que contar com a boa vontade do governo da cidade para sustentá-lo com uma pensão oficial. O sofrimento do artista fez com que ele se aprofundasse ainda mais na indagação psicológica de seus retratados. Seu olhar também se tornaria mais perspicaz e ressentido. Veio ele depois a pintar os regentes do asilo de velhos, recebendo uma boa soma por esse trabalho, o que melhorou sua situação. Morreu Hals com cerca de 85 anos.

A obra realista de Frans Hals em que evidenciam a sua capacidade de observação e o seu forte poder de expressão foi, sem dúvida, o primeiro ponto alto da pintura holandesa, além de ser vista como o despertar de um estilo nacional independente, não mais atrelado aos elementos italianos. Estudos mais recentes comprovaram que a ideia passada sobre a vida libertina e o vício pelo álcool do pintor não correspondia à verdade. Hals pertenceu à Associação de Oratória de Wijngaertranken e à milícia cívica de São Jorge. Foi também membro da câmara de reitores e presidente do grêmio de pintores de Haarlem.

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://operamundi.uol.com.br/historia/30475/hoje-na-historia-1666-morre-

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