Confesso que por muito tempo não compreendi o significado da expressão Não jogue o bebê fora junto com a água. Mas recentemente veio a luz que me clareou as ideias. Imagino que muitos leitores também não conhecem o significado, pois, no mundo contemporâneo, aprendemos que as crianças são colocadas em primeiro lugar, mas não era bem isso que acontecia antigamente.
Temos conhecimento de que nos séculos XVI e XVII, a higiene não era levada a sério, em razão das muitas superstições, sendo a água, elemento essencial para a higienização do ser humano na sua vida diária, considerada como maléfica à saúde. Assim sendo, os banhos eram esporádicos. E, quando tomados, a água quente, posta numa enorme tina de madeira, era destinada a toda a família, sem nenhuma troca. Virgem Maria, que horror! E ainda era preciso obedecer a certo ritual:
O primeiro a tomar banho na água limpinha, ainda virgem, era privilégio do chefe da família, o senhor todo poderoso do lar. Ele se esbaldava na tina, deixando ali todo o seu bodum. Vinham a seguir, os demais homens da família, obedecendo a ordem da idade, sendo os mais velhos os primeiros. Após esses, seguiam-se as mulheres, também obedecendo a idade, as mais velhas, primeiro. As crianças, coitadinhas, eram as últimas. Mas o leitor não faz a mínima ideia do que era reservado aos anjinhos.
Imagine, meu caro amigo, como era o caldo preto e seboso que sobrava para as crianças, depois de ter passado aqueles indivíduos malcheirosos por aquela água, vindos de muitos dias sem banho, quiçá meses, durante o inverno. Melhor seria que os bebês ficassem como estavam. A situação era tão preta que era possível perder um dos anjinhos dentro daquele caldeirão de xixi, chulé, bunda suja e coisa e tal. Era preciso muito cuidado para que um bebê não fosse jogado fora, junto com a água suja, sem que os criados perecebessem. Daí nasceu a expressão “Don’t throw the baby out with the bath water.”, ou seja, “Não jogue o bebê fora junto com a água do banho.”.
Ufa! Não era fácil ser criança naqueles tempos!
Nota: imagem copiada de sannitas.blogspot.com
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LuDias
Acho que jogavam mesmo. Daí o alerta.
Nunca imaginei coisas assim.
Que mentalidade?
Pensando bem, evoluímos, coisa que não havia notado. Talvez porque na minha família sempre houvesse muito amor, principalmente para as crianças, eu não notei a evolução.
Excelente texto para refletir e muito.
Abraços
Ed
É interessante acompanharmos a mudança dos costumes através dos tempos.
Existem coisas surpreendentes.
Já estou à cata do livro O Sujo e o Limpo.
Abraços,
Lu