Autoria do Dr. Telmo Diniz
O estresse se caracteriza por ser um mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós não teríamos sobrevivido. Os homens das cavernas tinham de reagir imediatamente ao se deparar com um animal faminto. Caso contrário, não teriam deixado descendentes. Nós existimos porque nossos ancestrais se estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores químicos (adrenalina e cortisol) que provocavam reações fisiológicas para se prepararem para todos os perigos. Mas o grande desafio da sociedade moderna é a adaptação ao estresse crônico.
Para que o leitor entenda melhor a diferença entre estresse agudo e crônico, a fase aguda é imprescindível para a sobrevivência. Um exemplo é estarmos diante de um assalto: o batimento cardíaco e a pressão arterial aumentam, o sangue é desviado do intestino e pele para os músculos, que precisam estar fortalecidos para o que conhecemos como “reação de luta ou fuga”. Já o estresse crônico resulta do acúmulo de pequenos problemas que se repetem todos os dias. Contas a pagar, problemas a resolver, o trânsito que não anda, etc. São eventos corriqueiros que provocam um discreto e constante aumento da pressão arterial e do número dos batimentos cardíacos que, sem dúvida, trazem consequências nefastas para o organismo no longo prazo.
Os desafios da vida moderna vêm impondo mudanças nos hábitos de vida entre as pessoas. A sobrecarga de atividades no dia a dia e a dificuldade de adaptação a esta nova realidade vêm provocando um aumento significativo do estresse crônico, que pode trazer prejuízos à saúde física e emocional. Não é incomum este tipo de paciente no consultório, relatando uma fadiga e cansaço sem explicação (tipo “arrastando correntes”), insônia, diminuição da libido, irritabilidade, entre outras queixas.
A abordagem do paciente com estresse crônico passa por uma boa e completa anamnese, exame físico e uma revisão laboratorial. O primeiro passo é identificar a causa do estresse e verificar se é possível afastá-la. Se não for, é preciso criar estratégias para resolvê-la. Uma boa “higiene do sono” deve ser revista, pois seguidos episódios de insônia é problema extra. As atividades físicas sempre são bem-vindas para a redução dos quadros de estresse, aliadas a atividades extra trabalho (hobbie). Se a pessoa não conseguir controlar os níveis de estresse, sozinha, deve procurar ajuda profissional. Uma ajuda que vem da fitoterapia, que pode contribuir bastante, são os adaptógenos (o principal representante é o ginseng).
Clinicamente, as ações terapêuticas dos adaptógenos compreendem o aumento da atenção e da resistência à fadiga, além de reduzir os prejuízos e transtornos relacionados ao estresse. Adaptógenos não são considerados estimulantes, mas, sim, moduladores da resposta, tanto da suprarrenal, quanto do sistema nervoso autônomo – o que permite um aumento da resistência física e psíquica ao estresse. Na área psíquica, os adaptógenos reduzem os prejuízos causados pelo estresse, e ainda melhoram a cognição e a memória. Os adaptógenos podem ser de grande ajuda, porém, a associação com melhoras no estilo de vida são primordiais.
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Excelente artigo, claro e simples e de fácil compreensão.
Doralice
Os artigos do Dr. Telmo são ótimos. Toda semana é postado um. Será um prazer tê-la como nossa leitora.
Agradeço sua presença e comentário.
Abraços,
Lu