Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição O Díptico de Wilton — também conhecida como Ricardo II Apresentado à Virgem e ao Menino pelos seus Santos Protetores — é uma obra pertencente ao estilo Gótico Internacional, cujo pintor é desconhecido, sendo chamado de Mestre Díptico Wilton. Alguns críticos de arte dizem que se trata de uma obra francesa e outros dizem ser ela uma obra inglesa, tendo seu autor conhecimento da arte francesa praticada nas cortes francesas. Mesmo a sua data é baseada em hipóteses.
Este díptico foi pintado para o rei Ricardo II da Inglaterra. Foi criado em dois painéis de madeira, unidos por duas dobradiças. No painel à direita, a Virgem Maria, de pé com seu Menino nos braços, está rodeada por onze anjos, sendo dois ajoelhados e o restante de pé. A cena se passa num campo florido, como mostram as flores aos pés da Virgem, retratadas com bastante fidelidade. Todas as figuras encontram-se vestidas de azul, excetuando o Menino Jesus que usa um pequeno manto amarelo. Ele abençoa o rei Ricardo II — ajoelhado na outra tela.
Os anjos usam coroas de flores, enquanto a Virgem e Jesus trazem halos dourados. Cada anjo traz na túnica — próximo ao ombro direito — o emblema inglês. Sete anjos com suas enormes asas levantadas separam a cena do fundo dourado da composição. Um dos anjos carrega uma bandeira com a cruz de São Jorge — símbolo do Reino Unido. Acima, na ponta da haste onde se encontra a bandeira, uma esfera de metal traz impressos um pequeno mapa da Inglaterra e um castelo. A cena é cheia de movimentos. O uso da perspectiva pelo artista pode ser visto na postura do anjo ajoelhado no lado esquerdo do painel. Mostra também que ele fez uso de estudos do natural ao usar muitas espécies de flores que ornam o paraíso.
No painel à esquerda o rei Ricardo II encontra-se ajoelhado, sendo apresentado à Virgem por seus santos padroeiros que se encontram de pé atrás dele. Os santos trazem seus respectivos atributos: Eduardo, o Confessor, segura o anel ganho de um peregrino; São Edmundo Mártir segura a flecha que o matou; e São João Batista traz um cordeirinho — o Cordeiro de Deus. Eles se encontram num espaço aberto de chão rochoso, com plantas ao fundo, à direita. A cena é muito calma.
O díptico está unido por duas dobradiças, podendo ser fechado para conservar a pintura. Quando cerrado, apresenta nos reversos dos painéis, à direita, um veado branco com uma coroa de ouro rodeando seu pescoço — emblema de Ricardo II — e à esquerda o brasão de armas de Eduardo, o Confessor, cruzado com as armas da Inglaterra.
Esta rica e preciosa obra da época medieval compartilha do gosto por graciosas e delicadas linhas fluidas e belos e esmerados motivos. É de extrema graciosidade o modo como a Virgem toca no pé de seu Menino, assim como os gestos dos anjos com suas mãos delgadas. Possui muitos detalhes feitos com folha de ouro. As vestes e os ornamentos em azul — presentes na Virgem e nos anjos — foram feitos com pigmentos de lápis-lazúli, uma pedra semipreciosa muito cara à época. O vermelho da roupa de Ricardo II também foi feito com um pigmento muito valioso. A moldura é original.
Ficha técnica
Ano: c. 1395 -1399
Técnica: têmpera no painel
Dimensões: 45,7 x 29,2 cm (sem a moldura)
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha
Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich
https://es.wikipedia.org/wiki/Díptico_de_Wilton
http://www.arqfdr.rialverde.com/5-Edad_Media/Em_Ilustr15.htm
http://www.viajeporlondres.com/londres/museos/nationalgallery/pinturas
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