Raízes da MPB – PIXINGUINHA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sua imensa contribuição para a formação e o desenvolvimento da música popular brasileira desdobrou-se ao longo de três décadas por meio de diferentes facetas: instrumentista, compositor, arranjador e maestro. Não é fácil avaliar em qual dessas atividades musicais ele teria se destacado mais, já que brilhou e deixou sua marca pessoal em todas. (Carlos Calado, jornalista e crítico de música da Folha)

Ao mesmo tempo em que criou para as suas necessidades de artista genial, foi também o inventor de uma linguagem para os outros. Produziu as suas obras e alicerçou uma cultura. É, sem dúvida, um dos pais da música popular brasileira. Assim, é também um dos pais da nossa nacionalidade (Sérgio Cabral, jornalista).

Assim foi Pixinguinha: o grande paradoxo num país que tantas vezes se apressa em aplaudir medíocres iluminados pela publicidade, e quase sempre precisa de tanto tempo para conhecer os verdadeiros gênios de seu próprio povo (José Ramos Tinhorão, pesquisador e crítico musical)

O compositor, instrumentista, arranjador e maestro Alfredo da Rocha Viana Filho, também conhecido por Pixinguinha, nasceu na cidade do Rio de janeiro/RJ, no ano de 1837.

Como instrumentista, Pixinguinha iniciou tocando flauta, encantando as mais variadas plateias. Anos depois, passou a tocar o sax tenor. Como compositor, criou clássicos da música popular brasileira. Quem não conhece Carinhoso, Lamentos, Naquele Tempo? Para o violonista e compositor, Baden Powell, ele foi o mais importante compositor do século 20, embora a sua modéstia levasse-o a falar de suas obras como “coisinhas simples”.

Raimunda Maria da Conceição, a mãe de Pixinguinha, foi casada duas vezes. No primeiro casamento teve quatro filhos. E, com o pai de Pixinguinha, Alfredo Filho, segundo casamento, ela teve mais nove filhos, sendo o músico, o caçula dos irmãos.

O apelido de Pinzindim foi dado ao músico, ainda criança, por sua avó nascida na África. Significava “menino bom”, num dialeto africano. E assim era chamado por toda a família. Anos mais tarde veio o apelido de Pixinguinha, em razão das marcas deixadas pela varíola (bexiga). Nem ele mesmo soube explicar como Bexiguinha ou Bixinguinha transformou-se em Pixinguinha.

A família de Pixinguinha trazia música no sangue. Aqueles que não tocavam algum instrumento cantavam. Seu pai era flautista. E o menino tinha um ouvido tão bom, que aos 11 anos de idade já o acompanhava na flauta, tocando cavaquinho.  Também tomou aulas de música com um amigo da família, Borges Leitão. Em poucos meses não tinha mais o que aprender. Sua família morava numa casa enorme, que além de abrigar a numerosa prole, também acolhia os “chorões” (tocadores de chorinho). Até o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos ali esteve.

Os encontros dos “chorões” fascinavam o menino Pinzindim, que relutava em ir cedo para cama, apesar dos rogos da mãe. No dia seguinte, procurava reproduzir de memória, as melodias ouvidas. O músico Irineu de Almeida, encantado com o talento do menino, tornou-se seu segundo professor, inclusive levando-o as festas, onde era pago para tocar. E, antes mesmo de completar 14 anos, Pixinguinha fazia sua estreia como flautista do conjunto Choro Carioca, em disco.

Ao gravar Já Te Digo, em parceria com o irmão Otávio, o China, Pixinguinha obteve seu primeiro sucesso. O choro Carinhoso, letra de João de Barro (conhecido por Braguinha) e música de Pixinguinha, tornou-se uma das canções mais conhecidas na história de nossa música e uma das mais gravadas. Mas ao compô-la, juntamente com Lamentos, recebeu críticas por estar sofrendo a influência do Jazz. O certo é que essas músicas estavam adiantadas demais para a época em que foram compostas. Outras composições famosas, entre as muitas compostas por Pixinguinha, são: Rosa, Vou  Vivendo, 1 x 0, Naquele Tempo e Sofres Porque Queres.

Naquela época, as gravadoras possuíam as suas orquestras, de modo que Pixinguinha foi contratado pela gravadora Victor para ser arranjador e regente da Orquestra Victor Brasileira, posto que ocupou durante 4 anos. Sendo a sua marca registrada o peso que dava à percussão nos seus arranjos musicais, onde entravam instrumentos como pandeiro, omelê, caixeta, cabeça, prato, faca, etc…

Pixinguinha tinha problemas com o alcoolismo, que lhe trouxe grandes problemas financeiros.  Sem oportunidades de trabalho, praticamente sumiu do cenário musical. Chegava a tomar uma garrafa de cachaça pela manhã, quando trabalhara para a Rádio Mayrink Veiga. Foi ajudado pelo flautista e compositor Benedito Lacerda, apesar de terem feito um acordo que mais beneficiava o novo parceiro, mas que redundou em grande sucesso para a dupla, permitindo-lhes gravar inúmeros discos, onde Pixinguinha toca sax tenor e Lacerda, flauta.

No final dos anos 1950 e nos primeiros anos da década de 1960, com o sucesso da bossa-nova e do rock que contagiavam principalmente os mais jovens, Pixinguinha e seus companheiros viram suas oportunidades diminuídas. E também o álcool e o tabaco, consumidos por ele durante vários anos, começaram a mostrar os estragos feitos na sua vida.

Pixinguinha morreu em 1973, aos 66 anos de idade, dentro de uma igreja, quando se preparava para ser padrinho de uma criança, mas sua música permanece viva até hoje, para orgulho da MPB.

Nota:
Ouçam, clicando no link abaixo, Carinhoso:
http://www.youtube.com/watch?v=Z_7SIRIXFDw

Fonte de pesquisa:
Raízes da Música Popular Brasileira/ Folha de S. Paulo

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2 comentaram em “Raízes da MPB – PIXINGUINHA

    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Também acho Pixinguinha fantástico.
      Ele foi muito importante para a música popular brasileira.
      E continua sendo, através de sua obra belíssima.

      Beijos,

      Lu

      Responder

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