XANDECO DEIXA MARTE (I)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O planeta vermelho, cujo nome originou-se de Marte, denominação do deus mitológico romano da guerra, dá visíveis sinais de destruição. Grandes tempestades de poeira, ventos fortíssimos e baixas temperaturas passaram a assolá-lo. O Monte Olimpo, tido como o maior vulcão do Sistema Solar, e três vezes mais alto do que o Everest, está a botar as unhas de fora. A temperatura cai e, segundo os cientistas de lá, não tardará a ficar entre 10 e 140 graus negativos. Os marcianos sabem que não tardarão a abandonar o navio, se ali não quiserem abotoar o paletó. É necessário começar a abrir as ideias para o futuro. Diante das catastróficas previsões, seus governantes optaram por estudar a Terra, cujo ambiente assemelha-se ao deles. Dez indivíduos foram enviados ao nosso planeta, a fim de abrir caminho para o estudo.

Xandeco, já bem próximo do planeta terrestre, viu um extenso e esverdeado país – Brasil – e escolheu-o para fincar barraca. A vasta floresta Amazônica, situada ao norte, fez com que abrisse olhos grandes diante de tanta exuberância, não sabendo que, assim como seu planeta, ela está por um fio para ser dizimada, não por ventos e baixas temperaturas, mas pela ganância desenfreada que abala as estruturas do país. O povo omisso se ausenta, abaixando a guarda e fazendo ouvidos de mercador diante de sérias advertências. Os governantes do país que ele escolheu estão a abrir a torneira para o desmatamento, a fim de agradar os grandes latifundiários e empresas, principalmente estrangeiras. Os corruptos – cuja grande parte jamais alisou os bancos da ciência – estão a abrir o cadeado, entregando tudo a preço de banana. O povo precisa abrir o olho antes que a vaca vá para o brejo, pois não adianta chorar o leite derramado. Corruptores e corruptíveis estão almoçando, jantando e ceando  a nação brasileira.

A nave de Xandeco aterrissou no coração doentio de seu novo país – Brasília –, onde ele logo assumiu a identidade humana, disposto a não abrir a boca, até se assenhorear de mais informações. Sabe que em terra estranha não se pode abrir a guarda. E olhe que nem imagina em que boca de lobo caiu. É bom que coloque suas barbas de molho e faça ouvidos moucos. Quem terá coragem de abrir os olhos do inocente marciano? Ele haverá de entender com o tempo, que naquelas bandas se acende uma vela a Deus e outra ao Diabo. A maioria daquela gente sempre age de má fé, de olho no próprio umbigo, almoçando na copa. Enquanto os mandantes sempre acertam no milhar, o povo só acerta na trave, aguentando a rebordosa, como se tivesse alugado o passe. Assim segue a carruagem, ao deus-dará, sem alterar nem uma vírgula em relação aos desmandos, à falta de ética e ao descompromisso com a nação.

Xandeco ainda não sabe que o povo brasileiro só faz aguentar as pontas, enquanto “os dominantes” vêm com a ladainha de sempre, dizendo que tudo está melhorando. São exímios fanfarrões, apregoando seus cantos de sereia. E, se contestados, viram cachorro doido. Alguns poucos tentam abrir o jogo, mas o povo continua aguentando pianinho, adormecido à sombra da bananeira, sem se preocupar em ajustar os ponteiros. Então, que aguente o tombo! O marciano não sabe que a democracia brasileira é tão forte que não aguenta um gato pelo rabo, ou – usando uma linguagem chula –, não aguenta um peido, mas os “grandes” estão sempre a ajuntar as camas. Ainda assim, dizem eles – os mandachuvas – que todas as instituições estão funcionando a contento, que estão ajustando as contas e outras baboseiras mais.  Poucos de nós estão a alertar os gansos. Brevemente Xandeco irá torcer para que o povo brasileiro  levante com a avó atrás do toco ou de chinelos trocados e leve os dissipadores da pátria brasileira a amarrar a égua nos quintos dos infernos, onde terão que amassar o pão com o suor do rosto.

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