Autoria do Dr. Telmo Diniz
Zika vírus, dengue e febre chikungunya. Todas elas são viroses transmitidas por um mosquito conhecido por Aedes aegypti. Índices elevados destas doenças vêm aumentando em várias cidades do Brasil. Mas de quem é a culpa desses números elevados e crescentes? Será que é do poder público que não investe no combate e prevenção ou será que é nossa, por não fazermos a nossa parte? Fico com a segunda opção.
Todos os anos é a mesma história: É culpa da água parada? É culpa da falta de políticas públicas do governo? É culpa de terrenos baldios e lixos jogados em qualquer lugar? É culpa do excesso de chuva ou da falta de uma vacina? É culpa de quem jogou aquele copinho no chão e que acumulou água? Não! Fato é que estamos sempre terceirizando a culpa em algo ou alguém, quando o tema é uma dessas viroses. O mosquito não está no país, no Estado ou no município. Ele está no nosso “quintal” e o combate a ele é de nossa responsabilidade.
Claro que não estou eximindo o governo das ações que a ele cabem. Ações macro do tipo aplicações de políticas de combate ao mosquito em áreas endêmicas, distribuição de cartilhas para conscientização da população sobre essas doenças, mobilização de militares para ajudar no combate às mesmas, etc. Todas, certamente, irão ajudar, mas nunca eliminar todos os focos, pois o “inimigo mora ao lado” – é nosso vizinho e está lá para causar grandes prejuízos.
Para enfrentar o mosquito é preciso a união de toda sociedade, para que cada um faça a sua parte. Cingapura, por exemplo, cidade do sudeste Asiático, elaborou um plano e conseguiu efetivamente eliminar o inseto. Mas como? Simples! Cada morador reservou dez minutos da sua semana para limpeza dos possíveis focos. De igual forma, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) lançou uma campanha de mobilização, controle e enfrentamento, batizada de “10 Minutos Contra a Dengue” (poderia também ser: 10 minutos contra o mosquito). Portanto, a vistoria individual se faz urgente e necessária.
As dicas para combater esses inimigos já são bem conhecidas da população em geral, mas não custa citar pontos importantes:
• manter a casa limpa e sem água parada para evitar os possíveis criadouros;
• acabar de vez com os pratinhos de plantas com água, garrafas pet ou qualquer objeto que facilite o acúmulo de água;
• observar como está o armazenamento e destinação do seu lixo;
• jamais descartar qualquer outro material, que possa acumular água, no quintal de casa, na rua ou em lotes vagos;
• no caso de latas, caixas de leite e similares, é recomendável retirar o fundo para descartar;
• manter as calhas livres de entupimentos para evitar represamento de água nas mesmas;
• manter limpos e escovados os bebedouros de animais domésticos – a água deve ser trocada diariamente;
• Manter piscinas devidamente tratadas;
• caixas de água devem estar bem tampadas e vedadas;
• se optar por armazenar água das chuvas, é importante que tampe bem os recipientes.
Torne-se um neurótico no combate a esse mosquito. E não se esqueça dos seus dez minutos.
Nota: ilustração copiada de www.araputanga.mt.gov.br
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Dr. Telmo.
Adoro sempre seus artigos. Estes aconselhamentos são muito úteis, se todos fizéssemos nossa parte, poderíamos estar muito melhor dentro do quadro, por vezes, dramático, conforme a região de nossa país. Gostaria de acrescentar – lembro que li esta opinião em um artigo da internet – que falta um motivo forte, economicamente forte, para que haja vontade política todos os níveis governamentais e da própria sociedade, em combater o mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, evitar os desastres na saúde de nosso povo que ele vem causando. A opinião baseia-se em um ponto importante, lá no início do século passado, quando Oswaldo Cruz comandou, no Rio de Janeiro, a varredura do mosquito, que naquela época transmitia apenas a febre amarela. Na época, o Brasil exportava muito café. E os compradores vinham até o Rio de Janeiro para fazer compras. Com a febre amarela, eles simplesmente começaram a desaparecer. Daí que forças econômicas buscaram a solução, obrigado os governos a promover a extinção – se possível foi – do mosquito.
Penso que em muitas cidades não existe nos administradores locais motivação para buscar uma atenção mais forte no combate ao mosquito, chegando ao cúmulo de gastar muito mais em festas com artistas de renome, do que na luta que deveria existir contra o mosquito. Somente os deveres de casa não serão suficientes, visto que nas cidades há lixões a céu aberto, depósito de sucatas, restos de materiais e veículos usados, todos próximos à zona habitável, onde não há nenhuma exigência de pelos menos ficarem situados bem afastados da zona urbana, buracos nos asfaltos, restos de latas e plásticos nas vias públicas, que funcionam como criadouros. Passam os agentes de saúde, que pulam casas porque não são bem vindos. As casas que visitam, na sua grande maioria, estão fazendo seu dever de casa, mas evitam aquelas onde podem encontrar resistência. O papel do poder público é importante, mas não está sendo bem feito. Agora começamos outro ciclo, onde além da dengue, já chegaram o Zika vírus e a febre chikungunya. Os prejuízos econômicos começaram a aparecer. Esperamos que os governos – federal, estadual e municipal – bem como empresas e toda a sociedade, cada um de nós dê uns dez minutos do dia para combater a dengue.
Outra coisa importante, ainda, seria entender que o ovo do mosquito é colocado em lugares secos, e, quando a chuva chega ou jogam água, há condições para o ovo eclodir e dar origem à larva. O problema é que esse resiste a quase um ano em plena seca, para eclodir logo nas primeiras chuvas. Portanto, é muito importante prestar a atenção nestes locais, estejam dentro ou fora de nossas residências, onde se formam pequenos bolsões de água e as larvas ficam até a idade adulta, onde se transformam nos mosquitos, que buscam o ser humano para se alimentar, picando-o, transmitindo as doenças. Assim, não é só lugares onde há bolsões de água, mas no seu entorno é importante, pois é de máxima importância, e a ciência está buscando produtos que exterminem, ainda, no local seco, os ovos do mosquito.
A propósito, pesquisadores, aí de Minas Gerais, estão fazendo experiências, ficamos aqui na torcida para que o produto exterminador seja encontrado:
http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2014/06/01/interna_tecnologia,534835/tecnologia-promete-exterminar-ovos-e-larvas-do-aedes-aegypti.shtml