Autoria do Dr. Telmo Diniz
O que mais encontramos nos dias de hoje são rodas de pessoas falando cada qual de si. Hoje, muito se fala e pouco se escuta. Muitos falam e ninguém ouve, verdadeiramente. Quem fala muito não ouve. Todos nós gostamos de expor as nossas ideias e de ter uma participação no decorrer de uma conversa. É normal desejarmos expor os nossos pensamentos e experiências. A dificuldade está no saber ouvir.
Quando ouvimos superficialmente, captamos apenas mensagens também superficiais. Não há interação com o outro. Isso dificulta os relacionamentos no trabalho, na família, etc. Temos por hábito, a maioria de nós, de interromper os outros e tirar conclusões precipitadas. Além disso, nossas crenças nos levam a escutar apenas o que acreditamos ser “verdadeiro”. Da mesma forma, nossa competitividade também nos faz querer dominar as conversas. E, quando alguém fala o que não queremos ouvir, fugimos da realidade e nos desligamos da conversa. Portanto, a tarefa do ouvir não é tão fácil quanto parece, porque ouvir é deixar de lado a nossa prepotência e se despojar do próprio narcisismo. É preciso colocar a humildade no lugar da arrogância intrínseca.
Um trecho de um livro de Rubens Alves traduz bem o quanto nos preocupamos mais em falar do que em ouvir. Disse ele: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar… Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular”. Saber ouvir é um ato de boas maneiras, de educação e de cuidado com quem nos cerca.
Quanto mais desenvolvermos a habilidade de ouvir os outros, maior a probabilidade de prestar atenção nas necessidades das pessoas que estão à nossa volta. Pessoas que não ouvem atentamente não conseguem captar informações importantes ou obter o apoio dos seus pares. Ouvir com atenção significa compreender sem avaliar ou julgar os pontos de vista da outra pessoa. Devemos nos esforçar para ouvir posições contrárias às nossas, bem como devemos dar a chance para que o “outro lado” possa construir seu raciocínio e expor suas ideias. O outro pode estar certo. Pense nisso! Existe um velho ditado árabe que diz: “A panela grande deve compreender a panela pequena”. Em outras palavras, você pode não entender o outro, mas pode compreendê-lo. Isto poderia salvar inúmeros casamentos.
Parece ser difícil ficar mais ouvindo do que falando. Pense nos pontos positivos que isso pode trazer. Talvez você possa ficar estimulado a tentar ouvir mais, como em não ter de se preocupar em dar respostas pra tudo; poder pensar antes e responder depois, de forma mais assertiva. E também, muitas vezes, a pessoa que está falando só quer seu silêncio. Saber ouvir é, antes de tudo, um exercício fundamental para o nosso bem estar. Nosso e do outro.
Nota: imagem copiada de segurancasaude.blogspot.com