Autoria de Lu Dias Carvalho
O infanticídio era praticado sem remorso, porque logo que a mãe ganhava o bebê, não sentia pelo filho nenhum amor instintivo. Se a criança vivia algum tempo, estava liberta deste destino, pois surgia o amor dos pais em sua primitiva simplicidade. (Will e Ariel Durant)
É comum nos perguntarmos se o tempo de hoje é melhor ou pior do que o passado, em relação à vida da mulher. É sabido que ela ainda tem muito chão para percorrer na defesa de seus direitos, mas já existem alguns freios sociais que a protegem. Um tema que vem sempre à baila é o número de filhos concebidos por ela e, como vem sendo a diminuição da taxa de natalidade. Oportunidade para dar um mergulho na história e ver como as coisas ocorriam em tempos longevos.
O homem dos tempos primevos sempre trabalhou para que sua prole fosse grande, de preferência composta por machos, que tinham por objetivo oferecer-lhe mão de obra servil e um futuro tranquilo. Mas, para atingir tal intento, era preciso contar com a adesão da mulher, pois não se faz filhos sem a sua participação. Para induzi-la à parição, contaram com a conivência da religião e do poder, que transformaram a maternidade em algo sagrado.
Não pensem os leitores que a fêmea caiu de boca na conversa do macho interesseiro. De jeito nenhum! Ela se rebelou secretamente, de todas as maneiras possíveis, tudo fazendo para escapar da pesada carga, já que não tinha nenhuma ajuda do companheiro, tão entusiasmado na hora do “vamos ver” e em aumentar o número de rebentos, mas tão indiferente no cuidado com os mesmos. E foi aí que a mulher inventou o fetocídio e o infanticídio, além de usar outras maneiras para evitar o contato com o homem.
A princípio, a função do homem na reprodução tinha um caráter extremamente superficial e incidental, enquanto a posição da mulher era fundamental e suprema. Até mesmo porque era impossível determinar quem fosse o pai. Porém, com o advento do casamento, o homem passou a se interessar pelo tamanho da prole, que lhe serviria de mão de obra escrava no futuro. Enquanto isso, as mulheres se rebelavam às escondidas contra tal imposição, uma vez que o fardo da gestação e da criação era carregado por elas. Negavam-se a fazer sexo com o macho, enquanto amamentavam. E o faziam por anos a fio. Era comum ver um menino fumando, mas que ainda não fora desmamado.
O aborto era usado com muita frequência. E, se falhava, apelavam para o infanticídio. Vários motivos podiam levar ao infanticídio, de acordo com as regras da tribo. Vejam alguns deles:
- se o bebê nascia disforme ou doente;
- se era bastardo;
- se a mãe morrera no parto;
- se dado à luz sob más circunstâncias;
- se nascia de cabeça para cima;
- se nascido durante tempestades;
- se nascia em março ou abril;
- se nascia na quinta ou sexta-feira;
- se nasciam gêmeos (um mesmo homem não podia gerar dois filhos);
- quando constituía embaraço durante as marchas (nômades);
- quando as tribos eram ameaçadas de carestia;
- quando o bebê era uma menina.
Os bebês, que nasciam meninas, eram torturados até à morte, para que a alma ficasse com medo e reencarnasse como menino. Fora disso, a mortalidade infantil era altíssima, em razão do excesso de doenças. Contudo, não existem provas de pedofilia naquele tempo. Embora essa tenha sido parte da cultura grega, tempos depois. Sendo que em tal época, os pederastas eram vistos como pedagogos, aceitos pela sociedade grega. O adjetivo “pedófilo” entrou para a língua portuguesa no final do século XIX. Atualmente é visto como um dos crimes mais repugnantes e inaceitáveis pela sociedade.
Nos dias atuais, o número de nascimento vem decaindo à medida que os países vão se tornando mais instruídos. As famílias estão compreendendo que, quanto menor for sua prole, melhor tratamento poderá ser dispensado a ela. O Brasil tem surpreendido o mundo com o controle feito pelos pais, sem precisar da intromissão do governo. O diferencial dos dias de hoje em relação aos de antigamente é que homem e mulher estão juntos no controle de sua descendência. Pelo menos é isso que se espera de um casamento equilibrado, onde pai e mãe contribuem, juntos, para dar aos filhos uma educação de qualidade e um futuro melhor.
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