Autoria de Lu Dias Carvalho
Muito se tem falado sobre a capacidade de ação e a sensibilidade de homens e mulheres, como se essas fossem determinadas apenas pelo gênero (masculino e feminino). Tal divisão acaba fornecendo justificativas para que as mulheres tenham menos oportunidades e recebam salários bem mais baixos do que os pagos aos homens, em quaisquer que sejam as áreas em que atuem. Mas a ciência entrou em campo para afirmar que o sexo não determina, obrigatoriamente, o tipo de cérebro que cada corpo carrega, seja ele masculino ou feminino.
No passado, estudiosos do cérebro humano, ao estudarem homens e mulheres, definiram o comportamento dos mesmos avaliando apenas as dimensões da massa cerebral. Definiram que a linguagem era predominante no sexo feminino e a habilidade espacial no masculino. Deixaram de lado a empatia e sistematização. E por isso erraram feio, pois a verdade é que os progressos científicos mostram cada vez mais que o estudo do cérebro é bem mais complexo do que se imaginava, não sendo possível limitá-lo unicamente ao âmbito do sexo, abrangendo várias classificações. Para que possamos entender melhor tais abrangências, faz-se necessário definir as palavras empatia e sistematização, conforme nos explica Simon Baron-Cohen, em seu livro Diferença Essencial, da Editora Objetiva.
Empatia – é a capacidade que certos indivíduos possuem em identificar as emoções e os pensamentos de outra pessoa, respondendo a eles com um comportamento apropriado. Ou seja, a pessoa coloca-se no lugar da outra e com ela interage, ganhando-lhe a simpatia. A reação emocional de uma é apropriada ao momento emocional da outra. E tem como objetivo compreendê-la, estabelecendo com ela uma conexão emocional.
Sistematização – é a capacidade analítica que certos indivíduos possuem para explorar e construir um sistema. Elas são capazes de compreender, intuitivamente, como funcionam as regras que governam um determinado sistema.
Se a empatia é importante para lidar com um rol de emoções existentes, a sistematização é um processo que, por sua vez, habilita a pessoa a trabalhar com um número ilimitado de sistemas.
A princípio, vamos dividir o cérebro humano em três tipos:
- Cérebro feminino ou cérebro tipo E – quem o possui, carrega um forte grau de empatia, ou seja, possui grande facilidade em interagir com as pessoas. A empatia predomina sobre a sistematização. Logo, o cérebro feminino é predominantemente projetado para a empatia (lembrem-se de que cérebro feminino não se refere necessariamente ao sexo feminino).
- Cérebro masculino ou cérebro tipo S – quem o possui tem uma capacidade sistemática bem maior do que a empática, ou seja, é capaz de lidar com extrema facilidade com os processos de sistematização. A sistematização predomina sobre a empatia. Logo, o cérebro masculino é predominantemente projetado para sistemas de construção e compreensão (lembrem-se de que cérebro masculino não se refere necessariamente ao sexo masculino).
- Cérebro balanceado ou cérebro do tipo B – quem o possui é empático e sistêmico no mesmo peso, ou seja, é capaz de lidar com a empatia e com a sistematização na mesma medida, no grau bem equilibrado.
Existem evidências de que, em média, as mulheres possuem mais empatia do que os homens, assim como, em média, os homens sistematizam espontaneamente mais do que as mulheres. Observem que não há generalização no que foi explanado, tomando o gênero masculino ou feminino como base.
Para compreender as divisões expostas acima é preciso que nos afastemos de qualquer forma de generalização, para que não nos debandemos para a tradicional e arcaica definição dos sexos. Aliado a isso é preciso compreender que cada pessoa possui um nível de empatia, assim como a sistematização obedece a diferenças individuais. Por isso, a maioria das pessoas, qualquer que seja o seu tipo de cérebro, é mediana. Apenas as excepcionais ultrapassam tais limites, para mais ou para menos.
Mais uma vez, quero lembrar aos leitores que cérebro feminino não significa, necessariamente, cérebro de mulher, e cérebro masculino não quer dizer, necessariamente, cérebro de homem. Os três tipos de cérebro apresentados independem do sexo. Embora, em média, os homens sejam mais sistemáticos espontaneamente do que as mulheres. E que, em média, as mulheres sejam mais dotadas de empatia do que os homens.
Se comparada à empatia, a sistematização é falha quando se trata de interação social no dia a dia, pois o comportamento e as emoções não são afeitos a regras. As mudanças comportamentais não obedecem a padrões definidos. Por isso, a sistematização é nula nas situações em que está em jogo a variação dos sentimentos de um indivíduo. Assim sendo, a empatia é o meio natural para se compreender uma pessoa, enquanto a sistematização é o meio natural para compreender e prever a natureza de tudo que possa ser sistematizado (natureza de eventos e objetos).
Como podemos ver, a empatia e a sistematização são processos distintos. Enquanto o primeiro funciona para ajudar a tirar conclusões sobre o comportamento de uma pessoa, o segundo serve para fazer uma previsão de quase tudo o mais. A sistematização exige distanciamento do objeto de estudo, de modo a monitorar a informação e prever o melhor possível os fatores responsáveis por sua variação. A empatia, ao contrário, exige alguma proximidade com a pessoa, cujos sentimentos afetam os seus. Empatia e sistematização estão vinculadas em regiões diferentes do cérebro e são fundamentadas pela neuropsicologia. Todos nós temos capacidade para uma e para outra. A determinante para definir o tipo de cérebro da pessoa é saber a extensão de cada uma.
Espero ter deixado claro que a definição do sexo de um indivíduo não é capaz de dizer que tipo de cérebro ele possui, pois nem todos os homens possuem cérebro masculino e nem todas as mulheres possuem cérebro feminino. Embora mais homens possuam cérebro do tipo S e mais mulheres possuam cérebros do tipo E. Se assim não fosse, as entrevistas para emprego seriam totalmente desnecessárias.
Nota: Imagem copiada de http://vanessinhafigueiredo.com/2011/
Fonte de Pesquisa
Diferença Essencial/ Simon Baron-Cohen/ Editora Objetiva
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Apesar de ser masculino identifico-me com o tipo E, mas quero dizer que o humano é tão egoísta que se trata como animal racional e os outros seres como irracionais; posso dar um exemplo: quem é mais racional, o homem ou uma pequena formiga? O cérebro dela é tão pequeno, mas ela tem capacidade de comunicação acertada. Enquanto o ser humano pensar que é melhor, e assim não exercitar seu cérebro, não sairá desta bola de neve de egoísmo que fica cada vez maior. É verdade que me entendo melhor com a mulher, porque ela é mais sensível do que o homem, e tem capacidade de comunicação muito mais acessível.
Abraços Lu
Rui Sofia
Rui
O humano acha que é o dono absoluto do mundo e, por isso, não respeita as outras formas de vida. Ele é muito egoísta.
Gostei do exemplo da formiga que, pelo tamanho do cérebro, parece usá-lo mais do que nós.
Enquanto não aprendermos a ser humanos de verdade, a bola de neve do egoísmo só irá crescer.
As mulheres, em sua maioria, são mesmo mais empáticas.
Abraços,
Lu
Lu,
ótimo texto. Sempre li sobre o cérebro feminino e o cérebro masculino. As informações foram esclarecedoras e objetivas.
Beijos
Pat
O ideal é ter um cérebro do tipo b, em que as ações tornem-se equilibradas.
Não tenho dúvidas de que o meu é do tipo E.
Beijos,
Lu