Autoria de Lu Dias Carvalho
O maior requisito de um artista é a sensibilidade, terreno fértil que lhe permite captar aquilo que permanece alheio às outras pessoas. É dessa sensibilidade à flor da pele que Sebastião Salgado fala-nos, ao contar como conseguiu fotografar uma tartaruga gigante, pesando cerca de 200 quilos.
Estava o artista na ilha Isabela, em Galápagos, no Equador, quando se viu diante de uma gigantesca tartaruga. E, como fotógrafo, imediatamente lhe veio a vontade de registrar esse encontro. Mas sempre que se aproximava da musa, ela se afastava, ainda que lentamente, mas o suficiente para não lhe proporcionar um bom clique, pois o artista é sempre perfeccionista.
O fotógrafo intuiu, então, que estava lhe faltando a maneira certa de aproximação. Lembrou-se do respeito e carinho que dedica às pessoas que fotografa, sem nunca se mostrar incógnito, mas se apresentando e interagindo com elas, de modo a formar um elo de empatia. Por que não fazer o mesmo com aquele animal à sua frente, de modo a ganhar sua confiança?
Sebastião Salgado fez-se então tartaruga. Abaixou-se e se pôs a caminhar próximo dela, com as palmas das mãos e os joelhos no chão. A tartaruga, sentindo-se segura, como se tivesse um igual ao lado, não mais se retraiu. Ao contrário, quando o artista movimentou-se para trás, ela caminhou em sua direção, como se dissesse que estava pronta para ser fotografada. Mais uma vez ele recuou, e mais uma vez ela veio em sua direção, permitindo que ele a analisasse calmamente. Após sentir que o artista respeitava-a, assim como prezava seu território, a musa Chelonoidis nigra deixou-se fotografar, sem nenhum chilique de estrelismo.
Curiosidades:
As tartarugas-gigantes-de-Galápagos são as maiores da espécie, existentes nos dias de hoje, podendo chegar a 400 quilos. Antes que o homem descobrisse as Ilhas de Galápagos, no século XVI, cerca de 15 subespécies de tartarugas gigantes habitavam ali. Atualmente, existem apenas 10. Como não poderia deixar de ser, o grande responsável pelo desaparecimento das 5 subespécies é o homem.
Os marinheiros de navios caçadores de baleias e pescadores, quando aportavam naquelas ilhas, faziam das tartarugas estoques de comida. Levavam-nas vivas, uma vez que esses animais podem sobreviver sem comida e água por um longo tempo. Como as fêmeas eram menores do que os machos e podiam ser encontradas mais facilmente junto às costas, no período de desova, elas eram as primeiras a serem levadas, tornando o mal ainda maior, por acabar com as maiores responsáveis pela procriação.
Na tentativa de preservar a espécie, em 1950, foram introduzidas cabras nas Ilhas de Galápagos, para que servissem de alimentos aos marinheiros. Mas o dano foi maior ainda, pois as cabras, que faziam uso do mesmo tipo de alimento usado pelas tartarugas (são herbívoras e se alimentam de ervas, frutas, líquens, folhas e cactos), não apenas acabaram com a vegetação, como levaram a erosão ao solo. Também os ratos, que ali aportavam, vindos nas embarcações dos marinheiros, comiam seus ovos, fazendo decair consideravelmente a taxa de nascimentos. O número de indivíduos, calculado em 250 mil na descoberta das ilhas, chegou a 3 mil na década de 1970.
Fonte de pesquisa:
Sebastião Salgado, da minha terra à Terra/ Editora Paralela
http://www.tartarugas.avph.com.br
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Eu adorei a foto da tartaruga, assim como adoro fotografias diferentes. Gosto do jeito das fotografias de Sebastião Salgado.
A fotografia faz parte da minha essência, vejo com outros olhos o que outros nem chegam a ver.
Maria Edite
A fotografia é uma arte maravilhosa. Eu também sinto uma grande atração por esta forma de arte. E Sebastião Salgado é o nosso maior artista neste segmento. Tenho a certeza de que seus olhos veem muitas coisas passam despercebidas a muitos outros.
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Abraços,
Lu