PLANETA TERRA – O SAGRADO E O TERRENO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O futuro precário do planeta e, em consequência, o de todas as espécies, não é mais segredo para ninguém. Entretanto, o homem tem se recusado a aceitar que seja ele o maior responsável pela tragédia que se avizinha, assim como é o único como poderes para detê-la. Embora o mundo pós-moderno seja extremamente pluralístico em sua visão, somente um ecumenismo amplo, voltado para um mesmo fim, poderá salvar a Terra. É preciso que todas as sociedades aproximem-se uma das outras, em nome da sobrevivência das espécies vivas e do planeta como um todo.

A junção das religiões, grandes responsáveis pelo caminhar da humanidade, é de suma importância para a reversão do contexto abissal em que a Terra encontra-se. Não dá mais para se preocupar apenas com a salvação individual de cada homem, pois todos se encontram no mesmo barco, como passageiros de uma mesma viagem. Não mais restam dúvidas de que todas as culturas, todas as religiões e todas as filosofias, comprometidas com o bem comum, sabem que não é mais possível atingir o divino sem passar pelo terreno. Caso contrário seria negar que o homem é carne e espírito.

O escritor e psicólogo Erich Fromm, diz que as síndromes de afirmação da vida, dentre as quais estão inclusos o amor, a solidariedade, a justiça e a razão, entram em conflito com as síndromes de frustração da vida, onde se encontram a destruição, o sadomasoquismo, a ganância e o narcisismo. E que o distanciamento exagerado do mal pode, muitas vezes, contribuir para o seu açodamento, pois, só na medida em que se conhece o mal, é que se pode combatê-lo. Somente a união de todos os homens no combate da realidade brutal em que se encontra o planeta poderá encontrar caminhos para a salvação do todo. As tomadas de decisões e as ações humanas precisam ser trabalhadas em conjunto, inseridas dentro de um contexto cosmológico. A ética precisa ser compartilhada.

As religiões, por muito tempo, deram maior destaque às transgressões da “carne”, numa obsessão doentia em combater o sexo. No entanto, a maldade é muito maior nas guerras que destroem adultos e crianças, na destruição das florestas e na extinção irresponsável de suas espécies, nas decisões econômicas que levam à fome, na falta de assistência médica, água potável, abrigo e segurança e no uso de drogas proibidas. E, como não poderia deixar de ser, nada é mais maléfico de que um sistema que usa de tecnologia de ponta, mas que mantém a velha relação imperial escravo/feitor, em nome da produtividade e do lucro fácil.

É inacreditável o descaso que o homem atual nutre pelo planeta, quando comparado ao homem de ontem. O ponto central da maior parte das mitologias antigas destacava o fecundo casamento entre Céu e Terra. Quase por toda parte, a Terra era tida como a Grande Mãe. As árvores, assim como os homens, possuíam alma, de modo que cortá-las era um grande crime, só para citar alguns exemplos.

Vivemos numa época em que a tecnologia se faz presente nos mais diferentes campos. Mas ela não pode vir para aumentar a capacidade humana de destruição, violência, crueldade, injustiça e desumanidade. Ela deve servir ao amor pela vida. Por isso, a questão moral de hoje, quando todos sabem quais são as forças mais destrutivas de nosso planeta, é saber se o homem tomará sérias providências antes que o caos, como um buraco negro, engula tudo. Esta escolha é de todo aquele que é comprometido com a carne, o espírito e a vida na Terra.

Nota: Imagem copiada de http://zadropersonal.blogspot.com.br

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10 comentaram em “PLANETA TERRA – O SAGRADO E O TERRENO

  1. Patricia

    Ei Lu!
    Seu texto diz tudo e comungo com sua indignação . A cada dia fico mais descrente com as atitudes dos governantes que tanto poderiam fazer para modificar a situação do nosso planeta Terra. É fato que este problema é ignorado e nada de real concretizado. Ações individuais são louváveis, mas doente como se encontra a Terra, precisamos muito mais que isto. Minha esperança está indo rio abaixo perante tanta ignorância. Nosso fim é um buraco negro.

    Beijos

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      O homem está enlouquecido em todo o planeta Terra, em busca de poder e dinheiro.
      Também, confesso, que não tenho mais grandes esperanças.
      Sempre que vejo o filme Mad Max, sinto que o planeta está em direção a tal fim.

      Grande beijo, amiga, e obrigada por sua constância nos comentários do blog.

      Abraços,

      Lu

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  2. Julmar Moreira Barbosa

    Lu
    Jean Giorno escreveu um livro intitulado “O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES”, e esse livro tornou-se uma animação perfeita, um apelo à vida.
    O livro – animação – conta a história real de Elzéard Bouffier, um homem que em sua tragédia pessoal encontrou forças para fazer surgir uma floresta em uma região árida. Dedicou sua vida em fazer sua parte para salvar o planeta, não se preocupando em momento algum com A SALVAÇÃO INDIVIDUAL tão amplamente apregoada pelas religiões, cujos “líderes” se regalam cada vez mais com esta forma de egoísmo tão mal maquiada e cujos adeptos insistem em não enxergar.

    Vale a pena ler o livro e assistir à animação, pois como disse, é um apelo à vida assim como seu maravilhoso texto.
    Como já lhe disse em outra ocasião, é impressionante a habilidade que você tem com as palavras. Quero aproveitar a oportunidade e dizer que o comentário de Edward Chaddad é igualmente belo assim como o seu.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Ju

      Eu nunca havia lido nada sobre isso.
      Se conseguir o link da animação, mande para mim.

      Quanto ao livro, já anotei o nome.
      Vou ver se o encontro.
      Parece ser mesmo muito interessante.
      Sem falar que precisamos fazer a divulgação de tudo que ajude nosso planeta.

      Quantos aos elogios, agradeço a sua generosidade.
      Você é daquele tipo de leitor que nos faz procurar ser melhores.
      Obrigada!

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Pierre Santos

    Problema intrincado esse aí, não é, Lu?
    A ciência até que vem criando possibilidades de evitar catástrofes e melhorar a vida, mas os poderosos, como certos políticos ladrões, que só fazem usurpar tudo que pertence ao povo, em benefício próprio, os grandes capitães da indústria, que só fazem esfolar-nos e os donos das religiões de todos os tipos e em todos os lugares, que só fazem explorar-nos, enquanto vão se enriquecendo – e só estes, para não engrossar a lista de pilantras universais, que chegaria a centenas… Ufa! Estou cheio desses descalabros! Se houvesse outro mundo para onde fugir…
    Seu texto, Lu, deixou-me em desespero.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      PP

      Todo o caos instalado tem como capitão a ganância desenfreada, é verdade.
      A Ciência tem descoberto várias maneiras de ajudar o planeta, maneiras essas ignoradas pela voracidade do poderio econômico.
      É o lucro fácil a qualquer preço, pouco se importando com o futuro.
      Enquanto isso as religiões só falam de “sexo” e os governos de “economia”.

      Piloto, pare o avião que eu quero descer!

      Abraços,

      Lu

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  4. Edward Chaddad

    LuDias

    É difícil comentar um texto de tão extraordinária dimensão, sintético e maravilhoso.

    Aprendi, ao longo de minha vida, observando, sei que é conhecimento indutivo, sem valor científico é claro, renito, aprendi que a natureza é a nossa grande professora. E ela não está por aí mais para brincadeiras. Estamos presenciando o início do fim da vida na Terra, pelo menos daquela vida que conhecemos. E tudo porque o homem está modificando o planeta, de forma impensada, destruindo o maior patrimônio, a maior riqueza da humanidade, que é a natureza.

    A natureza é, sempre será, o sagrado. E estamos cometendo o grande pecado de a todo momento agredi-la, incessante, dia e noite, achando que tudo podemos. Como disse, a nossa professora já está nos puxando as orelhas e batendo com o chinelo nas partes mais fofas do ser humano, uma criança idiota e consumista inveterada.

    Logo, ela irá nos trazer desastres ambientais tão fortes, que arrasarão nações. Talvez, aí, o homem perceba que ele é apenas um nada dentro do planeta e entenderá que não pode assumir as funções divinas. Talvez, aí, nesse momento, a natureza comece a vencer, retomando o ciclo da vida.

    Seu texto é maravilhoso, mormente quando diz:
    “Vivemos numa época em que a tecnologia se faz presente nos mais diferentes campos. Mas ela não pode vir para aumentar a capacidade humana de destruição, violência, crueldade, injustiça e desumanidade. Ela deve servir ao amor pela vida.”

    O ser humano pode desenvolver a tecnologia, mas nunca conseguirá que ela consiga a nossa sobrevivência, sem entendermos que a nossa grande deusa é a natureza e a nossa salvação está, realmente, em começar a amá-la e respeitá-la.

    Parabéns!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      E é difícil responder a um comentário tão completo, ou seja, uma junção do próprio texto.
      Se nada for feito, um futuro turbulento aguarda a humanidade.
      Entra aí o problema sério da urbanização.

      Obrigada por seu comentário tão esclarecedor.

      Abraços,

      Lu

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