Autoria de Lu Dias Carvalho
A palavra “superstição” vem do latim “superstitione”. Significa excessivo receio dos deuses. E o Aurélio define-o como “sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice.”. A Índia é um país extremamente supersticioso em função do grande número de divindades cultuadas. Na lida com o “amor” as coisas ficam ainda mais complexas. Existem naquele país homens e mulheres empesteados pela “maldição do amor”, assim acham eles.
Na tradição indiana o homem que se casa com uma manglik (ou vice-versa), pode ter a vida desgraçada. Acreditam os hindus que a pessoa manglik traz má sorte para a outra parte do casal. Haverá brigas, discórdias, divórcio ou morte (falecimento do esposo ou esposa que não seja manglik). Enfim, o manglik não nasceu para o AMOR. Mas, se os dois membros do casal forem mangliks não haverá problema algum. Atualmente é comum encontrar sites na internet que tratam de casamento de famílias indianas que possuem manglik, para se casar com outro manglik. Quanta superstição!
O mais engraçado é que para tudo as divindades dão um jeito. Não há motivo para desespero. Resta apenas quebrar a maldição. E para quebrá-la, a suposta vítima terá que se casar antes com um objeto inanimado ou animal. Existem milhares de casamentos na Índia, feitos entre humanos e animais ou entre humanos e vegetais, para quebrar a maldição manglik. E isso em pleno século XXI. Dá para crer? A pessoa amaldiçoada deverá se submeter a uma cerimônia chamada de Kumbh Vivah, para poder quebrar a maldição ou dela ficar livre. Trata-se de um casamento com um vegetal, ou com um animal, ou com um ícone do Deus Vishnu. Após o casamento toda a maldição terá acabado, escafedido-se.
As famílias indianas, por prudência, deverão fazer sempre um mapa astral para verificar se o casamento dará certo ou não. Por isso, na Índia é comum verificar o mapa dos noivos antes da cerimônia do Kumb Vivah, para quebrar e se livrar da maldição de ser um manglik. Os pais recebem a confirmação de que o filho ou filha é manglik, como se fosse uma terrível sentença. Em razão disso, muitas mulheres hindus permanecem solteiras pelo resto da vida, pois ninguém as quer como companheiras.
O leitor deve estar se perguntando, como se faz para saber se uma pessoa é manglik, e que diabo significa isso? Em textos anteriores foi dito que tudo na vida do indiano é direcionado pela astrologia. Portanto, são os astros que definem a sorte do indivíduo. E se um homem ou mulher nasce sob a força de Marte, está num mato sem cachorro, segundo a visão indiana, pois é afetado por suas “forças malignas”, tornando-se, portanto, um manglik. Tal descoberta é feita com base no mapa de nascimento da pessoa, com base na hora, data, ano e a posição do local de nascimento na Terra, relativa à longitude e latitude. Dá para crer que uma coisa dessa exista?
Nota: na foto, o homem está se casando com uma cadela, para se livrar da maldição de ser manglik. Imagem copiada de http://www.discovery-of-life.com/2012/01/manglik
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Texto ridículo!
Misscandura
Não se trata de um texto ridículo, mas de um costume bem estranho, mas real.
Beijos,
Lu
O Ocidente é de matar. Na índia uma situação baseada em seus costumes e mapas astrais, usando matemática é superstição e a matéria tenta ridicularizar. Mas, uma rodela de trigo assada se transformar em carne e sangue de um morto é seriedade!
Pacheco
Você tem toda a razão em seu comentário. O ser humano é sempre crítico em relação à cultura dos outros, achando que a sua é sempre a melhor e a mais perfeita. Tenho um amigo indiano que me diz que os hindus são extremamente críticos à cultura dos muçulmanos e à Ocidental. Como vê, o que dá em Chico também reverbera em Francisco.
Acho que o espírito crítico é importante independentemente da cultura, principalmente quando essa está ligada a atrocidades. Tanto é que conseguimos, através de uma campanha, reverter a morte de cachorros na China, conforme nos prometeu o governo chinês. Se fôssemos apenas nos guiar pela cultura, deixaríamos de combater tamanha maldade, como o que também acontece com as touradas – o que é para mim uma das coisas mais hediondas que existem e cuja defesa de seus usuários é a CULTURA.
Escrevi este texto em 2013, se não me engano, por ocasião da novela “Caminhos para a Índia”. Hoje não mereceria a menor atenção, pois é um costume que não faz mal a ninguém. Não sou ligada a nenhuma religião. Vejo tudo como criação humana no sentindo de preencher o vazio da finitude da vida.
Agradeço a sua visita, seu comentário e gostaria muito de contar sempre com a sua presença neste espaço.
Abraços,
Lu
Perfeita colocação!
Kátia
Agradeço a sua visita e comentário. Volte mais vezes.
Abraços,
Lu
W.Pacheco
O melhor comentário deste artigo, hehehe!