Recontada por Lu Dias Carvalho
Certa formiga ganhava a vida cosendo para fora. Sobre a sua mesa havia sempre montes e montes de tecidos para serem costurados. Quando saía para comprar um carretel de linha, agulha ou botões, pedia à filha que desse continuidade ao seu trabalho, pois tempo era dinheiro, mas ao retornar de suas compras, a formiga só encontrava folhas cortadas por todos os cantos da casa. A filha não havia nem bulido no trabalho que se encontrava tal e qual a mãe deixara. Era castigada, mas sempre fazia a mesma coisa, pois era uma formiguinha incorrigível.
Vendo que sua filha não se emendava, a mamãe formiga, certo dia ao sair, amarrou-a pela cintura, atando a corda ao pé da cama. A mocinha formiga mexeu, remexeu, bambaleou, rebolou e saracoteou tanto seu corpinho, tentando se livrar do castigo que o nó da corda foi ficando cada vez mais apertado. Ela já estava quase se dividindo em duas quando a mãe chegou, mas, assim que se viu solta, a danadinha caiu no mato à procura de folhas para cortar.
A formiga mãe entregou os pontos, pois viu que a filha não tinha mesmo jeito. Nenhum remédio era capaz de curar sua teimosia, tampouco poderia ficar com ela que não queria fazer outra coisa senão cortar folhas. Assim, depois de esbravejar muito, botou-a para fora de casa:
– Não vou mais cansar a minha paciência contigo, criatura sem tino. Se queres cortar folhas que esta seja a tua sina para sempre.
Segundo conta a lenda, é por isso que a formiga-saúva, também conhecida como formiga-cortadeira, tem a cintura fininha, traz uma tesoura na cabeça e passa a vida a cortar folhas.
Views: 45