O MONGE, A MÚMIA E A ESTÁTUA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Nós pensamos que seria tecido pulmonar, mas, em vez disso, encontramos pequenos pedaços de papel cobertos com caracteres chineses. (Vincent van Vilsteren, curador de arqueologia do Museu holandês)

Dizia William Shakespeare que “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia.”. E podemos acrescentar que, com as modernas tecnologias, muitos desses mistérios vêm sendo trazidos à luz do dia, como o que aconteceu com certa estátua, ao passar por uma restauração.

O monge Liuquan, que viveu por volta de 1100, presumivelmente morto há cerca de 900 anos, teve seu corpo mumificado. Tudo isso não seria novidade se, ao passar por uma tomografia computadorizada, na Holanda, essa não revelasse que o corpo não trazia alguns órgãos internos, mas tinha no lugar deles pedaços de papiro, com inscrições em chinês (ainda não foram interpretadas). Os restos do corpo mumificado do monge budista foram encontrados na postura de meditação, no interior de uma estátua de Buda, em ouro, que teria sido feita no século XI ou XII.

Presume-se que o monge Liuquan possa ter praticado a automumificação, técnica muito antiga, conhecida na China, Japão e Tailândia, há mais de mil anos atrás. Bastava ao religioso alimentar-se, durante muitos anos, com um tipo especial de dieta, na qual se encontravam substâncias tóxicas, usadas no embalsamamento, e ingerisse um chá tóxico para afugentar os vermes. Quando sentisse que a morte estava se avizinhando, dirigir-se-ia para o local escolhido, onde se poria a recitar suas orações ou mantras, enquanto ia morrendo de inanição. Passados alguns anos, sua tumba seria aberta. Se seu corpo estivesse mumificado, seria tido como um homem santo ou iluminado.

Segundo Vincent van Vilsteren, curador de arqueologia do Museu holandês, a múmia pode ter ficado em um templo chinês, durante mais de 200 anos, em exposição, vindo a se transformar em estátua lá pelo século 14.

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