Historiando C. Buarque e V. de Moraes – VALSINHA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A mulher sentia que seu homem dela se afastava. Lembrou-se com saudade dos anos em que eram tão felizes juntos e nada faziam sem compartilhar, numa afinada sintonia. Muitos casais invejavam-nos, tamanha era a adoração que dos olhos deles brotava. Mas ele mudara tanto. Sua indiferença aquebrantava seu coração delicado. Não mais a olhava com ardor e reclamava de tudo. Relegada, a desditosa só fazia chorar, sozinha num canto escondido da casa. Até que “Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar/ Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar/ E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar/ E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar”.

A mulher correu para o quarto para se enfeitar e perfumar para seu amante. “Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar/ Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar/ Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar/ E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar/ E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou.”.

“E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou/ E foram tantos beijos loucos/ Tantos gritos roucos como não se ouvia mais/ Que o mundo compreendeu/ E o dia amanheceu em paz”. O homem percebeu então que bastava uma fagulha de amor para despertar todos os desejos, que se apagaram, em razão do seu enfado com seu costumeiro e enfadonho trabalho. E a mulher percebeu que o ardor que os unia reacendera, tomara forma, ganhara vida para não se arrefecer jamais, pelo menos era isso que queria. E seu coração acordou em paz.

Obs.: Clique no link para ouvir VALSINHA

Nota: Arte da Dança, obra de Leonid Afremov

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