Autoria de Lu Dias Carvalho
Por enquanto, tenho uma sensação estranha no estômago […] mas por que é que eu não leio só os nossos jornais. […] Mas que podemos nós entender de tudo isto? (Paul Klee)
A composição Busto de Uma Criança é obra do pintor suíço Paul Klee, pintado no mesmo ano, mas antes de seu autorretrato “Eliminado da Lista”, quando foi perseguido. Klee já prenunciava os horrores que adviriam da ditadura de Hitler, nomeado chanceler do Reich (Janeiro/1933), no mesmo ano da feitura deste quadro.
Um garotinho aparece diante de um fundo escuro. Sua cabeça redonda e ombros, centralizados no quadro, tomam conta de quase todo o espaço da tela. Finas e trêmulas linhas vermelhas permeiam sua cabeça, duas delas, verticais, atingem os ombros. Seus olhos azuis são diminutos, se comparados ao tamanho da cabeça. Duas pequenas linhas pretas horizontais desenham a boca.
O olhar do menino fita com intensidade o observador, deixando passar uma aflitiva indagação, como se quisesse ser compreendido. A linha vermelha maior, vertical, inicia-se na testa, passa pela boca e vai até o ombro, dividindo o rosto em duas partes. Embora a cabeça esteja de frente para o observador, o corpo parece encontrar-se de perfil, com uma mão levantada.
À primeira vista têm-se a impressão de que qualquer criança é capaz de fazer uma obra como esta, com suas características rudimentares. Contudo, isto não passa de um mero engano, pois a composição e a paleta de cores são extremamente refinadas, situadas bem distantes das habilidades de uma criança. Isto sem levar em conta a intensidade psicológica e enigmática do retrato, que ainda assim se parece com uma obra infantil.
Ficha técnica
Ano: 1933
Técnica: aquarela sobre algodão sobre contraplacado
Dimensões: 31,5 x 24 cm
Localização: Kunstmuseum Bern, Berna, Suíça
Fontes de pesquisa
Paul Klee/ Taschen
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Lu
Neste quadro podemos ver as caras inocentes das crianças da Segunda Guerra Mundial e as de agora, crianças da Síria.
Abraços
Rui
Às vezes eu me pergunto se as atrocidades não terão fim, uma vez que as crianças são sempre as maiores vítimas. Eu não mais aguento ver as carinhas sofridas das crianças sírias. Haja sofrimento!
Abraços,
Lu