Autoria de Lu Dias Carvalho
A Antiguidade não foi o paraíso da permissividade dos costumes, onde tudo era tolerado, como alguns creem. Tampouco foi o cristianismo a botar freio na devassidão. Existiam certas normas que deviam ser respeitas. Na vida greco-romana, por exemplo, era proibido:
- fazer sexo antes do anoitecer. Somente os recém-casados podiam copular durante o dia, e mesmo assim no período imediato às núpcias;
- copular com uma mulher nua, despojada de todas as suas vestes. Somente as mulheres, tidas como prostitutas, podiam ter relação sexual totalmente despidas;
- acasalar-se na claridade. Ou se amava no escuro ou à meia-luz.
Até as carícias obedeciam a regras claras. Elas eram permitidas, desde que feitas com a mão esquerda, sem qualquer ajuda da direita. Um homem livre, que se considerava honesto, seguidor dos princípios estabelecidos, jamais podia ver a nudez de sua companheira. E na relação amorosa devia ser sempre ativo, estar no comando da relação, o que confirmava seu vigor físico e machismo. A ele cabia possuir e não ser possuído. Duas atitudes eram vistas como um grande dano à sua reputação:
- usar a boca para dar prazer a uma mulher;
- tornar-se passivo no ato sexual.
A pederastia era vista como uma atitude incorreta, mas de menor grau, se se tratasse da relação entre um homem livre e um escravo ou com um homem de baixa condição social. Isso era, inclusive, motivo de vanglória na alta sociedade. O fato de ser permitido que qualquer indivíduo pudesse obter prazer com alguém do próprio sexo fez com que a pederastia fosse bastante disseminada. Muitos homens, mesmo sendo heterossexuais, usavam meninos para o próprio prazer, sob a alegação de que a paixão por uma mulher podia transformar um homem livre em escravo, enquanto a relação sexual com um menino oferecia um deleite sereno, sem nenhum perigo. Apaixonar-se por uma mulher era um motivo de vergonha, algo anormal, que nem mesmo os poetas eróticos atreviam-se a exaltar.
As relações amorosas no Império Romano, portanto, estavam subordinadas à sujeição machista e à rejeição da escravidão passional.
Nota: A serva, por pudor, não tirou a última peça de seu vestuário. (Pompeia, casa dita do Centenário, Nápoles, Museus Arqueológico).
Fonte de pesquisa
História da Vida Privada I / Comp. das Letras
Views: 0