Mestre da Pintura – THOMAS GAINSBOROUGH

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu pinto retrato para viver, mas eu amo as paisagens. (Thomas Gainsborough)

 O pintor inglês Thomas Gainsborough (1727-1788), nascido em Sudbury na Inglaterra, numa região rural, era o quarto filho de um comerciante de tecidos. Desde garotinho demonstrava sua aptidão pelo desenho, privilegiando a paisagem. Ao completar 13 anos seu pai encaminhou-o a Londres, levando uma carta de apresentação em que falava sobre seu “talento promissor”. O menino passou a estudar com Francis Hayman e Hubert Gravelot, um retratista francês, responsáveis por sua introdução no mundo da arte, seguindo o esmerado estilo rococó francês. Ali permaneceu oito anos.

 A paixão de Gainsborough era a paisagem, mas em razão de essa não trazer lucros, ele optou pelo retrato, pelo qual não nutria nenhum prazer, pois achava que era “roubar o próximo, extorquindo-lhe uma fortuna pela reprodução de sua imagem”. Ainda que tivesse feito poucas pinturas paisagísticas, foram elas que lhe trouxeram notoriedade, uma vez que, segundo os críticos, o modo como o artista executou seus quadros referentes à natureza, antecipou o Romantismo e, posteriormente, o Impressionismo. Assim, a paisagem deixou de ser coadjuvante do retrato ou do tema histórico, para ocupar a posição de sujeito da obra. Gainsborough foi inspirado pela pintura paisagística holandesa. Ele amava pintar paisagens, mas não havia compradores para tal gênero.  É por isso que o artista deixou muitos esboços  desse gênero, feitos para si mesmo.

O retrato era uma importante fonte de renda à época, enriquecendo os artistas e trazendo-lhes fama imediata. Em razão disso, ao retornar à sua cidade natal, Thomas Gainsborough, sozinho, pôs-se a aprimorar seus conhecimentos. Ao trabalhar em Bath, uma requintada estância termal frequentada por aristocratas, alcançou a glória. Em vez dos retratos pequenos, passou a pintar as pessoas em dimensões naturais, tomando o trabalho de Anthony van Dyck como influência, embora meio afetado. O artista tornou-se conhecido nas altas rodas da sociedade inglesa, vindo a transferir-se para a capital inglesa, ocupando um lugar de honra na Royal Academia. Contudo, não era a sua intenção ser “um intelectual”. Agradava-lhe pintar retratos não convencionais , nos quais pudesse mostrar seu talento e sua agudeza de visão.

 Ao retratar o Rei Jorge III e a Rainha Charlotte, Gainsborough passou a ocupar a posição mais alta com a qual um artista poderia sonhar. Dentre todos os pintores ingleses do século XVIII, somente Joshua Reynolds era dono de igual fama, de quem era mais novo apenas quatro anos. Embora pouco se dedicasse às paisagens, passou a acrescentar a seus retratos uma boa dose de lirismo, ornando-os com cenas da vida rural, romanticamente idealizadas. Essa série de seus quadros, bastante inovadora, já prenunciavam o Romantismo e a arte da imaginação. Foi também influenciado pelo trabalho do artista espanhol Bartolomé Esteban Murillo. E mesmo já bastante rico, o pintor não aceitava a ajuda de assistentes, ainda que fosse nas partes menos importantes da composição.

O retrato foi para Gainsborough as duas partes de uma mesma moeda: fama e frustração. Sem querer enfrentar dificuldades financeiras e incentivado por uma família ambiciosa e sedenta pelo sucesso mundano, o pintor teve que abrir mão daquilo que  amava: paisagens. E seu caminho teria sido outro. Contrariamente à mulher e duas filhas, ele era uma pessoa retraída, alheia às coisas fúteis e à ostentação, distante dos aristocratas e dos intelectuais da época. Tampouco sentia vontade de viajar pelo mundo. Depois da pintura, somente a música seduzia-o. Gainsborough trabalhou até próximo à sua morte, falecendo aos 61 anos de idade.

 Dizem os críticos que “as paisagens encheram a alma, mas os retratos encheram os bolsos” de Gainsborough. Para resolver o dilema da necessidade de trabalhar com os retratos, embora amasse as paisagens, ele “combinou ambos os gêneros em retratos, mostrados ao ar livre”.

Fontes de pesquisa
Thomas Gainsborough / Abril Cultural
A História da Arte/ E. H. Gombrich
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.theartwolf.com/landscapes/gainsborough-mr-mrs-andrews.htm

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